quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Caldo de legumes


Há cerca de um ano atrás, coloquei na cabeça que faria meu próprio caldo de legumes, pois estava cansada de fazer sopas e risottos com aquele gosto de sopa instantânea de saquinho que a maior parte dos caldos em cubos tem (sem falar em todos os aditivos, conservantes, glutamato monossódico e afins). Gastei uma pequena fortuna na feira para comprar todos os ingredientes, passei um bom tempo picando, refogando e cozinhando em duas panelas perigosamente cheias de água fervendo (porque a última coisa que você lembra é que não tem um caldeirão de 5 litros em casa), esperei tudo esfriar, congelei em porções de 250ml e, depois de todo esse trabalhão e dinheiro, usei meus meros 2,5 litros de caldo (ele acaba reduzindo, e não cabia lá muita água nas minhas panelinhas entupidas com mais legumes do que elas comportavam) em apenas 2 semanas.

Ai, ai, ai... até eu que gosto de uma trabalheira na cozinha em nome de um gostinho bom achei que era demais. Por isso, esqueci a idéia do caldo caseiro e nunca mais fiz novamente.

Até que... ganhei o panelão Le Creuset do meu marido (que não é um caldeirão, mas é bem maior que minha maior panela até então), e vi no Chucrute uma foto linda e toda uma discussão a respeito de caldo de legumes com aparas de alho-poró. Aquilo ficou na minha cabeça... Antigamente, caldo de legumes (à semelhança com o de carne) era feito de restos: cascas de legumes, galhinhos de ervas das quais usamos só as folhas, sobras, etc. Olhei para meu lixo e pensei em todo aquele desperdício de folhas e cascas... E eu gastando dinheiro com aquelas porcarias de cubos! Não tive dúvida: depois daquilo, comecei a juntar, num pote muito bem fechado na geladeira, todos os galhinhos de salsinha, folhas de salsão, pontas de abobrinhas, cascas de cenoura... tudo o que pudesse ser usado no caldo sem deixá-lo turvo ou amargo. Hoje, finalmente, acreditando ter juntado restos suficientes antes que eles começassem a murchar, refoguei tudo em um pouco de óleo de canola no meu panelão vermelho, juntei uma cebola grande fatiada, um dente de alho, três ou quatro tomates secos (tenho sempre na despensa tomates secos-secos mesmo, daqueles que é preciso cozinhar antes de usar), grãos de pimenta-do-reino, uma folha de louro, ramos de tomilho e uns 4 ou 5 cravos. Deixei ferver em fogo brando por 1 hora mais ou menos, coberto por 3 litros de água.

O resultado foi um caldo bastante perfumado, mas um pouquinho escuro, meio esverdeado, talvez por causa do excesso de restos verdes mesmo. Pesquei meus tomatinhos agora hidratados, comi-os (nham-nham) e o resto dos restos, tendo cumprido (enfim) seu papel, foi agora honrosamente para o lixo.

O caldo está neste momento esfriando, numa tigela imersa em outra tigela com gelo. Assim que estiver em temperatura ambiente, congelarei em porções de 500ml para usar sempre que precisar. Caldo assim com certeza continuará existindo na minha cozinha... Muito mais fácil e de graça!

Indiano, para variar



Chega um momento em que, confesso, canso do gosto de comida italiana. Chega de massa, chega de parmesão. Nessas horas, tiro da estante o livro que Allex me deu no natal passado: Complete Indian Cooking, e me esbaldo na variedade de sabores e aromas da culinária indiana.

Ontem à noite o jantar acabou saindo um pouco tarde, pois sempre me atrapalho um pouco na hora de preparar mais de um prato. Comecei separando todos os ingredientes lá pelas 19h, coloquei a berinjela no forno, enquanto preparava os outros legumes, e quando faltavam apenas 5 minutos para que a berinjela estivesse pronta, comecei a fazer os chapatis. No fim, quando jantamos, eram quase 10 da noite, mas com certeza valeu a pena esperar.

Escolhi os pratos conforme o que tinha na geladeira: bharta, uma espécie de purê de berinjelas assadas e depois refogadas com alho, cebola, coentro fresco, em grão e suco de limão; balti de legumes, um refogado do que estiver na estação (usei cenouras, abobrinhas e ervilhas) com cebola, alho, gengibre, coentro, cúrcuma e muita muita pimenta; e chapatis, um pãozinho chato como uma panqueca, de farinha de trigo integral, frito na frigideira com um pouco de ghee ou manteiga. Os chapatis eram recomendação de acompanhamento da receita de balti, e entendi o por quê quando experimentei os legumes: sempre esqueço que as receitas desse livro levam uma quantidade de pimenta além do meu paladar, e nunca diminuo a quantidade; o pão com certeza é uma base neutra que ajuda a diminuir o picante do prato. Não que isso incomode a meu marido: para ele, quanto mais pimenta, melhor.

De qualquer forma, os pratos foram um sucesso, tanto o balti picante quando o bharta ("refrescante", segundo Allex). Os chapatis me estressaram um pouco: feitos às pressas, não pegaram a consistência ideal e por isso não consegui abri-los fino o suficiente, ficando um pouco pesadões, apesar de saborosos. O que gosto da comida indiana, além da complexidade dos sabores, cores e aromas, é o fato de satisfazer rápido, fazendo com que comamos menos. O que sobrou ontem será reaquecido no vapor (não tenho, abomino e não quero ter microondas) e servido com uma porção pequena de arroz jasmim, que, como o basmati (que faltou em minha despensa desta vez) é o acompanhamento perfeito para qualquer prato picante de arder os olhos.

Cozinhe isso também!

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