Acho que todo mundo que tem blog um dia cansa do bendito. Eu olho para meu prato, olho para a tela do computador, e não consigo pensar em nada mais criativo para escrever do que "isso ficou gostoso". E me sinto uma fraude.
A verdade é que há já algum tempo me sinto confortável com meu "nível técnico" na cozinha. Está ok, e por enquanto não me vejo me aventurando em técnicas mais complicadas e ingredientes inusitados. Encontrei meu jeito de cozinhar e de comer, e para mim está ótimo assim. Talvez por isso eu sinta que, por mais que haja novas receitas, não existam verdadeiras novidades a serem contadas. Serão sempre as "saladas refrescantes", os "bolos macios", os "pães quentinhos". And that's it.
Cheguei a um ponto em que sinto que não tenho muito mais o que dividir com vocês. Tudo o que sei sobre pães, bolos e legumes está aqui, timtim por timtim, desde o primeiro post, mostrando a evolução de quem gostava do que cozinhava mas não sabia muito bem o que estava fazendo, até hoje, essa cozinheira sossegada sem um teco do dedo indicador. Entendendo isso, entendo minha preguiça de escrever. Pois estava começando a escrever os mesmos posts um após o outro. Troca-se o almeirão pelo espinafre, mas a técnica é a mesma. E me sinto tentada a transcrever receitas de bolo como faço em meu caderno, listando os ingredientes e apenas anotando: "método génnoise, forma 20cm, 180ºC-45min.", o que já me diz exatamente a ordem dos procedimentos. Mas isso não é justo com vocês, ainda que minha avó tenha feito o mesmo em seus cadernos, e agora sei por quê.
Antes que me dê um siricutico e eu resolva apagar o blog definitivamente, da mesma forma como num dia de fúria mandei embora minha camiseta de rock favorita, é melhor dar uma férias para o La Cucinetta. Assim, um mês. Para ver se dá saudades. Vou continuar publicando os comentários, mas vou ficar longe do email também durante esse tempo. Espero a compreensão de vocês todos. Muito obrigada por todo o carinho, atenção e preocupação por meu dedo, que já está beeeeem melhor! ;)
Vejo vocês em 30 dias.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Post nojento, ou a vingança da salsinha

É isso o que acontece quando você está excessivamente confiante na cozinha e começa a parar de prestar atenção no que faz. Um inocente almoço virou uma corrida para o pronto-socorro. Tudo bem, no entanto. Foi mais uma lasca ampla e superficial que fez muita sujeira do que algo profundo e grave. [Tiro o curativo em dois dias, e vai ficar só uma cicatrizinha e um dedo sem unha por alguns meses.]
Quando movi a faca, tive certeza de que cortara algo que não era salsinha. Corri para lavar o dedo em água corrente [água e sabão, segundo o médico; nada de água oxigenada!] e envolver em gaze, mas não tive coragem de olhar para ver o estrago. Ao invés disso, fui fuçar no monte de salsinha para ver se encontrava algum toquinho. Pego uma lasquinha... não, isso é alho. Outra... não, isso também é alho. Ah! Olha aqui, na faca, um pedacinho na minha digital e uma unha! AAAAAAAAAARGH!!!
Minha mãe telefona. "Mãe, cortei o dedo picando salsinha e não pára de sangrar; acho melhor tomar ponto." Mãe vem correndo e, como mãe é tudo igual, resolve levar o teco de dedo num guardanapo, apesar de eu insistir que era minúsculo demais para costurar de volta. No pronto-socorro, o médico explica que não foi nada, mas a área da unha é muito irrigada, e por isso não pára de sangrar nunca. Então ele resolve dar uma injeção na ponta do meu dedo para anestesiar e outra com alguma meleca vaso-constritora, para que ele pudesse fazer o curativo. Na boa, a injeção doeu mais do que tirar o toco de dedo fora. "Corta tudo, logo de uma vez!"
Respira.
"Mãe, o que você ainda tá fazendo com esse teco de dedo??? Joga isso fora, que nojo!"
Corro de volta para casa para almoçar e voltar ao trabalho urgente que tinha de terminar. No primeiro intervalo que tenho, saio correndo para preparar um bolo de chocolate. Não qualquer um. Eu precisava, PRECISAVA, DE VERDADE, de algum bolo muito fácil e com aquele gostinho de bolo de mãe. Algo que não precisasse nem untar a forma. E encontrei. Maravilha das maravilhas. Minha manteiga acabou e o bolo ficou sem cobertura. E verdade seja dita: ficou ótimo sem ela. Não quis nem fotografar, pois o blog original (que é excelente) tem fotos passo-a-passo tão boas, que seria chover no molhado. O bolo ficou leve, macio, úmido e intenso de chocolate – use cacau de boa qualidade, que tenha cor e aroma fortes. É o tipo de bolo que você vai comendo aos bocadinhos, cada vez que passa pela cozinha.
Bom... ninguém vai me culpar se eu abrir um vinhozinho agora... né?
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