terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

PADARIA DE DOMINGO 5: quando a vida te dá limões, faça limonada; mas não reclame se estiver azeda demais.

Ou, traduzindo: se a vida der a você mofo no armário, goteira no quarto e um modem queimado (é, teve dessas também), faça um pão francês "country-style", mas evite ficar ainda mais estressado se o pão não sair exatamente como você esperava...

O humor aqui em casa até que está muito bom para duas pessoas que dormiram na sala (o pobre marido que dormiu no chão com o cachorro merece um prêmio) por duas noites e passaram os últimos dois dias plantados em casa fedendo a Lysoform e esperando pelo técnico da Net. Modem arrumado, armário limpo, uma tarde descabelada de arrumação de roupas com o cachorro pulando entre os cabides (aproveitando para separar boa parte para doação), e finalmente posso sentar ao computador e escrever um pouco.

Ontem, no auge de um surto psicótico, resolvi arregaçar as mangas, esquecer a dor de cabeça causada pelo spray fungicida e preparar esse pão francês. Não é um pão FRANCÊS, mas um pão que é DA França. Feito em parte com farinha integral e com uma esponja que demora cerca de 4 horas para fermentar. O processo foi todo muito fácil, mas talvez por causa da temperatura baixa na cozinha, da umidade do ar, do fato de haver instruções conflitantes no livro e eu ter decidido por uma delas (aparentemente a errada) e ter assado o pão sem vapor, ele não ficou tão interessante quanto eu gostaria. Apesar de charmoso, seu miolo ficou denso e sua crosta não ficou nem leve e quebradiça nem robusta e crocante, mas apenas borrachuda, como pão italiano amanhecido. O gosto ficou ok.

Em parte culpo a farinha, para falar a verdade. Costumo usar a farinha integral orgânica da Cotrimaio, que, em relação a esta que comprei dessa vez (Jasmine, também orgânica) é mais fina e mais clara. Como guardo farinhas em potes de vidro assim que as compro, não tenho as duas embalagens à mão para comparar seus nutrientes e propriedades, mas fiquei com essa impressão estranha de que a farinha da Jasmine é mais "pesada", e talvez isso tenha influenciado na textura do pão. Pelo menos foi divertido moldá-lo dessa forma.

Acho que fico devendo uma receita mais satisfatória para o domingo que vem. E prometo que será domingo mesmo, e não terça-feira...

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Vou passar esse mofo no leite e ver se faço gorgonzola

Calor. Muito calor. Ainda mais no seu "apertamento" cujo teto é a laje do prédio, sem cobertura. Forno. Ventilador não faz nem cócegas. Então chove. Chove a cântaros. Chove o suficiente para seu cachorro entrar em desespero por não poder sair de casa. E quando você o leva para passear debaixo de chuva, ele faz cara de coitado e o arrasta de volta para casa sem ter feito suas necessidades básicas.

Então sua cunhada chega do exterior para uma visita que durará um mês. O que é muito bom, porque você a adora, mas o primeiro fim de semana consome um pouco seu tempo. E chove. E faz calor.

Então você resolve pegar uma bolsa no fundo do armário e... surpresa: a bolsa está peluda. Peluda? É. Mofo. Começa a tirar do armário sapatos, agasalhos, casacos, pijamas e uma série de envelopes com seus mais recentes trabalhos de design, só para descobrir que o fundo do armário está úmido, mofado e repleto de bichos. Assim como muitas de suas coisas. Nojo. Você tira tudo, TUDO, do armário. Joga fora quatro pares de sapatos e uma bolsa, todos suficientemente peludos de mofo para que você não tenha vontade de salvá-los. Coloca todas as roupas que entraram em contato direto com o mofo na máquina de lavar e exagera no sabão em pó.

Fica enfurecido porque há 1 ano atrás avisara síndico e zelador da infiltração que começara em seu apartamento e fora desacreditado. Agora tem um armário mofado e uma goteira no quarto para provar sua tese.

Sai correndo para o churrasco de boas vindas da cunhada. Bebe um pouco e ri um monte. Esquece dos problemas por um tempo. Volta e passa na farmácia para comprar um spray antifúngico. De volta à realidade. Tudo o que você tem está espalhado pelo seu quarto, que está fedido de mofo e spray, e onde você não vai dormir hoje à noite. Não, hoje você dormirá na sala, no sofá. Marido no chão, porque ele foi gentil e cedeu o sofá para você.

Você tem vontade de cozinhar? Tem vontade de fazer pão? Tem vontade de fazer sobremesas elaboradas?

É.

Eu também não.

Desculpem-me os que aguardaram pelo Vítimas Culinárias ou pelo Padaria de Domingo essa semana. Vou ver se compenso essa falta ainda durante o carnaval. Mas não hoje. Hoje quero arrancar a cabeça de alguém.

Cozinhe isso também!

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