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terça-feira, 15 de maio de 2007
Bao no Cesto de Bambu
Não é supresa para mais ninguém que eu volte de qualquer passeio, a qualquer lugar que seja, com alguma sacolinha contendo comida ou objetos a ela relacionados. Uma manhã de sábado no bairro da Liberdade, então, não poderia produzir efeito diverso. Minha compra da semana foi um pequeno cesto de bambu para cozinhar no vapor. Apesar de parecer estranho, o bambu — ao contrário de metais e outros materiais — inibe a condensação da água, o que faz com que o alimento cozinhe ou aqueça sem absorver rios de água gotejante, mantendo vegetais, por exemplo, tenros sem serem molengas. Ele também é muito útil para aqueles que baniram (ou pensam em banir) o microondas da cozinha, essa terrível "máquina de esquentar desigualmente", pois a bandejinha de bambu comporta seu prato inteiro com o jantar de ontem para ser aquecido no vapor hoje, trazendo de volta os sabores e a textura da comida como se ela tivesse sido preparada na hora.
Minha primeira experiência com o apetrecho foi incrivelmente bem sucedida. O nome destes pãezinhos chineses no vapor é Bao, e podem ou não ser recheados com vegetais e carne de porco. É claro que tratei de inventar minha versão vegetariana, com shiitake e escarola refogados em alho e azeite, temperados com manteiga, shoyu e cebolinhas. Por causa do método de cozimento, o pão nunca dourará como quando feito no forno, mas cria sim uma película muito fina segurando um interior excepcionalmente macio e úmido, que absorve como uma delicada esponja os sabores dos cogumelos temperados. Servi-os quentes, recém-saídos do cesto, acompanhados de shoyu e molho doce de pimenta, uma especialidade chinesa produzida a partir de boas pimentas "chilli" e ameixas. A receita da massa dos pães vem do livro Essentials of Asian Cuisine, de Corinne Trang, uma das mais respeitadas autoras sobre o assunto.