quarta-feira, 9 de julho de 2008

Scones para alegrar meu café-da-manhã




Se alguém me perguntasse, eu diria que minha refeição favorita é, sem sombra de dúvida, o café-da-manhã. Imagino que não seja uma resposta muito comum entre brasileiros, uma vez que, ao contrário do que tentam retratar as novelas da globo e os comerciais, nós não costumamos sentar à mesa e nos banquetear de manhã cedo, a não ser quando de férias. A maioria de nós, pobres mortais sem cozinheiros particulares, tem de tomar uma xícara de café e uma fatia de pão com o que tiver, assim, de pé na cozinha, e sair correndo para trabalhar ou para qualquer outro compromisso bem cedo (no meu caso, a corrida). Resta pouco tempo e pouca inspiração para cozinhar às 7 horas da manhã, razão pela qual tenho amigos que acham que sou louca por ter ânimo de preparar qualquer coisa além de uma torrada depois de acordar.

Se pudesse, porém, faria muffins, ovos, bolos, scones, todos os dias, mesmo que tivesse de acordar mais cedo para fazê-los. Ainda que não viva meu próprio comercial de margarina, e mesmo que em dia de panquecas tenda a comer em pé na cozinha ou sentada no sofá, ter um bom café-da-manhã (como o ovo poché sobre torradas de pão integral de alecrim e geléia de laranja que comi hoje) sempre garante meu bom humor matinal.

Sem contar, é claro, a oportunidade de experimentar novas receitas, sabores e texturas que de outra forma não conheceria a não ser durante viagens.

Por isso, ao comer minha última fatia de pão hoje de manhã, pus-me a procurar imediatamente, nesse feriado meio fué sem nada para fazer, o que eu prepararia para o café de amanhã. Os escolhidos foram os cream scones de Dorie Greenspan.

Scones já são velhos conhecidos dos blogs de culinária, mas sempre vale a pena falar mais sobre eles. São muito fáceis de se fazer, deliciosamente leves, flocosos, amanteigados, perfeitos para acompanhar geléias, e uma boa variação no desjejum, se você já se cansou do velho pão com manteiga.

A receita produzia 12 scones, mas não queria tantos, apesar de eles serem pequenos. Gosto de preparar bateladas menores desse tipo de quitute, justamente para que acabem logo e me dêem a oportunidade de testar outra coisa. Por isso, apesar de a receita original pedir apenas 1 ovo, resolvi preparar metade da receita, conseguindo 6 pequenos e dourados scones, salpicados de passas. Para tanto, quebrei o ovo, bati-o e usei apenas metade. Também substituí o creme de leite fresco por creme de leite comum, de lata, pois, ainda que leve muito a sério essa história de creme de leite (pode rir da minha cara, vai), era o que havia aberto na geladeira, e fiquei com preguiça de ir até o mercado comprar uma garrafinha inteira de creme para usar tão pouco dele. Nesse caso, acredito que eles eram intercambiáveis, pois a textura do scone ficou excelente.

Outra dificuldade escalafobeticamente idiota foi cortar os scones. Estou tão acostumada a que as receitas peçam para se cortar as massas em 8 pedaços, que, quando Dorie pediu 6, meu cérebro travou. Ok, é uma vergonha horrível dizer isso, mas eu olhava para aquele círculo de massa, posicionava a faca de um lado, depois do outro, e não conseguia de jeito nenhum visualizar a proporção daquilo. Acho que se passaram bem 5 minutos até que a cachola voltasse a funcionar.

Tudo bem, foram os chopps do almoço...

Encontrei a receita integral aqui, para quem quiser, apenas porque não quero publicá-la ipsis literis do livro (sei que dá na mesma, mas me sinto mais confortável dessa forma...)

Mais uma sobremesa melequenta



A partir de hoje fica implícito que sempre que fizer uma sobremesa melequenta para se comer de colher terá sido para meu marido. Tudo bem, tudo bem... para mim também. Quem não gosta de sobremesas melequentas para se comer de colher? E é sempre bom ir treinando esse tipo de coisa, porque filho meu (quando um dia tiver) não vai comer Danette. Pelo menos não vindo de mim.

Enquanto preparava esse Butterscotch Pudding, de David Lebovitz, fiquei matutando a respeito do nome. Como a palavra "pudim" pode ser ampla em português. Todas as vezes que vi, em programas de culinária, alguém falando de "pudding", esse alguém se referia a um potinho de um creme razoavelmente consistente, como... bem, como um Danette. [A não ser que o programa fosse britânico, quando então "pudding" poderia ser simplesmente "sobremesa"]. E quando se falava de algo mais firme, como um crème caramel, normalmente o doce era chamado de "flan". Por que então, em português, flan é pudim e esse potinho de creme ficou sem nome? Porque se digo que fiz um "pudim de caramelo" qualquer transeunte imaginará uma sobremesa assada e desenformada num prato. Ou estou muito errada? Pois, pelo menos, é isso o que eu imagino quando ouço a palavra "pudim", pois fui condicionada por toda a minha vida pelo nosso pudim de leite. Do que diabos eu chamo um "pudding", então?

Digressões semânticas à parte, esse "pudding" vale a pena ser feito. É muito fácil e muito saboroso, e bem menos enjoativo do que esperava ao pensar "caramelo". [Aliás, outra palavra que, em português, refere-se a "butterscotch" e "caramel", sem distinção nenhuma... Não é irritante?].

Único aviso: a cor do doce depende quase que exclusivamente do tom do açúcar mascavo, e quem freqüenta as gôndolas mais naturebas do supermercado sabe que as cores variam muito de marca para a marca, de um marrom avermelhado para um tom de areia escura ligeiramente acinzentada. Recomendo um açúcar mais para o avermelhado para uma aparência mais apetitosa. E, se isso não for possível, raspas de chocolate podem sempre tornar tudo muito mais bonito e gostoso.

A receita encontra-se no site de Lebovitz, sempre uma boa leitura.

Cozinhe isso também!

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