Desde que nos mudamos ouço do Allex "não gosto de mandioquinha; nem precisa fazer, que eu não vou comer". Eu, contudo, adoro mandioquinha. Mas até aí eu gosto de tudo. E lá veio a danada na cesta orgânica. Pobre Allex, pensei.
Como preparara arroz e feijão preto para o jantar, resolvi aproveitar a deixa para preparar as danadas. Mas não as queria de um jeito muito comum, ou Allex sequer as olharia. Era preciso um algo mais, um quê de exótico, que tornasse o tubérculo mais interessante aos seus olhos.
Folheando o livro de Nigella, Feast, encontrei uma receita de parsnips assados com maple syrup, e imediatamente soube o que fazer com minhas mandioquinhas.
Para duas pessoas, descasquei e cortei em palitos grossos 1 mandioquinha grande; cobri os palitos com água e sal e levei ao fogo até que elas estivessem macias, mas não se desmanchando. Escorri-as, e misturei-as a 3 colh. (sopa) de azeite de oliva e 1 colh. (sopa) de maple syrup, e levei a assadeira ao forno a 200ºC por cerca de 20 minutos, virando-as uma ou duas vezes, até que estivessem douradas e crocantes por fora.
O Sr. "Não Gosto De Mandioquinhas" confessou ter ido à cozinha surrupiar mais alguns palitos crocantes e adocicados após o jantar. Acabou tudo tão rápido, que nem foto deu para tirar.
Encerro meu caso.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Torta "Fui ver Waitress e fiquei morrendo de vontade de fazer torta"


Havia pêras orgânicas na geladeira e um pote de mascarpone pela metade, e imediatamente soube que queria uma torta feita dessa mistura. Descasquei três pêras pequenas, retirei seus miolos e cozinhei-as em fogo baixo em 625ml de água e 150g de açúcar cristal orgânico, até que estivessem macias. Este é o primeiro ponto negativo: tive tanto medo de que as pêras desmanchassem, que não as cozinhei o suficiente, e elas ficaram mais firmes do que eu pretendia. Deixei que elas esfriassem no xarope enquanto preparava a massa.
Esta, por sua vez, foi tirada ipsis literis do livro Jamie At Home, com a única substituição de raspas de limão por noz-moscada. Adianto desde já que não gostei do resultado. Estou acostumada a produzir massas de torta muito leves e flocosas, e esta ficou dura como um biscoito, o que não era meu objetivo quando imaginei essa torta suave e macia. De qualquer forma, fiz metade da receita do livro e forrei com 2/3 da massa (o resto foi para o freezer) uma forma de 21cm. Assei-a no forno a 180ºC, forrada com papel alumínio e feijões por 15 minutos e depois terminei de dourá-la, sem os feijões e o papel, por mais 10 minutos. Retirei-a da forma e deixei que esfriasse sobre uma grade, para que eu aplicasse o recheio.
Em uma tigela, misturei a cerca de 150g de mascarpone 3 colh. (sopa) de açúcar baunilhado, 2 colh. (chá) de aguardente de pera, 1 colh. (chá) de leite e uma pitada de noz-moscada, até que o creme ficasse homogêneo e acetinado. Apliquei essa mistura sobre o fundo da torta fria, espalhando bem. Então fatiei as pêras e as dispus de forma um pouco displicente sobre o mascarpone.
Aí entra a distração que causou o erro no julgamento. A torta estava pronta, e poderia ir à geladeira ou à mesa. No entanto, eu não estava satisfeita com o aspecto pálido das frutas, e queria que elas tivessem as pontas mais coradas. Se tivesse um maçarico e boa pontaria, teria resolvido isso rapidamente, carmelizando apenas as pêras e deixando o creme (que jazia por baixo das fatias de fruta, devidamente escondido e protegido) intacto. No entanto, polvilhei açúcar por cima e coloquei a torta sob o grill do forno, apenas para me dar conta de que as pêras jamais caramelizariam sob o grill tão rapidamente a ponto de não interferir na textura do creme, pelo simples fato de terem sido cozidas, e precisarem de tempo para perder toda a água absorvida até que só restasse o açúcar a ser queimado. Além disso, esqueci-me do fato de que a equação fruta+açúcar+calor geraria um xarope indesejado, que tornaria o queijo aguado. A mistura do queijo, antes firme, de repente não suportava mais o peso das frutas, que afundaram, colocando a perder a minha trabalheira de tentar construir alguma forma geométrica visualmente agradável com três pêras de formatos tão variados.
Na hora de servir, fiquei decepcionada com justamente esses atributos, mas só hoje, depois de uma noite na geladeira, seu sabor suplantou seus defeitos e me arrependi de ter falado tão mal dela ontem ao meu convidado.
É uma torta a ser repetida com certeza, mas com pêras muito bem cozidas, sem a parte do grill e com uma massa melhor.
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