segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Salada de arroz, pepino e mozzarella para um menino que ainda não come pepinos

Minha mais recente missão na cozinha tem sido ensinar o pequeno escalador de poltronas e perseguidor de Border Collie a comer coisas cruas. Agora que todos os seus dentes nasceram (os caninos já despontaram todos, e eram só os que faltavam), ele está pronto, a meu ver, para qualquer tipo de textura. Qualquer rejeição da sua parte será efeito do gosto ou costume, e não de uma dificuldade em mastigar, como era antigamente o caso de alguns alimentos como folhas e feijões. 

Foi engraçado notar que o primeiro entrave dele foi ter algo frio em seu prato na hora do almoço ou jantar, quando a comida vinha sempre fumegante. Juro que podia ver em seus olhinhos a expressão inconformada de "não vai esquentar isso não, mãe?". Mas aos poucos a coisa vai andando. 

Comecei com cenouras, que são doces, e que já haviam figurado cruas em seu prato há muitos meses atrás, quando usava apenas as gengivas para mastigar. Raladas bem fininhas, naquela textura para bolo de cenoura, elas viravam quase um purezinho cru, naturalmente docinho. Já naquela época eu misturava a passas escuras, temperava com sal, pimenta-do-reino, uma boa quantidade de azeite e um salpicar de vinagre de jerez. (Segredo de uma boa salada de cenoura: não economize no azeite ou óleo utilizado; salada de cenoura muito seca fica sem gosto.) A única diferença dessa para uma de minhas saladas de cenoura favoritas é o tamanho da cenoura ralada. Logo, quando preparei a versão adulta, com a raiz ralada grossa, não foi um estranhamento tão imediato. Ele olhou, olhou, apanhou uma passa, outra, e logo havia devorado toda a salada. 

Depois foram os tomates. Thomas come qualquer coisa que esteja envolta em molho de tomate, mas toda vez que eu colocava tomates frios no seu prato, ele estranhava e não comia. Mesmo quando tentei um molho de macarrão com tomates crus. Comeu toda a massa, deixou todo o tomate no prato. Desta vez, para acompanhar a omelete de talos de espinafre [melhor jeito de preparar talos de espinafre para qualquer uso: cozinhar em água fervente com sal até que fiquem bem macios, escorrer e refogar em alho e manteiga, temperando um pouquinho de suco de limão], fiz os tomates picadinhos, apenas temperados com sal, pimenta, azeite e vinagre de jerez, que junto com o de maçã é dos meus favoritos. Demorou, enrolou, fez que fez, não foi, acabou experimentando. E no que experimentou, tive de dar o que havia também no meu prato. 

Os pepinos tem sido mais difíceis. Tentei palitinhos de pepino temperadinhos, imaginando que ele acharia divertido mordiscá-los, mas nada. Quando mais novo, ele engasgava com folhas verdes que não estivessem bem picadinhas, e por isso criou uma cisma com coisas verdes grandes no prato, a não ser que sejam abobrinhas. Via de regra: se estiver irremediavelmente misturado ao resto, ele come as coisas verdes; se estiver remotamente separável, ele separa. Cuidadosa e meticulosamente. Então quando servi essa salada quente de arroz com pepinos e mozzarella, lá foi ele separar os pepinos. Eventualmente comeu um ou dois, meio que por engano. Mas eu não desisto. A próxima tentativa será num tzatziki, pois ele gosta um bocado de iogurte e adora comer qualquer coisa melequenta. Ainda estou pensando na melhor estratégia para apresentá-lo às folhas de alface. Hmmm...

Enquanto isso, esse é um almocinho tranquilo e gostoso: arroz integral cozido, misturado a pepinos fatiados bem fino, deixados previamente salgados durante o tempo de cozimento do arroz, e espremidos antes de serem juntados ao arroz ainda quente. Mozzarella de búfala em pedaços, algumas folhas de manjericão, cebolinha picada, casca ralada de um limão e um vinaigrette de azeite, suco de limão, sal e pimenta-do-reino. A proporção de arroz, pepinos e queijo depende do gosto do freguês: se estiver de dieta, mais pepinos; se for uma grávida faminta, mais arroz. ;)

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