segunda-feira, 19 de maio de 2008

Inventou? Agora, come!

Momentos de extrema confiança na cozinha nem sempre são bem recompensados. Digamos que eles sejam, às vezes, perigosos.

Comprara essas batatas absolutamente roxas, encantada com sua cor quase fluorescente, mas não fazia idéia do que preparar com elas. Foi quando, num momento supremo de invencionice, resolvi que faria um molho de abóbora para massas, mas substituiria a abóbora pela batata-doce. Afinal, o que poderia dar errado?

Quando a batata terminou de cozinhar, acreditei que ela se comportaria como muitos outros alimentos, que têm sua linda cor amenizada pelo cozimento. Ao contrário do que eu esperava, entretanto, elas continuaram roxas, roxíssimas, assustadoramente brilhantes. E conforme eu as amassava junto aos outros ingredientes, o molho tornava-se mais e mais roxo, não importando quanto leite eu acrescentasse. Misturava, misturava, e ria como uma louca, olhando para aquele molho tão roxo, tão... pouco apetitoso.

Foi então que decidi que o molho (que estava saboroso, não me entenda mal!) precisava de um pouco de acidez. Enquanto espremia meio limão sobre o molho, vi o rastro de suco tornar-se uma mancha rosa-choque em meio à roxidão. E, claro, ao misturar com a colher, o molho inteiro adquiriu um tom pink que em nada me lembrava comida. Quando muito, parecia um molho feito de embalagens de sabões de limpeza pesada.

Imediatamente parei, sentei, respirei fundo e comecei a rir. Aquele era o prato mais ridículo que eu já criara em minha vida. Eu ansiara pelo roxo das batatas, lembrando-me do sucesso do risotto de beterrabas. Mas, ao passo que o risotto adquirira um lindíssimo tom entre o vinho e o magenta, o molho, sobre o macarrão, sugeria o prato menos comestível do mundo: certamente uma gororoba que, se feita por sua filha de 5 anos, seria um motivo para levar a criança ao pronto-socorro, estando você certa de que ela ingerira produtos químicos letais.

Comi sozinha minha gororoba pink. Afinal, inventou, agora come.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Quiche de beringela e cogumelos: o fim da maldição da mão do cozinheiro louco

Definitivamente a maldição da mão do cozinheiro louco se foi junto com o último trabalho entregue. Foi o rapaz da gráfica retirar o CD com os arquivos para que eu imediatamente tivesse vontade de cozinhar.

Como a balança estivesse quebrada, abdiquei de minha receita tradicional de pâte brisée e usei uma outra, medida por volume, da revista Blue Cooking, que ainda não experimentara. Ao contrário da que costumo usar, a massa é enriquecida com gema de ovo e aromatizada com ervas frescas (alecrim, no meu caso). Nunca havia usado a pá da batedeira para misturar a massa, e achei interessante ver como de fato funciona, se para você for muito enfadonho ficar esfregando manteiga e farinha entre os dedos. Mas a verdade é que prefiro o método manual, pois resta menos tranqueira suja na pia.

De qualquer forma, a massa ficou bastante leve e flocosa, diferente da maior parte das massas enriquecidas que já experimentara (razão pela qual me atenho à receita básica manteiga-farinha-água).

Como vou viajar na semana que vem e sei que Allex não cortará uma única cebola durante o período, achei pertinente usar tudo o que tenho na geladeira para que eu não volte após 15 dias e encontre toda uma nova civilização desenvolvida dentro da gaveta de legumes. Apanhei uma pequena beringela e meia bandeja de cogumelos de Paris frescos e refoguei-os em alho. Cobri-os com leite, ovos e queijo Gruyère e o resultado foi um quiche perfumado e "carnudo", uma daquelas "receitas de sobras" que garante lugar na minha lista de "a ser repetido".

QUICHE DE BERINGELA E COGUMELOS EM MASSA DE ALECRIM
(Massa retirada da revista Blue Cooking, edição nº 14, Abril de 2007)
Tempo de preparo: 2 horas
Rendimento: 4 -6 pessoas


Ingredientes:
(massa)
  • 1 3/4 xíc. de farinha de trigo
  • 1/4 colh. (chá) de sal
  • 2 colh. (sopa) de alecrim fresco picado
  • 9 colh. (sopa) de manteiga sem sal gelada
  • 3 colh. (sopa) água gelada
  • 1 gema
(recheio)
  • 1 beringela pequena orgânica (cerca de 10-15cm)
  • 150g de cogumelos de Paris frescos
  • 1 dente de alho grande
  • 1 colh. (sopa) de azeite
  • 1 colh. (sopa) de manteiga
  • 3 ovos extra-grandes orgânicos
  • 3/4 xíc. de leite integral
  • 150g de queijo Gruyère ralado grosso
  • sal e pimenta-do-reino moída na hora
Preparo:
  1. Misture a farinha, o sal e o alecrim em uma tigela. Junte a manteiga em pedaços e esfregue com as pontas dos dedos até obter uma farofa grossa. Misture a gema à água e junte à farofa, mexendo com um garfo até começar a formar uma massa. Vá juntando a massa em uma bola aos tapinhas, sovando o menos possível. Embrulhe em filme plástico e leve à geladeira por meia hora.
  2. Enquanto isso, corte a beringela ao meio no sentido de comprimento, corte novamente, e depois fatie em pedaços "triangulares" de cerca de 0,5cm de espessura. Fatie fino os cogumelos frescos e o dente de alho.
  3. Doure ligeiramente o alho no azeite, apenas para liberar o perfume. Junte a beringela e refogue até começar a amaciar, em fogo médio-baixo. A beringela absorverá todo o azeite. Não junte mais. Acrescente os cogumelos fatiados e tempere com um pouco de sal e pimenta. Quando a beringela estiver cozida, mas não desmanchando, junte a manteiga e misture bem, desligando o fogo assim que ela tiver derretido.
  4. Abra a massa sobre uma forma de quiche de 21-23cm de diâmetro, cubra com papel alumínio e feijões e leve ao forno pré-aquecido a 180ºC por 15 minutos. Retire o papel e os feijões e asse por mais 10 minutos.
  5. Espalhe a beringela e os cogumelos sobre a massa semi-assada. Misture em uma tigela os ovos, o leite, o queijo e um pouco de sal e pimenta, e derrame a misture na massa. Leve ao forno por mais 20-30 minutos, até que o recheio esteja firme e a superfície ligeiramente dourada.

Cozinhe isso também!

Related Posts with Thumbnails