quinta-feira, 15 de maio de 2008

Das ervilhas em Roma aos Piselli em São Paulo: deliciosos frutos de um blog culinário

Minhas férias começaram com uma excelente surpresa; um tipo de fruto do blog que eu nunca imaginaria. Jamais pensei que por escrever sobre comida viria a conhecer tantas pessoas interessantes.

Recebi um e-mail há alguns dias de Juscelino Pereira, convidando-me a conhecer seu restaurante, Piselli. Já fora uma ou duas vezes, e nunca tive nada além de boas palavras a dispensar sobre o lugar, que é um de meus favoritos. Por isso, obviamente fiquei muito interessada em sentar e bater papo com seu idealizador.

Não há como descrever sua simpatia. Vê-se logo que o sucesso do restaurante não se deve apenas à excelente comida, mas também à personalidade de seu dono. Contou-me repleto de entusiasmo sobre sua história e do Piselli, sobre a criação de uma das entradas de maior sucesso (o mille foglie de polenta e cogumelos — delicioso!), sobre seus planos, novos negócios e suas aventuras pela Itália. Tive de lhe contar que também eu tinha uma história com ervilhas, em Roma, sobre a qual já escrevi por aqui.

Quão bom é encontrar outra pessoa no mundo que divida com você seu amor por comida, e que entenda sua obsessão por uma boa mozzarella de búfala (aliás, a servida no Piselli é La Bufalina, que infelizmente não se compra em supermercados: apenas direto com o produtor, na loja que a família tem em Higienópolis).

Depois do mille foglie, provei delicados e saborosos caramelle di zucca, com ricotta e nozes, e, de sobremesa, panna cotta com frutas vermelhas, que sempre me leva de volta à Riva del Garda, a cidadezinha do Lago di Garda onde estabeleci meu padrão para excelentes panne cotte.

Duas horas de excelente comida, vinho e conversa. Confesso ter me sentido muito intimidada quando cheguei: morri de medo de falar alguma bobagem bombástica. Mas Juscelino é uma pessoa tão aberta que é difícil sentir-se desconfortável ao seu lado.

Falamos inclusive sobre a questão do desperdício, e como a cozinha italiana (assim como a francesa e outras mediterrâneas) parece dar conta de utilizar toda e qualquer parte de um alimento, em pratos que não têm, de modo nenhum, cara ou gosto de meras sobras. Contou-me sobre como têm tentado fazer com que se coma botarga por aqui, pois são jogadas fora todos os dias quantidades atrozes de ovas de tainha, raras e deliciosas, mas que não fazem parte do cardápio brasileiro.

Outra novidade é que Juscelino abriu recentemente, com seu irmão Julio, uma focacceria em Moema, que quero muito visitar: Tavico, com receitas originais da Ligúria. Enquanto me contava, imediatamente me lembrei da focaccia de espinafre que comera em Manarola, uma das cidadezinhas de Cinque Terre, na costa da Ligúria.

Encerramos o almoço com café, panforte (um pão-bolo denso de frutas secas e especiarias tradicional de Siena), biscoitos de avelã e zaletti (biscoitos de polenta e passas, típicos do Vêneto, terra de minha família). No fim das contas, saí de lá com a sensação de ter conquistado um novo amigo. Incrível como isso têm acontecido cada vez mais, apenas porque um dia resolvi, como quem não quer nada, começar a escrever sobre comida. Agradeço imensamente pelo delicioso convite e pela oportunidade de conhecê-lo e saber mais sobre o restaurante.

Minhas férias não poderiam ter começado melhor!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Enfim... Férias!

Outubro de 2004 foi a última vez que tive sensação de férias de verdade. Ansiava por isso de novo enlouquecidamente. Não ter prazos, não ter tarefas, não ter preocupação maior que procurar por um restaurante onde almoçar. Lembro-me de ter imergido tão profundamente em minhas férias que tinha dificuldade em recordar se havia alguma pendência com um cliente. Demorei mesmo uma ou duas semanas para voltar ao ritmo normal de minha vida.

Agora, finalmente, terei essa sensação de volta.

Parece que o universo gosta de levar as pessoas ao limite antes de dar a elas o que elas querem. Depois de trabalhar um fim de semana inteiro, domingo até as quatro horas da manhã e segunda até as duas, ter um torcicolo, muitas dores de cabeça e só jantar porque o marido chegou em casa e chamou minha atenção por estar há mais de 12 horas sem sair da cadeira, entreguei o último trabalho pendente e estou oficialmente de férias!

Melhor ainda, daqui a uma semana estarei num avião a caminho da Califórnia, onde ficarei por duas semanas com minha tia, que mora lá. Sim, isso quer dizer duas semanas ausente por aqui. Mas com certeza não faltarão posts depois. Enquanto espero pelo dia da viagem, basta apenas sentar do lado do cachorro e não fazer coisíssima nenhuma... A não ser cozinhar e escrever, é claro.

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaah... alívio...

Cozinhe isso também!

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