sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Alcachofras de infância

Conheço gente que não gosta de alcachofra. Mas sempre que pergunto por quê, me respondem "ah, tem gosto de vinagre". Ninguém merece alcachofras em conserva! Quando não há alcachofras frescas, fundos congelados (Bonduelle) são a melhor opção para mim; também para quem não tem paciência de limpar o trambolho para usar apenas os fundos para risotti ou lasagne, são uma mão na roda.

Gosto das minhas frescas, desde criança. Esperava ansiosa sua temporada para saboreá-la, e minha mãe sempre preparou exatamente do mesmo jeito: cozida. Assim, sem nada, nem sal, nem limão, nem coisa nenhuma, apenas aparada, em pé na panela tampada, com água até a metade, até que você conseguisse arrancar uma pétala sem esforço. Então ela ia inteira para o prato, para ter suas pétalas arrancadas uma a uma, mergulhadas em azeite com um nadinha de sal, e ter sua carne suculenta raspada entre os dentes. Até hoje esse é meu jeito favorito de comê-las, pois parece-me que é como melhor sinto o gosto da alcachofra pura, sem firulas, em sua melhor forma.

É engraçado pensar nisso como prato favorito de uma criança, esse monstrengo estranho e espinhudo... Mas a verdade é que eu achava uma delícia poder comer com os dedos, e ir depenando a pobre flor, até chegar àquelas petalazinhas translúcidas cobrindo um tufo de espinhos branquinhos, que arrancávamos com cuidado para não deixar rastros, revelando aquele disco cinzento e carnudo, esperando por um fiozinho de azeite e uma bela garfada.

Quando mudamos, Allex não era fã de alcachofras, mas hoje é um convertido. A falta de prática ainda lhe confere pouca elegância na hora de arrancar os espinhos do fundo da flor, mas quem se importa...? Hoje posso preparar alcachofras de qualquer maneira, frescas ou congeladas, que sei que serão sempre sucesso na minha casa.

Cozinhe isso também!

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