quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Gnocchi de beterraba e pudim de morango: uma refeição cor-de-rosa

Sou a pior formadora de bolinhas de gnocchi do mundo. Fato.
Num ótimo livro do Neil Gaiman, um demônio dirigia um carro cujo toca-fitas, depois de uma semana, transformava qualquer fita em Fred Mercury. O que parecia insuportável para o demônio, para mim, não é problema nenhum. Se existe uma coisa que me deixa de bom humor infinito e instantâneo é ligar o carro e estar tocando Bohemian Rhapsody no rádio. Dirijo de vidro aberto, som alto, cantando forte e chacoalhando a cabeça, no melhor estilo Wayne's World. Ainda bem que a Castelo Branco é uma reta, e possibilita head-banging sem causar acidentes de trânsito. ;)

Bom humor instantâneo é também ser acordada com uma xícara de café. Nem Thomas me cutucando me tira tão rápido da cama quanto o cheiro de espresso recém-tirado.

Ou descobrir que meu pezinho de acelga italiana (bietola) cresce de novo toda vez que eu corto as folhas, e vira um pezão gigante e bonito, que nem as lesmas conseguem destruir, e vale uma refeição inteira a cada quatro semanas, que é o tempo que ela leva para crescer de novo. Maravilha, considerando que eu plantara um bocado delas e essa foi a única sobrevivente dos tempos de chuva.

Ou ver vizinhos recolhendo o cocô do cachorro. Acredite em mim, acho isso um evento tão raro, que quando vejo alguém no ato, não contenho um sorriso. Tenho vontade de ir até o transeunte e dar um abraço, dizer obrigado por ter consciência, por ter respeito pelos vizinhos, por impedir que nossa vizinhança seja dominada por moscas nojentas.

Ou quando Thomas diz "dagão", segurando seu dragão vermelho e laranja, presente da tia Wenddi, que conseguiu encontrar um dragão igualzinho ao desenho do quadrinho de maternidade do Thomas. Garotinho épico, que vai ganhar sua primeira espada de plástico de três reais no Natal.

Ou quando Laura sai "engatinhando" de bumbum, gorduchinha, parecendo um Pogobol de carne e osso. Tóin, tóin, tóin!

Em contrapartida, algumas coisas são capazes de transformar meu lindo dia de sol e passarinhos cantando em uma nuvem negra e pútrida de mal humor e chuva ácida, muito rapidamente. Ou, pelo menos, causar aquela irritaçãozinha que faz os pelos da sua nuca se eriçarem.

Louça empilhada no escorredor de qualquer jeito que não seja: menores e quebráveis embaixo, maiores e resistentes por cima, pratos organizados por ordem de tamanho, maiores atrás, menores na frente. Ainda vou escrever uma tese sobre análise de personalidade de acordo com o modo como as pessoas empilham a louça no escorredor.  Sei reconhecer quem lavou a louça em casa pelo modo bizarro com que a empilharam na pia. Meu marido vive perigosamente e empilha coisas quebráveis por cima de tudo. Minha mãe ignora o porta-talheres, o porta-copos e até os encaixes dos pratos e empilha os pratos encharcados na pia, como se estivessem sujos. Isso me deixa LOUCA. Meu pai é engenheiro e o escorredor para ele é peça de decoração, pois ele seca tudo e guarda depois de lavar. Isso eu acho legal, apesar de ser meio T.O.C.

Fio de cabelo grudado na parte de trás do seu braço, que você sente te fazer coceguinhas o dia todo mas não consegue encontrar pra arrancar fora, e fica feito uma louca no meio da rua, com tique de ficar batendo no próprio braço e coçando o cotovelo feito macaco.

Gente que fala "assêto balsâmico". Se é pra falar o nome original, pronuncie direito: "atchêto", como "atchim" e não como "assim". Senão, fale "vinagre balsâmico", que é o que aceto quer dizer e fica menos pretensioso. (O mesmo vale para cada vez que vou numa padaria e me oferecem "siabata". TCHiabata, pelamordedeuspai.) Eu sei que pareço esnobe falando isso, mas realmente me dá um siricotico.

Gente que coloca artigo na frente do verbo no infinitivo, em particular quando se referindo a coisas simples e inatas, tentando dar mais importância ou seriedade ao tema (ou a seu envolvimento nele). Exemplo: "O Brincar". Cada vez que alguém começa uma frase dizendo "O Brincar é..."eu tenho vontade de levantar e sair andando sem nem me explicar.

Cappuccino saído de um potinho. Errado. Simplesmente errado.

Gente que não sabe a diferença entre sarcasmo e ironia.

Quando você pede um espresso num café qualquer, moço tira o espresso com uma espuma bonita e deixa a danada da xícara ali, sentada na gradinha da máquina, esperando sabe-se deus lá o quê. Dá vontade de pular o balcão, dar um pescotapa no atendente e pegar meu café enquanto ele ainda está razoavelmente quente e com espuma decente. 

Mulher que grita histérica quando encontra uma amiga num local público. Sério. Por quê?

Aí tem daquelas coisas no meio termo. Que deixariam outras pessoas possessas, mas que eu dou de ombros e rio um pouco.

Gente que mexe na comida com as mãos. O episódio do Rodrigo Hilbert metendo a mão na massa de bolo para colocar na forma, que (parafraseando meu marido) "deixou a comunidade blogueira em polvorosa". Vai pro forno? Podia mexer a massa com o joanete que eu não me importo. Muito mais irritante é povo cozinhando com luva de cirurgia.

Quando me dizem que minha saia não combina com minha blusa. O seguinte pensamento me vêm à mente: "um de nós trabalha com artes gráficas", seguido de "quem se importa, de verdade?".

Quando minha filha deixa o cachorro morder seu pão com manteiga e volta o pão mordido à boca antes que eu consiga impedi-la. Vitamina S. Quem nunca? Eu sei o gosto que tinha a areia do tanque de areia do prédio onde cresci e que os gatos da vizinhança fatidicamente usavam de banheiro. Saúde de ferro. ;)

O fato de que a fase princesa-cor-de-rosa me parece tão ridiculamente inevitável nas meninas de hoje em dia, que eu de fato fiz uma refeição inteira cor-de-rosa e pensei que minha filha talvez adorasse isso quando mais velha.

No entanto, não importa quanto Bohemian Rhapsody, e quanto tóin-tóin-tóin de Pogobol minha filha faça por aí, o que mais me tira do sério hoje em dia é passar meu tempo assando beterraba, cozinhando batata, formando as bolinhas de gnocchi mais disformes do universo, cozinhando couve, fazendo pesto, juntando tudo, chamando pimpolho pra ajudar a botar os gnocchi na água fervente e brincar de me avisar quais já subiram à superfície, servir tudo para a família... e o Matador-de-Dragões-Catador-de-Salsinha não experimentar NENHUM. E, por isso, depois de muito drama, ficar sem comer o pudim de morango.

¬_¬

Mau humor, teu nome é birra de criança.

Não vou chamar de panna cotta, não vou.
Os gnocchi de beterraba ficaram uma delícia com o pesto de couve-manteiga, e pelo menos Madame-Bochechas-Comedora-de-Pedras adorou e raspou o prato. O pudim de morango é fácil, e no livro do Bill Granger constava como "panna cotta de morango". Não. Não e não. Pudim de morango. Panna cotta é creme cozido. Nesse pudim vai morango e iogurte. Pudim. Pronto. E não adianta rolar os olhos e me chamar de chata. Esse sim foi sucesso absoluto com o pequeno. Meu paladar que não come Danoninho há pelo menos quinze anos achou que o pudinzim ficou muito parecido com o queijinho que vale por um bifinho (para pra pensar no absurdo desse slogan. ¬_¬). 

Taí. Uma refeição cor-de-rosa e deliciosa. Para melhorar o humor em dias que não começam com Fred Mercury.

GNOCCHI DE BETERRABA COM PESTO DE COUVE-MANTEIGA
(adaptado do livro Apples for Jam, de Tessa Kyros, e da revista Donna Hay)
Tempo de preparo: 1 hora + o tempo de assar as beterrabas
Rendimento: 4 porções generosas

Ingredientes:
(gnocchi)
  • 3 batatas médias, limpas mas ainda com casca
  • 1 beterraba pequena (ou duas bem pequenas, quase baby), assada e descascada*
  • 1 2/3 xic. farinha de trigo
  • 1/2 xic. parmesão ralado
  • 1 ovo grande
  • sal
(pesto de couve)
  • meio maço pequeno de couve, talos inclusive, cortados em tiras largas
  • 1/2 xic. folhas de manjericão fresco, sem os talos (só acomodados na xícara, sem apertar)
  • 3-4 castanhas do pará
  • 1/2 xic. parmesão ralado
  • 1 dente de alho pequeno, descascado
  • suco de meio limão (ou a gosto)
  • azeite extra virgem quanto baste
  • sal e pimenta-do-reino a gosto

* Para assar a beterraba, lave-a bem, para tirar resquícios de terra, espete com uma faca algumas vezes e embrulhe em papel-alumínio. Coloque no forno pré-aquecido a 180ºC-205ºC, e asse por 1 hora ou até que a beterraba esteja extremamente macia. Deixe esfriar na bancada, ainda embrulhada no alumínio, e então abra e retire a pele facilmente, descartando. Costumo fazer isso assim que compro beterrabas, e já deixo uma porção delas na geladeira, em pote fechada, para usar no que quiser. Dura mais de uma semana sem estragar e poupa muito tempo. O que você não usar, pode transformar em purê e congelar por meses.
 
Preparo:
  1. Cozinhe as batatas inteiras em água com sal até que estejam bem macias. Escorra e volte para a panela no fogo médio por alguns segundos, para terminar de secar. Passe num passa-verdura ou amassador de batatas junto com as beterrabas enquanto ainda estão quentes e descarte qualquer casca que tiver ficado presa no amassador. 
  2. Junte ao purê ainda quente a farinha, o queijo, sal a gosto e o ovo, e misture muito bem. Vai ficar grudento, mas você tem que ser capaz de moldar alguma coisa. Caso contrário, coloque mais farinha, mas muito pouco, ou os gnocchi vão ficar pesados.
  3. Passe a massa para uma bancada ligeiramente enfarinhada, divida a massa em porções menores e role salsichas compridas com elas, de não mais que 2cm de diâmetro. Corte em pedacinhos de 0,5cm a 1cm (lembre-se que os gnocchi inflam quando cozidos, então gnocchi menores são melhores), faça uma concavidade com o dedo (ou role no garfo ou no ralador, o que for sua pegada)  e deixe-os numa assadeira enfarinhada até a hora de cozinhar. 
  4. Aqueça uma panela grande com água e bastante sal. Cozinhe a couve por alguns minutos, até que os talos fiquem um pouco macios, mas as folhas ainda tenham um verde bem vivo. Retire com uma escumadeira e reserve a panela com água para cozinhar os gnocchi.
  5. Passe a couve na água fria para parar o cozimento e esprema bem nas mãos, para retirar o excesso de água. Coloque no processador ou liquidificador junto com todos os outros ingredientes. Junte um pouco de azeite e bata bem até transformar em um molho grosseiro. Vá juntando azeite até dar consistência de molho espesso. Acerte o tempero a gosto. Coloque uma parte do molho no fundo de uma travessa grande. (Você provavelmente só vai usar metade do molho para os gnocchi. O resto pode ser congelado para uso posterior.)
  6. Cozinhe os gnocchi na água fervente em três ou quatro levas, retirando com uma escumadeira conforme eles forem subindo à superfície e espalhando sobre o molho na travessa. Quando tiver cozinhado todos, junte mais um pouco de molho e misture. Sirva polvilhado e mais parmesão.

PUDIM DE MORANGO
(do livro Bill Granger Easy)
Rendimento: 4-6 porções, dependendo do tamanho dos potinhos

Ingredientes:
  • 400g morangos frescos, bem maduros
  • 250g iogurte natural integral
  • 185ml creme de leite fresco
  • 55g açúcar
  • 4 folhas de gelatina

Preparo:
  1. Bata os morangos e o iogurte no liquidificador até ficar homogêneo e passe numa peneira fina para retirar as sementes.
  2. Coloque o creme e o açúcar numa panela e leve à fervura branda, mexendo para dissolver o açúcar. Enquanto isso, coloque a gelatina em água fria e deixe amolecer um pouco, mas não desmanchar. 
  3. Esprema a gelatina nas mãos para retirar o excesso de água e junte ao creme quente, mexendo bem para dissolver.
  4. Remova do fogo e rapidamente misture ao iogurte de morango. 
  5. Divida em potinhos e leve à geladeira por no mínimo 8 horas, até firmar. Para servir, passe uma faquinha pelas laterais e inverta num prato.
 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Soba com berinjela e manga e picolé para arrematar (natal, pra quê?)

 O fim de ano do freelancer. Você entra naquela fantasia infantil, conforme dezembro se aproxima, de que sua falta de chefe propiciará controle sobre a própria agenda, e que, este ano – ah! este ano! – você conseguirá encerrar atividades no meio do mês e curtir duas semanas pré-natal descansando, lendo, cozinhando toda sorte de doces e biscoitos natalinos usando especiarias e frutas completamente em desacordo com a estação do ano do hemisfério Sul. Doce fantasia.

Aí aquele trabalho programado para a segunda-feira se arrasta em alterações até a semana seguinte, transformando aquele prazo mágico do cliente em mera sugestão descartada. Você se curva diante do computador até altas horas da noite, olhos ardendo de olhar para a tela, com a certeza de estar ganhando um atraente bico de papagaio nas costas, e uma tristezinha lenta por ter delegado seus filhos à sua mãe o dia todo, pelo décimo dia seguido. Queria ter preparado coisa melhor para o almoço, queria ter brincado lá fora com seu filho em meio às borboletas habitantes do pé de maracujá que cresce junto ao muro, queria ter construído aquele canteiro alto para a horta com as toras apanhadas de um terreno baldio há mais de um mês. Queria ter preparado torrone.

Mas respira fundo e agradece por ter trabalho para pagar a escola ano que vem, e continua no batente.

Último dia previsto de trabalho. O prazo não é mais mágico. Gráfica. Hoje. Acorda às dez pras seis com o choro da mais nova, depois de ter trabalhado até às duas da manhã na noite anterior. Faz um balde de café. Leva o mais velho pra escola, passeia o cachorro, arruma as camas, lava louça, pendura roupa que lavou durante a noite, prepara a massa na focaccia que o filhote vai levar pro piquenique da escola no dia seguinte. Faz outro balde de café. Liga pro cliente. Mais alterações de última hora. Bota a pequena pra cochilar e senta no computador. Trabalha, trabalha. Chove lá fora. Acaba a luz. O no-break permite que eu trabalhe mais vinte minutos e puft. Sem computador, sem internet. Gráfica. Hoje. Liga pro cliente. Explica a situação. Sente uma úlcera formando na boca do estômago. Arruma as coisas da casa que estão fora do lugar. Pega a pequena que acordou no berço, troca fralda, bota no cadeirão pra comer uma banana. Faz mais um balde de café. Liga pro cliente pra dizer que nada mudou, tudo ficou no lugar. Sem previsão da luz voltar. Gráfica. Hoje. Sente um aneurisma estourando atrás da orelha esquerda. Pensa em catar a pequena, o mais velho na escola e ir pra São Paulo trabalhar na mãe, que lá tem luz, tem internet e mais café. Mas lembra que o arquivo incompleto está dentro do computador desligado. Pensa em arrancar o arquivo de lá de dentro à la Zoolander. Melhor não. Pensa no almoço. Restô dontê. Tira da geladeira escura e desligada um grande pote com soba de manga e berinjela, um pedaço de fritatta de feijão branco e dente de leão colhido do jardim, pepinos fatiados finos e tomates cereja bem doces e deixa sobre a mesa. Pensa em deixar os pratos postos, mas lembra que talvez o pequeno queira fazer isso.

Pega a pimpolha, bota na cadeirinha do carro, dirige até a escola, tira a pimpolha da cadeirinha, anda na chuva fina até a porta da escola. Espera. "Você também está sem luz?" "Estou." "Tem previsão pra voltar?" "Não tem não." Entra na escola, anda até a sala, veste a mochila nas costas, enfia a alça da térmica no braço que segura a pimpolha, pega o outro pimpolho no outro braço, subindo-o no colo com uma mão só. Sente uma hérnia estourando em algum lugar perto dos rins. Leva as duas crianças na chuva até o carro. Pimpolho número 1 na cadeira. Pimpolha número 2 na cadeira. Mochila jogada no banco. Dirige de volta com a esperança vã de entrar em casa e ver ligadas as luzinhas de natal. Neh. Tira pimpolha da cadeira e bota no cadeirão. Pega pimpolho, leva pro quarto, tira o uniforme, bota roupa de brincar, leva pra fazer xixi e lavar a mão. Chama pra comer. Drama. Chama pra ajudar a pegar os pratos. Drama. Pega os pratos. Mexe na massa da focaccia e liga o forno no máximo. Pimpolho vem ver o que tem pra comer. Drama. Não quer soba. Gosta de soba, mas não quer soba. Os molares estão nascendo e rasgando as gengivas e o vinagre do molho faz arder. E a manga, queria manga doce, não manga salgada. A pequena come tudo. O pequeno come pepinos e tomates cereja e um pedaço minúsculo de fritatta.

Pega a picolé pros dois. Picolé de banana, iogurte caseiro, mel e canela. A pequena se refestela. O pequeno come sem fazer sujeira. Pede mais. Não. Biscoito. Não. Biscoooooito. NÃO. Drama.  
Manda brincar. Não quer brincar, quer biscoito. Não. Biscoito. Não. Quer desenho. Não tem desenho, não tem luz. Drama. Dente maldito, nasce logo, que você está deixando meu filho um chato. Manda mensagem pro cliente. Dá um jeito aí, usa a última versão, não sei quando entrego isso não. Lava a pimpolha imunda de picolé. Bota na sala com uma caixa de peças grandes de montar. O pequeno esquece o biscoito e vai brincar junto. Alívio. Lava louça. Limpa o chão da cozinha, imundo de soba, manga, berinjela, picolé, fritatta. Faz um balde de café e promete que esse é o último. Bota pequena pra cochilar.

A luz volta. Aleluia, aleluia, milagre de natal! Bota desenho pro pequeno ver e corre pro computador. Espera o arquivo imenso abrir. Espera. Espera. Faz as alterações. Manda achatar a imagem. Trava. Faz de novo. Trava. Volta. Achata a p*rra da imagem. Foi. Salva. Espera o arquivo imenso salvar. Manda mensagem feliz e reconfortante para o cliente. Vai subir o arquivo. Sua conta do xyz upload qualquer expirou. Faz o cadastro de novo. Um script não deixa seu arquivo subir. GRÁFICA. HOJE. O pequeno, que tinha dormido vendo desenho, acorda chorando. A pequena, que estava cochilando no berço, acorda chorando. O timer toca avisando que é pra colocar a focaccia no forno. Vai colocar a focaccia no forno e descobre que o gás acabou. Isso te vem à mente:


Pega a pimpolha aos berros no berço, bota no cadeirão e dá uma banana. Pega o pimpolho aos berros e dá um biscoito. Maldito biscoito. Desliga o gás, tira o botijão velho, bota o botijão novo, liga o gás, liga o forno no máximo, checa a focaccia. Corre para o computador, para o upload travado, procura outro site, faz outro cadastro, sim aceito os termos e condições, clica no link recebido no email, não, não quero promover minha conta gratuita para uma muito melhor só que paga, sobe o arquivo. Arquivo "subido". Liga pro cliente. Tudo certo. Tira pimpolha do cadeirão, lava a cara de banana, bota pra brincar de andar pela casa, segurando as mãozinhas. Pimpolho te chama na cozinha. Biscoito. Não. Biscoito. Não. BISCOITO. NÃO, P•RRA, ESPERA O JANTAR. Bota desenho. Bota pimpolha no cercadinho. Corre pra atender celular. Gráfica. Imprime assim. É. Esse tamanho. Responde email. Dobra roupa limpa. Separa. Guarda nas gavetas. Bota focaccia no forno. Parou de chover, bota o cachorro no quintal pra fazer xixi. Dá biscoito pro cachorro. Criança vem pedir biscoito. FOME. Quer macarrão? Quer. Jantar mais cedo. Bota nenê no cadeirão. Faz molho de alho, tomate cereja, e alcaparras. Rala parmesão. Pimpolho vem pedir queijo. Dá queijo. Cozinha macarrão. Tira focaccia do forno. Grudou nas laterais. Cata espátula para desgrudar. Queima o dedo. Queima o dedo de novo. Pimpolho está impaciente com o macarrão. Cadê o macarrão? Fome. Bate embaixo da focaccia. Não está pronta. Volta pro forno. Escorre o macarrão. Serve.

Observa tranquilamente enquanto as crianças comem. Respira.
Retira focaccia do forno. Bota na grade pra esfriar.

Bota as crianças no banho. Laura, senta. Senta, Laura, não pode ficar de pé na banheira. Thomas, para de jogar água no rosto da sua irmã! Tira a pequena, bota roupa, bota no chão do quarto. Vai pegar o outro. Pequena prende o dedo na gaveta enquanto isso. Volta correndo pra soltar o dedo e dar bronca. Dá um brinquedo na mão pra se distrair e não prender o dedo na gaveta de novo e vai pegar o outro. Bota pijama e manda ir brincar e esperar o papai chegar. Bota pequena no cercadinho na sala. Lava louça. Bota o cachorro pra fazer xixi de novo. Papai chega. Pega email. Deu tudo certo. Vai tomar banho. Nina a pequena, bota no berço. Pega o mais velho. Escova os dentes. Faz xixi. Vai pra cama. Conta história. Vai pra sala. Abre a geladeira. Apanha o pote do que sobrou de soba com berinjela e manga e leva pra sala. Volta pra geladeira, apanha uma Guinness. Senta no sofá. Respira.

É por isso que não tem uma série de natal esse ano aqui no blog.

SOBA DE MANGA E BERINJELA
(do lindo Plenty, de Yotam Ottolenghi)
Rendimento: 6 porções

Ingredientes:
  • 1/2 xic. vinagre de arroz
  • 3 colh. (sopa) açúcar
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 2 dentes de alho, amassados
  • 1/2 pimenta vermelha fresca, picada finamente
  • 1 colh. (chá) óleo de gergelim
  • casca ralada e suco de 1 limão tahiti
  • 1 xic. óleo de girassol
  • 2 berinjelas médias, cortadas em cubos de 1,5cm ou tiras de 0,5cm de espessura
  • 220-250g soba
  • 1 manga grande e madura, cortada em cubos pequenos ou fatias finas
  • 1 2/3 xic. manjericão fresco, picado
  • 2 1/2 xic. coentro fresco, picado
  • 1/2 cebola vermelha, fatiada finamente

Preparo:
  1. Numa panela pequena, aqueça gentilmente o vinagre, açúcar e sal por um minuto, apenas para dissolver o açúcar. Remova do fogo e junte o alho, pimenta e óleo de gergelim. Deixe esfriar e junte as raspas de limão e o suco. 
  2. Numa frigideira grande, aqueça o óleo e frite a berinjela em três ou quatro levas. Uma vez douradas, remova para um escorredor e polvilhe com sal, deixando escorrer.
  3. Cozinhe o soba em abundante água fervente, mexendo ocasionalmente. Escorra enquanto estiver ainda al dente e passe sob água fria. Tente tirar todo o excesso de água. Reserve.
  4. Numa tigela grande, misture o soba, o molho, a manga e a berinjela, mais metade das ervas e metade da cebola. Você pode deixar o prato assim, em temperatura ambiente, por 1 ou 2 horas, se quiser. Quando quiser servir, junte o resto das ervas e cebola e misture bem.

Obs1: Fritei as berinjelas em apenas um fio de óleo e ficou muito bom também. Não tinha coentro e usei bem menos manjericão, e ficou igualmente gostoso. Fica tudo bem bom mesmo depois de um dia de geladeira e a vantagem é que não precisa requentar. ;)

Obs2: Os picolés, fiz no olho, misturando mais ou menos 1 1/2 xic. de iogurte caseiro, 4 bananas, uma ou duas colheres de sopa de mel e uma pitada de canela. Bati tudo no liquidificador e coloquei em forminhas de picolé por uma noite toda antes de servir.

Cozinhe isso também!

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