terça-feira, 10 de abril de 2007

Com cara de restaurante

Não importa se é para um jantar importante ou para o seu almoço de terça-feira: apresentação é tudo. Com certeza o fato de seu arroz estar na vertical não vai mudar seu gosto de... bem, de arroz. Mas quando cozinhamos para os outros, o impacto visual muda a forma como eles percebem a comida à sua frente. Não importa quão simples seja: o fato de você ter pensado na disposição dos elementos imediatamente faz com que seus convidados dêem mais valor ao seu bifinho.

Veja o prato ao lado. A receita é de Jamie Oliver (bem, mais ou menos, pois dei uma boa adaptada, e preferi a versão de molho aïoli do Professional Chef, que vai menos óleo e fica mais consistente). Ontem fiz a mesma receita, mas coloquei os legumes de um lado e o peixe do outro, dentro de uma tigela grande, sem as ervas; e o aïoli caiu às colheradas desajeitadamente sobre o caldo dos legumes, talhando e espalhando. Se eu tivesse servido a você em minha casa, talvez você não tivesse dado muita importância e pensado: "ah, peixe com vagem".

Hoje, no entanto, repeti a receita, por ter ficado insatisfeita com o ponto do salmão, com a pele um pouco queimada. Um adendo: gosto de preparar um prato até acertá-lo, para nunca mais errar, como foi com o risotto ou com os brownies.

Tendo acertado o salmão desta vez, resolvi montar o prato todo, ainda que fosse apenas para mim, quase que como treinamento para quando tivesse convidados. Legumes por baixo, no centro do prato, salmão por cima com a pele crocante para cima. Ervas salpicadas. E, num ímpeto francês-pedante motivado pela consistência firme do molho, formei uma quenelle com o aïoli (foi minha primeira quenelle, não está perfeita), depositando-a com cuidado sobre o peixe. Apesar de ser uma montagem já exaurida em qualquer restaurante, se você estivesse jantando aqui em casa, lançaria outros olhos sobre o "peixe com vagem". Vai entender...

De qualquer forma, na primeira vez você se atrapalha na hora da montagem, principalmente se está fazendo o maledetto salmão para oito pessoas... hehehe... Mas com a prática vem a perfeição e, principalmente, a velocidade. Ao montar os pratos para mais de uma pessoa, o importante é criar uma "linha de montagem", como se fossem peças sendo colocadas em um carro. Legumes nos pratos de todo mundo. Salmão nos pratos de todo mundo. Ervas. Molho. Limpar as bordas dos pratos. Servir.

Cookie é bom ninguém quer dar


Essa é apenas uma parte da mega-produção de cookies realizada em minha casa nesse fim-de-semana de Páscoa. Enjoada dos ovos de chocolates e, principalmente, dos preços dos mesmos, desde o ano passado que faço cookies caseiros e distribuo em porçõezinhas individuais, embalados em saquinhos com fita. De modo geral a resposta é muito positiva, de adultos e crianças; mas sempre tem aquele chato que torce o nariz e me olha como se eu fosse a pessoa mais pão-duro do mundo.

A receita é facilíssima, e com uma boa batedeira, resolve-se o assunto em 15 minutos. O segredo está nos ingredientes. O açúcar orgânico é essencial, pois tem muito mais gosto de cana do que o comum. Manteiga de qualidade é imprescindível. Este ano, fiz um meio-a-meio de essência artificial de baunilha com o extrato verdadeiro, mais caro mas de aroma (obviamente) muito superior. Como a massa é bastante doce, esse ano misturei às gostas de chocolate meio-amargo comum, metade de chocolate belga a 70% de cacau, para que não ficasse enjoativo.

Foi um total de 140 cookies e cerca de 4 horas de preparação de assadeira, e forno. Com um tempo de forno de 20 minutos e 3 minutos de descanso antes de serem retirados das assadeiras (que comportavam cerca de 25 cookies cada), foi preciso um planejamento de tempo meio louco para revezar as assadeiras, lavá-las para tirar os resquícios da fornada anterior, prepará-las novamente exatamente 5 minutos antes de tirar uma fornada, para que a troca de assadeiras fosse precisa e nenhum cookie queimasse no forno ou esfriasse antes de ir para o prato. Ufa. Dois amigos presenciaram parte da operação ao fazerem uma visita surpresa (que adorei!), e devem ter me achado completamente maluca.

No fim das contas, valeu a pena, mas errei muito feio na conta. Sobraram cerca de 50 cookies, que foram na segunda-feira para o escritório com meu namorado. Acho que é sempre um ótimo sinal quando o tupperware volta vazio.

Cozinhe isso também!

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