Existe uma arte que anda se perdendo: a de se receber pessoas. Não apenas porque menos gente cozinhe em casa e tenha prazer (ao invés de pânico) em receber os amigos e familiares para um jantar. Mas porque quem ainda gosta de fazê-lo tem se sentido cada vez menos estimulado pela falta de consideração de seus próprios convidados. Talvez seja culpa de ferramentas como SMS e Twitter, que tornam a comunicação entre seres humanos cada vez mais lacônica e seca. Talvez os pais de toda uma geração tenham falhado em ensinar o mais básico das boas maneiras, como dizer "bom dia", "com licença", "obrigada" e "desculpe-me". São pequenos mas importantes os rituais de civilidade que estão desaparecendo, e, com isso, um pouco da esperança que eu tinha em ver minha casa sempre cheia de gente amiga.
Quando alguém se propõe a realizar um evento em sua casa, seja ele uma reuniãozinha com os mais chegados ou uma comemoração para cinquenta pessoas, há mais envolvido do que o simples comichão de quem ama ser anfitrião. Quando se envia um convite para, digamos, quarenta pessoas, pedindo R.S.V.P., é esperado dessas pessoas que, no mínimo, elas respondam "vou" ou "não vou". Ao contrário do que se espera, "não vou" é uma resposta absolutamente válida e não fere os sentimentos de quem está convidando.
Digamos que, dessas quarenta, vinte tenham respondido "vou". Alguns entusiasmados ainda acrescentam um "com certeza!" ao final da frase. A partir daí, qualquer bom anfitrião começa a planejar comes e bebes em torno desse número. Um cardápio é criado, mesmo que seja salgadinho e pipoca, e bebida é comprada. O anfitrião cuidadoso ainda leva em consideração as sensibilidades e preferências dos convidados que confirmaram presença, comprando bebidas light, não alcoólicas, e alimentos para quem tem restrições, como vegetarianos ou intolerantes a lactose, por exemplo.
No dia da festa, o anfitrião limpa a casa e arruma a mesa com muito gosto. Coloca uma boa trilha sonora e dá os últimos toques aos comes, esperando o primeiro convidado.
E ele espera.
Há esse estranho hábito no Brasil de não se querer ser o primeiro a chegar numa festa. Então, apesar do convite ser para, digamos, 19h, as pessoas só começam a chegar às 20h30. Todo o planejamento em torno da comida quente já foi perdido quando isso acontece, e o anfitrião já começa sua festa ligeiramente estressado pela espera. PAREM com isso.
Passam-se três horas de festa, e, ao ver que dos vinte confirmados, apenas seis chegaram, o anfitrião fica com a pulga atrás da orelha. Será que os convidados se perderam? Erraram o dia? Esqueceram? O bom anfitrião aproveita a companhia de quem veio e deixa para xingar depois.
E quando a festa acaba, ele xinga. Muito. Vai checar email e celular em busca de algum pedido de desculpas pela ausência, alguma justificativa... e nada. NADA. Vai olhar a geladeira repleta de comida e bebida comprada especialmente, e se pergunta por que essas pessoas sequer se deram o trabalho de aparecer. Afinal, era uma boca-livre em boa companhia. Ou talvez eles não achem que a companhia é tão boa assim.
Não sei o que há com as pessoas hoje em dia. Elas não honram compromissos, sua palavra não vale nada, e não há absolutamente nenhuma empatia nelas, pois não se colocam no lugar do anfitrião. Não se lembram de que receber gente custa caro e dá trabalho. Quando você é convidado à casa de alguém, trata-se de um evento especial, e quer dizer que você é querido por essa pessoa. Talvez amizades hoje em dia estejam restritas ao Facebook. Talvez dê muito trabalho sair de casa e se relacionar ao vivo.
Àqueles que estão sempre conosco, tomando uma cerveja e dando risada... amo vocês.
Todos aqueles que deixam os amigos na mão... vão à m*rda.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Coisinhas doces: Turtle Bar e bebê Thomas
A piada que meu marido conta há anos em casa é a de que "Ana Elisa está sempre com as mãozinhas cheias de doce". Aparentemente isso é genético, pois desde que o pequeno cavaleiro matador de dragões descobriu suas mãos, ele as devora inteiras, o tempo todo, como se estivessem de fato cheias de doce. Imagino como será quando seus dedinhos tocarem brigadeiro ou cobertura de bolo pela primeira vez... Eita...
Enquanto o pequeno se esbalda em leite, sem sequer suspeitar dos planos gastronômicos que o aguardam, a mãe, sim, meleca os dedos de caramelo, chocolate e biscoito. Estas barras são bastante rápidas, se você não contar o tempo que o caramelo demora para esfriar e o chocolate firmar. Que são deliciosas, bem, isso é óbvio considerando os ingredientes. O que me surpreendeu nelas foi o fato de não serem enjoativas. Digo, são doces. Mas, no melhor estilo Alice Medrich, não são de doer as cáries.
Comi tudo sozinha. Pronto, falei.
(Um termômetro para doces é altamente recomendável nessa receita, para garantir que o caramelo não vá nem ficar mole, escorrendo, nem duro, puxa-puxa, mas sim macio e derretendo na boca.)
TURTLE BARS
(do livro Chewy Gooey Crispy Crunchy, de Alice Medrich)
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 30-35 barrinhas
Ingredientes:
(shortbread)
14 colh. (sopa) manteiga sem sal, derretida e ainda morna
1/2 xic. açúcar
2 colh. (chá) extrato de baunilha
3/8 colh. (chá) sal
2 xic. farinha de trigo
(cobertura)
1 3/4 xic. açúcar demerara
1/4 xic. mel
3/8 colh. (chá) sal
1/4 xic. água
4 colh. (sopa) manteiga
1 lata (395g) leite condensado
1 colh. (sopa) extrato de baunilha
2 xic. metades inteiras de pecans ou nozes
170g chocolate ao leite ou meio amargo picado, ou 1 xic. de gotas de chocolate
Preparo:
- Pré-aqueça o forno a 180ºC e posicione a grade na parte inferior do forno. Forre uma assadeira de cerca de 21x30cm com papel-alumínio.
- Numa tigela média, misture a manteiga derretida, o açúcar, a baunilha e o sal. Adicione a farinha e misture apenas até que esteja incorporada. Não se preocupe se a massa parecer muito mole ou oleosa. Pressione-a no fundo da assadeira forrada, espalhando de modo uniforme. Asse por 20-25 minutos, ou até que esteja dourada e acastanhada nas beiradas. Deixe esfriar na própria forma, sobre uma grade.
- Equanto isso, faça a cobertura. Em uma panela de fundo grosso, com capacidade para 1-1,5l, junte o açúcar demerara, o mel, sal e água. Coloque em fogo médio e junte a manteiga. Mexa constantemente com uma espátula de silicone, raspando bem o fundo e as laterais da panela, até que a manteiga derreta. Se formar um grumo na ponta da espátula, raspe com uma colher de volta à panela e continue mexendo.
- Leve à fervura, mexendo sempre, por aproximadamente 3 minutos, para que todo o açúcar dissolva.
- Junte o leite condensado e retorne à fervura, que tem que ser constante, mas não "furiosa", espirrando para todo lado. Continue mexendo e cozinhando até que um termômetro para doces acuse 112ºC (235ºF). O tempo total de cozimento deve ser aproximadamente 15 minutos.
- Remova a panela do fogo e junte a baunilha. Raspe todo o caramelo sobre a base de biscoito, na forma. Incline a forma (que estará imediatamente muito quente), para espalhar o caramelo de forma uniforme.
- Espalhe as nozes tostadas e o chocolate picado e deixe que o caramelo esfrie e o chocolate volte a ficar duro, o que pode demorar algumas horas.
- Puxe as abas de papel alumínio para ajudar a desenformar o doce. Com uma faca afiada, corte em quadrados pequenos e guarde em um pote hermético por 1 semana.
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