sábado, 21 de junho de 2008

Falso cheesecake e a falta que faz o iogurte grego...



Nem tudo é perfeito no reino de Ana Elisa. Não adianta quantas vezes recomende isso aos outros, sempre faço o oposto e testo receitas novas quando tenho visitas. Claro que isso pode acarretar conseqüências ligeiramente desastrosas às vezes. Ainda bem que, desta vez, as tais conseqüências foram apenas parcialmente calamitosas.

Um casal de amigos viria jantar em casa ontem à noite. A idéia original era pedir uma pizza, mas deus sabe que não me contenho, e resolvi preparar um panelão de orecchiette, como na Páscoa, e um cheesecake de iogurte que eu vira em uma revista Blue Cooking certa vez.

A sobremesa foi preparada na véspera, pois se tratava de um daqueles falsos cheesecakes, que não são assados. Geralmente torço o nariz para eles, mas decidi que em minha mente chama-lo-ia de "pudim de iogurte" e ficaria tudo bem. Mesmo porque queria mesmo uma sobremesa mais leve, depois de um jantar de massa e queijo.

O preparo não poderia ser mais fácil. Misturam-se os biscoitos à manteiga para a base, que vai à geladeira enquanto você bate todos os outros ingredientes na batedeira, apenas para derramar o creme na forma e gelá-lo até que assente, de um dia para o outro.

No entanto (já que sempre há uma adversativa em minhas histórias), apesar de ter escolhido o iogurte mais firme disponível nas gôndolas do supermercado, as 4 míseras folhas de gelatina não foram suficientes para firmar o creme. Assim que retirei o aro da forma, vi, horrorizada, rachaduras formarem-se sobre sua superfície branca, aprofundando-se e causando quedas abruptas de enormes pedaços, em toda a circunferência do doce, como geleiras canadenses despedaçando-se em frente a turistas atônitos.

Mas quem estava atônita era eu.

O horror! Ah, a humanidade! O que fazer com aquela grande massa branca e disforme?

Retirei os pedaços perdidos com uma colher, tentando escavar no doce ainda uma forma arredondada, mas desistindo, uma vez que o mero toque da colher causava novas rachaduras na sua parte antes ainda incólume.

Senti-me de imediato uma idiota por ter colocado o plástico embaixo da massa, como aconselhado na receita. Eu nunca, nunca, NUNCA conseguiria retirá-lo dali sem terminar de destroçar o cheesecake. Logo, o monstrengo foi com base da forma de metal e filme plástico direto para o prato de servir, trêmulo, frágil. Temia espalhar sobre ele o mel e os pistaches, acreditando que nem mesmo essa delicadeza ele suportasse.

Servir aquilo foi em parte uma vergonha, pois a aparência desmazelada era muito pouco apetitosa. Pior ainda ter pedaços de filme plástico melecados de iogurte prendendo-se à colher de servir. Em tempo: não fossem antigos e compreensivos os amigos, teria poupado minha reputação desse vexame.

No entanto, a noite foi salva pelo fato de o doce ter ficado... gostoso! E não é que houve até repetições? Allex deu a solução perfeita, ainda que tardia: "Da próxima vez, desencane do prato e sirva direto em taças. Ninguém nem ia perceber."

De fato, o iogurte, o mel, os biscoitos, os pistaches, a laranja, todos os ingredientes se amalgamaram com perfeição numa sobremesa leve, refrescante e aromática. Pergunto-me se uma ou duas folhas de gelatina a mais não solucionariam o problema. De qualquer forma, acredito ter resolvido minha aflição com cheesecakes: nunca ninguém conseguiu me explicar o que são os graham crackers usados na base, e mesmo fontes confiáveis dizem apenas "biscoitos digestivos feitos de graham flour". Isso não ajuda muito. E nunca gostei de usar bolachas Maria, pois acho que ficam muito doces com o recheio rico do cheesecake. Testei e aprovei o resultado: cream crackers. Funcionam maravilhosamente bem como uma massa leve, sequinha e neutra para contrabalançar um cheesecake doce e rico.

Bem, nada se perde...

P.S.: difícil mesmo foi encontrar uma marca de iogurte integral que prestasse. A maioria usa leite desnatado ao invés de leite integral, e espessantes para tornar o iogurte mais firme. De dar nojo. Preciso voltar a fazer meu próprio iogurte, urgente.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Pudinzim pro meu moreco

Quando abri o livro de Dorie Greenspan na página do Split-level Pudding, sabia que essa seria a primeira receita que testaria, uma vez que meu marido vive pedindo que eu faça mais sobremesas cremosas para se comer de colher. O que poderia ser mais perfeito que um pudim cremoso de baunilha escondendo uma camada de ganache de chocolate por baixo?

A verdade é que praticamente a única diferença entre o pudim do livro e este é o método: como não tenho processador (apenas o mini, que não comportaria a receita), preparei a sobremesa na batedeira, mas estou certa de que ele pode ser feito à mão sujando bem menos utensílios. Outras mudanças sutis foram o fato de ter usado açúcar cristal orgânico baunilhado (com quase 10 favas dentro do pote, meu açúcar está com um perfume inebriante), no lugar do comum, confiando apenas no poder da essência; e o fato de ter diminuído a quantidade de amido de milho, pois temia um gosto muito forte do mesmo, coisa que normalmente não aprecio.

É quase uma vergonha requerer autoria sobre um doce como esse, uma vez que não passa de um crème pâtissier sobre chocolate derretido em creme de leite. Apenas por isso coloco-o aqui, deliberadamente retirado do livro. Não se deixe enganar pelas porções pequenas: elas são mais que suficientes.



PUDIM DE BAUNILHA SOBRE GANACHE

(quase nada adaptado — nada mesmo — de From My Home to Yours, de Dorie Greenspan)
Tempo de preparo: 20 minutos + 4 horas de geladeira
Rendimento: 6 porções


Ingredientes:
  • 60g de chocolate a 50% de cacau picado
  • 1/3 xíc. de creme de leite fresco
  • 2 1/4 xíc. de leite integral
  • 6 colh. (sopa) de açúcar cristal orgânico baunilhado
  • 2 colh. (sopa) de amido de milho (Maizena)
  • 1/4 colh. (chá) de sal
  • 3 gemas de ovos extra-grandes orgânicos
  • 2 colh. (sopa) de manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • 2 colh. (chá) de essência de baunilha
Preparo:
  1. Leve o creme de leite à fervura. Despeje-o sobre o chocolate, em uma tigela e mexa com uma espátula até que esteja derretido e homogêneo. Distribua-o entre recipientes com capacidade para 3/4 de xícara.
  2. Leve 2 xíc. do leite e metade do açúcar à fervura em uma tigela de fundo grosso.
  3. Enquanto isso, bata com um fouet ou em uma batedeira as gemas com o restante do açúcar, até que fique homogêneo e mais claro. Adicione o leite restante e bata mais um pouco, apenas para misturar.
  4. Acrescente o sal e o amido de milho e misture bem, sem deixar pelotas. Ainda batendo, despeje o leite quente devagar, aos poucos. Quando estiver tudo bem misturado, devolva todo o conteúdo à panela e leve ao fogo baixo, mexendo sempre com uma colher de pau até que o creme engrosse. Não deixe ferver: quando aparecer a primeira bolha na superfície, está pronto.
  5. Volte o pudim para a tigela e bata mais um pouco, para deixá-lo mais homogêneo. Junte a manteiga e a essência de baunilha e misture bem.
  6. Despeje o pudim cuidadosamente nos potinhos. Cubra-os com filme plástico, pressionando-o sobre o pudim para evitar que se forme uma crosta por cima. Leve à geladeira por no mínimo 4 horas antes de servir.

Cozinhe isso também!

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