segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Tortinhas de centeio, abóbora-menina e mozzarella de lanchinho a qualquer hora


Para quem anda acompanhando minhas desventuras no Facebook, sabe que essas tortinhas foram saboreadas enquanto eu estava presa no trânsito, no meio da estrada, com crianças dormindo no banco de trás e eu morrendo de fome, a pelo menos 1 hora do meu destino.

É engraçado ver como as coisas mudam.

Aos vinte e poucos anos, quem entrasse no meu carro a qualquer hora do dia, veria meu porta-cd do Chef, do South Park, provavelmente uma latinha de energético para me acordar da balada da noite anterior, um agasalho, uma blusa de balada limpa, pro caso de surgir o que fazer depois da aula, livros da facul, meu portfólio, roupa de ginástica pro caso de conseguir dar um pulo na academia e o inconfundível cheio de cerveja de ontem.

Hoje, você entra no meu carro, há duas cadeirinhas de criança, um carrinho guarda-chuva no porta-malas, dois travesseirinhos e dois cobertores, pro caso de esfriar e eles dormirem no carro, um brinquedo e uma chupeta, pro caso de ficarmos presos no trânsito num momento birrento, água e comida pra se a birra for por sede ou fome e uma quantidade monstruosa de pelos de cachorro.

A única coisa que permanece são os dadinhos de pelúcia vermelhos no retrovisor e um mini burrinho de pano, que considero o santo-protetor do meu carro, há já uns quinze anos.

Bolsa é a mesma coisa. Se antes tinha drops de menta e uma necessaire de maquiagem de balada de emergência, agora tem giz de cera, outra chupeta e, vai, um corretivo, pro caso de eu precisar parecer remotamente apresentável para outro ser humano da minha idade. A única coisa que permanece é a carteira de vinil vermelha, com mais dívida que dinheiro dentro.

Se aos vinte anos, quando batia a fome emergencial, eu passava num drive-thru, hoje sou mais espertinha e levo comida de casa sempre que saio, porque é mais gostoso e mais barato.

Essas tortinhas são ficaram uma delícia, com a massa super flocosa, derretendo na boca, e o recheio macio e saboroso. Foram comidas em casa, foram comidas no clube, foram comidas em casa de amiga, e foram comidas no carro. E a cada dentadinha eu torcia pra pimpolhada não acordar, porque eu não estava a afim de dividir. ;)


TORTINHAS DE CENTEIO, ABÓBORA-MENINA E MOZZARELLA
Rendimento: cerca de 12 tortinhas. 
Tempo de preparo: 1h30

Ingredientes:
(massa)

  • 1 1/2 xic. farinha de trigo branca
  • 1/2 xic. farinha de centeio
  • 1/2 xic. queijo parmesão ralado fino
  • 1 pitada de açúcar
  • 1 colh. (chá) sal
  • 3/4 xic. manteiga gelada cortada em cubos (180g)
  • 1 gema de ovo grande (reserve a clara para pincelar)
  • 1/4 a 1/2 xic. água gelada

(recheio)

  • azeite de oliva
  • 1 dente de alho grande, picado
  • 1/2 cebola, picada
  • 1 abóbora-menina média ou 2 pequenas
  • folhas de 1 ramo de alecrim fresco
  • folhas de 1 ramo de tomilho fresco
  • sal e pimenta-do-reino moída na hora
  • 1 xic. mozzarella de búfala em barra, ralada grosso


Preparo:

  1. Para fazer a massa, no processador ou à mão, misture as farinhas, o queijo, o açúcar e o sal. Junte a manteiga em cubos e pulse ou esfregue com as pontas dos dedos, até obter uma farofa grosseira. 
  2. Junte a gema e misture pulsando mais um pouco ou com um garfo. Junte a água gelada, e pulse ou misture apenas até que toda a farofa esteja umedecida e começando a se juntar em bolotas maiores. Se ainda houver muita farinha seca, junte mais água, bem aos pouquinhos, até dar o ponto. 
  3. Amasse com as mãos, unindo a massa em uma bola só, tentando não sovar muito. Embrulhe em filme-plástico e leve à geladeira por meia hora.
  4. Enquanto isso, faça o recheio. Corte a abóbora menina com casca em oitavos, no sentido do comprimento, e então fatie bem fino. 
  5. Numa frigideira grande, aqueça um fio generoso de azeite, junte o alho, a cebola, as ervas e a abóbora (como ela demora para cozinhar, vai dourar junto com a cebola – se dourar a cebola antes, até a abóbora pegar cor, o alho e a cebola estarão queimados). Polvilhe com sal e pimenta e cozinhe em fogo médio-alto, mexendo de vez em quando, até a abóbora começar a amaciar. Ela vai soltar água e você vai mexer por uns dez minutos até a frigideira ficar seca outra vez. 
  6. Abaixe o fogo quando começar a dourar e pare de mexer. Quando dourar um pouco, misture para virar os pedaços de abóbora e dourá-las do outro lado. Experimente e acerte o tempero. A abóbora deve estar extremamamente macia, quase desmanchando, mas com dourados chamuscados que acentuam o sabor. Deixe esfriar um pouco antes de misturar ao queijo. 
  7. Pré-aqueça o forno a 190ºC, com grades nas partes superior e inferior do forno. Reserve 2 assadeiras grandes. 
  8. Apanhe a massa gelada e divida duas partes. Abra a primeira parte com mais ou menos 0,5mm em uma superfície enfarinhada enquanto a outra fica na geladeira. Use um copo ou cortador de aproximadamente 10cm para cortar círculos na massa, bem junto uns dos outros, e disponha os círculos numa assadeira grande, com 1cm de espaço entre eles. Se sobrar aparas, amasse com cuidado, para não trabalhar demais, abra outra vez e corte mais círculos. (Vá calculando para ter números pares de círculos, pois são bases e tampas.) 
  9. Distribua o recheio no centro dos círculos na assadeira, mais ou menos 1 colh. (sopa) em cada. Bata ligeiramente a clara de ovo reservada com um pouco de água, e use isso para pincelar levemente as bordas de massa. Cubra com as tampas e aperte com os dentes de um garfo, selando bem. (Se houver falhas, não tem problema, pois o recheio é sequinho e não vai escorrer pra fora.) 
  10. Abra o restante da massa, disponha em outra assadeira e repita todo o procedimento. (Se sobrar recheio, dependendo do tamanho da abóbora, guarde e use numa fritatta depois.) Se o dia estiver muito quente e a massa amolecendo, volte as tortinhas à geladeira por meia hora antes de levar ao forno.
  11. Pincele as tortinhas com o restante da clara com água, faça um furo na superfície com a ponta do garfo para liberar o vapor e leve ao forno por meia hora, ou até que dourem um pouco, trocando as assadeiras de grade no meio do tempo. 
  12. Retire do forno e com uma espátula, retire das assadeiras e sirva (ou deixe que esfriem sobre uma grade para comer depois). 


quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sorvete de chocolate branco e gengibre, com amendoins cobertos de chocolate, para acabar com o estoque


Foram seis meses de férias escolares.
Ou pareceram seis.
Não sei.

Foi um mês inteiro sem conseguir trabalhar, pintando apenas em cursos (longe da pimpolhada) e tentando não matar de tédio meus dois filhos. Foi um tal de levar à brinquedoteca, parque, museu, aquário, avós, e os dois corriam, brincavam, corriam mais, cada um prum lado, brinca junto, briga um monte, corre mais um pouco. Às 18h30 eles pediam pra ir dormir, exaustos, e eu, na esperança de então trabalhar um pouco, me via desmazelada no sofá, tão ou mais exausta que meus filhos. Imprestável.

A única coisa que eu mais ou menos conseguia fazer com eles correndo em volta das minhas pernas, balançando espadas no ar e gritando "iáaa! iáaaa!", era cozinhar. Na onda natureba, saiu muita coisa gostosa, muita coisa estranha, muita coisa porqueira. Muita coisa eu fotografei, mas de celular, porque eu não conseguia abrir o escritório. Estava bagunçado, com tinta e telas, e papéis para todo o lado, e eu precisava arrumá-lo antes de poder deixar que as crianças entrassem. Mas isso só consegui ontem, com o Matador de Dragões de volta à escola.

Tem muita coisa, aliás, que eu não tenho conseguido fazer. Doces, por exemplo. Salvo raras exceções, como o bolo de Guinness e um ou outro pudinzim à prova de idiotas, há meses todos os meus doces têm dado miseravelmente errado. De biscoitos moles a bolos solados, parece que o clima mental não está pra coisas açucaradas. Daí que meu estoque de chocolate continuava imenso, ocupando espaço e... vencendo.

Entrei num impasse: precisava gastar aquele chocolate todo antes que ele vencesse (desperdício!), mas não queria produzir um monte de bolos solados e desperdiçar o chocolate, não estava com vontade de comer bolo (e uma vez lá, sei que acabaria comendo tudo – perigo, pois não estou correndo), e não queria entupir a criançada de doce, agora que eles andavam comendo bem de novo e que Thomas andava bastante "fruteiro".

Quando encontrei esse sorvete, então, vibrei. Usava dois tipos de chocolate, numa boa quantidade, mas não era um doce imenso nem algo que precisasse ser consumido em uma semana, com pressa. E eu tinha gengibre fresco e amendoins sem sal, ambos precisando ver seu fim.

O sorvete é uma delícia. Pudera, do David Lebovitz. Procuro, procuro, e nunca encontro receitas de sorvetes melhores que as dele. Essa não é do Perfect Scoop, mas de um outro livro seu, Ready For Dessert, ótimo. A receita parece trabalhosa, por conta dos amendoins, mas é só derreter chocolate e misturar com eles. Nada mais.

De fato, a grande vantagem do sorvete caseiro é você poder fazer essas misturebas e poder colocar no sorvete esse tipo de coisa deliciosa que é amendoim torrado coberto de chocolate. O gengibre, na verdade, se sente pouco: ele parece apenas um frescor que aquieta a doçura do chocolate branco. Segundo Lebovitz, você pode omitir os amendoins e servir o sorvete com frutas da estação.  Mas eu gostei tanto do crocante que acho um pecado omitir essa etapa tão besta do preparo.

De volta ao blog, então. De volta ao "normal". De volta aos lanches de escola.

SORVETE DE CHOCOLATE BRANCO E GENGIBRE COM AMENDOINS COBERTOS DE CHOCOLATE
(Do ótimo Ready For Dessert, de David Lebovitz)
Rendimento: 1 litro

Ingredientes:
(sorvete)

  • 8cm de gengibre fresco, fatiado fino
  • 1/2 xic. açúcar
  • 1 xic. leite integral
  • 1 xic + 1 xic. creme de leite fresco
  • 200g chocolate branco, picado
  • 4 gemas de ovo 

(crocante)

  • 140g chocolate amargo ou meio amargo (entre 54 e 70%)
  • 1 xic. amendoins torrados sem sal


Preparo:

  1. Coloque o gengibre numa panela com água para cobrir. Leve à fervura, abaixe o fogo, cozinhe por 2 minutos, e descarte a água, reservando o gengibre.
  2. Na mesma panela, com o gengibre, junte o açúcar, o leite e 1 xic. de creme de leite. Aqueça até que fique morno, desligue o fogo, tampe e deixe em infusão por 1 hora.
  3. Remova o gengibre com uma colher perfurada e descarte.
  4. Reaqueça o creme até que fique morno. Enquanto isso, coloque o chocolate branco picado numa tigela grande, com uma peneira em cima. 
  5. Em outra tigela, bata ligeiramente as gemas. 
  6. Misture aos poucos o creme às gemas, batendo sempre com um fouet. Volte o conteúdo à panela, em fogo baixo, misturando com uma colher de pau até que engrosse. Não deixe ferver. 
  7. Despeje o creme pela peneira, sobre o chocolate, e então misture com a colher até que o chocolate tenha derretido e a mistura esteja homogênea. Junte o restante do creme de leite e misture bem.
  8. Leve o creme à geladeira por pelo menos 4 horas ou durante a noite, antes de colocar na sorveteira.
  9. Enquanto isso, derreta em banho-maria o chocolate, mexendo com uma espátula. Quando tiver derretido, tire do fogo e misture os amendoins.
  10. Forre um prato com filme plástico e despeje o amendoim com chocolate sobre ele, espalhando com a espátula. Leve à geladeira até que fique firme. Retire do plástico, pique com uma faca e volte à geladeira até a hora de usar.
  11. Coloque o creme na sorveteira, segundo as instruções do fabricante. Quando estiver pronto, coloque em um pote e incorpore o amendoim picado. 

Cozinhe isso também!

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