sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Mestiço

Como eu disse no outro tópico sobre comer fora, está cada vez mais difícil. Tantas boas recomendações, mas o Mestiço não passou de uma grande decepção.

Antes mesmo de pensar em comida, a circulação do ambiente é péssima para os garçons; vê-se que não houve um bom planejamento do número e disposição das mesas. Se inclinasse minha cabeça para trás, acertaria a careca do homem sentado atrás de mim. O atravancamento de mesas causou também um efeito direto na qualidade do serviço: como os garçons não alcançavam todas as partes da mesa de 14 pessoas que havíamos reunido, ouvimos frases como "toma seu prato" e "me dá seu prato aí", seguidos de malabarismos meus e de meu namorado com nossos pratos, tentando passá-los à garçonete por cima da cabeça de nossos amigos. Até então, desagradável, mas facilmente perdoável por uma boa experiência gastronômica. O que, fatidicamente, não ocorreu.

Não comendo carne vermelha ou de aves, minhas opções resumiram-se a saladas muito simples para seu elevado preço, massas cujos ingredientes eu tinha em casa e peixes que pareciam saborosos, mas cujo preço deixava um gosto amargo na boca. Com orçamento limitado àquela noite, pedi o peixe que me parecia mais interessante dentre os mais em conta: salmão teriaki com batatas grelhadas. Não há como estragar um prato tão simples, pensei. No entanto, a batata (porque era de fato 1 batata pequena fatiada) estava fria, sem sal, e não havia sido grelhada o suficiente para cozinhar por igual. O salmão, que poderia salvar o prato, tinha gosto de peixe. Ria o quanto quiser, mas peixe fresco não tem gosto de peixe, não tem aquele cheiro do porto de Santos. Peixe fresco lembra gosto de mar. Estava claro que o peixe havia sido congelado, comprometendo um prato que depende completamente da qualidade de um único ingrediente. Fiquei pensando se o chef do restaurante já ouvira falar em ervas... Você precisa ser muito confiante da qualidade de seus ingredientes para fazer algo assim tão simples, e obviamente, algo deu muito errado no meio do caminho.

O que salvou meu prato, e que me deu vontade de andar até a cozinha e sugerir ao chef, foi o chutney doce e espesso como goiabada que havia sido servido à parte para o curry de legumes de meu namorado. Apossei-me dele e espalhei-o sobre o peixe e sobre a batata, o que enfim possibilitou que minha boca sentisse algum gosto agradável. Vai uma dica, então: salmão grelhado com chutney de manga.

Definitivamente, não tenho a menor intenção de retornar a um restaurante que me obriga a "consertar" minha refeição à mesa. Espero que outras pessoas tenham menos senso crítico e tenham apreciado seu jantar de 50 reais.

Cozinhe isso também!

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