quarta-feira, 22 de outubro de 2008

E o salário, ó!

Nos últimos meses tenho notado muitos blogs estrangeiros reclamando sobre o aumento nos preços da comida. Um deles chegara a comentar que estava pagando o dobro em um quilo de farinha em relação a um ano atrás. Até há pouco tempo, eu achava que essa alta não estava afetando tanto meu orçamento doméstico, até resolver comparar meus gastos com alimentação de hoje com os de 1, 2 e 3 anos atrás.

Meu
Deus
Do
Céu.

Quando meu marido e eu juntamos os trapos, tínhamos um orçamento X para supermercado, que nossos amigos ávidos consumidores de comida industrializada e conveniente achavam que era muito. Durante meses e meses (e depois, anos e anos), tentei diminuir essa cota. Mas parecia que quanto mais eu tentava economizar, mais gastava. E me sentia uma incompetente. Para amenizar minha culpa pós supermercado, comecei a dividir o valor mensal gasto pelo número de refeições feitas em casa, o que sempre me dava uma boa média por pessoa. Parecia muito barato almoçar por aquele valor, principalmente comparado ao vale-refeição dos meus amigos. Mas continuava incomodada. Tentei mudar de supermercado. Tentei comprar no atacado (grande ilusão). Tentei a feira. Tentei a cesta orgânica. E continuo gastando mais do que gostaria.

O pior é me ver parafraseando nossos pais e nossos avós: "supermercado está cada vez mais caro, mas meu salário não aumentou um centavo". Ok, hora de apertar o cinto um pouco. Senão não há santo que consiga economizar. Afinal, a prioridade é uma casinha com um quintal, onde eu possa plantar meus tomates e, assim, economizar no mercado... ; )

Certo, então qual é nossa primeira reação ao apertar o cinto? Parar de escolher tanto e comprar o mais barato. Até aí, ok. Mas como fazer isso mantendo a qualidade da sua alimentação?

Houve uma época em que se escolhia comer alimentos mais próximos de seu estado natural. Por uma vida mais saudável? Não, por um menor preço. Ainda na minha não muito distante infância, lembro-me de que era muito mais caro comprar uma refeição congelada do que os ingredientes para o preparo da mesma. Hoje, tudo mudou. Com as indústrias usando ingredientes de qualidade cada vez mais duvidosa, é possível tornar uma lata de molho de tomates mais barata que os tomates em si. Ou é isso o que parece.

Alguns cálculos eu mesma já fiz: pelo menos onde moro, sai muito mais em conta fazer meu próprio pão do que comprar um pão de mesma qualidade em alguma padaria. Mesmo usando farinhas mais caras. Sorvete, idem. Um litro de sorvete de morango feito com creme de leite fresco, morangos e açúcar orgânicos custa o mesmo ou menos que a mesma quantidade do sorvete N ou K, cheios de porcarias e que não contém morangos de verdade. Você consegue um iogurte absolutamente natural, delicioso e com um teor de gordura bem maior que os do mercado, pelo preço de 1 litro de leite premium de sua marca favorita, que é bem mais barato que 1 litro de iogurte integral, que eu, por aqui, só encontro já adoçado.

Estou aqui quebrando minha cabeça tentanto montar uma lista de compras mais barata, mas ainda deliciosa, saudável e de qualidade. Porque, ao meu ver, existem boas economias e existem economias burras. Economizar na qualidade da sua comida é pedir para ter gastos médicos no futuro.

Onde vou cortar gastos? Trocando o chocolate belga pelo chocolate tipo cobertura com gordura hidrogenada? De jeito nenhum. Trocando açúcar orgânico pelo refinado? Nem morta. Café porcaria? Não me faça rir. Queijos? Ok, queijos mais baratos pode ser. Chega dos queijos de cabra tchanchantrans e do Grana Padano, a não ser que seja comprado no mercadão, que é mais barato. Frutas e vegetais? Ok, nada de comprar aquele brócolis orgânico italiano minúsculo e carésimo só porque você gosta do gosto. Nada de frutas importadas também, só porque me deu vontade de comer amoras em junho. Está bem, está bem, tchauzinho para o grão-de-bico em lata, super prático para duas pessoas; oláaaa, planejamento e post-it cor-de-rosa que me lembrará de deixar o grão-de-bico de molho da noite anterior.

Será que só isso ajuda, ou estou me iludindo? Será que consumo exatamente a mesma coisa que há 3 anos atrás, só que a preços exorbitantes hoje?

Pessoas que fazem supermercado e também estão passadas com o preço das coisas, me acudam: até onde vocês iriam para economizar com comida? E o que vocês não deixariam de comprar de jeito nenhum? Vocês acham que estão gastando um absurdo ou são incrivelmente disciplinados ao entrar em um supermercado?

Cozinhe isso também!

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