quarta-feira, 4 de maio de 2011

Mais um brownie. Porque eu mereço.

O bebê está acordado. Pela janela do quarto, a luz do sol entra tímida, aquecendo um pouco o ambiente. Bom momento para dar um banho no pequeno.

Posiciono a banheirinha perto da escrivaninha que usamos como trocador, junto à janela, e deixo tudo pronto para o processo: algodão, óleo de amêndoas, fralda nova, roupa limpa, toalha macia. Vou até a cozinha, balde em mãos, apanhar água quente para a banheira. São duas rápidas viagens, para que a banheira esteja suficientemente cheia para tornar o banho confortável para o bebê.

Apanho o pequenino e o coloco no trocador. Ele começa a chorar assim que sente a cobertura plástica contra as palmas das mãozinhas, sabendo que está prestes a ficar nu e com frio. Tento ser rápida para tirar-lhe o macacãozinho, a fralda suja, e limpá-lo bem antes de colocá-lo na água. Seus pulmões são poderosos, e emitem um ruído estridente e ritmado, sem cessar. Aprendi a ignorar esse choro durante o último mês, e simplesmente tentar acelerar o processo, ao invés de tentar confortá-lo durante.

Ele esperneia ao sentir a água morna tocar seus pés. Mas quando a água alcança já sua cintura, o choro pára, de repente. Seus grandes olhos ainda azul acinzentados voltam-se para mim, e ele relaxa. E relaxa. Relaxa perigosamente.

Pergunto-me de onde vem aquela água que atinge minha camiseta em cheio, e de repente me dou conta daquele chafariz deixando a banheira em minha direção. Instintivamente, mas sem pensar, puxo o menino para fora da água, e o fino jato de xixi cruza os ares em direção ao assoalho do quarto, o tapetinho branco em frente à poltrona e, então, novamente acertando a água limpa do banho.

Blasfemo um pouco.

Enrolo o bebê na toalha limpa e o coloco no berço, rezando para que ele não tenha relaxado tanto a ponto de prosseguir com suas funções fisiológicas. Corro para apanhar o balde grande. Desencaixo uma das pontas da mangueirinha da banheira e escoo a água mijada. O bebê se desenrola da toalha, e, com frio, volta a chorar, esganiçado e com suas primeiras lágrimas. Enrolo seu corpinho novamente e corro de volta à cozinha, balde vazio em mãos, para apanhar mais água quente.

Despejo a água nova na banheira vazia e apanho o bebê novamente, com um suspiro profundo e resignado. Então sinto mais água espirrar, desta vez nas minhas pernas, e olho para o bebê. Não, ele não está aprontando de novo. Quem apronta é a banheira: a outra ponta da mangueira desencaixou, e toda a água quente corre vertiginosamente pelo buraco, encharcando o assoalho.

Xingo a mãe de alguém, coloco o bebê aos berros novamente no berço, encaixo desajeitadamente a mangueira de volta no lugar, tapando o buraco, e corro até a área de serviço, pés molhados, marcando todo o piso, para apanhar todos os panos de chão da casa.

Seco rapidamente o assoalho, torcendo para que não fique manchado, e, pela terceira vez, apanho o balde e vou à cozinha buscar água quente. O choro histérico é agora só mais um ruído. Tendo certeza de que está tudo em seu devido lugar, despejo a água (em duas viagens) e apanho o bebê. O contato com a água faz com que ele se aquiete novamente. Desta vez não há chafariz; as águas estão calmas, e o bebê aproveita seu momento relaxante, como se sua mãe malvada não o tivesse abandonado com frio em uma toalha até então.

Banho tomado, seco em toalha limpa, fralda trocada e roupa quentinha no corpo. Hora de mamar e, então, dormir. Uma hora depois, ele desperta em pranto histérico. Descubro que sua fralda vazou e ele está cag*do da cintura até a sola do pé.

EU MEREÇO UM BROWNIE.

Este é da Dona Martha, doce e delicioso, tão denso e cremoso que parece um brigadeiro. Exatamente o que você precisa quando seu dia parece um filme do Gordo e o Magro.

BROWNIE
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 16 pedaços

Ingredientes:
  • 1/2 xic. manteiga sem sal (120g)
  • 220g chocolate amargo
  • 1 1/2 xic. açúcar cristal orgânico
  • 4 ovos grandes, orgânicos
  • 1 colh. (chá) extrato natural de baunilha
  • 3/4 xic. farinha de trigo
  • 1/2 colh.(chá) sal

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte com manteiga uma forma quadrada de 20cm e forre com papel-manteiga, deixando uma sobra de papel de 2cm para ajudar a desenformar. 
  2. Coloque a manteiga e o chocolate em uma tigela grande e derreta em banho-maria, mexendo com frequência com uma espátula. Remova do banho-maria e deixe esfriar por 10-15 minutos. 
  3. Junte o açúcar e misture bem. Junte os ovos, um a um, mexendo com um fouet. Acrescente a baunilha e então incorpore a farinha e o sal com uma espátula, apenas até que esteja homogêneo. 
  4. Despeje a massa na forma, alisando a superfície, e asse por 40-45 minutos, até que um palito inserido no meio do brownie saia apenas com algumas migalhas úmidas.
  5. Transfira para uma grade e deixe esfriar completamente. Puxe as abas de papel para desenformar, corte e mantenha em pote fechado por até 3 dias.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sopa de brócolis e Stilton

Talvez sejam os hormônios ainda retornando a seus níveis normais; talvez seja simplesmente a maternidade instalada; mas, como um porco-do-mato protegendo sua cria, tenho tido reações tempestuosas a determinados pitacos de pessoas à minha volta. Arreganho os dentes e saio querendo dilacerar quem diz que estou errada. Afinal, conselho e julgamento são coisas bem diferentes.

A primeira verdade é: my baby, my rules.

A segunda verdade é: se todo bebê fosse igual, seria mamão com açúcar criar filhos. Então não me diga que é o SEU jeito que funciona e não o que meu marido e eu estamos fazendo.

A terceira verdade: as pessoas parecem ficar temporariamente surdas quando você tenta explicar o modo como pretende criar seu filho. Você passa a gravidez inteira explicando como quer que as coisas funcionem no quesito alimentação, brinquedos, disciplina, e a criança mal completa três semanas e você já vê metade das regras quebradas, e já consegue ver quem vai dar a primeira bala de goma pro seu filho quando ele tiver apenas um pobre e indefeso dente de leite na boca.

*Suspiro*

Meu Eu-Controlador sente espinhos se eriçarem nas costas e fogo sair pelas ventas. [Sim, nessa metáfora sou um cruzamento de porco-espinho e dragão.] Vê-se logo que toda aquela doçura maternal que vocês esperavam que eu tivesse não ganhou muita força frente a meu habitual mau humor. ;)


De qualquer forma, essa tem sido a única chateação da maternidade no momento. Já me sinto menos cansada durante o dia e durante os fins de semana, o que tem me dado paciência e disposição para cozinhar com frequência e apelar para os meus pratos congelados apenas nos momentos desesperadores. Os burritos, aliás, fizeram tanto sucesso, que o marido prometeu que se eu abastecer o freezer com eles regularmente, ele nunca mais compra miojo. :D Será que eu acredito?

Ainda consegui um tecido para amarrar o bebê ao meu corpo, liberando meus braços e, finalmente, dando-me suficiente independência para voltar a passear o cãozinho, ir ao supermercado e afins. Ou mesmo usar as duas mãos para digitar, como estou fazendo agora. E isso me deixa muito, muito feliz. Agora tudo o que falta é voltar a correr; se tudo der certo, daqui a uma semana ou duas. :)

No fim, como diz meu marido, tem sido menos trabalho do que esperávamos e mais do que gostaríamos. Mas totalmente gerenciável, com um pouco de organização e uma boa dose de calma. Talvez o fato de eu estar genuinamente feliz ajude um bocado também.

Esta sopa de brócolis não é comida congelada, mas é tão fácil de fazer que pode ser uma boa pedida para quem também está com um pequerrucho dependurado no braço. E ela é tão saborosa, que vai fazer você esquecer que não vai dormir nada esta noite e que esqueceu de pedir ao marido para comprar pão para o dia seguinte. E melhor: tanto a sopa quanto a coberturinha de pão e sementes se mantém bem na geladeira (separados, é claro), só precisando requentar a sopa numa panela e dar uma tostadinha de leve nos croûtons numa frigideira antes de servir.  Bem mais fácil que criar filho, e nisso você pode dar pitaco à vontade.

SOPA E BRÓCOLIS E STILTON 
(Ligeiramente adaptada da Jamie Magazine)
Tempo de preparo: 20 minutos
Rendimento: 6 porções

Ingredientes:
  • manteiga
  • 2 cebolas, picadas
  • 500g brocolis, cortado em pedaços pequenos (usei o japonês)
  • 250g batatas, cortadas em pedaços de 1cm (com casca mesmo)
  • 5 xic. caldo de legumes caseiro
  • 1 fatia de pão amanhecido por pessoa (usei um integral, caseiro)
  • 50g nozes, picadas
  • azeite de oliva extra-virgem
  • uma pitada generosa de páprica
  • 2 colh. (sopa) sementes de abóbora, girassol ou uma mistura
  • 200g queijo Stilton ou outro queijo azul de qualidade, como Roquefort ou Gorgonzola
  • 2 colh. (sopa) creme de leite fresco
  • 1 colherinha de Jerez (opcional; usei Marsala)

Preparo:
  1. Derreta a manteiga numa panela grande, em fogo médio e junte a cebola. Diminua o fogo e cozinhe, mexendo, até que esteja amolecida, sem deixar dourar. 
  2. Junte o brócolis e a batata e mexa algumas vezes. Junte o caldo e leve à fervura. Abaixe o fogo novamente  e cozinhe até que os legumes estejam macios, cerca de 15 minutos. 
  3. Enquanto isso, corte o pão em pedaços pequenos e misture com as nozes, a páprica, sal e pimenta. Aqueça um pouco de azeite numa frigideira grande e junte a mistura de pão, mexendo até que doure. Transfira para um prato e coloque as sementes na mesma frigideira, tostando até que estejam perfumadas. Junte ao pão. 
  4. Quando os vegetais estiverem macios, junte metade do queijo e bata no liquidificador, em partes, tomando cuidado ao bater líquidos quentes. Junte o creme e acerte o tempero. Se quiser, misture com o Marsala ou Jerez. 
  5. Sirva em tigelas, com a cobertura de pão e sementes e o restante do queijo esmigalhado.

Cozinhe isso também!

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