quinta-feira, 10 de junho de 2010

New York, New York

 
Eu estava com certeza precisando dessas microférias. E não importa que tenha sido corrido, que tenha havido perrengues na ida e, principalmente, na volta, ou que os problemas estivessem nos esperando sentadinhos aqui em São Paulo. A viagem foi, indubitavelmente, sensacional. Esperando apenas por mais uma São Paulo, fiquei impressionada com a beleza e conservação dos edifícios, com a organização, a limpeza, os sons, os cheiros, as cores, as pessoas.

Logo no primeiro dia, encontramos por acaso, em Chelsea, um pequeno restaurante com um cardápio inteiro de hambúrgueres vegetarianos. Nada com aquela cara natureba-broto-de-alfafa que muitos restaurantes brasileiros acreditam que seja comida vegetariana. Mas simplesmente hambúrgueres vegetais repletos de queijo cheddar, onion rings, guacamole e molhos apimentados. Meu hambúrguer deu de dez em qualquer outra opção vegetariana que eu tenha comido por aqui. De entrada, um "pequeno" prato de nachos com frijoles refritos, guacamole, sour cream e com a surpresa de as tortillas serem feitas de farinha de milho azul! Procurei feito louca nos mercados em que entrei a tal farinha, mas não a encontrei. Titia, se você estiver lendo, sei que na California tem, então você já sabe o que trazer para mim em sua próxima visita! ;) Folgada, eu? Para acompanhar a comilança muito bem-vinda, um menu todo de cervejas orgânicas, uma mais interessante que a outra.
 
A caminhada pós nachos e hambúrguer nos levou a Washington Square, onde tive meu momento "iêeei!", ao me lembrar que fora ali que Harry deixara Sally após a road trip que iniciou seu relacionamento. Já falei que When Harry met Sally é meu filme favorito? Pois é. 

 

Tendo sido esta a primeira viagem internacional que meu marido e eu fizemos JUNTOS, foi ótimo descobrir, depois de nove anos de relacionamento, que viajamos da mesma forma. Nada de pegar metrô de um ponto a outro: gostamos de andar. O que são 40 quadras da estação da 33rd Street até o Luxembourg Café, na 72nd?? Nada! Subimos a 7th Avenue, embrenhamo-nos no Central Park, e na hora do almoço estávamos já loucos para encontrar o restaurante recomendado por um amigo. Como era sábado, o cardápio era de Brunch. Pedi um incrivelmente leve Lobster Roll, com relish de pepino e mini-agrião, em um pãozinho fofo e amanteigado como um brioche, e Allex pediu um belo hambúrguer de atum. Mais cervejinha local para acompanhar. Férias, ué. Satisfeitos, fomos gastar a cerveja batendo perna no Museu de História Natural, onde realizamos sonhos de infância de ver dinossauros de verdade. A decepção veio, no entanto, quando descobri que o salão da Lula e a Baleia (mais um filme que eu adoro, aliás) estava fechado... :( 

Wall Street para mim foi a prova de que o Centro de São Paulo seria magnífico se alguém se importasse em conservá-lo. Almoçamos em um restaurante escandinavo em uma rua que é o exemplo de quão agradável pode ser uma praça de alimentação se ela for ao ar livre, com mesas de madeira e com garçons, ao invés de bandejas plásticas. De ambos os lados, havia apenas bares e restaurantes, e ainda que não houvesse nenhuma divisão distinta entre as mesas e bancos todos iguais, cada garçon parecia conhecer bem sua área. Adorei a versão vegetariana das almôndegas com molho de lingonberries, e o arroz doce muito suave e cremoso, coberto de compota de cerejas e lâminas de amêndoas ficou gravado em minha mente como um "must try this at home". 

Passei em frente à Magnolia Bakery, sem filas, mas resolvi não entrar. Estou fula da vida por seu livro ser tão ruim. Outras pessoas na Amazon criticaram o fato de que as receitas não funcionam ou não produzem cupcakes iguais ou sequer semelhantes aos da loja. Se sua receita é um grande segredo, não escreva um livro. Por isso, nossos amigos de lá nos levaram ao Billie's, uma pequena confeitaria cujo buttercream frosting é tão leve que não parece apenas manteiga e açúcar. Allex comeu um cupcake de macho, como brincamos, de chocolate e vanilla buttercream frosting (o verde de confeitos cor-de-rosa da fotografia) e eu pedi um delicioso banana cupcake com cream cheese frosting, outra maravilhosa revelação. Não sei se o Billie's tem um livro, mas assim que encontrei uma livraria, apanhei um livro bonito de cupcakes e o comprei. :) Ignorem o fato de que cupcakes estão na moda por aqui, para que eu não pareça apenas uma maria-vai-com-as-outras...

Em Williamsbourg, para lá do Brooklin, nossos anfitriões nos levaram ao Sea, um restaurante tailandês inacreditavelmente barato, onde comemos pad thai, curries, rolinhos primavera, mojitos de lichia (é, é isso mesmo, mojitos de lichia) e um chá gelado tailandês, que consiste em chá vermelho, leite condensado e gelo. Ah, tantas descobertas! :D
Andamos pela Brooklin Bridge e tomamos um sorvete mequetrefe do outro lado, andamos pelas ruas de Chelsea e Soho carregando nas mãos Iced Chai Tea e Iced White Chocolate Mocha, compramos bagels com cream cheese e sentamos em um pier em New Jersey, tomando café-da-manhã e olhando para Manhatan, ficamos profundamente arrependidos de termos confiado na previsão do tempo e não levado um par de shorts e chinelos, dado o calor de 30 graus que deixou nossos rostos corados, e, principalmente, prometemos voltar para conhecermos tudo aquilo para o qual não tivemos tempo. Um feriado é muito pouco para ver tudo o que New York tem a oferecer. Se por um lado nossa andança-pé-doendo-e-unha-preta nos proporcionou uma boa noção da vida local e de ruas escondidas da cidade, por outro lado gastamos tempo indo de um ponto ao outro e não conseguimos ver todos os pontos turísticos que nos interessavam. Metropolitan, Grand Central e Rockefeller Center ficaram para uma próxima visita.
Mesmo as compras ficaram reduzidas. Uma passada na Williams-Sonoma e na Bed Bath & Beyond foi o bastante para me encher de tralhas culinárias, mas não tive tempo de passar na loja de material de arte que eu anotara no mapa. 

Agora, o espólio.
Minha tão sonhada forma de bundt cake, com capacidade de 10-15 xícaras, a tortilla-presser que a policial do aeroporto pensou que fosse um dispositivo nuclear, colheres de sorvete tradicionais, para tirar bolas exatas de massa de biscoito e criar cookies uniformes, um termômetro de forno novo, melhor e mais confiável, um termômetro para doces eletrônico, pincéis, biscuit cutters, cookie cutters estilo "prensa de Guttenberg", para escrever mensagens personalizadas, extrato de baunilha, maple syrup, chocolate, forma de mini bundt cakes, forma de picolé, farinha de farro, masa harina (farinha para tortillas), formas de panqueca em formato de Darth Vader, Star Trooper e Yoda (meu marido encheu os pacová para levar!), um maçarico, um pastry scraper e um rack de três andares para esfriar biscoitos.
Ufa! Um monte de tralha para quem só tinha o mochilão de trilha e uma malinha de mão. Livros foram poucos (de cozinha, pelo menos, fora os de quadrinhos e ilustração). Seasonal Fruit Desserts, da Deborah Madison, My Bread, do Jill Laney, The Sweet Life, da Kate Zuckerman e Cupcakes, da Elinor Klivans. De quebra, umas revistinhas compradas no aeroporto.
Agora, a novidade. Muita gente andou pedindo videos disso e daquilo, como aquele de sovar pão postado há muito tempo atrás. Acontece que minha pobre nikonzinha que fazia videos mequetrefes não está mais em minhas mãos. Mas agora, tcharans!, temos filmadora de novo. Então pensem com carinho em o que seria mais útil para vocês verem em video. O ponto de claras em neve? O molde do pão? A sova estilo Bertinet? E escrevam nos comentários. Ok? 
Agradeço imensamente a nossos amigos que nos hospedaram em Jersey City, por sua disponibilidade e generosidade. :)

Cozinhe isso também!

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