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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Simples é bom. Como o desperdício me ensinou a cozinhar. E um Clafoutis pra se divertir.



Eu sofro de um caso sério de FOMO (Fear of Missing Out), e desta vez não é nem culpa da Internet. Sim, as redes sociais e o acompanhar constante de blogs de estilo de vida e sites de cozinha e viagem com certeza intensificam essa sensação de não estar sendo / fazendo / experimentando o bastante, mas confesso que isso é mesmo um problema intrínseco à minha personalidade, muito antes do advento da conexão discada.

Há quem diga (eu digo) que é culpa dos planetas: isso de ser Libriana com ascendente em Gêmeos não me ajuda em nada na hora de tomar decisões. Se quiser me ver num momento simples de angústia, pergunte-me se quero jantar pizza ou japonês. Se eu decidir por pizza e você me perguntar quais coberturas eu quero combinar em cima da minha, partindo de um cardápio com trinta e duas opções, eu sento num cantinho e choro. Metaforicamente, é claro.

Passei os seis meses de frio dessa terra estranha ansiando pelos meses de calor que trariam alguma variedade de volta à minha mesa, um frescor, um verde que não fosse couve, cores que não viessem de beterrabas. A Primavera custou a chegar. Com a última neve em Abril (argh!), aqueles lindos ingredientes primaveris ainda eram caros e não pareciam combinar com as temperaturas geladas lá fora. Foi apenas quando os termômetros começaram a estabilizar nos vinte graus, e o calor começou a aumentar, que os preços dos aspargos e das cerejas tiveram o efeito inverso, despencando de uma forma tão convidativa quanto os gramados ensolarados nos parques.

O Verão trouxe tudo aquilo que no Brasil parecia comum e sem graça, tem o ano todo, ninguém liga muito: abobrinhas, vagens, berinjelas, melancias, melões, alfaces, milho na espiga. Você nunca se empolgou com uma abobrinha? Fique seis meses sem uma, aí a gente conversa.

Saíram as cerejas e vieram os morangos, os mirtilos, as framboesas, as amoras, e então os pêssegos e as nectarinas e uma fabulosa variedade de ameixas. E as vagens vêm amarelas, verdes e roxas. E os dentes-de-leão vêm vermelhos. Há cinco variedades de rabanetes no mercado. Há melancias de casca tão escura quanto o céu à noite e outras de polpa amarelo-forte. Há manjericão genovês, manjericão gigante, manjericão tailandês. Há tomates de todas as formas e cores e tamanhos. Há batatas jovens de nomes que nunca vi, algumas roxas (mas que não são doces), outras de cascas manchadas, há batatas Viking, batatas Mozart, batatas Fingerling. Há berinjelas gigantes e brancas como um ovo de avestruz. E outras pequeninas e esverdeadas. Há pimentões para combinar com qualquer cor de prato que você tenha em casa. Há legumes e verduras tão coloridos, que têm seu nome precedido do epíteto "Rainbow".

E uma ida ao supermercado ou ao Farmer´s Market, de repente, parece uma visita ao saldão do outlet multimarcas em véspera de Natal. Eu não sei nem o que olhar primeiro.

Tenho minha lista. Depois de um ano aqui, finalmente sou dona de minha cozinha. Sei exatamente o que a gente consome e em qual ritmo. A busca por uma rotina na mudança brusca que lhe tira o chão, e a necessidade do simples e do conforto em momentos emocionalmente complicados e desconfortáveis, transformou minha cozinha num ambiente mais previsível e ordenado, com cardápios um pouco mais fixos, que me permitiram entender melhor nosso padrão de consumo e alimentação.

Sei o que vale a pena comprar no atacado e o que vale a pena pegar em pequenas quantidades toda semana. Sei também exatamente quantas patacas posso gastar toda semana no horti-fruti. Lá vou eu com meu folhetinho do mercado com todas as frutas e verduras em promoção. A meta é comprar três frutas, dois legumes, duas verduras, e repor qualquer básico que esteja faltando, como salsão, cenoura, cebola e alho, salsinha, cebolinha e coisas como pepino e abacate que são consumidos feito água aqui em casa. Lá vou eu, acreditando em minha disciplina e força de vontade zen. E lá me lasco, assim que vejo que já tenho ameixas, melancia e amoras pretas na cesta, mas os pêssegos estão num preço incríiiiiiivel, e pode ser que semana que vem eles não estejam mais aí, afinal, as cerejas sumiram de um dia para o outro, e aquele melão óoooootimo de duas semanas atrás também não deu mais as caras. E pego minhas vagens roxas, minha acelga suíça de talos amarelos, meu pézinho de alface (eita! tá pequeno, essa semana!), e meus tomates coloridos, mas então vejo aqueles pepinos pequeninos que há tempos eu queria transformar em picles, e lembro que precisava de folha de repolho para cobri-los, e olha lá! O repolho está por 99 centavos o pound! Pô! Mas será que levo mesmo essas ameixas? Estão mais baratas porque é época, ou porque não estão tão boas quanto as outras? Porque não pego as outras, amarelas, Mirabeille, que ainda estão aí e a Laura adorou? Será que vou mesmo deixas os pêssegos? As nectarinas estão mais doces que as ameixas? E morango? O morango está sumindo. Vixe. Morango. Será que levo abobrinha de novo? Seis meses sem abobrinha, Ana, seis meses! Nunca comi berinjela branca. Será que tem o  mesmo gosto? Vou levar manjericão. Fiz muito pouco pesto nesse verão, e preciso fazer mais pesto. Cogumelos. Não, péra, deixa os cogumelos para o Outono, que combina mais. Ai! Meu! Deus! Olha aquelas batatas roxas!!! Eu lembro da receita do primeiro livro do Jamie Oliver usando aquelas batatas roxas e eu achava que eram batatas doces e não eram! Caraca!!! Ieeeei! PRECISO EXPERIMENTAR! PODE NÃO TER MAIS SEMANA QUE VEM!

Lou-ca.

Nunca mais na vida critico gente enlouquecida em Shopping com vinte e oito sacolas. Tá? Nunca mais.

Quando cheguei em casa e coloquei tudo na fruteira e na geladeira, tendo carregado uma melancia inteira dentro da minha mochila, porque eu não aguentava mais o peso das duas imensas sacolas da Ikea rasgando meus dedos, Allex começou a rir. "Caramba! O que aconteceu? Estamos estocando para a guerra?"

Pois é. Só que não. Ainda bem.

No dia seguinte, comento com minha amiga: "Eu sou minha melhor versão sob restrição, isso com certeza. Essa abundância de opções me deixa completamente desbaratinada. No Inverno, quando eram só batatas, couve e maçã, eu resolvia a compra da semana em quinze minutos, voltava pra casa e já sabia tudo o que ia cozinhar todos os dias, e a parte mais divertida era criar pratos diferentes com aqueles mesmos ingredientes, pra não enjoar, não encher o saco. Agora, minha geladeira tá tão entulhada que eu não consigo enxergar a luzinha no fundo, e pareço daquelas mulheres com closets do tamanho de quartos de hotel, que dizem que não têm o que vestir: olho para a comida e não sei o que cozinhar."

De fato, fiquei longos períodos de tempo em pé em frente à geladeira aberta, braço apoiado à porta, escaneando todas as frutas e verduras ali e tentando montar na minha mente o melhor quebra-cabeça culinário. A acelga suíça vai murchar antes do repolho, tenho que usar antes. Mas tenho dois tipos de batata e os rabanetes, que vão começar a soltar raízes por conta da umidade. Hmmm... os tomates que deixei na fruteira para amadurecerem estão passando do ponto. Não vou abrir a melancia, porque essa geladeira queima tudo, congela tudo, então vou oferecer as uvas e as amoras antes para as crianças. O que eu faço com essa acelga? Gratin de novo? Afe, a gente comeu gratin semana passada. Mas não quero fazer torta. Tá quente demais para abrir massa. Meu Deus! As crianças voltam às aulas daqui a dois dias! O que elas vão levar de snack?? Rabanete? Hmmm...

Acho muito difícil não cair nessa pegadinha, e acho difícil porque sempre caio quando a oferta é muita. No Inverno, a restrição de comprar apenas "Local" e "Da Estação" (que por conta dessas duas qualidades, também existem em abundância, e, portanto, estão sempre "Em Promoção" - win-win situation), evitava olhar para aquela abobrinha vinda do outro hemisfério e custando um quilo de ouro. Mas no Verão, TUDO é local e da estação, e tudo está com preços relativamente bons. Que é que eu faço? Convenço-me de que todas aquelas verduras vão durar duas semanas, então está tudo bem. Mas a verdade é que compro mais perecíveis do que consigo consumir em uma semana, e acabo preparando legume acompanhado de legume em todas as refeições para não deixar nada estragar, e acabo esquecendo de usar os feijões e o arroz da despensa, que normalmente entram justamente para "dar sustância" e baratear a refeição. Daí que na última semana do mês, acabou a verba do horti-fruti, e rola solto um arroz-feijão-e-ovo, ou spaghetti cacio e pepe. É para essas semanas de prato bege, que eu acabo guardando sempre um potinho de pesto no freezer ou ervilhas congeladas. Ou pelo menos um pouco de salsinha para ter algum frescor no prato. A parte boa é que quando vira o mês, todo mundo está louco para comer salada de novo. ;)

O fato é que eu nunca tinha DE FATO me dado conta disso tudo. 

Daí que durante o último mês assisti a um excelente programa da TV canadense, meio que sem querer, pois eu estava procurando informações sobre a segunda temporada do The Great Canadian Baking Show. O programa, chamado Back In Time for Dinner, mostrava uma família típica canadense, que concordara em ver sua casa, suas roupas e seus hábitos (principalmente alimentares) transformados por uma semana como se vivessem na década de 40. E depois 50 e 60, e assim sucessivamente até os tempos atuais. A série, que depois descobri que se trata da versão canadense do original da BBC britânica (a versão original tem no YouTube!), é muito bem produzida, e mostra a progressão da indústria alimentícia, o impacto da tecnologia e das guerras na produção e disponibilidade de comida, e sobre a relação estreita entre comida e as relações familiares. É muito bom.

Uma das coisas mais interessantes da série, para mim, foi ver a economia doméstica não apenas em tempos de guerra, mas no momento em que a classe média britânica e norte-americana se viu sem a ajuda (cozinheira e empregada) que costumavam ter antes. Foi toda uma geração de mulheres se vendo sozinhas na cozinha, sem nenhum conhecimento ou orientação, tendo que fazer duzentos gramas de carne render uma semana toda para cinco pessoas, correndo o risco de serem multadas ou irem para a cadeia por jogar no lixo uma fatia de pão.

Faz pensar no desperdício de comida, na dureza da guerra e da pobreza, na importância que ganha um prato de comida (lembro as histórias de Marcella Hazan em sua autobiografia), mas essas foram elucubrações minhas e que sei que todos terão ao assistir ao programa. O ponto desse texto é outro, na verdade. Porque ao assistir àquilo, lembrei-me de um livrinho ótimo que li há muitos anos atrás, justamente a respeito da economia doméstica na época da guerra: Como Cozinhar Um Lobo, de M.K.Fisher, livro que já devo ter mencionado aqui, em tantos posts em que falei sobre desperdício de comida. (O modo como ela pedia para que se raspasse com a faquinha qualquer restinho de manteiga que pudesse ter caído do pão, para que pudesse ser usada em outra refeição faz você pensar naquele resto de macarrão que ninguém quis e que você jogou no lixo despreocupadamente.) 

Durante as guerras, os governos criaram cartilhas ensinando como transformar quase nada em uma refeição para sua família. Uma vez ganhei de um amigo uma dessas cartilhas britânicas. Foi esclarecedor ler aquelas palavras e aquelas receitas, não porque eu quisesse implantar uma economia de guerra aqui em casa - ainda que exista sim a piada interna de que nossa despensa parece uma de 1940, mas porque me fez repensar completamente o modo como eu enxergava os ingredientes e montava meus cardápios.

Foi naquele momento em que comecei a pensar minha cozinha com a seguinte restrição: não pode haver desperdício.

Durante anos, esforcei-me, dentro de toda a minha esquizofrenia culinária, alterando completamente a despensa cada vez que conhecia novos sabores e gastronomias, sempre sem muita rotina no que eu decidia cozinhar, a nunca jogar fora o que podia se transformar em refeição. Até chegar ao ponto em que meu lixo da cozinha só contivesse partes realmente não comestíveis. Foi preciso devagarinho educar a família a nunca se servir de mais do que se vai comer, que é melhor repetir do que jogar fora. Pegue pouco, digo às crianças, e depois, se estiver com fome ainda, você pode se servir de mais, ou esperar pela sobremesa. E nunca há sobras no prato a ir para a lixeira. Se sobrou Maple Syrup no prato, repito sempre, é porque tem Maple demais para pouca panqueca. Certa vez, para ilustrar o tamanho do desperdício, cheguei a juntar todo o xarope restante em seus pratos num medidor. Havia mais de três colheres de sopa de Maple Syrup ali, indo para o ralo. Ao ver a quantidade ali numa medida que eles compreendiam, passaram a ser mais cuidadosos na hora de se servirem. Quando exageram, alerto mas não estresso a respeito: boto as minhas panquecas em seus pratos e deixo que elas absorvam aquela pocinha açucarada enquanto eles saem para brincar.

O que finalmente me dei conta, assistindo àquele programa, foi como essa meta de não desperdiçar me ajudou a entender a cozinha, mudou meu olhar em relação à comida e, invariavelmente, tornou-me uma cozinheira melhor, mais prática, mais rápida, e com certeza mais econômica. E percebi que essa é a parte difícil: PENSAR a cozinha. Quando converso com amigos que eu considero ótimos cozinheiros, que gostam de preparar bolos e tortas e criar boas refeições, as reclamações são sempre as mesmas: como é difícil pensar os cardápios todos os dias, criar esse quebra-cabeças com a sua despensa. Seguir a receita é fácil. Executar a técnica aprendida é fácil. Olhar a geladeira e criar algo com o que está lá: essa é a parte complicada.

E é CLARO que é complicada. Porque esse é o tipo de coisa que se aprendia com sua família, observando e ajudando, você via sua avó transformando o arroz de ontem em bolinho, fritando as aparas de massa fresca de macarrão, polvilhando açúcar e servindo de lanche. Ou que se aprende na prática, ao longo de anos cozinhando e cozinhando e cozinhando. Há dez anos atrás, eu precisava dos meus 267 livros de cozinha e mais duas dúzias de sites e blogs para me dizer o que fazer com uma berinjela. Hoje, confesso, quase nunca abro os poucos livros que trouxe, a não ser que a memória traga à tona aquela receita que eu vira um dia enquanto folheava  o livro há meses atrás e que parecia usar os ingredientes que eu tenho.

Isso não quer dizer nada. Não faz de ninguém melhor ou pior cozinheiro. Só tornou minha vida mais fácil. 

Se você não teve uma mãe, um pai, uma avó, um amigo para ensiná-lo o pulo do gato na cozinha, só a experiência vai trazer. Aprendi muito com minha mãe e com minhas avós, e até hoje lembro de meu pai me dizendo que  um bom cozinheiro não joga comida fora. Mas foi o livro de Tamar Adler, An Everlasting Meal, presente de uma leitora querida, que de fato mudou tudo. Trata-se de, grosso modo, um livro sobre sobras. O que fazer com o arroz que empapou, como usar o óleo do vidrinho de anchovas, como transformar um frango só em diversas refeições diferentes. Há quem diga (eu digo) que Tamar Adler é a M.K.Fisher na nossa geração. Se você lê em inglês, leia esse livro. Infelizmente, não acho que exista em português, mas deveria. (Tenho recomendado a todas as pessoas que vêm se queixar dessa dificuldade de pensar a cozinha, e até peguei o livro de novo na biblioteca para reler, pois o meu está com minha irmã, emprestado. Aliás, peguei todos os da M.K. Fisher também.)

O que esse livro me mostrou, e que foi genial na minha evolução como cozinheira, foi que as sobras são (voltando à metáfora do closet cheio de roupa e nada para vestir) uma espécie de peça obrigatória. Você tem que ir a esse evento, mas tem que ser de calça jeans. E o resto? Sei lá, mas tem que ser de jeans. É uma restrição que elimina uma decisão da sua vida e facilita tudo. As sobras funcionam do mesmo jeito: elas precisam ser usadas e já estão lá, muitas vezes já no meio do caminho, até poupando seu tempo na cozinha. São uma base já pronta e obrigatória para se construir algo novo em cima. O que dá pra fazer com a carne de panela que sobrou? Botar no sanduíche? Cobrir de purê e transformar em escondidinho? Misturar a molho de tomate e servir com macarrão? Ou com polenta? Juntar as carninhas a uma alface romana e alguns picles e fazer uma salada, guardando o caldinho da carne para dar sabor a um molho de massa ou uma sopa? Misturar aquela colherada de arroz que sobrou, temperar com coentro e rechear tortillas de trigo? Ou crepes? Que tal crepes de farinha de milho? Ideias infinitas. Mas a base está lá, e se você estiver no pique de ser criativo e construir algo novo ao invés de só requentar no microondas, a brincadeira fica bem mais fácil do que olhar a geladeira cheia de coisa nova e caçar receita para fazer tudo do zero, coisa que, pelo menos para mim, costumava ser mais estressante, porque achava mais receitas para um mesmo ingrediente e nada para outro, e começava a ficar aflita porque precisava de três abobrinhas mas só comprei duas, ou tenho iogurte mas não tenho sour cream, ou porque a receita pedia coentro e só comprei salsinha, ou porque não vou conseguir usar TODAS as berinjelas na torta e aí vai sobrar uma mísera berinjela e eu não queria que sobrasse porque depois vou ter de pensar o que fazer com ela, e ela vai murchar... enfim. Já viu.

Seja um arroz com feijão ou um peixe tchananans com verduras exóticas e molho complicado, minha mente se acostumou a esse quebra-cabeça, de pensar o que dá pra fazer com o que sobrar depois. Vida corrida de mãe (mas que também podia ser vida corrida de quem tem um emprego fora o dia todo e fica três horas no trânsito todo dia), ensinou-me a pensar além daquela refeição, e cozinhar alguns itens a mais para poder recombinar as sobras nos dias seguintes ou simplesmente congelar para uma semana bege de orçamento estourado. Essa restriçãozinha, que parece tão pequena, foi o que me tornou uma cozinheira mais inteligente. E há anos tenho esse desafio comigo mesma, que me faz sentir criativa e virtuosa: na última semana do mês só cozinho com o que tem em casa, até ver todos os potes da despensa e da geladeira vazios; nesses dias costumam sair os pratos mais interessantes, e recorro muito à cucina povera italiana, para transformar um maço de salsão ou meia dúzia de cebolas em algo delicioso, quando não há mais nada de fresco disponível. Acredite, você só pensa em salsão gratinado quando é só isso que sobrou na geladeira.

O não poder desperdiçar fez também com que ao longo dos anos as refeições fossem ficando mais tranquilas, com menos pressão para ter o Selo Internacional de Aprovação dos Chefs Nutricionistas Gourmets Convidados de Fim de Semana e Aquele Seu Primo que Cozinha Bem Doadores de Likes Infinitos da Suprema Rede Social Regente da Vida de Todos os Seres Humanos da Internet e Além.
Um jantar improvisado que parecia impossível para mim há dez anos atrás.

Afinal, tem vezes em que me sinto super esperta, transformando 1/4 de xícara de painço esquecido na despensa há um ano (porque nunca mais comprei painço), uma abobrinha, um ovo e um naco de queijo, em uma refeição para quatro pessoas (o ovo foi na receita dos crepes de sarraceno, que preparei enquanto o painço cozinhava; refoguei a abobrinha com cebola e alho até quase desmanchar, misturei ao painço e ao queijo e recheei os crepes, que foram ao forno com manteiga e foram acompanhados do que sobrara do - pequeno - pé de alface e meio tomate. Alimentou nós quatro e sobrou para o marido levar na marmita no dia seguinte). E tem vezes que pego meia porção de spaghetti, requento na frigideira com azeite e um punhado grande de ervilhas congeladas para dar volume, acompanho com a colher de sopa que sobrou da salada de ontem, e completo com uma torrada com a uma fatia de presunto e queijo que restava, passada no grill pra gratinar. Eu ri muito quando vi que a foto tinha ficado bonita. Porque é macarrão com pão.

Eu sei que normalmente as pessoas jogam fora a salada quando sobra só uma colherada. Mas eu guardo até a próxima refeição. Dependendo da folha, ela não perde muito a textura. Às vezes guardo a salada, mesmo que murchinha, para enfiar num sanduíche de queijo, quando não ligo para a textura e sim para o sabor.

O pior foi Laura, olhando para o prato, uma sobrancelha erguida, as mãos na cintura: "Mamãaaae! Macarrão com sanduíche?? Isso não faz o menor sentido! Macarrão NÃO TEM acompanhamento! A gente come ele sozinho!"

Toma essa.

"Não é pra fazer sentido, Laura. É pra ser comida. Parece ruim?"
"Não. Tá com uma cara gostosa."
"Então, pronto. Coma."

 E  a vida segue.
 
A melhor parte de aprender a pensar as sobras, os restos, as aparas, é relaxar e lembrar que não precisa ter vinte e quatro ingredientes, não precisa ter cara de restaurante, não precisa ter quinze super-foods virtuosos do momento. Pode ser só um prato de comida gostoso. Mesmo que seja macarrão com sanduíche. Ficou todo mundo alimentado para poder correr lá fora no parque nos últimos dias de férias. Não precisa mais que isso. A nossa geração que se encantou de novo com a cozinha como hobby e não como obrigação, que cresceu vendo os programas de culinária mais deliciosos de chefes famosos, e que depois foi massacrada por uma avalanche de informações nutricionais conflitantes e alertas de saúde, às vezes se perde um pouco nisso tudo, e acredita que cozinha é só técnica e receita exata e um amontoado de nutrientes.

Num outro livro de Tamar Adler (acho que recém-lançado, não sei, catei na biblioteca), ela comenta justo sobre isso, sobre a prisão que às vezes é se cozinhar com precisão: 100g disso, 1 colher de chá daquilo, cubinhos de 2cm. As receitas antigas não tinham medidas exatas e muitas vezes sequer instruções muito claras. Lembro sempre das receitas de minhas avós: farinha o quanto baste, coloque na forma e asse até ficar pronto, um cálice de leite, uma colher (qual colher???) de fermento, um pires de açúcar, ou tão somente uma lista de ingredientes, um título e NENHUMA instrução. Essa cozinha intuitiva, aprendida com a observação, com o cozinhar junto e absorver a experiência dos outros, é a coisa mais difícil de se conseguir hoje em dia. Mesmo. Demorei quinze anos para fazer pão sem medida nenhuma, ou pra saber quantos maços de espinafre cru equivalem ao bastante dele cozido para encher uma torta. Ou quanto de cada especiaria colocar no meu curry improvisado para aquela quantidade de lentilhas.

Mas todo mundo chega lá. Tamar Adler e M.K. Fisher me ajudaram muito nisso. E não desperdiçar nada foi o empurrão que eu precisava para continuar. Porque há momentos em que simplesmente não há receita de livro ou de internet que use o desconjunto absurdo de ingredientes e sobras do fundo da sua geladeira, e você tem que simplesmente se jogar e inventar alguma coisa, ao contrário de fazer o que eu fazia há anos atrás, que era sair ao mercado para comprar dez itens que compusessem um prato com aquela uma berinjela na geladeira. O que isso faz é gastar dinheiro e criar mais sobras. E você continua preso à receita. Eu costumava recalcular receitas para fazê-las todos os dias só para duas pessoas, quando não tinha filhos. Hoje, adoro preparar receitas que alimentam seis ou oito bocas, porque sei que terei muitas sobras para reaproveitar e que me pouparão MUITO tempo e trabalho nas próximas refeições.

A melhor coisa é se jogar na aventura de combinar o que tem disponível, usando o que você já sabe fazer como inspiração. Às vezes fica muito bom. Às vezes sua família que te ama come por pura educação (muitas vezes). Outras vezes, na tentativa de não desperdiçar cascas de bananas, você usa vários outros ingredientes para criar algo tão pouco comestível que tudo vai para o lixo mesmo assim, e você se sente uma nhaca, mas aprende que aquilo, daquele jeito, não dá muito certo e não faz mais. Não se sinta mal se ficar ruim. Noutro dia, ao invés de ler livros, Thomas me pediu para contar histórias de todas as comidas ruins que eu já preparara na vida. Olha... dava para virar a noite contando. Muitas dessas histórias viraram piadas de família. Ria, coma como for possível (ketchup serve pra isso), aprenda, siga em frente.

Mas quase sempre, tio Google está aí para receber com carinho as perguntas mais escalafobéticas no seu celular, enquanto volta da escola com as crianças já tarde, sabendo que daqui a uma hora o jantar precisa estar na mesa e que você não tem a mais parca ideia do que fazer: "O que fazer com 1 xícara de curry + 1 batata + meio pepino?" Sempre vai ter uma bizarrice por aí que sirva pelo menos de inspiração para aquela comida virar algo bom e não ir para o lixo. 

Senão, quase tudo pode ser transformado em sanduíche.



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ALGUMAS DICAS ÚTEIS E IMPERTINENTES...

 
Uma refeição típica resultado da compra exagerada de legumes: salada de batatas com rabanete e salsão, frittata de cenoura ralada e folhas de rabanete refogadas em cebola e manteiga, e salada de tomates.
Eu coloco de tudo na salada de batatas, dependendo do que tenho. Cenouras cozidas, salsão cru, rabanetes, pepinos, picles, alcaparras, cebolas, nabos, beterrabas, legumes cozidos... na hora de temperar, tento manter uma certa coerência entre ingredientes e nacionalidade da cozinha. Mas se já estiver uma mistureba, azeite, vinagre, sal e pimenta bastam.

Se sobrar tanta salada de batata, que não dá para comer tudo no dia seguinte, coloque tudo dentro de uma boa e velha torta de liquidificador ou transforme em um purê e junte a ovo e farinha e fermento e frite como panquequinhas em manteiga. Se sobrou super pouco, tipo mal dando pra uma pessoa, junte abacate, tomates, pepinos e alface, tempere com azeite e limão e se esbalde (foi meu almoço hoje).

Sobras de verduras ficam ótimas não só em frittatas, mas em massas de panqueca americana, sem açúcar. Tempere com sal e pimenta, misture às verduras à massa e frite. Comecei a fazer isso inspirada nessas blinis de agrião, que usavam fermento biológico.

Quando compro verduras e legumes a mais, pego um momento ocioso e preparo todos de um jeito básico: as folhas de rabanete já estavam refogadas e guardadas num potinho, esperando uso ao longo da semana.

Clafoutis de acelga suíça com milho.
Foi o mesmo com esse clafoutis. Eu já tinha branqueado a acelga suíça (swiss chard), com medo de que murchasse. No fim, nessa receita, esse passo era desnecessário. Sem problemas, piquei e refoguei tudo, e no fim deu na mesma. Não tinha alho poró, então refoguei as partes brancas das cebolinhas super-crescidas que eu tinha no meu freezer e mais uma cebola. Não tinha queijo Gruyere, usei mozzarella. Não tinha dill, usei salsinha. Achei desnecessário o queijo parmesão por cima para dourar, já que tinha mozzarella flutuando na superfície da massa, então ignorei. Esse clafoutis pede crème fraîche, que até tem aqui pra comprar, mas eu não queria sair de casa de novo e nem gastar dinheiro, então usei metade iogurte, metade creme de leite. Dizia para fazer direto na frigideira com os legumes refogados, mas eu bem sei que tudo o que tem ovo GRUDA HORRORES se não tiver sido untado com manteiga, então transferi tudo para uma travessa untada.

Moral da história: ADAPTE. Adapte o quanto puder. Use o que você já sabe e confie mais nisso do que na receita. Substitua livremente ingredientes que você sabe que têm propriedades semelhantes uns com os outros. Esse clafoutis ficou um desbunde, super cremoso e saboroso, e eu tive de prometer sorvete de sobremesa para fazer as crianças pararem de se servir para que sobrasse um teco pra marmita do Allex no dia seguinte (que foi clafoutis e o que sobrou daquela salada de batata roxa).

O tempo é pouco? Salada. Salada no prato transforma uma omelete em refeição. Uma fatia grande de pão dourada do azeite, coberta com os legumes que sobraram de ontem vira refeição com uma salada do lado. Sempre tenho alface em casa e sempre tenho mostarda. Um vinaigrette de azeite, mostarda de dijon, vinagre, cebola picadinha, salsinha e cebolinha faz algumas folhas de alface ficarem robustas e satisfatórias, e é sempre assim que sirvo, pois é meu vinaigrette favorito e combina com tudo o mais que possa acompanhar o alface: o último rabanete da gaveta, cenoura ralada, um teco de pepino, umas batatas cozidas, o meio tomate que alguém esqueceu na geladeira, o talo de salsão.
Qualquer coisa vira refeição com uma salada do lado.
E não precisa ser só salada de alface. Comprara na feira uns cogumelos novos, e Thomas pediu para prepará-los no almoço, com ovos mexidos. Havia muito poucos cogumelos, no entanto, pois eu não esperava dar de cara com o Farmers Market e muito menos com aqueles cogumelos, e estava sem dinheiro na carteira. Os poucos dólares que tinha em moedas compraram dois punhados de Chanterelles. (Aquele tantinho ali na foto lá em cima, era o que eu tinha para transformar em almoço para mim e as crianças, considerando que os cogumelos tinham que ser a estrela do prato.) Chegando em casa, refoguei os cogumelos na manteiga e na cebola, polvilhei com salsinha, servi com os ovos mexidos, completei com uma fatia dourada de pão e... uma salada de tomates. Tomate, sal e azeite. Só. E pronto. Basta.

(Aliás, uma das coisas que mais me entristece nessa onda do sem glúten - a moda, e não sobre quem é de fato celíaco - é o fato de o pão ter sumido das mesas. Nada completa mais um prato que uma fatia de pão, sabem bem os povos lá do Mediterrâneo. Fez o panelão de comida, achou que é pouco? Uma bela fatia de pão dourada em azeite, esfregada com um dente de alho, vai bem com qualquer coisa, principalmente se houver um molho ali esquecido no prato, pronto para ser absorvido pelo miolo do pão.)


 Foram vários os dias de férias em que almoçamos milho grelhado e... uma salada de tomates. As espigas eram imensas e saborosas, e não precisavam de nada além de manteiga e sal. Os tomates vieram apenas para arrematar.


Faça crepes. Montes. O recheio que se coloca neles é super pouco (duas ou três colheres de sopa por crepe?) e faz a sobra de qualquer carne ou legume parecer algo novo e delicioso. Rende, e se sobrar, você pode servir com limão, açúcar e canela de sobremesa no dia seguinte, mesmo que a massa de crepe não leve açúcar. Ou enrolar com alface, queijo e maionese e cortar em rolinhos, e mandar de lanche para as crianças, como wrapps. Ou servir de sobremesa com sorvete e frutas. Ou congelar. Quando estiverem frios, coloque num ziplock e congele. Eles reaquecem na frigideira, um por um. Sobrou arroz e curry? Fica ótimo dentro dos crepes. Sobrou algo mais italiano, recheie os crepes, cubra com molho de tomate, queijo e forno. 

Enfim, faça crepes. Muitos.


Use a água de cozimento das coisas. Branqueou verduras? Use a mesma água para fazer o arroz, que ficará perfumado e nutritivo. Algumas verduras, como espinafre e acelga suíça, deixam a água metálica e preta se deixar que esfrie, então use a água ainda quente imediatamente.

Acelga suíça gratinada, arroz cozido na água da acelga, e a boa e velha salada de tomates.
Vai fazer macarrão com molho de tomates frescos? Pele o tomate na água do macarrão antes da massa entrar. Nunca entendi o povo na TV ter dois, três potes de água fervendo. Tem uma receita italiana de massa com erva-doce que faz isso: a água em que se cozinha a erva-doce (funcho) cozinha a massa em seguida, justamente para a massa pegar o sabor da verdura. Faça isso.

 Se não tiver nada com muita cara de elemento principal, gratine. Pegue sua verdura ou legume, meta no forno com um pouco de queijo e é isso. Esse gratin de verdura do Nigel Slater nada mais é do que verdura branqueada, coberta com um pouco de creme, mostarda e um punhado de queijo. É muito bom. E o creme que sobra no fundo da travessa fica SENSACIONAL sobre o arroz.

O feijão branco que eu descongelei, o molho de tomate que eu tinha pronto, um ovo para cada um cozido ali dentro. Achei pouco, então completei com uma fatia de pão e uma abobrinha refogada.
 Faça muito feijão de uma vez e congele. Tenha sempre molho de tomate. Se você estiver preparando qualquer outra coisa e tiver uma boca de fogão sobrando, vale a pena fazer um molho de tomate. Eu sempre tenho por conta da pizza de sexta-feira. Sei que uma vez por semana comeremos macarrão com o molho de tomate que sobrou da pizza (ou faremos pizza com o molho de tomate que sobrou do macarrão). Às vezes, junto uma sobra com a outra: o feijão de ontem, o molho de tomate de transantontem, e bum! Uma coisa nova. Ovos poché dentro disso tudo, e uma abobrinha refogada para completar, porque achei que tinha ficado pouco.
 Legumes refogados fazem uma porção de macarrão de ontem alimentar três bocas hoje.
 Tinha sobrado um nada de macarrão com molho de tomate, e eu não queria transformar em frittata de novo. Legumes. Refogue legumes o bastante para dar volume e misture à massa na panela até o macarrão ficar quente de novo. Se achar que o macarrão já tava meio passado e não vai rolar um repeteco assim, envolva em um bechamél ou creme de leite e queijo e leve ao forno. Gratinado e borbulhante, ninguém vai falar que o penne passou um pouquinho.

Descomplique.

Sabe arroz? Sabe feijão? Tá ótimo!

No fim das contas, depois de toda a loucura de ingredientes e cozinhas internacionais, e vegan-gluten-free-natureba pela qual minha cozinha passou, sempre que pergunto a meus filhos e meu marido quais são seus pratos favoritos de todos os tempos, a resposta é unânime: arroz, feijão, couve e ovo frito. (Com um empate técnico com spaghetti com molho de tomate.)

Simples é bom. Dá um abraço no simples e convida pra ficar, que ele é seu melhor amigo e você nem sabia.

Agora, GO CRAZY com esse clafoutis. Adorei as proporções do creme, e pretendo usar essa receita mais vezes com outros ingredientes. A quantidade de recheio parece imensa em relação ao creme, mas acho que foi isso que ficou tão bom. Você pode fazer numa travessa maior, mas isso quer dizer que vai cozinhar mais rápido: você QUER que ele fique CREMOSO, e não firme como uma frittata, e por isso gostei de assá-lo numa travessa pequena de paredes altas. Dourou em volta mas não ressecou por dentro. A receita está exatamente como fiz. Deixei na lista de ingredientes apenas o que considero "obrigatório", e meti nos processos a sugestão do que eu coloquei ou colocaria. Essa receita está escrita exatamente como eu penso, com todos os pensamentos que me ocorreram enquanto preparava a receita, de como poderia modificá-la ou adaptá-la.

Divirta-se.

CLAFOUTIS DE VERDURA E MILHO VERDE
(do NY Times - receita original AQUI.)

Ingredientes:
(creme)
  • ¾ xic. leite
  • ¾ xic. de crème fraìche, creme de leite, iogurte, sour cream ou uma mistura de quaisquer deles
  • 4 ovos grandes
  • 2 ½ colh. (sopa) farinha de trigo
  • salsinha picada a gosto ou qualquer outra erva que você goste e que combine com os seus legumes
  • sal a gosto (a receita original dá uma medida exata, mas isso vai depender muito do quanto você salgou seus legumes e de quão salgado é o queijo que está usando - experimente)
  • pimenta do reino a gosto
  • 1 xic. queijo ralado grosso (o que você tiver)
(Legumes)
  • um fio de azeite para refogar os legumes ou um naco de manteiga
  • 1 alho poró grande, ou uma cebola em rodelas ou meias luas finas
  • 2 xic. de milho verde fresco debulhado ou congelado (umas 2-3 espigas)
  • 1 dente de alho picado
  • 1 maço grande de acelga suíça, cortada grosseiramente (ou rasgue com a mão, em pedaços médios, como você rasgaria um pilha de contas vencidas - haha!) ou qualquer outra verdura verde escura que seja mais suave, como espinafre, folhas de mostarda ( se você gosta de amargo, acho que almeirão deve ficar ótimo e eu faria até mesmo com couve, branqueada antes de refogar, talvez, para que fique bem macia.)
Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 190oC. Unte com manteiga * uma forma refratária com capacidade para 2 litros (a minha quadrada tem 20cm e 5cm de altura).  
  2. Numa frigideira, aqueça o azeite ou manteiga ou qualquer gordura que esteja usando e junte a cebola ou alho-poró e uma pitada de sal para que eles liberem um pouco de água e não queimem antes de dourarem.
  3. Quando estiverem brilhantes e macios, junte o alho. Refogue, mexendo com uma colher de pau (sabe por que se pede colher de pau? Pra não riscar sua panela.) até que esteja tudo macio e começando a dourar.
  4. Junte o milho, uma pitada de sal (se quiser, um nadinha de pimenta calabresa fica ótimo), e mexa, recobrindo bem o milho com os temperos.
  5. Junte as verduras cortadas, uma pitada de sal para ajudar a murchá-las, misture, e cozinhe em fogo mais baixo até que as folhas estejam murchas e brilhantes. Cuidado com o fogo para não queimar as cebolas enquanto as folhas murcham por cima (já fiz isso várias vezes). Quando estiver tudo cozido, tire do fogo, experimente, acerte o sal e a pimenta a seu gosto e deixe de lado. 
  6. Numa tigela grande, bata os ovos com um fouet até que espumem um pouco. Junte o creme (ou a mistura que estiver usando) , o leite, e misture. Junte a farinha, misture com o fouet até que ela esteja incorporada, sem pelotas, e então o queijo. Salgue cuidadosamente, pensando em quão salgado é seu queijo. Junte a salsinha e quaisquer outras ervas, pimenta-do-reino e, se quiser, um pouco de noz-moscada ralada na hora, que vai bem com tudo que leva ovo, mas que não é obrigatório. Experimente e corrija o tempero. 
  7. Espalhe os legumes na travessa e cubra com o creme, dando uma cutucada para que o creme escorra por entre os legumes e para que os legumes flutuem um pouco no meio do creme e do queijo. Leve ao forno por 40 minutos, checando de vez em quando, dependendo do tamanho da sua forma. Quando estiver dourado nas bordas e parecer inflado e firme no meio, enfie uma faquinha no centro. Ele vai desinflar, mas a faca deve sair úmida e pegajosa de queijo. Se estiver completamente molhada e pingando, ainda está cru, e se estiver completamente limpa, assou demais - mas ainda vai ser gostoso, então nem comente nada e simplesmente tire do forno e manda o povo sentar pra comer. 
  8. Retire, espere uns cinco minutinhos para não queimar a boca de ninguém, e sirva com uma salada. 

* Um truque que aprendi com a Nigella: guardar os papéis que embrulham a manteiga para esfregar nas formas, assim você não gasta a manteiga para isso. Tenho um saco plástico na geladeira apenas para guardar as embalagens de manteiga até a hora de untar alguma coisa - a louca. 

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Diário da mudança, café da manhã para encher de Maple Syrup e, para bom entendedor, meia música basta



Quando vieram levar embora nossa mesa de jantar e todas as oito cadeiras da casa, olhei para o espaço vazio na sala, para o rostinho atônito dos meus filhos, e lhes disse, empolgada: "Êeeeee! Um mês de piquenique!!!"

Eles acharam ótimo. Mas logo decidiram que era mais fácil comer na mesinha verde-limão, onde os dois, assim, um de frente para o outro, sentados numa mobília que lhes respeita a proporção, com louça, talheres, guardanapo de pano, pareciam clientes de um mini-restaurante. Morri de fofura.

"Vem fazer companhia pra gente, mamãe!", pediu Laura. E lá fui eu sentar no chão em frente a eles, com meu prato raso, garfo e faca, e o Gnocchi curioso passando com o rabo peludo balançando no meu prato e querendo lamber meu rosto, como ele sempre tenta toda vez que um ser humano resolve dividir o chão com ele.

Rapidamente percebi que isso não daria certo. Então veio um novo anúncio: "Ó, galera, a partir de hoje a gente só come em tigela. One bowl dinners. Ok?" Assim, só um garfo resolve a vida e dá pra comer até em pé, sem correr o risco do cachorro pisar bem no meio do seu prato enquanto você tenta cortar seus legumes.

Exemplo disso foi o Kedgeree do Jamie Oliver, que eu sempre faço para aproveitar sobras de peixe grelhado, frito, empanado, assado, o que for. Fica uma delícia e transforma dois filés de peixe ressecados de geladeira em uma refeição deliciosa para quatro pessoas novamente. Recomendo.


Uns dias depois, meu filho voltou de um passeio da escola à feira do bairro com uma enorme melancia, feliz da vida, e quando ele me pediu suco de melancia, eu disse sim automaticamente, até me dar conta de que não tinha mais liquidificador. Ou mixer. Ou processador. Ou batedeira.
Era já noite escura e não havia nada para o lanche da escola no dia seguinte. Pensei em fazer de novo aquele pound cake de louro e laranja, mas lembrei que tinha uma forma só e não era de bolo inglês. Pensei em outras receitas, mas também lembrei que não tinha nada mais para fazer o bolo além de uma tigela e uma colher de pau. Então puxei da memória o bolo de iogurte de sempre, e, tendo já preparado um dele na semana anterior na versão chocolate (substituindo 1/2 xic. de farinha por cacau em pó, omitindo a casca de laranja e acrescentando uma barra de 100g de chocolate ao leite picado), fiz num piscar de olhos mais uma versão, desta vez com baunilha e extrato de amêndoas. Eu e minha tigela e minha colher. Até pensei... o próximo vou transformar em bolo mármore para terminar de usar o restinho do cacau em pó.

Porque agora tem disso: preciso usar a despensa toda. Mas não é mais como das outras vezes, em que eu precisava esvaziar a geladeira, fazer meu Angel Food Cake com todas as claras congeladas, mas colocar minhas farinhas e temperos numa caixa e levar de carro até a casa nova. Eu abro a gaveta de temperos e sei que aquelas sementes de mostarda não têm a menor chance: eu não vou conseguir usá-las em um mês. E não posso fazer mostarda com elas, pois não há tempo de maturar o condimento ou consumi-lo. É estranho jogar fora as aparas de frutas e legumes ao invés de congelá-las para geleias e caldos. Meu freezer está vazio. Isso nunca aconteceu.

Mais estranho é entrar em casa e se sentir estapeada pela sensação de caos. Há livros empilhados, caixas com itens de cozinha para serem vendidos, mangás separados em fardos, brinquedos para serem doados, os poucos móveis que restam estão fora de lugar, e não há meios de trazer uma noção de ordem a tudo aquilo.

Conforme vou vendendo as coisas e levando ao correio, o vazio vai trazendo paz. O espaço vazio, que normalmente traz inquietude quando nos mudamos para um lugar novo, o espaço vazio que não vemos a hora de ocupar com coisas para apaziguar aquela palpitação no peito, esse espaço vazio me traz calma. Mostra que as coisas estão caminhando. Percebo como hoje gosto mais de espaço do que de móveis. Como quero ter tão menos do que eu tinha no meu próximo lar.

Mas uma coisa é ter poucas coisas que servem a você. Outra é você se ver sem aquelas coisas que não parecem importantes mas faziam parte da sua rotina invisível, aquela parte do seu dia que você faz automaticamente, sem pensar, como prometer suco de melancia para o seu filho. E daí que você entra em casa e pela oitava vez se vê zonza, segurando sua bolsa na ponta dos dedos, se movendo pela sala como uma galinha sem cabeça, confusa, simplesmente porque NÃO TEM ONDE DEIXAR SUA BOLSA. o_O

Isso é ridículo.

Mas eu me pego atordoada pela rotina invisível quebrada, e de repente parece que você tem que voltar a prestar atenção a tudo o que faz novamente. Toda vez que entra em casa tem que procurar um novo espaço vazio para depositar sua bolsa.

Dã.

As crianças às vezes surtam. "Mamãaaaaae! Você NÃO PODE vender as forminhas de picolé!!!" Aí vai mamãe explicar que a gente está vendendo tudo o que não cabe na mala, e que vai usar esse dinheiro para comprar novamente aquilo de que realmente precisamos.

Aí eles apanham um saco e brincam de escolher o que vão levar e o que vão vender. "Mamãe, eu não vou levar meu carrinho de boneca. Ele é muito grande. Eu vou dar para uma menina que não tem. Uma menina da França. Porque as meninas na França não têm carrinho de boneca."

Não, eu NÃO VOU para a França. Sabe-se lá porque diabos ela encasquetou com a França ou com esse problema grave de ausência de carrinhos de boneca que aparentemente acontece por lá. o_O

De qualquer forma, as crianças estão empolgadas. Mas a ansiedade e a insegurança gerada por toda essa movimentação em casa as faz mais agitadas, mais cansadas, um pouco mais briguentas. Há toda uma dose extra de paciência que preciso resgatar dentro de mim para lidar com os dois nesse momento.

Passo meus dias tirando coisas de dentro dos móveis, limpando, embalando, levando ao correio, recebendo gente que leva embora meus armários. Aquele vazio na casa se torna intermitente, pois o caos se instaura a cada armário que vai embora, deixando seu conteúdo no chão da sala, e então esse conteúdo é separado, limpo, embalado, enviado a outras pessoas.

Allex sugere que usemos o método Lean 5S para lidar com a bagunça. Eu fico fula, dizendo que é o que tento fazer na nossa casa há quase dez anos e ninguém deixa. o_O Mas vamos lá. Há muito o que fazer na casa ainda antes de entregá-la ao proprietário. Fiz então o canto do UT - A Fronteira Final (lembra do UT?), e o canto do Vai Na Mala, em polos opostos da sala. Porque isso de ficar separando as coisas que ficam em cada cômodo não estava dando uma noção exata do que teríamos de levar. Já veio o primeiro susto: é muita coisa. Quando a gente brinca de ilha deserta, se convence de que consegue levar só dois livros com você. Quando tira tudo da estante o bicho pega: muitos dos livros são edições que você não acha mais, ou traduções que você gosta muito.

Quando criança, meus pais tinham O Tesouro da Juventude, uma enciclopédia que eu adorava, que continha uma tradução do monólogo de Hamlet feita por Machado de Assis que eu sabia de cor, e versões originais dos contos de fada, com direito a toda a violência e lições de moral típicas das histórias antigas - a Cinderella do Tesouro da Juventude botava Game of Thrones no chinelo, com olhos furados por pássaros e calcanhares serrados fora. Até hoje me dá uma tristeza por terem mandado embora aqueles livros. Nunca mais achei essas histórias ou aquela linda tradução de Hamlet em lugar nenhum. Hoje sei bem quais livros são substituíveis, recompráveis, e quais devem ser mantidos com você.

Convenço-me então de que aquela pilha enorme é apenas uma pré-seleção. Ou que talvez eu precise sim que meus pais levem uma caixa de livros para mim quando forem visitar. >_<

Aviso as crianças que quando o sofá for embora, vamos usar o banco do jardim para ver TV na sala. Tempos estranhos. Compram minha cama. Resta apenas meu colchão.

Gnocchi já está super adaptado à gaiola. Logo no primeiro dia se enfiou lá dentro e dormiu a noite toda, o que nos deixou muito mais tranquilos. Ele adorou seu novo cantinho e acho que fará bem a viagem.

Estou imensamente feliz por estar vendendo todas as minhas obras. Restam muito poucas, e acho que vou conseguir viajar apenas com meus sketchbooks e meus desenhos de infância, para começar toda uma nova fase de pintura por lá.

Neste fim de semana, entrego minhas panelas WMF a quem as comprou, com dor no coração. São panelas maravilhosas. Mas não faz o menor sentido levá-las comigo. Eu sei que com meus panelões vermelho e verde e com as outras duas frigideiras que ficam pelo menos esse mês aqui em casa, consigo cozinhar tudo. Mas é estranho não usar a panela de vapor ou a leiteira. Novamente, uma quebra da sua rotina invisível.

As refeições têm sido extremamente simples. Usando o que tem na despensa ao máximo, e com apenas uma bancadinha para trabalhar. Logo vêm gente pegar minha estante da despensa, e então esse espaço diminuirá ainda mais. Uma grande cozinha vazia sem ter onde apoiar a tigela do bolo. Prometi às crianças que vamos comer pastel na feira toda quinta e domingo até o dia da viagem. Deu-me uma súbita vontade de queijo minas, requeijão e farofa. Farofa de verdade, feita com farinha de mandioca, cebola, uma tonelada de manteiga... não essas farofas compradas prontas, com gosto de serragem e sal. Vai entender como funciona a cabeça da gente. Água de coco e caldo de cana. Só penso nisso. E tenho planos para uma comida mais relaxada e divertida nesse mês de julho.

Estou ansiosa para o fim das aulas, daqui a alguns dias. Para eliminar pelo menos essa correria de manhã e poder tomar café da manhã com calma com as crianças. Novamente inventar mais um pouco, pois esse semestre, com Thomas no primeiro ano, entrando meia hora mais cedo na escola, quebrou completamente esse nosso hábito do café variado.

Para inspirar vocês nos cafés da manhã das férias, deixo aqui um apanhado das ideias de café da manhã do meu finado Facebook, que ainda estão com os textos originais dos posts. Única coisa que guardei daquela época. Um monte de panquecas e mingaus para besuntar de Maple Syrup.

Vamos ver se por aqui conseguimos fazer um repeteco disso tudo. O objetivo é acabar com o garrafão de Maple que Allex trouxe de viagem. Ele ri da minha cara quando sirvo o xarope sobre as panquecas das crianças, dizendo que ando muito perdulária agora que sei que vou poder comprar disso mais barato depois da mudança. Aliás, por incrível que pareça, Maple Syrup barato e a perspectiva de panquecas e waffles todas as manhãs tem sido o grande selling point da mudança para as crianças. ^_^

E vamos nessa. Respira fundo. Faltam pouco mais de trinta dias. E dia 4 de agosto vamos de casa até o aeroporto ouvindo essa música:

https://www.youtube.com/watch?v=CiCselxgw8s

Para bom entendedor, meia música basta. Quem adivinhar para onde vamos ganha um pirulito de nabo. ;)

OBRIGADA A TODOS pela força, pelo carinho, pelos emails de incentivo, pelas histórias, por nos ajudar nessa transição com cada comprinha de nossas coisas e minhas obras. Fiquei realmente emocionada com a reação de todos vocês. Num mundo que anda tão frio e capenga em termos de empatia, vocês me surpreenderam positivamente e encheram meus olhos de lágrimas.
VOCÊS SÃO SENSACIONAIS!!!  

Agora, de volta à nossa programação normal... ;)

 
Panqueca básica de iogurte

Sexta-feira de panquecas de iogurte. 1 de tudo: 1xic de farinha, 1 colh(sopa) rasinha de fermento, 1 colh (sopa) rasa de açúcar, 1 pitada de sal, 1 xic de iogurte, 1 ovo, 1 colh. (Sopa) manteiga.

Panquecas de banana e quinoa

Usando bananas que estavam na geladeira e me esperaram ir e vir de Trinidad. Dá pra imaginar o estado das pobrezinhas. A parte seca das panquecas leva 3/4xic de farinha de trigo, 1/4xic de farinha de quinua, 1 colh (Sopa) de fermento, 1 pitada de canela e 1 pitada de sal. Parte liquida, 1 ovo, 3/4xic de leite e 1colh (sopa) de manteiga, derretida. Misture secos com molhados e junte 2 bananas bem amassadas, de preferencia já de casca bem marrom. As bananas nesse estado não estão estragadas. Apenas difíceis de comer. ;) Mas elas assim já começando a escurecer por dentro dão às panquecas um sabor caramelado delicioso, que combina bem com os tons terrosos da quinua.


Panquecas de trigo sarraceno

Quando você já não lembra mais se já publicou uma receita ou não... De qualquer forma, essa panqueca de trigo sarraceno vale um repeteco.  :) Numa tigela, 1/2xic de farinha branca, 1/2xic de farinha de sarraceno, 3/4 colh (sopa) fermento, 1/4 colh (Cha) de bicarbonato, 1 pitada de sal. Em outra, 1 ovo, 1 xic de iogurte natural, 1 colh (sopa) de óleo vegetal e outra de melado. Só misturar tudo e dourar em um fio de óleo em porções de 1/4xic.

Panquecas de sarraceno e pera

Panqueca de sarraceno e pera, adaptado do livro lindo da Kim boyce, good to the grain. Uma pera ralada, com seus sucos, um ovo, uma colher de manteiga derretida, 1/4 xic de farinha integral, 1/4 xic de farinha comum, 1/2 xic de farinha de sarraceno, 1 colh sopa rasa de fermento, 2 de açúcar e uma pitada de sal. Leite, começo com meia xícara e acrescento mais conforme a suculência da pera. Delícia absoluta.
German Puff Pancake

Fim de semana teve café da manha diferente: German puff pancake. Basta derreter 3 colh(sopa) de manteiga numa frigideira de 23cm, juntar 1 maçã grande em fatias finas, polvilhada com 1 colh (sopa) de açúcar mascavo, 1 colh (cha) de canela e um pouco de noz moscada. Cozinhe por dois minutos. Em uma tigela, bata 3 ovos, 3/4 xic de leite e 3/4 xic de farinha. Despeje sobre as maçãs e leve ao forno preaquecido a 190oC por 15-20 minutos, ate que esteja inflado e dourado nas laterais. Aí é só espremer umlimaozinho por cima, polvilhar açúcar e mandar ver. Delicioso. De um livro ótimo, mas comum titulo ridículo: yummy mummy.

Waffles com chocolate


Crêpes doces

Outra opção delicia para o café da manhã, principalmente no fim de semana, quando se tem mais tempo. Você prepara a massa dos crepes na noite anterior, deixa ela descansando na geladeira durante a noite, e cozinha de manhã. Só misturar 1 1/2xic de farinha, 1 pitada de açúcar e de sal, 2 ovos e cerca de 2 1/4 xic de leite, misturando ate ficar homogêneo e com consistência de creme de leite fresco, sem bater demais, para os crepes não ficarem borrachudos. Deixe descansar durante a noite na geladeira (isso hidrata e relaxa a farinha e melhora o resultado dos crepes) e no dia seguinte junte mais umas colheradas de leite, se a mistura tiver engrossado muito. Esquente um pouquinho de manteiga numa frigideira de 23cm e cozinhe porções de cerca de 1/3xic de massa, dos dois lados. Recheie como quiser. Eu comi com ricotta e mel. Marido e crianças preferiram apenas uma espremidinha de limão e açúcar de confeiteiro polvilhado por cima. Do lindo livro da Rachel Khoo, The Little Paris Kitchen.

Crepioca

É só misturar 1 ovo, 2 colheres de goma para tapioca, 2 colheres de ricotta ou cottage e uma pitada de sal. Levar à frigideira quente com um pouco de manteiga, coberta com tampa até que firme o bastante para virar com espátula e dourar do outro lado. Receita do meu treinador de Kettlebell, e eu sei que isso virou a comida fit da moda por um bom tempo, mas é uma delícia: parece um pão de queijo de frigideira. :D

Mingau de aveia básico

Eu não canso de postar mingau por aqui, pois é uma das minhas coisas favoritas no mundo. Meus filhos comeram mingau de tudo que é jeito na época em que estavam desmamando, e continuam gostando. Assim, aveia cozida em água com bananas, uvas passas, linhaça, papoula, sal e canela, e depois coberta de mais banana, um naco de manteiga, um nada de leite frio e adoçada com mel, é clássico dos clássicos aqui em casa.

Mingau de trigo sarraceno

Trigo sarraceno cozido em água por uns 10 minutos, junto com frutas secas picadas (no meu caso, Cranberries e damascos orgânicos, marronzinhos e com gosto de caramelo), canela em pau, extrato de baunilha, uma pitada de sal, um nadinha de semente de cardamomo e uma ralada de gengibre fresco. No potinho, acompanhado de um pouco de leite, melado de cana e figos frescos. Do livro Vegetarian Everyday, lá do blog Green Kitchen Stories. Bom dia.

Mingau de sarraceno, coco e chocolate

Mingau de sarraceno de novo. Desta vez batido com linhaça, cozido em leite de coco, água e açúcar baunilha do, e servido com nozes picadas, iogurte e gotas de chocolate.

Mingau de feijão azuki

Estranho comer feijão no café da manhã. Mas gostoso. Pra quem gosta de mingau que parece apenas naturalmente doce. Fãs de Sucrilhos, olhem para o lado. Cozinhe 90g de feijão azuki em 6xic de água até ficar macio, bata no liquidificador deixando um pouco pedaçudo, misture 1/4xic de açúcar, 1/4xic de farinha de arroz glutinoso e cozinhe até engrossar. Coma com passas e nozes picadas. Essa quantidade serviu um adulto e duas crianças curiosas. A receita original estava no Serious Eats:http://www.seriouseats.com/recipes/2010/01/seriously-asian-korean-red-bean-porridge.html

Mingau de aveia com marmelos

Nem só de banana e canela vive um mingau. Aveia em lâminas cozida em agua e leite, com marmelo poche e castanhas de baru picadinhas. Um pouquinho de iogurte natural por cima para arrematar. Marmelos poche feitos assim: http://www.lacucinetta.com.br/2010/05/compre-marmelos-compre-marmelos-compre.html

Iogurte com sarraceno e figos dourados

Figos dourados em quase nada de manteiga, iogurte caseiro, nozes picadas, trigo sarraceno e mel. Bom dia. :)


Iogurte com geleia de nectarina

Simples: um pouco de iogurte caseiro, uma colher de geleia de nectarina, gengibre e cardamomo. 900g nectarinas, descascadas e sem caroço, 3/4 xic açúcar orgânico, suco de um limão, 1 colh sopa gengibre fresco ralado, 4 bagas de cardamomo moídas no pilão. Cozinhar tudo ate dar o ponto quase como uma goiabada cremosa.


Iogurte, frutas e trigo sarraceno cru

Parece esquisito, mas o trigo sarraceno cru assim sobre frutas, iogurte e mel fica uma delícia, crocante como granola.

Suco de pepino, maçã e hortelã

Suco de pepino, maçã e hortelã, de um livro da Heloísa Bacelar que eu adoro, mas que seria ainda melhor com um índice remissivo. Suquinho acompanhou o iogurte com granola das crianças e foi para o lanche da escola. Me sentindo muito virtuosa hoje. 
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Tartine de Abacate e Grapefruit
 
Pão caseiro tostado, fatias de abacate, segmentos de grapefruit, sal e azeite. Estranho mas bom. O abacate cremoso e gorduroso contrasta com o amargor refrescante do grapefruit. Delícia. 


Tartine de morango e iogurte

Pão caseiro tostado, uma colherada de iogurte, morangos fatiados, menta fresca e um polvilhar de açúcar baunilhado. PERFEITO.

Granola

Às vezes gosto de tomar café da manhã mais tarde, com criança na escola e cachorro passeado. Fui dormir ontem à noite contente em saber que tinha iogurte e granola caseiros pro dia seguinte. Uso sempre uma receita da revista do Jamie Oliver. Misturo 2 colh (sopa) de algum óleo vegetal, 6 colh (sopa) mel, 300g de aveia laminada, e um punhado de quaisquer sementes e castanhas que houver em casa. Espalho numa assadeira e levo ao forno a 180oC por 15 minutos. Junto um punhado de frutas secas e asso por mais 10 minutos. Deixo esfriar e guardo num pote fechado. O da foto tem uvas passas, goji berries (também caí nesse conto), castanha de caju, linhaça e sementes de girassol e melão.
(Post republicado. Fui editar o outro e acabei excluindo sem querer. :P)

terça-feira, 6 de junho de 2017

Meu pão. E esse blog vai ficar mais interessante em três... dois... um...

Pão branco feito com a água do cozimento da batata.
 Há quem diga que a vida é como uma montanha-russa, com altos e baixos. O que mais há de semelhante entre uma e outra, é, na verdade, o fato de que você pega o embalo no começo e simplesmente vai, com aquele impulso inicial, até o fim dos trilhos. E quando se dá conta, o passeio acabou, e você passou mais tempo esperando alguma coisa acontecer do que de fato vivendo aquilo que tanto aguardou.

Eu não quero que minha vida seja uma montanha-russa.

Quando percebi que estava naquele embalo, indo em frente por inércia do impulso inicial, acionei o freio e saltei dos trilhos. Prefiro que minha vida seja uma trilha aberta no meio da mata, onde eu tenha a oportunidade de mudar de rumo quando bem entender, onde eu ainda possa me surpreender com o andar em frente.

Eu não quero saber como vai ser o resto de minha vida.

Eu quero uma aventura.

E por isso estamos embarcando em uma. Uma aventura que começou há dois anos, na verdade, quando decidimos que queríamos saber como era morar fora. Conhecemos tanta gente que fez isso, sempre quisemos, mas sempre nos vimos enrolados com a vida por aqui, no embalo da montanha-russa, sem oportunidade de sair.

Não vou entrar no mérito dos "porquês" ou dos "comos". Apenas estamos indo. Sem data definida ainda, mas indo. E daí que todo o desapego dos livros e das tralhas começa a fazer mais sentido na mente de quem lê esse blog. Começou com a pergunta dos livros para levar para uma ilha deserta, impulsionada por aquele desejo de vida simples que eu sempre tive, e terminou com nós de fato nos perguntando sobre quais livros cabem em duas malas de 32kg.

De repente faz sentido o motivo de ter escrito tão pouco aqui nos últimos dois anos. Sentei-me à frente do computador dezenas e dezenas de vezes querendo dividir uma receita e escrever, e, principalmente, desabafar. O texto vinha aos pedaços em minha mente, mas não se completava, não se concluía, e percebia que não eram aquelas palavras que eu queria ali, mas as que eu queria não podiam ser ainda escritas. O plano estava muito no começo, e por razões pessoais e profissionais, não podia ser ainda divulgado até termos mais certeza do andamento das coisas.

Dá-me um alívio imenso poder ser franca enfim. Lembra-me daquele período quando se está grávida e não se pode contar a ninguém, aquela ansiedade louca de dividir notícias e experiências, de poder conversar e aplacar a insegurança.

Quando saímos de São Paulo, escrevi sobre como eu tinha a sensação de que aquela mudança era apenas o primeiro passo para algo mais radical. Bem... palavras proféticas. Nada mais radical que mudar de país.

Foram dois anos tensos. De muito planejamento, muita expectativa, muita frustração. Dois anos tentando explicar para a família e alguns amigos o que pretendíamos fazer e nem sempre sendo compreendidos. Dois anos de pequenas mortes, a cada venda de algo que nos era muito querido, e que fazia parte daquela eterna esperança de um futuro condicional e potencial de nós mesmos. A cada vez que nos dávamos conta de que eu jamais terminaria meu curso de pintura realista e que Allex não teria mais uma banda. Foram dois anos intensos, de muita conversa, muito choro por todos os rompimentos, todas as quebras de expectativas, todas as mudanças internas que precisamos operar em nós mesmos para seguir em frente.

A incerteza foi complicada. Foi complicado com as crianças, ainda sem tanta noção de passagem do tempo, ansiosas para ir logo mas também com medo. Foi complicado para nós: e se eu vender minha batedeira e meu cavalete de pintura e os planos não derem certo? Foi complicado até em termos práticos, quando queríamos trocar as mini-camas das crianças por camas maiores e não podíamos - gastar dinheiro com móveis que não levaríamos conosco não parecia prudente.

Entretanto, cada camiseta que estragava era uma coisa a menos a ir na mala. Cada xícara que quebrava era um objeto a menos com o qual lidar. Isso foi nos dando um certo desprendimento divertido, em não se preocupar tanto em comprar ou substituir, em aprender a se virar com menos. Putz, o liquidificador quebrou. Ótimo. Menos uma coisa. Usa o processador no lugar e boa noite. E pensar naquilo que de fato precisamos quando estamos sozinhos num lugar sem panela nem saca-rolhas foi ótimo para essa empreitada rumo a uma vida mais simplificada. De quantas tigelas eu preciso de fato? Consigo me virar só com meus dois panelões coloridos? Qual foi a última vez que usei minha caixa de lápis Caran d´Ache? Pra quê diabos a gente tem uma mesa na cozinha e outra de jantar? o_O

Todos os posts introspectivos que soam como uma reestruturação mental e comportamental dos últimos tempos não foram à toa não. Espero que as peças do quebra-cabeça da minha insanidade estejam se encaixando para vocês agora.  

Mas esses também foram dois anos de muita esperança, otimismo e empolgação, com as epifanias que nos trouxeram mais qualidade de vida e mais amor em casa, e principalmente nos últimos meses, quando as coisas começaram a de fato vingar. É triste se desvencilhar de algo que acreditávamos que nos definia, seja um objeto, um hábito ou um relacionamento; mas ao mesmo tempo isso nos torna leves, como se abríssemos espaço em nós para coisas completamente novas e empolgantes, coisas, hábitos e pessoas que de fato sejam de valor, que nos ajudem a crescer, que nos envolvam em amor e respeito.

Pensando nisso, coloquei firme para mim uma meta de não deixar nada para trás. Se é para dar um passo em direção ao desconhecido abismo, que eu vá leve o bastante para flutuar até alcançar o chão lá na frente outra vez. Quando amigos meus foram morar fora e dividiram comigo sua preocupação com o que fazer com suas coisas, eu sempre fui a primeira a dizer que eles poderiam deixar caixas para trás para pegar depois. Mas agora que chegou minha vez, acho que esse não foi um bom conselho. E eu olho para tudo o que eu tenho, que é menos do que eu achava, mas mais do que eu gostaria, e me pergunto: vou precisar disso agora? Tipo... agora, agora mesmo? Eu realmente PRECISO de um rolo de monotipia AGORA? Do que eu preciso para continuar trabalhando assim que pular do avião? Meus pincéis, minhas tintas básicas de aquarela, um lápis, um caderno. Só.

Também é uma questão prática. Não dá pra chegar num aeroporto com oito malas, duas crianças e uma gaiola gigante com um cachorro de 26kg. Há só dois adultos para empurrar carrinhos e segurar mão de filho.

Estamos vendendo tudo. E o que não for vendido a tempo será doado para alguma instituição. Isso inclui desde os Silpats que uso pra fazer biscoitos, o meu cesto de fermentar pão, meu material de arte, até minha batedeira e minhas obras. Meus desenhos e pinturas não poderão ser todos levados. Até consigo levar as aquarelas pequenas, mas as telas, aquilo que está emoldurado e as obras maiores... PRECISAM ser vendidas. A partir de hoje, se você quiser uma pechincha, fique de olho no meu Instagram (@anaelisagg) que vou anunciar uma obra por dia a preço de banana. Ou veja a loja> http://anaelisagg.iluria.com/ Se você tinha vontade de ter uma pintura minha mas sempre achou caro, essa é a oportunidade.

Estou avisando dessa venda massiva aqui, no Instagram, aos amigos, aos colegas de trabalho, anunciando no Mercado Livre... todos os canais possíveis. Sempre prefiro vender as coisas de cozinha aqui, no entanto, pois sei que vocês darão bons lares às minhas coisinhas queridas.

Essa parte é a que me dá mais medo. Porque o que restou aqui em casa é aquilo que eu realmente uso. Como minha máquina de waffle (waffle iron). Laura ficou em choque quando viu o danado na mesa para ser vendido. o_O Meus filhos vão sentir tanta falta, que eu sei que preciso preparar uma quantidade brutal de waffles e meter no freezer para quando eles quiserem waffles até o dia de vender a geladeira. Ou minha batedeira. Vai ser muito estranho passar nem que seja uma semana sem ela, depois de tantos anos.

É fácil pensar em continuar a vida até o embarque sem um criado-mudo, sem TV ou até sem sofá. Mas quando a coisa mexe com minha cozinha, com aquelas coisinhas que fazem parte do meu dia-a-dia, como o processador, a cafeteira, a forma de bolo... a coisa pega. Estou respirando fundo e ligando no volume máximo meu Super Master Adaptômetro Simplificador 2.0. E tentando imaginar como vai ser minha cozinha do dia-a-dia sem essas coisas às quais me habituei.

Confesso que dá uma preguiça. Vontade de deixar tudo aí até o último dia e decidir na hora o que faço com tudo. Mas sei que isso não é nem prudente nem inteligente. E que, no fim das contas, é uma experiência que vai me ajudar a só recomprar para a casa nova aquilo que for de fato necessário e útil.

Quer vida simples? Aê, vamos voltar a bater clara em neve no muque.

Enquanto tiver o forno, no entanto, meu forno velho e capenga que não serve pra mais nada a não ser doação para um ferro-velho, ainda consigo fazer pão. Sovando a mão, medindo no olho, sem batedeira e sem balança. Isso eu sei fazer.

E me lembro do primeiro pãozinho que fiz na vida, o primeiro aqui do blog, e fui relembrando cada um deles enquanto criava um índice de receitas, finalmente. (Vocês notaram? Lá em cima no blog? Estou finalmente montando um índice de receitas.Vai demorar para ficar pronto, que é um trabalho do cão, mas estou fazendo.) Meu deus, quanto pão diferente eu já fiz! :) Quando eu digo que tudo o que se precisa na vida é prática... Está aí a prova.

E para começar essa que vai ser uma nova fase no blog, pois assunto aqui é o que não vai faltar daqui pra frente... aqui vai meu pãozinho, cuja receita já dei em outros formatos específicos antes por aqui, mas que nunca havia sido descrito assim como um guia para inventar o SEU pão. Porque um dos motivos pelos quais mandei embora TODOS os meus livros de panificação é que percebi que faço sempre o meu, infinitas variações dele, e que o que gosto é dessa experimentação, incorporar ingredientes inusitados, brincar com os tempos de fermentação. Também porque meu forno deixou de ser confiável e não doura mais os pães, asso todos na panela a não ser os pães de forma.

Eis.

Pão.

E para quem ficou curioso e ansioso por mais detalhes sobre a mudança, não se aflija. Tudo será revelado a seu tempo. ;)
Pão integral com purê de mandioquinha e leite.
MEU PÃO
(rende 2 pães médios, suficiente para uma família de 2 adultos e 2 crianças por 1 semana)

Ingredientes:
  • 1kg de farinha de trigo orgânica
  • 3  1/2 colh. (chá) de fermento biológico seco (aquele de envelope, mas que eu compro de pote, porque uso muito)
  • 3 colh. (chá) sal marinho
  • 1 colh. (sopa) mel, melado ou extrato de malte
  • 600-700ml de água, dependendo da absorção da farinha
Preparo:
  1. Dissolva o fermento em metade da água morna e o mel (ou melado ou extrato) e deixe descansar dez minutos.
  2. Quando espumar, junte toda a farinha e o sal, misture e vá acrescentando o restante da água, sovando na bancada ou na batedeira planetária até obter uma massa uniforme, macia, mas que ainda grude ligeiramente nos dedos.
  3. Enfarinhe a bancada ligeiramente sob a massa e molde uma bola, puxando as laterais para o centro até que sinta que a superfície da massa está bem firme e estirada. Coloque uma tigela grande untada com um fio de azeite, cubra com filme plástico e deixe fermentar até que dobre ou triplique de tamanho.
  4. Retire a massa da tigela, desinflando com as mãos, e divida a massa numa bancada ligeiramente enfarinhada em duas partes iguais. Molde como quiser (como bolas ou ovais), e coloque, de cabeça para baixo, em  tigelas forradas com um pano de linho enfarinhado ou cestos muito bem enfarinhados. (Funciona forrar travessas retangulares ou ovais com o pano de linho em polvilhar de farinha, para formatos diferentes. Apenas lembre-se que o pão fermentado tem que caber na panela.) Cubra com um pano e deixe fermentar até que dobrem de tamanho. Se você pressionar um dedo delicadamente, a massa deve voltar para o lugar devagar. Se voltar muito rápido, precisa fermentar um pouco mais. Se a marca permanecer, passou do ponto - se isso acontecer, desinfle, deixe a massa relaxar por dez minutos e molde novamente, para fermentar outra vez. até o ponto certo.
  5. Durante a segunda fermentação, ligue o forno no máximo. Quando estiver bem quente, coloque uma panela de ferro tampada no forno e deixe por meia hora.
  6. Quando a massa estiver fermentada, retire a panela com cuidado, retire a tampa, e vire o pão o mais delicadamente possível lá dentro, com cuidado para não se queimar.
  7. Com uma faca bem afiada, faça cortes na superfície da forma que achar mais bonito. Despeje uma colher de água em temperatura ambiente do lado da massa, dentro da panela, feche a tampa rapidamente e leve ao forno por 25-30 minutos. Essa colher de água vai produzir um pouco mais de vapor ali dentro e garantir uma casca fina e crocante.
  8. Depois desse tempo, retire a tampa com cuidado e deixe o pão assar destampado por 10 -15 minutos, até que esteja bem dourado e que produza um som oco quando bater embaixo com os nós dos dedos. Deixe o primeiro pão esfriar numa grade enquanto imediatamente repete o processo com o segundo pão.
Pão Multigrãos, com farinha branca, integral, centeio, sarraceno, teff e sementes de girassol e gergelim.
PÃES INTEGRAIS:
  • Você pode substituir qualquer quantidade da farinha branca por farinha integral orgânica. Nesse caso, provavelmente vai usar os 700ml de água, pois a farinha integral tende a absorver mais água. Se sua farinha tiver muitos pedacinhos de casca, você pode peneirá-la. Use as cascas para polvilhar a tigela junto com a farinha branca onde a massa vai fermentar. Assim o pão fica mais leve (pois as cascas não rasgam o glúten nem furam as bolhas de ar do miolo) e ao mesmo tempo você consome os nutrientes das cascas, que ficarão sobre a casca do pão.
  • Você pode substituir até 50% do peso da farinha branca por farinhas integrais que contenham algum glúten ou até 30% por farinhas sem glúten. Mais do que isso, o pão tende a ficar muito pesado e com uma textura estranha.
  • Costumo fazer um multigrãos usando 30% farinha branca, 30% farinha de trigo integral, 20% farinha integral com pouco glúten (centeio e cevada, por exemplo) e 20% de quaisquer farinhas sem glúten que houver (sarraceno, painço, milho, teff, aveia...)

ACRESCENTE:
  • Você pode acrescentar até 1 1/2xic de sementes cruas ou tostadas, frutas secas, queijos, salames, legumes já cozidos e bem sequinhos (que não soltem água na massa), frutas que não soltem muita água na massa, cascas picadas de manga, de tomate, de cenoura... Você pode acrescentar os itens mais secos antes de sovar, e os mais úmidos antes da segunda fermentação. Você pode acrescentar coisas frescas antes da primeira fermentação, mas elas tendem a sumir mais na massa, pois o fermento vai se alimentar deles também.
  • Você pode acrescentar até uma xíc de qualquer purê que sobrou na geladeira durante a primeira sova (1/2 xíc para cada pão), como de batata, mandioquinha, mandioca, abóbora... se o purê estiver muito mole, observe a textura da massa ao juntar a água e não se exceda. A massa deve grudar um tiquinho mas ainda ser possível de sovar.
  • Sobrou mingau de aveia? Mesmo temperado com canela? Mesmo com banana? Junte até uma xícara desse mingau no pão durante a primeira sova ((1/2 xíc para cada pão). Ou mesmo aquela meia xícara de arroz que sobrou.
  • Você pode acrescentar até 3 colh (sopa) de manteiga ou azeite à massa.
Pão branco com um pouco de azeite. Esse da frente fermentei na travessa branca menor que está à venda, forrada com linhom e o pão saiu assim nesse retângulo gordinho, excelentes para tirar fatias para sanduíche.
A ÁGUA
  • Você pode trocar parte ou toda a água por leite, iogurte, leite vegetal ou água do cozimento de grãos, legumes ou tubérculos. Se usar água do cozimento de outro alimento, fique atento à quantidade de sal. Se a água estiver já bem salgada, reduza ou omita o sal da receita.
  • Misture metade água gelada com metade água fervendo, para obter a temperatura perfeita para o bom funcionamento do fermento.
  • Se o dia estiver frio, a 18oC, use água morna com o método acima ou água em temperatura ambiente para a fermentação ocorrer lentamente. A massa assim pode demorar mais de 3 horas para dobrar de tamanho. Não tem problema, isso desenvolve o sabor.
  • Se o dia estiver mais frio que isso ( e sua cozinha também), use água morna com o método acima e ligue o forno para aquecer a cozinha.
  • Se o dia estiver mais quente que 23oC, use água em temperatura ambiente.
  • Se o dia estiver esturricando, com temperaturas acima de 30oC, use metade água gelada, metade temperatura ambiente, ou só água gelada. Também pode valer a pena usar água morna com o método acima e deixar a massa fermentando na gaveta de legumes da geladeira, para que a temperatura fique mais estável durante a primeira fermentação.Ele pode demorar muitas horas para fermentar, mas vai desenvolver mais sabor, ao contrário de uma fermentação rápida demais.
AS TRALHAS...

Esta é a lista de tudo o que tenho à venda de cozinha e que me dá dor no coração mas não vou conseguir levar comigo. Caso se interesse por algo, por favor, mande-me um email COM SEU ENDEREÇO para lacucinetta@gmail.com. Leve em consideração que moro em Santana de Parnaíba e que os itens muito pesados ou muito grandes terão de ser retirados aqui, ter frete especial combinado, ou, se possível, retirados em São Paulo.
Se houver grande interesse por algum item, dou prioridade à ordem de chegada dos emails. Muito, muito obrigada! ^_^


 TRALHAS DE COZINHA
(só estão à venda os itens listados abaixo. Os que não estiverem listados, já foram vendidos.)


LIVROS

  R$35,00 + frete , cada um
  • FRANCES MAYES -In Tuscany (excelente estado)
R$25,00 + frete, cada um
  • MARC VEYRAT & GÉRARD GILBERT - La cuisine paysanne   (excelente - tamanho pocket, mas lindo, cheio de fotos)
  • THE MULTI-CULTURAL CUISINE OF TRINIDAD & TOBAGO & THE CARIBBEAN (novo)


MÓVEIS
(a quem se interessar, posso mandar fotos. Frete ou retirada a combinar.)
ESCRIVANINHA DE VIDRO E METAL TOKSTOK - R$150 + frete

MINI-MESA e MINI-CADEIRAS de madeira, com tampo que abre para guardar coisas, pintada de verde-limão. Sinais de uso intenso - R$80,00 + frete

MINI-BANCO DE PRAÇA de madeira, colorido, para crianças, bom estado - R$50,00 + frete
 
CAVALETE DE PINTURA TRIDENT, com sinais de uso -R$200,00 + frete

PRANCHETA DE DESENHO TRIDENT (100cm largura), sinais de uso intenso, forro com um corte acidental de estilete -R$150,00 + frete (acompanha banco de madeira











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