quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Nossos vícios de todos os dias...

Estou achando muito interessante o relatar de Rita Lobo a respeito de sua tentativa de largar o vício do café. Tanto, que isso me fez pensar: quais são os meus vícios? São eles mesmo vícios? Conseguiria livrar-me deles se quisesse?

Com certeza café está em primeiro lugar, disparado, pois quando ela contou de sua experiência, eu soube de imediato que jamais conseguiria fazer o mesmo. Manhãs não são manhãs (ou pelo menos não manhãs agradáveis) sem o aroma inebriante de uma pequena xícara de café preto e fumegante. Sou um pouco chata com relação ao meu café — ok, com qualquer coisa que se coma ou que se beba, eu admito: ele precisa ser forte, pois detesto café fraquinho; o pó precisa ser 100% arábico e deve ser torrado à perfeição, pois retrogosto de queimado ou de fumaça são para mim defeitos imperdoáveis. Demorei a descobrir o café que mais me agradava, especificamente o melhor para cafeteiras Bialetti, sem estourar meu orçamento, claro. (Até o momento, o vencedor tem sido o café "Fazenda" da Caffera.)

Vê-se logo que não tenho intenções de parar de beber café tão cedo. Mas tento limitar-me a dois (ok, três) cafezinhos por dia, para não sobrecarregar meu organismo...

Além do café, confesso ter momentos Bridget Jones vez ou outra, por menos que eu goste de admiti-lo... O dia após a entrega de um projeto longo e estressante costuma ser levado a base de taças de um Chardonnay gelado e uma barra de qualquer chocolate Lindt que exista na despensa. Os entendedores de vinho ficaram arrepiados nesse momento, pois sabem que eu provavelmente não sinto o gosto nem da bebida nem do chocolate, provando dos dois juntos, mas fazer o quê?! Vício não precisa fazer sentido. Tive um professor de história no colégio que adorava comer mamão com maionese. É. Volte e leia a frase de novo: você não leu errado.

Engraçado, na verdade, pois não sou, como muitas mulheres, uma chocólatra. Já fui. Quando comia chocolate porcaria. Quando comecei a comer bons chocolates, mais amargos, comecei a comer menos, mais devagar, com mais gosto. E, para falar a verdade, mesmo os doces que me apetecem mais não são os de chocolate. Gosto de doces com frutas, sabores cítricos, azedinhos, contrastes de sabor, em oposição ao velho bolo de chocolate com cobertura enjoativa. Salvo brigadeiro. Há dias em que apenas brigadeiro de colher resolve. E eu como tudo (vergonha!).

Na verdade, é difícil pensar num vício alimentício hoje. Já fui viciada em coca-cola, em pão de batata com catupiry da cantina do colégio, em suco de mamão com laranja na padoca da faculdade, em suco de laranja com pó de guaraná quando comecei a trabalhar enquanto estudava, em chá verde, em polenta frita, em bomba de Bailey´s da Cristallo, em cappuccino com croissant recheado de creme na Itália (até hoje estou em crise de abstinência!), em donuts, em pão na chapa, entre vários outros. Mas hoje é difícil viciar em qualquer coisa, porque eu enjôo muito rápido. Pode-se dizer que minha inconstância seja um vício, e que eu esteja viciada em variedade. Não me conformo em fazer duas vezes o mesmo prato; tanto, que só repito receita quando o sucesso é incontestável. Pode ter ficado bom. Se não ficou sensacional, eu testarei outras receitas ou farei modificações e adaptações até ficar "uau!". Perfeccionismo é vício?

Talvez haja apenas um vício, um tanto genérico, muito emparelhado com o café; digamos que seja uma disputa acirrada, cabeça a cabeça, e grande responsável pelo arrombo no orçamento doméstico: laticínios. Sejam iogurtes, sorvetes (caseiro, claro!), cremes, ou queijos (queijos! principal e indiscutivelmente queijos !), eu sou completamente viciada neles. Não sei cozinhar sem manteiga, sem parmesão, sem leite e creme de leite; não resisto a um queijo brie, camembert, gorgonzola, feta, ricotta, cottage, mascarpone, queijo branco, mozzarella, peccorino romano, queijo coalho, cacio cavallo, gruyère, ementhal, fontina, asiago, grana padano, taleggio, parmiggiano-reggiano...

Ok. Eu babei no meu teclado. Acho que sou viciada em queijo.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Pães de canela noruegueses de corrida: será?!




Prometi (agora que estou de volta à cozinha e de volta à corrida) levar algum quitute amanhã para o café-da-manhã. Estou em débito com o pessoal, já que me machuquei logo depois de produzir os gostosos, suaves, porém "inservíveis" muffins (minha irmã veio em casa e comeu uns dois ou três deles, "descascando-os" com invejável paciência). Desta vez ainda é mais especial, pois meu treinador casa neste sábado e sairá de lua-de-mel, amanhã sendo o último treino antes do fatídico evento.

Resolvi tentar esta receita de cinnamon buns noruegueses, do How to Be a Domestic Goddess, na qual estava de olho havia já bastante tempo. Afinal, pãezinhos de canela parecem perfeitos para um café-da-manhã-pós-treino.

Mas vamos ao que interessa: eu detesto, detesto, DETESTO receitas de panificação e confeitaria que não dão as medidas equivalentes em peso. Depois que você se habitua a usar a balança, dá-se conta de como as receitas começam a precisar de menos ajustes, como os pães dão certo, os bolos crescem, nada fica com gosto de fermento ou sem sal. Sinto-me completamente perdida hoje em dia medindo ingredientes por volume. Quase sempre você acaba tendo que corrigir as medidas.

Esses pães não fugiram à regra. Quatro xícaras de farinha parecem muito, mas não foram suficientes para a quantidade abissal de leite e manteiga derretida requeridos. Estou acostumada a lidar com massas grudentas, mas essa era absolutamente impossível de ser manipulada, caindo na tigela em pingos grossos por entre seus dedos. Fui acrescentando colheres de sopa de farinha, e fiquei em choque ao ver que foram precisas 10 colheres de farinha para que a massa atingisse a consistência grudento-manipulável de massa de brioche. Mas agora, depois de prontos os pães, acredito que deveria ter acrescentado ainda mais.

Depois de levedada, a massa revelou-se mais fácil de abrir do que eu esperava. Foi muito simples recheá-la de manteiga, açúcar e canela, enrolá-la e cortá-la. Mas fica uma dica para quem tem o livro ou a receita: ainda que os rolinhos caibam folgadamente em uma assadeira pequena, de 29x22cm (que costumo usar para todos os pãezinhos recheados em forma de caracol que já fiz na vida), os centímetros a mais requeridos na receita são cruciais: são apenas 2 cm de cada lado, e sua ausência foi responsável pela fumaceira dentro do meu forno, quando os pães cresceram demais e começaram a pingar a mistura de manteiga e açúcar no chão do forno. Tive de abrir a porta no meio do cozimento para colocar uma travessa na prateleira inferior e empurrar o pão de volta para a forma, o que causou grande perda de calor e com certeza comprometeu a qualidade final do pão. Tive de compensar essa perda deixando o pão quase 10 minutos a mais no forno, uma vez que não estavam completamente assados, ainda que já bastante dourados.

Pela foto e por experiência, digo que esperava uma outra textura. Os pãezinhos ficaram de fato muito macios, perfumados, bons para comer de manhã, quentinhos, com café. Mas são muito pouco "transportáveis". Todos os outros pães que já fiz desta forma eram facilmente destacáveis uns dos outros, de modo que você obtivesse pãezinhos individuais. No entanto, estes precisam de uma faca para se desgrudarem, quase como um bolo, e seu formato não os torna muito estáveis nem muito bonitos assim solitários. De modo que estou num impasse.... Não sei se os levo ou se preparo outra coisa. De qualquer forma, ainda que tenham ficado gostosos, o volume de trabalho e as adaptações não são compensados, e já vi outras receitas mais confiáveis e mais fáceis com melhores resultados. Valeu pela experiência e pelos pãezinhos, mas não pretendo repetir essa receita tão cedo, e por isso mesmo não a deixo aqui.

Cozinhe isso também!

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