sábado, 29 de dezembro de 2007

Retrospectiva 2007: se a Globo pode, eu também posso!

Sejamos óbvios. Fim de ano, vêm as lembranças de tudo o que fizemos, os arrependimentos pelo que não fizemos, as esperanças para o ano seguinte e as resoluções que... sejamos francos, não vamos cumprir. Essa sensação meio nostálgica, meio ansiosa, fez-me pensar a respeito dos melhores momentos do ano, culinários ou não. E fica aqui, então, o resumão de 2007...

MELHORES RECEITAS, MINHAS OU NÃO

Pedi ajuda ao Allex para selecionar ao menos aquelas que ele considerava memoráveis, para cruzar com minhas preferidas e chegar a um meio termo. Afinal, de nada adianta só eu ter gostado, já que gosto é um lance discutível sempre (ainda mais o meu, que, segundo minha mãe e minha irmã, é "europeu demais" — até hoje não descobri se isso é uma coisa boa ou ruim).

  1. Bao - Quando perguntei ao Allex o que eu cozinhara nesse ano que ele estava louco para comer de novo, respondeu "Bao" sem titubear. E olha que ele nunca lembra os nomes dos pratos que faço! Pãezinhos chineses no vapor recheados com shiitake são campeões!
  2. Panettone com sorvete de nozes - Esse item é um dois em um, pois ambas as receitas ficaram sensacionais, e juntas, elas foram um retorno à infância sem preço! E só está em segundo lugar porque o Allex não gosta de nozes e tive de comer o sorvete sozinha (enoooorme sacrifício de minha parte).
  3. Risotto à indiana - "Todas as suas comidas indianas ficaram animais!", disse Allex, para minha felicidade. Escolhi o risotto pelo adicional de ser uma receita minha, e porque, apesar da foto não lhe fazer jus, o sabor ficou fantástico!
  4. Baguettes - O desafio é sempre produzir pães perfeitos numa cozinha não profissional, num forno não confiável e com ingredientes nem sempre 100% adequados. Quando experimentei dessas baguettes, fui ao céu, pois seu sabor e sua textura estavam melhores do que os de qualquer padaria da região. Fica em quarto pela técnica bem executada.
  5. Bombas - Quinto lugar merecido também em função da técnica e da persistência em refazer toda a pâte à choux depois da primeira leva ir para o saco. O resultado ficou maravilhoso, principalmente para uma primeira tentativa. "Melhor que de padaria", foi o comentário geral de quem comeu (olha a lagriminha de orgulho escorrendo pela cara...).
  6. Chocolate Chip Cookies - A maratona da Páscoa rendeu muito mais biscoitos do que eu planejara, mas também rendeu muitos elogios. Quem lembrou de incluí-los aqui foi o marido. O curioso é que o priminho dele (de segundo grau, na verdade), altamente intolerante à lactose, comeu-os numa boa, sem nenhum sintoma de alergia, apesar do alto teor de manteiga do cookie. Que bom, não?
  7. Salmão com legumes e aïoli, de Jamie Oliver - Porque ficou de fato delicioso, porque acertei o ponto de todos os legumes, porque Allex e eu nos descobrimos grandes fãs de aïoli feito em casa, e porque eu nunca cozinhei um pedaço de salmão com tamanha perfeição em minha vida.
  8. Panna cotta - Aaaaah, panna cotta. Que começou a pipocar em trocentos menus de restaurante em versões bizarras e apareceu, de repente, em quase todos os blogs que conheço. Tanta saudades da panna cotta com calda de chocolate do Seu Giovanni, ou da panna cotta con frutti di bosco do restaurante de Riva del Garda. Finalmente, panna cotta! Só ficou em oitavo lugar porque talhou misteriosamente.

MELHORES MOMENTOS, COISAS E AFINS

Até meus 16 anos, eu só desenhava. Não tinha uma escrivaninha decente, então eu apanhava uma lousa de criança, apoiava em cima da cama, colocava um fone de ouvido, ligava o cd player e desenhava, toda curvada sobre o papel, o dia todo. Aos 19, eu só escrevia. Ficava enfiada no quartinho do computador escrevendo livros inteiros, de 200, 300 páginas, de fantasia, de vampiros, do que fosse. Cheguei a enviá-los a editoras, muito crus ainda (hoje dá até vergonha), e um deles até chegou na 2ª leitura na editora Rocco, olha só. Depois, aos vinte e tantos, eu era pura balada. Estudava, trabalhava, e saia toda santa noite. Precisava de vinho à noite para dormir e suco de laranja com pó de guaraná para acordar, e me entupia de café o dia todo. Não muito saudável.

Hoje, cozinho o dia todo. Se não estou trabalhando, cuidando do cachorro, dando atenção para o marido ou saindo com amigos, estou comendo, fazendo comida, lendo sobre comida, assistindo algo sobre comida. Constantemente. 99% dos livros que comprei esse ano eram de ou continham receitas. Comprei mais quinquilharias de cozinha do que roupas. É natural, então, que grande parte dos meus melhores momentos tenha a ver com comida. Só espero que também esse hobby não passe...

  • Presente do ano - É um empate técnico: a panela da Le Creuset era sonho altíssimo de consumo, e o Allex deve ter vendido um rim prá comprar. Apesar de ter usado poucas vezes, eu amo mais meu marido por causa dela (hehehe). A sorveteira não é tão emocional, deu inclusive todo um pepino familiar, porque minha tia de Los Angeles queria me dar de presente de casamento, mas a estamos utilizando num ritmo frenético...
  • Quinquilaria do ano - minha batedeira Kitchen Aid, hours concours!!!
  • Livro do ano - Professional Baking, com certeza. Nunca aprendi tanto, nunca pude corrigir tanto meus erros idiotas. Cozinho melhor por causa desse livro.
  • Filme com temas culinários do ano - Ainda que fique tentada a dizer "Ratatouille", sinto os olhos marejarem na cena em que Ana Pascal explica como pretende salvar o mundo com biscoitos, todas as vezes que assisto. O filme é de 2006, mas só chegou aqui em 2007, então, "Mais estranho que a ficção" é o meu filme com temas culinários do ano.
  • Alívio do ano - Arrumar a louça toda no móvel novo da cozinha, tirar a despensa da área de serviço e finalmente ter uma linda bancada de granito onde sovar meus pães.
  • Viagem do ano - A travessia da Trilha do Ouro, na Serra da Bocaina, apesar de um pouco mais bucólica que o esperado, foi absolutamente fantástica.
  • Decisão do ano - Começar a correr. Apesar de ter ficado completamente relapsa depois da prova da Nike, foi a melhor coisa que poderia ter feito para minha saúde física e mental. Pontos extras por todos os bons amigos que fiz por lá!
  • Fé restaurada do ano - Encontrar morangos doces novamente. Achei que isso nunca mais aconteceria, mas fui salva pelos excelente morangos orgânicos da fazenda Nata da Serra.
  • Tristeza do ano - Descobrir que são abandonados 200 Pitbulls por mês em São Paulo, e que todos são considerados cães perigosos pela prefeitura e por isso, ao invés de postos para adoção, são sacrificados. Mais uma raça de cães condenada por causa da estupidez de seus donos. O meu Border Collie é um doce. Tem outro no bairro que é um assassino. A tratadora me contou que é porque os donos só passeiam com ele uma vez por mês. A culpa é dos Border Collies ou do dono imbecil??
  • Notícia do ano - Não ter mais de pagar CPMF. Ainda que eu acredite que isso ainda vai voltar prá morder a gente na bunda.
  • Revolta do ano - As pessoas na rua achando que meu cachorro é corrimão só porque ele é bonitinho. Ninguém tem noção nesse mundo? Meter a mão em cachorro que não conhece? E se o bicho resolve, pela primeira vez, não ir com a cara de alguém? Se você bota a mão em cachorro antes de perguntar pro dono se pode, sinta minha ira!
  • Show do ano - Symphony X.
  • Restaurante do ano - Obá. Já fui várias vezes e nunca decepcionou.
  • Decepção gastronômica do ano - Douce France. Fui correndo quando vi que o chef de lá ganhara o título de "melhor chef pâtissière de São Paulo". Comprei uma bomba de chocolate e uma de creme. A aparência era feia, a massa tinha gosto de queimada e o recheio não tinha gosto de nada. Mesmo. Não volto nunca mais e nunca mais acredito nos prêmios da Gula. Pior. Bomba. Do mundo. Deve ter sido feita pelo estagiário.
  • Alegria do ano - Descobrir quanta gente anda lendo La Cucinetta e conhecer tanta gente diferente e interessante através do blog!
  • Momento nunca vou esquecer do ano - A noite em que Allex chegou em casa com uma caixa de papelão contendo uma bolinha laranja, um cobertorzinho azul e um filhote de 2 meses de Border Collie que não conseguia subir no colchão do meu quarto, de tão piquitico.
A todos os que acompanharam todos esses momentos culinários, alegrias, novidades e siricuticos, uma feliz passagem de ano, cheia de guloseimas, boas companhias e felicidade! Fiquem com Deus! Nos vemos em 2008!

Cozinhe isso também!

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