sexta-feira, 3 de julho de 2015

Um biscoito sem glúten e o resultado parcial da rapa dos livros


Agora que minha coleção de livros de culinária foi cortada quase que pela metade (e ao longo do tempo quero diminuí-la ainda mais), acho que os volumes que ficaram merecem um post. Não foi fácil decidir com quais ficar e de quais me desfazer. Primeiro, pensei em tentar cozinhar daqueles que me causavam dúvida para ajudar na decisão e documentar tudo aqui, o que daria vida nova ao blog. Mas isso demoraria tempo demais, e os livros continuariam entulhando minha casa. Além disso, foi justamente folheando e procurando o que cozinhar que percebi que não queria preparar nada deles.

Então, para também não ter de passar um mês inteiro folheando e anotando mais de 250 livros, criei um sistema:

- primeiro, tirei todos os meus livros das estantes, limpei as mesmas e separei todos os livros por autores.
- então estabeleci quais eram meus autores favoritos e vi se havia algum livro deles que já não me interessava tanto. Foi interessante perceber o amor com que escolhi e guardei meus favoritos. Desses ainda separei um ou dois volumes que, apesar de autores de que gosto, não eram muito usados. E, sem dó, esses foram para o UT.
- voltei os livros dos autores favoritos para as estantes e vislumbrei o fato de que apenas esses já eram livros de cozinha para uma vida inteira. Isso me deu uma sensação de alívio que me ajudou a desapegar do restante.
- E esse restante comecei a folhear, tentando ser sincera comigo mesma, lembrando o que preparara de cada livro, se repetiria o preparo, se tivera algum percalço, se aquele tipo de comida ainda tinha a ver comigo. E, principalmente, se os livros que já tinham sido repostos na estante continham receitas suficientemente semelhantes. Bem, 99% das vezes a resposta foi "sim, eu posso viver 'só' com os cento e poucos livros que ficaram".

E para o UT foram indo muitos e muitos livros, e, logo logo irão tantos mais.

Agora fica a questão que deve (será?) estar na cabeça de quem lê esse negócio: quais ficaram?

Ficaram os livros que eu uso todo dia, aqueles que me inspiram positivamente, aqueles que me trazem boas lembranças. Não ficou nenhum que me faça sentir inadequada, despreparada, que me deixe triste por não ter XYZ ingredientes, que me deixe triste por não ter XYZ oportunidades. Ficaram meus livros de ilha deserta e alguns outros aos quais estou dando a chance de se tornarem meus livros de ilha deserta.

A primeira pilha de livros que separei com inegável certeza foi a de Marcella Hazan. Se eu só preciso de uma autora de cozinha italiana é ela e não me dá nem vontade de tentar qualquer clássico que não venha dela. Ela fazia as coisas do jeito que eu gosto: ingredientes bons e frescos, preparados direito e de forma simples, e sem a menor pressa (olá, ragù bolognese que ficou 5 horas cozinhando!) Andei comprando um outro livro seu há pouco tempo, e confesso que este anda na berlinda, pois não me apaixonou como os dois outros, que foram dos primeiros livros de cozinha que comprei na vida: Marcella Cucina (ou La Cucina, como deixaram a versão em português) e Fundamentos da Cozinha Italiana Clássica, que é um dos livros que pretendo deixar pros meus filhos – ou comprar cópias de presente – quando saírem de casa, junto com uma máquina de macarrão pra cada um, que foi o que minha mãe me deu no dia em que deixei o ninho. ^_^

A segunda pilha de livros que voltou pra estante com um estrondo retumbante foi a de Tessa Kiros. Meu deus, como uso seus livros! Ainda não tenho plena certeza do volume de cozinha grega, que é o que menos abro. Mas O Apples For Jam, Falling Cloudberries, Venezia, Recipes & Dreams for An Italian Life e o Twelve (seu livro sobre a Toscana) irão comigo para onde quer que eu vá pelo resto da vida. Tudo é delicioso, acessível e fácil sem fazer uso de absolutamente nenhum produto mais industrializado que um pedaço de queijo. E ainda que eu tenha dito que Marcella é a única autora italiana de que preciso, os livros italianos da Tessa Kiros têm uma autenticidade aconchegante que me mantém cativa. Os pratos que cozinhei deles me levaram imediatamente a momentos meus na Itália, há dez anos atrás, comendo pici al pepperoncino numa osteria em Siena. Sua lasanha de tomate tem o gosto da lasanha que minha avó preparava quando eu era criança. Se um dia eu me mudar pra fora do país, deixo minhas roupas aqui para abrir espaço para esses livros. Isso é amor.

Logo em seguida, com uma vitória menos emocional, veio Bill Granger, que me foi apresentado e presenteado há muitos anos pela Patrícia Scarpin, do Technicolor Kitchen e cujos livros usei à exaustão durante a minha primeira gravidez e durante os primeiros dois anos do Matador de Dragões. As receitas são tão dia-a-dia, frescas, fáceis, sem ingredientes mais difíceis que um filé de peixe e um pouco de espinafre, que é quase impossível manter os livros muito tempo na estante. Acho que o primeiro dele que ganhei foi o Feed Me Now, cuja sessão de comida para congelar eu fiz inteirinha no último mês da primeira gravidez, e que me apresentou a um dos meus pratos favoritos: ovos fritos com croûtons e radicchio. Depois vieram os Bill's Open Kitchen, Bill's Food, Simply Bill, Bill's Sidney Food e Easy. Eventualmente você se dá conta de que ele não foge muito das panquecas, dos fritos de legumes ralados, da proteína com salada, do risotto de alguma coisa. Mas gosto muito do modo sutil como ele incorpora sabores asiáticos e mediterrâneos na comida de todo o dia. Tudo fica bom. E o que fica bom eu continuo repetindo e repetindo, como o risotto de forno cheio de legumes, os fritos de cenoura, o bolo de banana. O livro que menos uso é o de comida asiática, que anda na berlinda. Mas agora que as crianças andam mais abertas a sabores, cores e formas diferentes na comida (além de ter voltado a comer carne), quero tentar cozinhar mais dele antes de me decidir.

Depois, também voltaram para a estante os livros de Nigel Slater: Tender I, Tender II (publicado como Ripe nos EUA), Eat, Kitchen Diaries, Notes From the Larder. Esses são do tipo inspirador, pelas fotos e pelos textos. Eventualmente encontro algo para cozinhar exatamente como na receita, mas quase sempre uma folheada me dá uma simples idéia do que fazer. Vejo-me usando mais o livro nas fases em que minha despensa anda mais européia e com mais proteína animal. Quando tive tempo de preparar pães brancos de casca grossa ou bons pães de centeio, quando há presunto cru e algum queijo mais elaborado. Quando tenho vontade de gosto de picles. Dias frios parecem colaborar mais para que eu escolha receitas suas, pois seus cozidos e seus gratinados são sempre sucesso absoluto. Para os pratos mais simples parece que sempre falta algum ingrediente, pois minha despensa básica, meus leftovers, nunca são muito parecidos com os dele. Mas seus textos me aquecem o coração de alguma forma, lembram-me de acima de tudo não complicar as coisas na cozinha mais do que o necessário. Acho que nada do que eu possa falar sobre Nigel Slater vai ser tão preciso quanto este artigo da revista New Yorker: http://www.newyorker.com/books/page-turner/dark-side-of-the-spoon-the-moods-and-recipes-of-nigel-slater

Então, quase que pelo mesmo motivo, ficaram os livros do David Tanis: A Platter of Figs, The Heart of the Artichoke e One Good Dish (seu livro mais simples e o que mais uso). Há receitas bem pouco acessíveis, como risotto de lagosta e rémoulade de orelha de porco nos primeiros dois, mas eu jamais poderia mandar embora o livro que me ensinou a cozinhar um ovo com a gema perfeitamente macia e laranja. Ou que me lembrou do prazer de comer um pedaço de queijo de uma fruta madura de sobremesa. Ou que me apresentou à ideia de fazer queijo quente no ferro de waffles, para ter o pão todinho cheio de buraquinhos tostadinhos de manteiga.

Os da Deborah Madison e da Alice Waters vieram de carona com David Tanis, por conta do feeling "cozinha californiana" de que eu gosto e que mais tem a ver com o modo como gosto de comer: muitos legumes e frutas da estação, tudo colorido, tudo fresco. Os da Deborah, vegetarianos, em primeiro lugar: The Greens Cookbook (trabalhoso mas de resultados excelentes), Vegetarian Cooking for Everyone (um dos melhores livros vegetarianos que existe, e que foi reeditado esse ano), Vegetable Literacy (excelente, com receitas bem originais, mas que ainda não explorei o bastante), Local Flavors, e Seasonal Fruit Desserts (que me deixava meio na dúvida, mas agora que ando comendo mais frutas do que doces, ando redescobrindo - e um livro que tenha me ensinado a comer caquis com uma pitada de sal, avelãs picadas e um splash de Frangelico merece um lugar na minha estante). De modo geral, já usei mais os livros dela, que andam meio encostados. Mas adoro as influências mexicanas e asiáticas nos pratos, a variedade de verduras e legumes, os resultados leves e deliciosos. E todos esses livros têm mais de meia dúzia de receitas às quais retorno com frequência.

O mesmo acontece com os da Alice: Chez Panisse Vegetables e Chez Panisse Fruit. Os livros são lindos, com gravuras coloridas das frutas e verduras que eu realmente amo. Às vezes acho que eles estão parados há muito tempo, mas então me lembro dos pratos que já preparei deles, e de como eram absolutamente bons, e me refreio: não consigo mandar embora. Eles ficam com uma promessa minha de voltar a usá-los mais. Comecei apanhando o Chez Panisse Fruits para usar um abacaxi maduro, que virou um bolo invertido de abacaxi e gengibre, que fez meu filho me perguntar por que diabos eu estava virando o bolo de cabeça para baixo. Mais de duas semanas depois do bolo acabar, ele veio me pedir para fazer de novo o bolo-de-ponta-cabeça. That's a keeper.

Ficaram também meus dois favoritos da Heidi Swanson, Super Natural Everyday e Super Natural Cooking, cujas receitas acho que já fiz quase todas, e cuja grande maioria virou papinha para meus filhos quando nenês. Foram os livros que me empurraram para o uso de grãos integrais no dia-a-dia.

Por incrível que pareça, olhei um bocado de tempo para os livros de Jamie Oliver e Nigella. Não sabia muito bem o que fazer com eles. Percebi que eles estavam lá mais por apego emocional, aquele saudosismo da época em que eu via os programas do Jamie no canal People & Arts e ficava anotando as receitas no meu caderno, rapidamente, tentando não me confundir com o fato de o responsável pela legenda apenas ter trocado ounces por gramas, mantendo o número o mesmo. Lembro da época em que via encantada a primeira temporada da Nigella, ela linda e relaxada na cozinha, preparando tudo aquilo que eu queria comer. Em oposição a seus atuais programas, tão ensaiados, de sensualidade forçada, ela tentando me convencer de que não faz mal nenhum comer um caramel croissant pudding tamanho família sozinha de madrugada, enquanto eu consigo ver na silhueta dela de que isso não é bem verdade. E aquele frescor e autenticidade dos primeiros livros parece ter sido substituída por uma praticidade não muito saudável, e os pratos dela parecem todos mais cheios de creme, mais cheios de açúcar, mais pesados no prato e na mente do que costumavam ser. Eu tinha muito mais amor pelo soba que ela fazia na primeira temporada (que virou meu prato-salvação durante todos esses anos e que meus filhos amam de paixão) do que pelos cheesecakes de manteiga de amendoim que ela prepara hoje em dia. Fiquei com os livros mais antigos de que gosto, Feast (que por algum motivo me deixa feliz de folhear) e o clássico How to be a Domestic Goddess (que eu usei à exaustão e tem tanta mancha de comida que eu jamais poderia vendê-lo), mas confesso que olho o Nigella Kitchen com indecisão. Ok, os brownies são fantásticos e alguns pratos salgados são muito bons – mas confesso que sempre que ela manda usar algo comprado pronto, eu acabo fazendo a versão mais longa e mais natural. A frittata de mortadella é gostosa? É. Mas tãaaaaaao pesada em relação ao que eu realmente prefiro comer no dia-a-dia, que justo esse livro dela, que se propõe a ser um livro de todo dia, eu acabo usando esporadicamente, pois não suporto o peso no estômago após as refeições. Além disso, eu brinco que há tantas receitas com frango no livro (que eu raramente faço), que deveria chamar Nigella Chicken.

Jamie, por outro lado, parece que ficou datado para mim. Era daquela época. Acabo preparando seus pratos sem de fato precisar de receitas. Vendi quase todos. Fiquei com o que mais gosto, Jamie's Italy. Um dos meus favoritos, e de longe seu melhor livro, Jamie at Home, dei de presente para minha irmã, que sempre o cobiçou. Assim, quando quiser alguma receita, basta pedir emprestado. Ainda que, novamente, acabe fazendo tudo sem a  receita, de memória e no improviso. Acho que vou manter o The Naked Chef por mero apego emocional.

Outro que ficou, isoladinho, mas com sucesso, foi Sunday Suppers at Lucques, de Suzanne Goin. Sem sombra de dúvida um dos melhores livros de cozinha que já tive, com resultados impressionantemente gostosos. Livro trabalhoso, do tipo que faz você cozinhar todos os ingredientes separados para juntar tudo no final. Mas o que acontece é que você consegue sentir o sabor e a textura de cada um individualmente e a composição do conjunto na boca fica muito mais complexa e deliciosa. Não cozinho nada dele há anos, desde antes de ter filhos. Mas sei que o tempo de voltar a cozinhar dele virá novamente, e não há nada ali que eu não queira preparar de novo.

Meu deus, esse post está ficando comprido.

Você ainda está comigo?

O que a saudades não faz, não?

;)

Mas está acabando. O que sobrou, dos desgarrados, separei em estilos. Os franceses. Os livros da Rachel Khoo (Little Paris Kitchen e My Little French Kitchen, que eu apenas comecei a explorar? Ficam. Um livro que começa com uma salada de fígado de frango tem que ter meu amor.  I Know How to Cook? Fica pela simplicidade elegante e impecável de tudo o que produz. Country Cooking of France, fica, por conta da melhor sopa de peixe que já comi na vida. My Paris Kitchen, do David Leibovitz parecia uma compra equivocada quando folheei a primeira vez; mas assim que comecei a cozinhar dele revelou-se um achado. Tudo absolutamente bom. E os textos, como sempre, fantásticos. O mesmo para The Sweet Life in Paris, que estou lendo agora pela terceira vez. Por conta dos sucessos de David Leibovitz, o The Perfect Scoop é hoje meu único livro de sorvetes. E tudo o que fiz do seu Ready for Dessert ficou ótimo.

Os italianos. Culinária Itália, gigantesco, coffee table book? Fica, nem que seja apenas para olhar as fotos, que eu amo. Tuscan Cookbook, da Stephanie Alexander e Maggie Beer  (e cuja versão tenho em português de Portugal) fica com louvor, pelas fotos, pelas receitas impecáveis, inclusive a pappa al pomodoro que eu mais gosto no mundo. (Andei vendo povo de televisão fazendo uma pappa al pomodoro que mais parece um reboco: pappa al pomodoro é uma sopa, não um purê de pão.) My Calabria fica nem que seja só pelo extrato de tomate. A16 Food + Wine? Best pizza ever. Giada's Kitchen. Por incrível que pareça, esse livro é muito bom.

Forgotten Skills of Cooking de Darinna Allen? Fica, fica, fica. O melhor iogurte do mundo. Sem mais.

The New Portuguese Table é muito familiar. Quase comida brasileira. Cozinhei pouco dele ainda.

Culinaria Germany? Pela referência. Também pela referência fica o Professional Chef.

Os de panificação foram fáceis: ficam todos. Mesmo. Todos. Bertinet, Paul Hollywood, Jim Lahey, Professional Baking, The Italian Baker... Todos.

The conservas, fiquei com o Blue Chair Jam Cookbook pelas fotos de referência para pinturas. Confesso. Ele está junto com meus livros de arte, e não com os de cozinha. Para cozinhar, fiquei com o Tart & Sweet, Jams & Chutneys (que tenho em português, da Publifolha) e ainda estou explorando o The Art of Fermentation. Tem um repolho orgânico esperando pra virar sauerkraut.

Os de confeitaria foram mais difíceis. Precisei parar e ver o que reeeeeaaaaalmeeeeente eu pretendia preparar. Não aquela Ana que eu vislumbrava fazendo o bolo de casamento de vinte e cinco camadas da minha filha, mas a nonna que eu estou fadada a me tornar. Eu não sou uma pessoa que faz tuilles. Eu sou uma pessoa que faz cookies. E brutti ma buoni. E biscotti. E pound cake. E coffee-cakes. E quick breads. E assim me dei conta de que poderia viver o resto da vida apenas com os livros da Alice Medrich e os da Dorie Greenspan, que já cobrem todas as bases de sobremesas e quitutes doces que gosto de preparar e comer. Todos os meus favoritos são de uma ou de outra. Da Alice, ficaram o Pure Desserts, um dos melhores livros de confeitaria que tenho e um dos que mais uso, Chewy Gooey Crispy Crunchy, um livro só de biscoitos e que é sempre o primeiro que abro quando quero biscoitos, Sinfully Easy Delicious Desserts, que é sem sombra de dúvida o livro de sobremesas que mais usei até hoje, e de onde saíram todos os bolos de aniversário nos últimos quatro anos (ninguém bate um layer cake de chocolate que se faz com uma colher de pau ou um de baunilha que se faz no processador, em três minutos), e Bittersweet, porque se preciso ter um livro só sobre chocolate, que seja esse. Melhor bolo mármore do mundo vem desse livro. O que adaptei para se tornar meu pudding básico, veio dele. Melhor sorbet de chocolate. Brownies à exaustão.

Já Dorie vai para sempre ter um lugar no meu coração. Eu preparei todos – TO-DOS – os coffe cakes e quick breads e barrinhas e brownies do seu livro Baking From My Home to Yours. Nunca fiz nada que não tenha ficado ótimo. A única coisa que não acertei ainda são as madeleines, mas confesso que não acertei madeleines de ninguém ainda, não só as dela. Recentemente fiz sua torta de limão, que promete ser a melhor torta de limão do mundo, e é. Simplesmente é. Eu pretendia fotografar e colocar a receita aqui, mas não deu tempo. Comeram tudo. Aqui não tem a receita da massa, mas tem do recheio: http://www.seriouseats.com/recipes/2008/04/lemon-lemon-lemon-cream-recipe.html Quando ela lançou Baking Chez Moi, comprei correndo. Outra maravilha. O bolo de cenoura e tangerina é delicioso. A empolgação foi tanta, que comprei seu livro de receitas salgada, Around My French Table. O "cake" de queijo e ervas foi para o piquenique da escola do meu filho e a rilettes de sardinha (uma pastinha de sardinha para comer de aperitivo) foi repetida à exaustão até o dia em que eu peguei uma virose no mesmo dia em que comera a pasta, e ainda não consegui desassociar a receita da sensação de passar mal de madrugada. Uma pena. Espero que não aconteça com essa rilettes a mesma coisa que me aconteceu com tequila, que hoje eu não gosto nem de sentir o cheiro.

Mas tantos outros livros ainda me cercavam e minhas estantes já estavam cheias. Magnolia? Ficaram os dois: Magnolia Bakery Cookbook e More From Magnolia. Os quick breads são muito bons. O de maçã e pecans foi pro piquenique da escola da minha filha. De carona ficou um do Macrina Café, que ainda tenho que explorar um pouco mais antes de decidir. Assim como o livro da Ghirardelli, que eu trouxe de viagem e é bom. Menção Honrosa para Baking for All Occasions, excelente, Sky High (porque eu ainda vou voltar a preparar os bolos dele), e Baking Handbook da tia Martha, de onde vem meu panettone oficial ultimamente. Bon Appétit Desserts é um que é muito bom mas que eu não uso tanto quanto deveria. Estou na dúvida ainda, pois é muito grande para manter encostado. Os livros da Baked me dividiram. O segundo uso muito, e é deles meu spekulatius, o primeiro, nem tanto, não sei por quê. Mas ficaram os dois por enquanto. Dolci, um livro só de sobremesas italianas, ainda está na berlinda: houve o que funcionasse lindamente, houve o que nem tanto e eu precisaria retestar. O The Sweet Life é um livro lindo para o qual estou dando a última chance. Se não preparar nada dele nos próximos meses, ele vai embora. Acho que nunca usei. E é LIN-DO.

Ficaram os da Heloísa Bacellar, Cozinhando com Amigos 1 e 2. O Cozinha de Origem, que eu ainda quero explorar, também.

Dos naturebas, ficaram o Vegetarian Everyday e o Green Kitchen Travels, ambos do blog Green Kitchen Stories. São simplesmente excelentes. SuperGrains, da Chrissy Freer, tenho usado horrores. Whole Grains for a New Generation, idem. Aliás, gosto tanto desse, que quando perdi o meu (sim, ele nunca mais apareceu), comprei outro. E, hours concours, Good to The Grain, perfeito, perfeito.

A Change of Appetite, da Diane Henry, fica no meio do caminho entre um natureba e um David Tanis. Amo. Tenho usado muito. Good Thins to Eat, do Lucas Hollweg, fica entre o David Tanis e o Nigel Slater. Amo também. Uso muito.

Dois que me surpreenderam e ficaram com certo louvor, foram os livros sem glúten, ambos vindos de blogs, Small Plates & Sweet Treats, e La Tartine Gourmande. Quase tudo que preparei deles ficou ótimo e eu simplesmente adoro o uso de farinhas diversas. O último sucesso retumbante foi o biscoito de quinua e chocolate branco com cranberries. Eu esperava uma textura esfarelenta num biscoito sem glúten, mas esse ficou crocante e doce, com pequenas explosões de sal e azedinho, e o gosto da quinua apenas como uma nota complexa no fundo... Maravilhoso. As crianças amaram. Eu fiquei triste quando Thomas pegou o último, que eu estava guardando para mim, mãe egoísta que eu sou. ;)

Não teve jeito. Ficaram comigo "apenas" os livros que têm a ver comigo hoje e com o que gosto de cozinhar e de comer. Segundo o Eat Your Books, tenho 106 livros, ao invés dos 256 que tinha antes. Mas isso é mentira. Pois há os brasileiros e uns e outros não indexados. Da última vez que contei, tinham 152. Mas ainda há uma caixa aqui do meu lado de livros para serem vendidos. Uns 15 de culinária, uns dicionários e gramáticas de japonês (porque eu não vou voltar a estudar japonês tão cedo) e livros diversos que não vou ler mais. Minha estante continua entulhada. A rapa continua.

Enquanto isso, biscoitos.

PS: Pra quem continuou apreciando o blog durante essa ausência, uma explicação: tá difícil. Trabalho, crianças, vida em geral, anda me deixando longe do computador. Duas horas que passo escrevendo um post são duas horas que não estou trabalhando enquanto as crianças estão na escola. Quero tentar ao máximo voltar a postar com regularidade. Enquanto isso, o facebook vai dando pitadinhas aqui e ali de receitas rápidas. Sei que é chato ou impossível procurar as coisas no facebook, mas para mim não tem sido viável postar aqui todo dia. Vamos ver. Vou tentar conciliar as coisas. Enquanto isso, obrigada pelo carinho. :)

BISCOITO DE AVEIA, QUINUA, CHOCOLATE BRANCO E CRANBERRIES
(Do ótimo livro La Tartine Gourmande)
Faz cerca de 18 biscoitos, mas eu consegui uns 25. 

Ingredientes:

  • 60g farinha de quinoa
  • 30g farinha de painço
  • 45g farinha de arroz integral
  • 50g aveia laminada ou flocos de quinua (usei meio a meio, pois era o que tinha)
  • 1/2 colh (chá) bicarbonato de sódio
  • 1/4 colh (chá) flor de sal
  • 115g manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • 110g açúcar mascavo
  • 1 ovo
  • 1 colh. (chá) extrato natural de baunilha
  • 100g de amêndoas ou nozes picadas grosseiramente (usei nozes)
  • 125g chocolate branco picado grosseiramente
  • 60g cranberries secas


Preparo:

  1. Pré-aqueça o forno a 190ºC. Forre duas assadeiras com papel manteiga ou silpat. 
  2. Numa tigela, combine as farinhas, aveia (ou flocos de quinua), bicarbonato, flor de sal.
  3. Na tigela da batedeira, bata a manteiga com o açúcar até que fique claro e cremoso.
  4. Junte o ovo e bata até ficar bem incorporado. Junte a baunilha e a mistura de farinha e bata em velocidade baixa (ou misture com uma espátula) até não ver mais farinha na mistura.
  5. Incorpore as amêndoas ou nozes, o chocolate e os cranberries.
  6. Coloque colheradas (colher de sopa) cheias de massa nas assadeiras, deixando uns 5cm de espaço entre os biscoitos para que espalhem. Amasse um pouco as bolas de massa, para que não fiquem altos demais (os meus espalharam bem pouco, tive de abrir a porta do forno e esmagar um pouco a primeira fornada com as costas de uma colher).
  7. Asse uma assadeira por vez por 14-15 minutos, ou até  que estejam ligeiramente dourados.
  8. Remova do forno e, com uma espátula, transfira os biscoitos imediatamente para uma grade. Frios e em pote fechado, mantêm-se bem por 1 semana. 

  










Cozinhe isso também!

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