segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Salvar o mundo com biscoitos

Neste fim de semana, acompanhada de minha irmã e meu namorado, fui assistir a "Mais estranho que a ficção". Excelente filme, sem sombra de dúvida. Mas o que isso está fazendo em um blog sobre culinária?, você me pergunta. Acontece que uma das personagens é uma padeira e confeiteira, dessas de mão cheia, com uma invejável paixão por comida, e que, obviamente, ainda faz seus pães e doces artesanalmente, e não com "misturas prontas para pão francês", como quase todas as padarias fuleiras de São Paulo.

Não vou contar detalhes, pois acredito que faça parte da experiência do filme, mas foi engraçado ouvi-la contar como tornou-se padeira e como pretendia salvar o mundo com biscoitos. Imediatamente meu namorado olhou para minha cara e riu. Talvez naquele instante ele tivesse enfim compreendido minha relação com comida. Tanto, que chegou a sugerir que eu abrisse uma padaria. Não vou dizer que a possibilidade já não cruzou minha mente irrequieta. Só não consigo imaginar os preços que teriam meus pães e doces, pois eu jamais me conformaria em comprar ingredientes que não tivessem a melhor qualidade possível.

Mas uma coisa me parece mais possível do que pagar impostos por um ponto comercial... Estou cogitando seriamente a idéia de começar a aceitar encomendas de quitutes como muffins, pães, cookies, bombas... Hum... veremos se eu também consigo salvar o mundo com biscoitos...

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Comida que não engorda 2 - o retorno

Então este meu amigo de dieta veio jantar aqui em casa ontem. Perguntei-lhe logo quais eram suas restrições alimentares, já pensando em todos os vegetais que tinha estocados na geladeira. "À noite, não como nenhum carboidrato ou gordura", declarou ele. Naquele momento, confesso que surtei. Vasculhei meu cérebro uma, duas, três vezes, mas foi em vão: eu simplesmente não conheço uma única receita que não use um carboidrato ou alguma gordura. Nada de massas, nada de risotos, nada de couscous marroquino, nada de tortas de nenhuma espécie. Sopas de legumes? Quase todas levam batatas, queijo ralado ou manteiga. Saladas?? Não faço uma que não fique incompleta sem um naco de queijo. Concluí que esse é o tipo de dieta para quem gosta da saladinha cenoura de um lado, tomate do outro. Coloque o famoso franguinho grelhado no meio e vambora.

Perdoem-me os de dieta, mas isso é algo que não entra na minha cabeça: não passamos nossa infância inteira ouvindo que um prato saudável é aquele que tem um pouquinho de tudo? Fibras, cereais, proteínas, carboidratos, gorduras, etc e tal?! Por que a moda dos últimos 10 anos tem sido encontrar um único vilão na alimentação humana, um bode expiatório para nossas redondas cinturas? Que tal começarmos a apontar o dedo para nossos próprios umbigos e admitirmos que o problema de nossas vidas não é o "carboidrato", mas o fato de o consumirmos em forma de doughnuts?? Afinal, se a massa fosse vilã, a Itália seria campeã de obesidade.

Não sabendo o que fazer, resolvi seguir com meu plano original da noite: comida indiana. Não poderia ser mais saudável: arroz basmati com cebola e especiarias, batatas com espinafre e curry de couve-flor. Tudo bastante apimentado e temperado, mas feito com quase nada de óleo vegetal. Sem queijos, sem manteigas, praticamente sem gordura. Apenas as batatinhas e o arroz branco dando as caras... Mesmo servindo-me generosamente (depois de duas horas na cozinha, preparando um milhão de ingredientes, com certeza tinha fome), terminei o jantar sentindo-me absolutamente leve. Por que qualquer pessoa quereria comer de outra forma, abdicando de uma parte tão importante de sua alimentação? Carboidrato, ao meu ver, serve quase sempre como uma base neutra para uma variedade de acompanhamentos. Sem falar que dão energia! Sem eles, você vira uma mosca morta. E já se foi a lenda de que não se podia consumi-los no jantar. Muito pior, a meu ver, é jantar proteínas pesadas, como carnes, que demoram para serem digeridas, pesam no estômago, e tornam seu sono desconfortável.

Mas, no fim das contas, terminei meu jantar um pouco triste, ao descobrir que meu convidado não se dava bem com pimentas. Pobrezinho, que jantou três pratos abarrotados de pimenta-dedo-de-moça, pimenta caiena em pó e pimenta-do-reino... Se você estiver lendo, peço desculpas por não ter perguntado se você era fã de comidas fortes...

Cozinhe isso também!

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