quarta-feira, 21 de maio de 2014

De volta às gordices: bolo de Guinness e coincidências




Ontem foi aniversário do marido. E eu não havia feito bolo. Havia feito pouca coisa da vida, na verdade, tendo passado a semana chafurdando num trabalho urgente em processo de finalização. Tinha uma reunião em São Paulo, e resolvi que, antes de sair, daria um jeito de fazer um bolo para cantarmos parabéns à noite. Não que ele faça questão. Mas eu odiaria deixar passar a oportunidade de um aniversário para preparar um bolo com cobertura. Um bolo de Guinness, coisa que sempre me apeteceu mas eu nunca fizera, e que tinha tudo a ver com o aniversariante. Mas precisava ser muito rápido de fazer, pois eu tinha hora para sair e ainda precisava largar as crianças na avó antes de ir à reunião.

Nigella ao resgate!

Bolo perfeito, feito numa panela só e uma colher, usando tudo o que eu tinha na despensa, e ainda podendo tirar do forno e largar o bicho esfriando em cima do fogão enquanto eu ia trabalhar, para apenas voltar no fim do dia e colocar a cobertura.

Bingo.

E bolo perfeito de fato. Denso e intenso de chocolate, com qualquer coisa que faz você pensar na cerveja, na verdade, só porque você sabe que ela está lá. Tem algo de caramelo. E eu poderia facilmente me viciar em cobertura de bolo feita de cream cheese, azedinha-doce, cremosa, deliciosa. Vício. Facim, facim.

Cantamos parabéns, só nós quatro, Thomas canta bonitinho, ajuda a assoprar as velinhas, e sirvo um pedaço para o moleque e um naquinho para a moçoila. Vou à sala ver qualquer coisa e quando volto à cozinha, Madame Bochechas segura o prato na vertical junto ao rosto, nariz amassado contra a louça, lambendo a cobertura que seus dedinhos não conseguiram apanhar.

¬_¬

Pura gordice, lamber o prato.

Agora da parte das coincidências, vejo um comentário da Pat falando sobre um bolo com Guinness internet afora, e achei que ela falava de algum post antigo. Enquanto apanho o livro da Nigella para verificar a receita e terminar de escrever esse post, me dá um siricotico de ir lá no TK ver que bolo ela preparara, já que sei que, como eu, ela tem dúzias de receitas de bolo de chocolate com Guinness. E pimba! Pat fez o mesmo bolo. o_O

Então, deixo aqui apenas o link para o post dela, que, inclusive, tem uma foto que faz muito mais jus ao resultado do bolo do que essas tiradas à noite com luz de cozinha. ;)

BOLO DE CHOCOLATE COM GUINNESS E COBERTURA DE CREAM CHEESE
Receita AQUI.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Caldo de abóbora japonesa, inhame e cogumelos com macarrão

Foto de improviso de um prato de improviso que ficou melhor que o planejado.
Você viu? Você viu como eu me safei no título? Não vou chamar de "sopa japonesa", porque sei que o original não é assim e não quero irritar ninguém hoje. O caso é que de vez em quando eu me empolgo na feira orgânica e levo para casa mais vegetais do que consigo consumir na semana, e então fico à procura, internet afora (incluindo o site que procura nos meus livros), algo que use a maior quantidade de qualquer coisa que eu tenha de uma vez só.

Quando caí nessa sopa, no site da Dona Martha, fui lendo os ingredientes e pirei. Tenho abóbora japonesa? Tenho. Tenho inhame? Tenho. Tenho cebolinha? Tenho. Tenho shoyu? E mirin? E kombu? E cogumelo shiitake seco? E cenoura? Tenho! Tenho! Tenho! Mas... nada de udon. O que eu tenho é um pacotão imenso de somen. E nada de nabo japonês. Ou acelga. Ou esse temperinho que mandam botar no final que não faço a mais tenra ideia do que seja. O mercado aqui do lado também não tinha. Aliás, fiquei triste de ouvir da funcionária que eles pararam de comprar nabo, porque não vendia. E eu sei que o inhame que eu tinha não era o japonês. Ou a cebolinha.

Resolvi trabalhar com o que tinha, pois era melhor meia sopa de um monte de coisa do que um monte de coisa estragando porque eu não quis usar em meia sopa. Principalmente os cogumelos, aliás, cujo sacão imenso comprei há muito tempo, para usar em várias receitas vegetarianas do livro do Mark Bittman, só para meu marido decidir, dois dias depois, que não gosta mais de cogumelos. Então, qualquer prato onde eu possa usá-los, mas que ele possa separar e não comer, está bom para mim. Preciso dar fim àquele sacolão.

Deixei os cogumelos de molho em água quente assim que voltei de deixar o Thomas na escola, e preparei todo o resto cerca de meia hora antes de buscá-lo. Como era muito caldo, resolvi cozinhar o macarrão em água separada. Assim, poderia requentar o caldo no dia seguinte ou congelá-lo, e só cozinhar mais macarrão na hora, direitinho, sem ter de catar fiozinho de macarrão desmanchando na panela.

Confesso que dessa vez olhei para o panelão e pensei: esses moleques não vão comer isso. O cheiro estava uma delícia, mas eu sei que forço a barra de vez em quando, que quando falo "macarrão", Thomas sempre espera molho de tomate por cima.

Para minha surpresa os dois atacaram seus potinhos sem pestanejarem. Laura, como sempre, usando as patinhas para catar tudo e levar à boca, o garfo às vezes numa das mãos como mero objeto de decoração. Thomas, pedindo ajuda com o somen escorregadio. Os dois comeram todos os legumes menos os cogumelos shiitake. E o menino pirou com a colher da sopa, principalmente quando disse que ele podia sorver o líquido fazendo barulhinho. Tomou tudo e pediu mais caldo.

O que eu achei? É tão gostoso, tão gostoso, que parei de comer e catei a câmera para tirar uma foto e postar aqui. Se essa meia sopa com macarrão errado ficou desse jeito, imagina com o udon e os legumes que faltaram? ^_^

Então, espero que os filhos e netos de japoneses por aqui não se ofendam com a adaptação. Aliás, até mesmo deixo aqui uma pergunta, pois, fora a espessura e textura das duas massas que são claramente diferentes, nunca entendi exatamente quando se usa o somen. Pois há pacotes de somen que mostram o macarrão sendo comido frio e outros que mostram dentro de uma sopinha quente. Se alguém souber, agradeço o esclarecimento. Pois no fim, eu uso quando a receita pede (não necessariamente uma receita japonesa), mas queria poder inventar em cima sem sentir as avós dos meus amigos japoneses revirando no túmulo.

Bom caldinho para vocês. A receita abaixo está completa e correta, apenas traduzida do site da Dona Martha, que por sua vez tirou do livro Japanese Hot Pots. Minha versão omitiu o nabo, a acelga, o shimeji fresco e usou inhame brasileiro (o pequeno) e somen no lugar de udon.

CALDO DE ABÓBORA JAPONESA, INHAME E COGUMELOS COM MACARRÃO
(Original aqui.)
Rendimento: 4 porções generosas

Ingredientes:

  • 8 cogumelos shiitake secos
  • 1/2 xic. shoyu
  • 1/2 xic. mirin
  • 2 pedaços de 13cm de kombu
  • 1/2 abóbora japonesa (kabocha) pequena (cerca de 500g), descascada, sem sementes, e cortada em pedaços pequenos
  • 115g nabo japonês, descascado, cortado ao meio no sentido do comprimento e cortado em fatias de 1cm
  • 3 inhames japoneses pequenos (cerca de 250g), descascados, cortados em quartos e em pedaços menores se forem mais longos que 5cm
  • 1 cenoura média (cerca de 115g), descascada, cortada ao meio no sentido do comprimento e cortada em fatias de 1cm
  • 1 cebolinha japonesa, fatiada na diagonal, em pedaços de 1cm
  • 115g acelga, fatiada
  • 100g cogumelos shimeji, separados
  • 225g udon
  • Shichimi togarashi, para guarnecer


Preparo:

  1. Coloque os cogumelos shiitake secos em uma tigela, cubra com 5 xic. de água (quente ou fervendo, se não tiver tanto tempo) e deixe por 5 horas em temperatura ambiente. 
  2. Retire os cogumelos, reservando o caldo. Ao caldo, acrescente o shoyu e o mirin. Os cogumelos, apare os talos, se houver, descartando, e corte os chapéus na metade ou em quartos se forem grandes.
  3. Em uma panela grande (de preferência barro ou ferro esmaltado), coloque o kombu, e então cubra com a abóbora, o nabo, o inhame, a cenoura, a cebolinha, a acelga e os cogumelos frescos e os secos hidratados e cortados.
  4. Cubra com o caldo reservado, tampe a panela e leve à fervura. Abaixe para fogo médio e cozinhe por 10 minutos. Destampe, junte o macarrão e cozinhe até que o macarrão esteja cozido. (No meu caso, cozinhei os legumes por vinte minutos, e o macarrão sozinho, para que tudo estivesse no ponto certo, já que somen cozinha mais rápido.) Sirva imediatamente, guarnecido de shichimi togarashi.


Cozinhe isso também!

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