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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Microtortinhazinhas bonitinhas de cogumelos ou do que você quiser

E resolvi fazer meu bolo de aniversário [31 anos, para quem estiver curioso]. E resolvi que seria um bolo de chocolate com recheio e cobertura de marshmallow e uma "pintura" de chocolate ao leite. Receita de um livro que jamais me decepcionou.

No entanto, algo deu errado.

A receita citava o chocolate, mandava derretê-lo, mas não dizia quando incorporá-lo à massa. Sem pânico, tendo já feito muitos bolos, misturei-o à massa junto com o café, no final do processo. Bolos no forno, muitos minutos passados. Eles estão sequinhos, palitos saindo limpos, mas suas superfícies não estão tão firmes quanto a receita sugere. Estão fofos. Perigosamente fofos. Longe de mim reclamar de um bolo fofo, mas quando estamos pensando em camadas, pensamos em bolos firmes o bastante para suportarem a manipulação e empilhamento sem grandes problemas. Bem... problemas. Os bolos são tão fofos que ameaçam partirem-se ao meio quando tento levantá-los da grade para empilhá-los. Foi uma lambança movê-los sem maiores prejuízos.

Hora da cobertura. O marshmallow vai bem, lindo, branco e fofo. Mas a receita pede para batê-lo por 2-3 minutos para esfriá-lo até determinada temperatura. Tenho de ficar parando a batedeira para inserir o termômetro eletrônico e checar. Desastre: não se passaram 2 minutos e o marshmallow já está mais frio do que deveria. Corro para espalhá-lo no primeiro bolo. Tudo ok. Atrapalhada, posiciono o segundo bolo em cima do recheio. Começo a espalhar a cobertura. O bolo é macio demais. A espátula cheia de marshmallow quase frio e não tão cremoso começa a arrastar migalhas e verdadeiros pedacinhos de bolo junto, arruinando a alvura angelical que eu almejava e transformando o bolo num pequeno dálmata circular. Não consigo alisar a cobertura sem correr o risco de desmontar todo o bolo. Ele fica assim, rebarbento, pontilhado. Nhé.

Suspiro. Fazer o quê? Agora é deixá-lo secar umas duas horas para pincelar o chocolate ao leite. Passam-se duas horas e o marshmallow continua mole. Passam-se três. Quatro. Apanho o secador de cabelos e ligo o botão de ar frio para ver se resolve alguma coisa. Nada. O vento move a cobertura mas ela não resseca. Coloco o bolo na geladeira. E devagar, muito devagarinho, ele começa a secar. Mas não o suficiente. Não vai dar tempo. Apanho o pincel e o chocolate derretido e faço minha arte. Arte de criança de 3 anos, que pinta fora da linha. O chocolate claro, mal pincelado sobre uma cobertura branca, irregular e grudenta, faz o bolo parecer feito de neve suja. Manchas marrons pouco atraentes num solo branco mal acabado e pontilhado.

Feio. Muito feio. Nem fotografo. Vocês me matam se precisarem passar pelo que passei para provarem um bolo que ficou gostoso, mas não vale tanto esforço e stress.

No fim, olho minhas tortinhas. Lindas, perfeitas, simples. Diferentes do bolo. Receita tirada de um livro que ganhei na quinta-feira meio que de surpresa, de uma boa amiga da corrida, incrivelmente doce e gentil. As tortinhas foram tão fáceis de fazer que achei que não dariam certo. Vão grudar na forma. Nunca mais vou tirá-las daí. Não vão ficar gostosas. Mas ficaram tão boas que minha irmã, famigerada "detestadora" de cogumelos, comeu, gostou e repetiu.

Tão poucos ingredientes rendem uma fornada inteira de microtortinhas. Fica fácil e em conta fazer mais fornadas e servir as delicadezas numa festa, e elas têm carinha de comida de buffet, de cocktail party. Mas não foram bandejas prateadas que me vieram à mente. Meu cérebro, que anda muito focado em uma coisa e uma coisa apenas, imediatamente transportou as tortinhas para o futuro, para as festinhas infantis, e fiquei cogitando recheios que as outras crianças comeriam. [Por que afinal, sonho meu, meus filhos vão comer cogumelos; mas filho dos outros, já não sei não... ;) ]

Quando digo fácil, digo fácil mesmo. A massa fica pronta em instantes e você não precisa sequer abri-la com rolo. Basta separar em bolinhas e pressioná-las com os dedos diretamente na forma de minimuffins (ou forminhas pequenas de empada) sem sequer untar. Distribuir o recheio causa pânico. Você não acredita que seja o bastante. Mas milagrosamente aquelas poucas gotas de creme de ovo em volta dos cogumelos de fato infla, e as tortinhas saem lindas, douradas, recheadas, com um cheiro maravilhoso.

Se é para dividir algo com vocês, uma receita de aniversário, prefiro que seja algo que deu certo de primeira e que pretendo repetir à exaustão. Essas prometem virarem um clássico. :)


MICROTORTINHAS DE COGUMELOS
(do livro KitchenAid Best Loved Recipes)
Tempo de preparo: 5 minutos + 1 hora de descanso + 20 minutos de forno
Rendimento: 24 tortinhas

Ingredientes:
(massa)
  • 115g cream cheese
  • 3 colh. (sopa) manteiga em temperatura ambiente
  • 3/4 xic. + 1 colh. (chá) farinha de trigo
(recheio)
  • 250g cogumelos, picados grosseiramente
  • 1/2 xic. cebolinha picada
  • 1 ovo grande, orgânico
  • 1/4 xic. tomilho seco
  • 1/2 xic. queijo suiço ralado grosso (Gruyère, Ementhal, etc...)

Preparo:
  1. Coloque o cream cheese e 2 colh. (sopa) da manteiga na tigela da batedeira e bata em velocidade médio-baixa por 1 minuto. Pare, raspe com uma espátula e adicione 3/4 xic. da farinha. Reduza a velocidade para baixa e bata por 1 minuto, ou até que a massa esteja bem misturada. Forme uma bola, embrulhe em filme plástico e leve à geladeira por 1 hora. Enquanto isso, faça o recheio.
  2. Derreta a colher (sopa) restante de manteiga numa frigideira grande, em fogo médioo. Junte os cogumelos e a cebolinha. Tempere com sal e pimenta e cozinhe, mexendo de vez em quando, até que os cogumelos estejam macios, ligeiramente dourados e toda a água que eles liberarem tiver evaporado. Remova do fogo e deixe esfriar um pouco.
  3. Coloque o ovo, a colher (chá) restante de farinha e o tomilho na tigela da batedeira e bata em velocidade média por 30 segundos. Com uma colher, misture o queijo e os cogumelos.
  4. Pré-aqueça o forno a 190ºC. Retire a massa da geladeira e divida-a em 24 pedaços iguais. Pressione cada pedaço em uma cavidade da forma de minimuffins, formando cestinhas, e divida o recheio entre elas, com a ajuda de uma colherzinha de chá ou café. Asse por 15-20 minutos, até que o recheio tenha inflado e dourado. Desenforme imediatamente com a ajuda de uma colher e sirva morno. 

Obs: eu dobrei a receita para servir em casa, fazendo 48 tortinhas. Fiz toda a massa (o dobro) de uma vez, colocando para gelar apenas uma vez, e dividindo ao meio na hora de fazer as tortas. Metade da massa ficou na geladeira enquanto dividia e assava a primeira fornada. Assim que a forma esfriou (rapidamente), preparei a segunda fornada.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Salada de escarola, funcho, maçã verde e queijo coalho

Para que ninguém acredite que ando vivendo à base de bolo, pão e pudim, essa é uma de minhas novas saladas favoritas. Na hora do almoço, a não ser que esteja um frio de rachar nariz, nada me apetece mais do que uma salada. Um hábito que tinha na época em que morava com meus pais e que retornou com força na época da dieta. Só uma refeição leve impede meu cérebro de desligar completamente após o almoço e me permite trabalhar, tranquila porém alerta.

Trata-se de uma mistureba de outras várias saladas de escarola que já comi. Apenas algumas folhas de escarola rasgadinhas, um talo bonito de funcho fatiado fino, meia maçã verde picada grosseiramente, cebolinha, salsinha e estragão frescos picados, tudo temperado com azeite de oliva extra-virgem, um pouco de vinagre de sidra, sal e pimenta-do-reino. A graça fica por conta do bastão de queijo coalho, desses de churrasco, cortado em cubos e dourado em um fiozinho de azeite em uma frigideira bem quente, até que quase todos os lados dos cubos estejam bem dourados e ligeiramente crocantes.

Essa salada ficou tão boa, que a comi durante quase a semana toda, apenas acompanhada de um belo suco de laranja feito na hora. As laranjas orgânicas estão feias de dar dó, mas incrivelmente doces e suculentas, e apenas duas delas renderam mais de meio copo de suco. Mesmo completando o copo com água o suco continua denso e doce como se fosse apenas fruta. Felicidade total!

De sobremesa, jabuticabas. ;)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Um surpreendente bolo de aniversário de maçãs

"Você vai querer bolo de quê?", perguntei inocentemente à minha irmã, acreditando que ela seria como a maioria, que responde sem graça um "não sei, do que você quiser, por que se incomodar..."
"De maçãs", respondeu ela, na ponta da língua, como se tivesse pensado no assunto durante um ano inteiro.
"Maçã??? Mas bolo de maçã é de café da manhã, de chá, não de aniversário...", argumentei, ligeiramente decepcionada, pensando em toda a lista de bolos de chocolate, morangos e doce-de-leite que havia em meu repertório ainda não testado.
"Ah, mas eu quero. Você perguntou."

Bom... eu perguntei.

Corri para meu arsenal bibliográfico e me pus a procurar loucamente por um bolo, senão de maçãs, que pudesse ser adaptado para tal. E qual não foi minha surpresa ao me deparar com um bolo de aniversário de maçã justamente no livro da Magnolia Bakery??? Lá estava ele: Apple Cake with Butterscotch Cream Cheese Icing. Um bolo de dois andares, com recheio e cobertura, totalmente de aniversário, e de maçã.

Pensei com meus botões se gostaria de me arriscar de novo com esse livro em uma semana durante a qual eu não teria tempo de preparar um segundo bolo caso um desastre bolístico acontecesse. Afinal, aquele bolo de maçã para o chá ficara surpreendentemente bom, mas eu tivera bem minhas desavenças com o bendito livro. Um rápido "Google" no nome da receita me devolveu vários polegares para cima e comentários positivos, no entanto, pondo um fim à minha agonia. O que mais me atraiu na receita, além de ser exatamente o que eu procurava, era o fato de o bolo de maçã não levar canela e o de que a cobertura não era mais um gorduroso e excessivamente doce Buttercream, mas uma cobertura de cream cheese, que eu ainda não testara.

O bolo foi muito fácil de preparar e assou lindamente. A receita pedia por formas de 23cm, mas eu só tenho de 21 ou de 25cm, então optei pelas de 21cm, pois elas são bem altas, e o bolo teria para onde crescer. Bem... ele cresceu. As duas camadas inflaram uniformemente até a beiradinha da forma, e ficaram com cerca de 3 dedos gordinhos de altura cada uma.

A cobertura causou-me desconfiança num primeiro momento. Quando juntei o açúcar demerara ao creme de queijo e manteiga, imediatamente me arrependi. "Isso não vai dissolver nunca, vai ser meio quilo de cream cheese salgado pontilhado de marrom", pensei. Mas insisti. Bati por alguns minutos em velocidade média e vi os pontinhos crocantes de açúcar desaparecerem aos poucos no creme e tingirem-no de um suave tom caramelado. Experimentei. Estava uma delícia. Doce, salgado, azedinho.

Meu momento lambança foi na hora de montar o bolo. Posicionei a parte debaixo na minha gradinha redonda, mais fácil de girar na bancada, e pensei: "vou passar a cobertura na gradinha, para o excesso pingar na bancada, e depois, com o salva-bolos, vou transferir para o prato". Lindo na teoria. Espalhei o recheio, assentei a segunda camada de bolo e recobri de creme, deixando as laterais lisas e a parte de cima adoravelmente bagunçada. "Coisa linda", pensei. Apanhei o salva-bolos.

Problema 1: o bolo estava muito pesado, e eu não consegui deslizar o salva-bolos totalmente por baixo do bolo, porque eu me esquecera de calçá-lo com um disco de papelão. O salva-bolos começou a empurrar o bolo para fora da grade.
Problema 2: apanhei a grade e inclinei-a, na expectativa de que o bolo fosse deslizar inteiro para o restante do salva-bolos, mas o que aconteceu foi que a parte de baixo permaneceu inerte e foi a parte de cima que começou a deslizar.
Problema 3: nesse ponto, a cobertura lisinha já estava arruinada. Meti os dedos no bolo para alinhá-lo novamente e empurrei a parte debaixo para o salva-bolos, pensando em corrigir a cobertura uma vez que o bolo estivesse no prato.
Problema 4: O salva-bolos era maior que o prato, que batia em suas beiradas, deixando o bolo 5cm acima da superfície para onde deveria deslizar. E, claro, a parte de cima, apressadinha, quis deslizar primeiro. Tive de meter a mão de novo e fazer um serviço-lambança para colocar o bolo em um pedaço só no prato... e claro que ficou descentralizado.
Problema 5: alinha o bolo de novo, cata a espátula e tenta arrumar a cobertura, boa parte já molenga de toda a movimentação e se espalhando no prato. Volta 1 hora para a geladeira, até firmar de novo, para então corrigir a cobertura com a espátula.

Não me deixem começar a falar no trauma que foi embalar o bolo para levar à casa de minha irmã, uma vez que nenhuma redoma era alta o suficiente para cobri-lo sem arruinar o que fora consertado da cobertura.

O ponto positivo é: o bolo é uma delícia e fez muito sucesso. O bolo de maçã é surpreendentemente leve e suave, uma massa macia de baunilha pontilhada de maçãs. E a cobertura é doce e intrigante, sem ser enjoativa. Dois grandes e satisfeitos polegares para cima! É uma excelente opção de bolo de aniversário para quem cansou das opções tradicionais.

Ao sair da casa de minha irmã, ela me pediu para que viesse depois buscar um pedaço do bolo, pois ele era de fato enorme e talvez meus pais e ela não conseguissem comê-lo todo. No dia seguinte, no entanto, ele já estava pela metade. ;)

BOLO DE MAÇÃ COM COBERTURA DE CREAM CHEESE E "CARAMELO"
(do livro More From Magnolia, de Allysa Torey)
Tempo de preparo: 1h30 + 1h para esfriar + 20 min. para montar
Rendimento: 1 bolo grande de 2 camadas, de 21-23cm de diâmetro

Ingredientes:
  • 3 xic. farinha de trigo
  • 2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 1 xic. de manteiga sem sal em temperatura ambiente (cerca de 230g)
  • 2 xic. açúcar cristal orgânico
  • 5 ovos grandes, orgânicos, em temperatura ambiente
  • 1 xic. leite integral, em temperatura ambiente
  • 1 1/2 colh. (chá) essência de baunilha
  • 3 1/2 xic. maçãs ácidas descascadas e picadas grosseiramente (usei Granny Smith)
(cobertura)
  • 450g cream cheese, em temperatura ambiente
  • 6 colh. (sopa) manteiga sem sal, em temperatura ambiente
  • 1 xic. açúcar demerara orgânico, apertado na xícara
  • 2 colh. (sopa) xarope de glucose
  • 1 colh. (chá) essência de baunilha

Preparo:
  1. Pr´é-aqueça o forno a 160ºC. Unte e enfarinhe duas formas redondas de 23cm de diâmetro (ou de 21cm, se elas tiverem não menos que 5cm de altura), e então forre os fundos com papel-manteiga.
  2. Numa tigela, peneire a farinha, o sal e o fermento. Reserve. 
  3. Na batedeira, em velocidade média, bata a manteiga mole até que se torne um creme. Junte o açúcar gradualmente, e bata até que fique fofo, cerca de 3 minutos. 
  4. Junte os ovos, um por um, batendo até que o ovo esteja bem incorporado antes de acrescentar o próximo. Adicione os ingredientes secos em 3 partes, alterando com o leite e a baunilha, começando e terminando com os secos. Não bata em excesso, apenas até que tudo esteja incorporado. 
  5. Com uma espátula, raspe as laterais da tigela, tendo certeza de que tudo está bem misturado e junte as maçãs picadas.
  6. Divida a massa igualmente entre as formas, alisando a superfície com a espátula. Leve ao forno por 40-50 minutos, ou até que um palito inserido no meio dos bolos saia limpo. Retire do forno, coloque em uma grade e deixe esfriar ainda nas formas por 1 hora. Então desenforme, retire os papéis do fundo e deixe terminar de esfriar nas grades. 
  7. Enquanto isso, faça a cobertura. Na batedeira, em velocidade média, bata a manteiga e o cream cheese até que fique cremoso e homogêneo, cerca de 3 minutos. Junte o açúcar, o xarope e a baunilha e bata até que o açúcar tenha dissolvido totalmente (tenha paciência). Cubra e refrigere por 1 hora para que firme antes de usar. 
  8. Posicione a parte debaixo do bolo no prato. Espalhe uma camada do creme por cima, deixando 1cm de borda, e coloque a segunda camada, apertando um pouco para firmá-la. Espalhe a cobertura na parte de cima do bolo, em direção às beiradas, puxando o excesso com a espátula para as laterais, e espalhando o creme pelas laterais. Se o creme começar a ficar mole, volte tudo para a geladeira por alguns minutos até firmar de novo e continue depois. Depois de pronto, mantenha o bolo na geladeira, até a hora de servir. Cuidado com odores fortes na geladeira, pois o cream cheese os absorverá.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PADARIA DE DOMINGO (nem sei mais que número): Pão integral com painço e um sanduíche

Não consigo superar o som estranho do nome desse grão: painço. Pã-in-ço. O nome em inglês, millet, é tão mais delicado, tão mais condizente com esses pontinhos amarelos, saborosos e super nutritivos... Pensemos em "millet bread", se "pão de painço" não soar muito promissor. Porque independente do nome, esse é um pão a ser feito. Principalmente se você é fã de pães integrais com grãos macios no miolo e crocantes na casca, daqueles fofos porém densos, uma refeição em si mesmos. Um sanduíche feito com fatias desse pão não deve ser tomado levianamente, pois ele vai, de fato, preencher cada espacinho vazio de fome de seu corpo e deixá-lo satisfeito por um bom tempo.

 Quando seu pãozinho estiver pronto e tiver esfriado, corte duas fatias bonitonas dele, passe um pouquinho de manteiga em um lado de cada um e toste na frigideira quente, manteiga p/ baixo. Em uma das fatias, coloque queijo gruyère. Pegue a fatia vazia de volta, coloque no prato, passe um pouco de mostarda de Dijon, arranje fatias de maçã com casca e um punhado de agrião. Espirre um pouco de água na frigideira ainda com o pão com queijo e tampe, para que o vapor derreta o queijo. Termine de montar o sanduíche e nham! Coma quentinho. O sanduíche vem do esplêndido livro Vegetarian Cooking for Everyone, de Deborah Madison, mas o original era um sanduíche frio, com maionese ao invés de mostarda.

O pão também é da senhora Madison, mas de seu outro livro, The Greens Cookbook. Ambos altamente recomendados a todos os vegetarianos ou predominantemente vegetarianos como essa que vos fala, sendo que o primeiro é maior e de receitas de preparo mais simples, enquanto o The Greens é mais laborioso e não tem nenhuma foto (mas nunca me decepcionou).

PÃO INTEGRAL COM PAINÇO
(do livro The Greens Cookbook, de Deborah Madison)
Tempo de preparo: 3h30
Rendimento: 2 pães de forma

Ingredientes:
  • 2 xic. painço em grão
  • 1 1/4 xic. água quente, para deixar os grãos de molho
  • 2 colh. (sopa) fermento ativo seco (ou 3 quadrados de fermento fresco)
  • 2 xic. água morna
  • 2 colh. (sopa) mel
  • 1 xic. farinha de trigo orgânica
  • 6-7 xic. farinha de trigo integral
  • 3 colh. (sopa) óleo de milho (usei azeite)
  • 1 colh. (sopa) sal
  • 1 ovo + 1 colh. (sopa) leite ou água para pincelar

Preparo:
  1. Deixe o painço de molho na água quente (bem quente, mas não fervente, que deixaria o grão muito mole). 
  2. Dissolva o fermento na água morna, em uma tigela BEM grande. Misture o mel, a farinha branca e 1 1/2 xic. da farinha integral. Bata vigorosamente com uma colher até obter uma massa homogênea e bem líquida. Cubra com um pano e deixe fermentar até que dobre de tamanho, uns 40 minutos. 
  3. Passado esse tempo, misture o óleo, sal e painço, mais qualquer água que tenha restado na tigelinha dos grãos. Com uma espátula, incorpore a farinha integral, meia xícara por vez, girando a tigela como você faria ao misturar claras em neve a uma massa de bolo. Quando a massa estiver espessa demais para usar a espátula, despeje em uma bancada e sove, incorporando o restante da farinha apenas até que a massa pare de grudar em suas mãos.
  4. Quando a massa estiver mais elástica e macia, cerca de 5-8 minutos de sova, coloque em uma tigela bem grande, untada de óleo, e gire a massa para que ela fique untada. Cubra com um pano e deixe fermentar por 45 minutos, até que dobre de tamanho. Afunde o punho na massa e deixe que cresça mais uma vez, por 35 minutos.
  5. Divida a massa em 2 porções iguais, molde e coloque em duas formas de pão untadas. Deixe que cresçam por 25 minutos, até que dobrem de tamanho. Enquanto isso, pré-aqueça o forno a 180ºC. Pincele a superfície dos pães com ovo batido com leite ou água e leve ao forno por 50-60 minutos, até que estejam bem dourados em cima e dos lados. Na dúvida, tire-os da forma e bata os nós dos dedos na parte debaixo. Se o som for oco, estão prontos, senão, volte-os para o forno. Deixe que esfriem completamente antes de comê-los.

Mantenha-os em sacos bem fechados, para que conservem a maciez por até 1 semana. Eu fiz os dois e congelei um, já pronto e frio, para semanas apressadas.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Orecchiette e folhas de rabanete gratinadas

Rabanetes não estavam em minha lista de compras quando fui à feira. No entanto, eles estavam tão lindos, pequenos, redondos, de um rosa-choque exuberante, e sua folhagem estava tão fresca e verde, que não me aguentei. "Tiro as folhas?", perguntou o feirante. "De jeito nenhum!", respondi. Voltei para casa, separei os rabanetes da folhagem, guardando os primeiros num pote e lavando e secando a segunda.

As folhas do rabanetes são ligeiramente urticantes quando cruas, mas são deliciosas e valem a coceirinha na hora de lavá-las. Assim como as folhas de nabos e de beterrabas, elas ficam maravilhosas refogadas em alho e azeite, e podem substituir o espinafre ou outra verdura cozida em qualquer prato.

Neste caso, cozinhei 200g de orecchiette (mas poderia ser qualquer massa curta), e enquanto isso refoguei um belo maço de folhas de rabanete cortadas grosseiramente (com seus cabinhos) em um pouco de azeite, 2 dentes de alho fatiados fino, um pouco de sal e uma pitada de pimenta-calabresa, até murchar e o alho ficar dourado. Juntei uma colher de manteiga e acertei o tempero. Escorri a massa, e juntei-a às folhas, com 1/2 xic. de creme de leite fresco e um punhado generoso de parmesão ralado na hora. Coloquei numa travessa refratária untada com manteiga, cobri com mais um punhado de parmesão e um fio de azeite e levei ao forno a uns 205ºC até borbulhar e dourar (uns 15 minutos). Serve 3 pessoas com apetite normal ou 2 morrendo de fome.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pêras gratinadas com roquefort

É claro que ando me empolgando horrores com a variedade de maçãs e pêras disponível nessa época do ano. Apenas quando se tenta comer sazonalmente é que se percebe como durante todo o ano reinam as velhas maçãs Fuji e "Turma da Mônica" e, de repente, assim que o tempo esfria, pipocam as Gala, Oregon, Golden, Pink, Red, Granny Smith... O mesmo com as pêras. Por conta disso e de minha insaciável curiosidade, acabei comprando muito mais pêras e maçãs do que conseguiria consumir. Daí que já fiz pelo menos três tortas com diferentes misturas de maçãs, pêras e marmelos. Tenho comido marmelos pochées com iogurte de manhã, e as pêras e maçãs restantes acabam parte integrante do almoço e do jantar, em forma de sanduíche de pêra e taleggio, saladas, couscous com maçãs ao curry, e outras gostosuras mais.

Esta delícia saiu, como quase tudo o que tenho feito de salgado ultimamente, da revista francesa Saveurs. Se você entende francês, está aí uma revista excelente. Depois que você se acostuma com algumas medidas padrão francesas como "1 iogurte" ou "1 envelope de fermento químico" [resolvido com uma busca rápida na internet, para descobrir que se trata de 125g de iogurte e 11g de fermento], e depois que se habitua a substituir determinados queijos que não se encontra por aqui, a revista é lindíssima e incrivelmente útil para uma cozinha do dia-a-dia com um toquezinho sofisticado.

Corte uma pêra por pessoa ao meio (descasque se quiser) e retire o miolo. Coloque as metades com a parte cortada virada para cima em um refratário ou assadeira. Em uma tigelinha, misture (por pessoa) cerca de 50g de gorgonzola ou roquefort esmigalhado, 1/2 colh. (sopa) vinagre balsâmico, 1/2 colh. (sopa) sementes de gergelim e 1/2 colh. (sopa) uvas passas (claras ou escuras). Distribua a mistura nas cavidades da pêra, tempere com 1 colh. (chá) óleo de nozes para cada 2 metades de pêra, pimenta-do-reino moída na hora e leve ao forno a 180ºC por 15 minutos ou sob o grill aceso, até que o queijo esteja derretido. Sirva com uma salada e use os sucos que ficarem na assadeira para temperá-la. No meu caso, rasguei algumas folhas de radicchio e de almeirão pão-de-açúcar, cujas folhas mais internas têm a cor da endívia, mas um amargor muito suave e delicioso.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Uma vitória e Flan de Abóbora e Gorgonzola


Ninguém mais aguenta eu falando que meu marido não gosta de abóbora, mas eu preparo pratos com ela mesmo assim. Certo? Bom, prometo que essa é a última vez. Principalmente depois do seguinte diálogo, ocorrido no último mês.

O marido chega em casa do trabalho. Deixa o capacete num canto, acalma o cachorro pulando enlouquecidamente em cima dele, tira a jaqueta da moto e vem me dar um beijo de olá.

"Você ficaria orgulhosa de mim hoje!", diz ele. Olho desconfiada.
"Por quê?"
"Você não sabe o que eu comi hoje no almoço."
"Ahn..."
"A gente foi num restaurante meio natureba, meio bistrô, muito bom, com uma comida assim, bem no seu estilo."
"Ahn-rãn..."
"Pedi um soufflé de abóbora."
Pensei ter ouvido errado. Limpei a orelha com o dedo.
"Um soufflé do quê??"
"Um soufflé de abóbora."
"De propósito?"
"É."
"Não era desafio?"
"Não."
"Você viu no cardápio e escolheu? Abóbora? Dentre todo o resto você escolheu, voluntariamente, abóbora???"
"Sim."

É ou não é a melhor vitória do mundo? Para comemorar, esse flan de abóbora, gorgonzola e, pasme, nozes (outra nêmesis do Allex), que ele repetiu e adorou.

[Volto com posts apenas depois do feriado! New York, aqui vou eu! :D]


FLAN DE ABÓBORA, GORGONZOLA E NOZES
(da revista Saveurs)
Tempo de preparo: 45-60 minutos
Rendimento: 6 porções

Ingredientes:
  • 1 abóbora de cerca de 600g
  • 3 ovos inteiros + 3 gemas
  • 100g gorgonzola
  • 100ml creme de leite fresco
  • 6 nozes
  • 30g manteiga sem sal
  • 2 pitadas de noz moscada ralada na hora
  • sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto

Preparo:
  1. Descasque, retire as sementes e corte a abóbora em pedaços pequenos. (Não jogue fora a casca e as sementes: use as cascas no caldo de legumes e toste as sementes no forno, com sal e azeite para um aperitivo.) Cozinhe a abóbora no vapor por 15 minutos, ou até que esteja macia ao ser espetada por um garfo. Passe num passa-verdura ou num amassador de batatas, transformando em purê.
  2. Coloque o purê numa frigideira larga e leve ao fogo baixo, mexendo de vez em quando, até que toda ou quase toda a água tenha evaporado. Deixe esfriar.
  3. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte 6 ramequins com manteiga e coloque em uma assadeira de bordas altas. 
  4. Doure as nozes numa frigideira e pique grosseiramente. Reserve. 
  5. Bata os ovos, as gemas e o creme de leite com um fouet ou um garfo. Junte a noz moscada, o purê de abóbora e misture bem até ficar homogêneo. Se houver fibras da abóbora aparentes no creme, não se importe. Tempere com sal e pimenta e misture o gorgonzola esmigalhado, mantendo o queijo em pedaços no creme. 
  6. Distribua entre os ramequins. Polvilhe as nozes por cima. Preencha a assadeira com água fervente até metade da altura dos ramequins e com cuidado leve ao forno, por cerca de 25 minutos, ou até que os flans estejam ligeiramente dourados. Retire do forno com cuidado. Sirva quente ou em temperatura ambiente, acompanhado de uma salada. 

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Um almoço cor-de-vinho: salada de beterraba, radicchio e queijo de cabra

Microférias chegando, bons trabalhos entrando, o que estava errado sendo consertado, e eu de bom humor, nesse lindo dia de maio, de céu azul e frio. É sempre quando estou assim contente que me dá mais vontade de comer saladas. Mesmo quando o clima pede algo quente e reconfortante. Deixo o quente e reconfortante para a noite, quando o marido chega ou quando o espírito é que precisa de conforto. Enquanto isso, fico feliz por ter entrado em uma blusa que não me servia há oito anos. Alegrias de menina.

Adaptada do livro Local Flavors, de Deborah Madison, esse é meu tipo de prato, perfeitamente equilibrado: beterrabas doces e macias, radicchio amargo e crocante e queijo de cabra salgado e ligeiramente ácido, meu favorito.

É difícil falar em precisão, aqui, pois depende do tamanho das beterrabas. Cozinhei duas pequenas, do tamanho de figos, no vapor, por 20 minutos, até que ficassem macias. Descasquei-as e piquei-as em quadradinhos miúdos. Enquanto cozinhavam, deixei de molho em uma colherada de vinagre branco e um pouco de sal, umas 2 colh. (sopa) de cebola roxa picada. Juntei a cebola e seu vinagre à beterraba, acertei sal, pimenta e juntei um punhado de salsinha. Espalhei essa mistura sobre folhas de radicchio (você pode fatiá-lo fino e misturá-lo à beterraba, como o livro sugere), espalhei por cima flocos de queijo de cabra macio e temperei com um fio de azeite.

Nham!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Potinhos de cheesecake de chocolate

Quando você coloca um lindo prato com um enorme e redondo cheesecake na frente de seres humanos normais, a reação é sempre mais ou menos a mesma... Os olhos crescem, normalmente maiores que a barriga. Vem aquela vontade imensa de comer o cheesecake inteiro, você saliva de antecipação, e corta um pedaço digno de um morto de fome, imenso, pesado na espátula de servir. A fatia-monstro tomba no prato com um ruído surdo e ligeiramente úmido, e lá vai você para a primeira garfada. Hmmmm... tão bom. Segunda garfada. Hmmm... gostoso... Terceira garfada. Doce, né? Quarta garfada. Você sente aquela tristeza se instalando. Percebe que o queijo vem por último na refeição para dar saciedade, e quando misturado a ovos, açúcar, creme de leite bem gordo e chocolate, essa saciedade vem bem antes do que você imaginava. Mas lá está a fatia-monstro, ainda sequer na metade, e você é educado demais para voltar um pedaço para a travessa do anfitrião. Bate um desespero empapuçado, e você está certo de que o cafezinho que virá depois o fará, enfim, explodir.

Por isso, achei fantástica a oportunidade de produzir cheesecakes individuais. Assim, pequerruchos. O potinho da foto é de exatos 150ml, transbordando. Assim, sobre um pires, servido com colherinha de café, parece fruto de muquiranice de anfitrião. Mas é a porção ideal de cheesecake para um ser humano que não queira ser empurrado rolando para fora da mesa. Por ser pequeno, comporta até mesmo uma colherada de chantilly feito na hora e algumas raspinhas de chocolate. E como a receita faz oito unidades, quem tiver síndrome de avestruz pode sempre comer mais um.

Esses pequenos cheesecakes são muito fáceis, e não requerem ingredientes em temperatura ambiente, pois levam mascarpone no lugar de cream cheese. Também são rápidos de serem feitos, pois as porções pequenas cozinham e esfriam rápido, podendo ir logo para a geladeira, onde podem esperar pelo dia da comilança por até 2 dias. Foram a porção perfeita de algo doce e reconfortante depois de um jantar substancial.

POTINHOS DE CHEESECAKES DE CHOCOLATE
(do livro Sticky, Chewy, Messy, Gooey, de Jill O' Connor)
Tempo de preparo: 40-50 minutos + 4 horas de geladeira
Rendimento: 8 porções


Ingredientes:
  • 1 xic. creme de leite fresco
  • 115g chocolate meio amargo (54-60%), picado
  • 225g queijo tipo mascarpone
  • 1/4 xic. açúcar cristal orgânico
  • 3 ovos grandes, orgânicos
  • 1 colh. (chá) de essência de baunilha
  • 1 pitada de sal
  • 1 colh. (sopa) rum escuro, conhaque ou Grand Marnier
  • Chantilly feito na hora para guarnecer
  • Raspas de chocolate para decorar

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 160ºC. Numa panela, aqueça o creme até quase a fervura. Remova do fogo e misture o chocolate picado, mexendo com uma colher de pau até que fique homogêneo. Deixe esfriar até temperatura ambiente.
  2. Numa tigela grande, bata com um fouet (batedor de arame) o queijo mascarpone e o açúcar, até ficar homogêneo. Adicione os ovos, um por um, misturando bem a cada adição. Adicione a baunilha, o sal e o rum e bata até ficar homogêneo.
  3. Despeje o chocolate sobre o queijo e misture bem.
  4. Posicione 8 potinhos refratários com capacidade para 150ml em uma assadeira de uns 23x33cm. Divida a mistura entre os potinhos, até quase a boca (deixe 1mm, para que o papel alumínio depois não grude na superfície dos cheesecakes). Coloque a assadeira no forno e, cuidadosamente, despeje água fervente na assadeira, suficiente para cobrir metade da altura dos potinhos. Cubra com papel alumínio, feche o forno e asse por 30-40 minutos. Aos 30 minutos, dê uma olhadinha: a consistência deve ser cremosa, mas não líquida, balançando um pouco como gelatina. Se estiver pronto, retire cuidadosamente os potinhos da água e os coloque em uma grade para esfriarem até temperatura ambiente. Os cheesecakes firmam depois de esfriarem.
  5. Cubra os potes com filme plástico e leve à geladeira por no mínimo 4 horas e até 2 dias. Na hora de servir, cubra com chantilly (bata 1 xic. de creme de leite fresco, 1 colh. (sopa) açúcar e algumas gotas de essência de baunilha até formar picos suaves) e raspas de chocolate.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Sanduíche de pêras e Taleggio, meu novo favorito

Estou tentando me lembrar de qual foi a última vez em que coloquei um sanduíche aqui. Uh! É mesmo... acho que é a primeira vez! (Ou será que não??) Noutro dia me perguntaram sobre comer porcarias. Ainda que eu ache que muitos sanduíches por aí sejam pura porcaria, é maldade execrar toda uma classe. Eu adoro sanduíches. Principalmente durante ressacas, quando só o que meu corpo parece suportar é atum e azeite no meio de uma ciabatta imensa. E essas são as minhas "porcarias".

Num dia sem inspiração para usar a única berinjela abandonada na gaveta vazia de legumes, olhei para a ciabatta na bancada e para as pêras maduras e me lembrei de relance de uma receita que vira no livro da Giada di Laurentiis. Um sanduíche de pêra e queijo Taleggio.

Este, assim como o sanduíche de legumes grelhados e mozzarella, ou o de abacate, mozzarella e tomates, é a comprovação da preguiça imensa que as lanchonetes por aí têm de criar um sanduíche vegetariano decente.

Abra sua ciabatta, derrame sobre seu miolo macio um fio de azeite e grelhe na frigideira quente até que esteja douradinho. Na metade inferior, coloque queijo Taleggio (sem a casca, que é meio indigesta) e fatias de pêra, tantas quantas caibam no sanduíche. Tempere com uma colherinha do mel de sua preferência, sal e pimenta-do-reino moída na hora e um fio de azeite. Feche o sanduíche, pressionando-o. Respingue um pouquinho de água na frigideira e tampe rápido, para que o vapor derreta o queijo rapidamente. Sirva e babe.

Tão, tão bom. Ontem experimentei com queijo de cabra, que fica completamente diferente, mas igualmente fantástico. :)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Capuns: parece onomatopéia mas não é

Quando vi essa receita na revista La Cucina Italiana, fiquei louca. Coisinhas gostosas, recheadas com outras coisinhas gostosas, cobertas de queijo derretido. Nham! E o nome, então? Como se alguma coisa despencasse na sua frente: CAPUNS!!!

Capuns é um prato ítalo-suíço, até onde eu sei, da região de Grigioni, e lá são feitos também com um tipo de carne seca bovina regional, omitida pela receita da revista. Devem ficar ótimos acompanhando uma carne, ainda que eu tenha servido apenas com uma saladinha de tomate, uma vez que os capuns já são bem substanciais por si sós.

As fotos da revista confirmaram uma suspeita antiga minha: de que a bietola italiana, que é frequentemente traduzida como "acelga", não é nossa acelga verde-clara e bojuda, com jeitinho de repolho, mas sim é mais próxima do que nós chamamos de couve-chinesa ou acelga-chinesa (que ao que parece também é o tal Chard, em inglês): aquela mais esguia, de folhas largas e escuras como nossa couve de feijoada, e de talos brancos e largos, unidos numa base arredondada e bonita. Faz sentido para mim, uma vez que essa couve/acelga chinesa é mais saborosa e amarga e combina mais com as receitas italianas do que nossa acelga grandalhona, que parece mais adepta das saladas. Aliás, também descobri recentemente que essa nossa acelga clarinha e grandona é o tal do Nappa Cabbage, e é o que se usa para preparar o coreano kimchi (que é uma delícia!). Aaaah! Muita informação de uma vez! :P

Mas é esse tipo de coisa que acaba me enlouquecendo em muitos livros de culinária traduzidos para o português. Vê-se logo que o tradutor não se deu ao trabalho de verificar essas pequenas mas cruciais diferenças. Imagine preparar uma torta di bietola usando a acelga repolhuda ao invés da couve chinesa. Totalmente outro prato, não é? E no entanto, lá está, bietola sempre traduzida como acelga, nappa cabbage traduzido como repolho branco, double cream virando creme duplo (no livro do Gordon Ramsay! "Creme duplo" nem é um termo, até onde eu sei!), e por aí vai. Imagino o quanto isso não deve atrapalhar quem não lê inglês e só pode cozinhar a partir de livros em português. É uma falta de cuidado que não dá para entender. Boas receitas podem ir para o vinagre por erros de tradução... Por isso acabo preferindo ter os livros no original e ter o trabalho de eu mesma traduzir, adaptar, buscar substituições nacionais. É mais garantido. Sei que EU, pelo menos, vou fazê-lo com atenção.

Bom... Lá vou eu me exaltando de novo.

Capuns.

Faça-os.

São uma delícia. De verdade. Fiquei tão obcecada pela receita, que quando vi que era necessário pão integral amanhecido, preparei uma fornada de pão integral e deixei um pedaço exposto na bancada de propósito, só para poder preparar os danados dos capuns. Com caldo caseiro, então... ficou ótimo. O caldo desse mês levou a água de cozimento dos feijões azuki, que eu havia congelado, o que lhe conferiu um gosto forte e encorpado, delicioso. Faça isso: sempre congele a água de cozimento dos feijões e a use para seus caldos de legumes! Tão bom... e nenhum nutriente se perde! :)

Você não precisa fazer seu próprio caldo e seu próprio pão para os capuns. Só lhes peço que não usem aquele pão de forma integral sem gosto, de saquinho. Usem um bom pão rústico, pois sendo ele o recheio, é prioritário que seja saboroso e tenha textura. Pode ser de centeio, também. Sem contar que, fenômeno que nunca entenderei, pão de forma de saquinho não amanhece... Bizarro... Faz-me lembrar do Michael Pollan dizendo "não coma nada que não apodreça". ;)

OBS: Mais uma vez, me sinto na obrigação de agradecer pelo carinho e compreensão que recebo da maioria de vocês. Tanto, que algumas estranhas grosserias surgidas de repente e sem propósito me enervam mas não me desestimulam a continuar por aqui, pois me prendo mais ao respeito e amizade de quase todos vocês. Grazie mille!

CAPUNS
(da revista La Cucina Italiana)
Tempo de preparo: 1 hora
Rendimento: 4 porções (a foto mostra meia receita)


Ingredientes:
  • 300g caldo de legumes (uns 300ml, mais ou menos)
  • 200g pão integral amanhecido, moído no processador ou liquidificador em pedacinhos menores
  • 80g queijo Emental
  • 50g manteiga + um pouco p/ untar a forma
  • 12 folhas grandes e sem rasgos de couve chinesa
  • 2 ovos
  • 1 cebola grande, picada
  • manjerona
  • sal e pimenta-do-reino a gosto

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 200ºC e unte uma travessa refratária média com manteiga.
  2. Leve água salgada a ferver. Corte fora os talos brancos e duros das folhas que se destaquem para fora da folha (não jogue fora: use numa fritatta depois, ou no caldo de legumes). Mergulhe as folhas na água fervente com cuidado, poucas de cada vez, deixando por 1 minuto e retirando. Deixe-as secas abertas sobre um pano de prato.
  3. Derreta a manteiga em uma frigideira grande. Refogue a cebola picada até que amoleça e junte o pão moído. Cozinhe, mexendo sempre, por uns 5 minutos, até que o pão esteja ligeiramente dourado e aromático. Deixe esfriar.
  4. Em uma tigela, bata os ovos ligeiramente com algumas pitadas de manjerona, sal e pimenta. Quando o pão estiver frio, junte-o aos ovos e a 3/4 do queijo ralado. Misture bem. O pão absorverá toda a umidade.
  5. Coloque uma folha aberta à sua frente. Coloque uma colherada generosa do recheio de pão no centro da folha. Dobre as laterais por sobre o recheio. Dobre a parte inferior sobre o recheio e, aproveitando o movimento, termine de enrolar com cuidado o capun. Repita com os outros onze e os arranje na travessa untada.
  6. Despeje o caldo (frio ou morno) sobre os capuns e polvilhe com o restante do queijo. Leve ao forno por 20 minutos, ou até que o queijo esteja derretido e dourado (eu poderia ter deixado dourar mais, mas estava morrendo de fome! hehehe...). Sirva imediatamente, 3 capuns por pessoa.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Pizza alle melanzane para férias que não chegam nunca

Preciso de férias. E já em meados de novembro, acredito que muita gente também precise. Eu particularmente anseio pelas férias entre Natal e Ano-Novo, férias coletivas de muita gente, principalmente clientes, pois, a não ser que eu DECLARE férias e suma de casa por um período pré-determinado, é simplesmente impossível relaxar.

E eu tentei. Noutro dia mesmo, sol de rachar, trabalhos entregues, achei que bem que podia apanhar minhas coisinhas e ir para a piscina do clube. Assim, meia horinha, ninguém vai sentir minha falta. O protetor solar mal secara nos meus ombros, e o celular já estava tocando. "Oi, aquele trabalho que era para semana que vem, pode ser para hoje?"

Pode, pode.

Ficar em casa, então, nem pensar. Computador ligado é sinônimo de estresse. Ou você se estressa porque chegou email de cliente ou porque não chegou. É só decidir se dar dez minutos para sentar a busanfa no sofá e terminar o capítulo do livro, que pimba! aquele trabalho encalhado há meses volta com a força toda. E ainda tem toda a canseira mental de pensar que aquele cliente que tentou entrar em contato com você durante suas auto-declaradas férias pode nunca mais chamá-lo para nada. Bem diferente de sair com férias pagas e saber que seu emprego continua ali esperando por você.

Ok, chega de reclamar. Meu ponto é que, para quem trabalha por conta, principalmente em casa, ou você sai do país, ou aproveita as férias coletivas dos seus clientes.

E conforme a quantidade de trabalho vai diminuindo nessa época, minha mente vai ficando mais ansiosa pelo ritmo de férias. Ontem foi um dia em que não consegui parar de pensar na santa tríade piscina-cerveja-cochilo. Talvez por isso tenha tido tanta vontade de cozinhar algo mais informal, mais divertido. Toda vez que decido preparar pizza, no entanto, é a mesma história: a vontade bate meia hora antes do jantar, e já não dá tempo de preparar a maravilhosa massa de 24 horas, e vai a de 15 minutos mesmo.

Sem problemas. Coloquei o granito na grade inferior do forno e, enquanto ele aquecia no máximo, preparei a berinjela. [Como sempre tem um perdido me mandando email, vá numa marmoraria e peça para cortarem um pedaço de granito do tamanho do seu forno, com 2cm de espessura. Pronto: pedra de forno. Todos os meus outros "equipamentos" estão no FAQ.] Coloquei a grelha no fogo e deixei que soltasse fumaça de tão quente. [Vai, coloca na listinha do Papai-Noel: grelha de ferro fundido. É a MELHOR coisa do mundo para preparar berinjelas, abobrinhas e afins.] Fatiei fino uma berinjela grande e coloquei as fatias na grelha pelando, virando-as quando apresentavam lindas listrinhas pretas em sua carne pálida. Coloquei-as em uma tigela e temperei-as com sal, pimenta-do-reino e um fio generoso de azeite.

Preparei a pizza misturando 400g de farinha de trigo a 1/4 colh. (chá) de sal. Fiz um buraco, coloquei 1/4 colh. (chá) de açúcar, 5g fermento ativo seco instantâneo, 250ml de água e um fio de azeite e deixei quieto por 5 minutos. Então voltei e misturei tudo com um garfo, depois sovando a massa até que ficasse elástica e macia. Polvilhei farinha e embrulhei em filme plástico, deixando repousar por 15 minutos.

Retirei o plástico e abri a massa com um rolo polvilhado de farinha, até que o disco de massa estivesse do tamanho do meu salva-bolos, que uso como pá de pizza (uns 35 a 40cm). Polvilhei o salva-bolos com farinha de milho e coloquei a massa sobre ele.

Já usei vários molhos de tomate nas pizzas, mas meu favorito é o mais simples: apenas misture uma lata de tomates italianos pelados a 1 colh. (chá) de sal e esmague os tomates até obter uma polpa. Isso é suficiente para 4 ou 5 pizzas, mas você pode usar o restante para a próxima macarronada ou mesmo congelar para as próximas pizzas.

Espalhei umas 2-3 colh. (sopa) de molho sobre a massa e salpiquei um dente de alho picadinho. Dispus as fatias de berinjela grelhada, uns 120g de queijo feta esmigalhado, folhas de manjericão e um fio de azeite. Foi para o forno, diretamente sobre a pedra, por 10 minutos, ou o suficiente para que a massa estivesse cozida (algo entre 7 e 10 está bom). Por isso é importante não fazer bordas muito gordinhas. Como o forno caseiro não é tão quente quanto o forno à lenha, até as bordas gordas assarem completamente, a parte de baixo da pizza já estará crocante ao invés de macia. Também já desisti daquele lindo visual de massa dourada e queimadinha. Não rola. Fica pálida mesmo.

O problema da pizza caseira é que ela sai direto do forno para seu prato, bem mais quente do que pizza pedida fora. É batata: vou muito afoita e queimo o céu da boca. Então, cuidadinho... ;)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Calzone de espinafre e pimentão vermelho

Respirando fundo. Passada a raiva de ontem, vamos voltar ao que interessa e me deixa de bom humor – e não só a mim: comida.

É comum ver por aí receitas cheias de atalhos práticos para o dia-a-dia. Use base de torta comprada pronta, polenta pré-cozida, massa folhada congelada, etc e tal. Eu adoro fazer justamente o oposto. Apanhar o atalho e retorná-lo ao seu processo original. Não por teimosia ou orgulho, mas porque, se eu sei fazer e tenho tempo, não me parece haver motivo para gastar mais dinheiro com o atalho. Pois atalhos são sempre mais caros.

Esta era uma receita rápida da edição de Abril da revista Gourmet. [Para quem perguntou, se sua assinatura ficou pela metade, você vai receber Bon Appétit no lugar.] Usava pimentões em conserva e massa de pizza congelada. Bastante prático. Mas eu tinha enormes pimentões vermelhos na geladeira, e não me parece esforço nenhum chamuscá-los e picá-los. E, ainda que eu ache as massas de longa fermentação mais complexas em sabor e textura, Jamie Oliver tem uma receita de massa de pizza bastante honesta e que fica pronta em meia hora, em seu livro Jamie's Italy.

Iêeei! Calzone!

Para quatro calzones muito bem servidos, chamusque na chama do fogão um pimentão vermelho bem grande até que fique pretinho, pretinho. Feche-o dentro de um saco plástico e deixe que esfrie. Então retire do saco, retire a pele chamuscada e o miolo com as sementes. Se ficar um pouco de pele chamuscada, não se importe, e não passe na água, pois ela levará embora o delicioso óleo natural que o pimentão soltou, além daquele gostinho defumado. Corte em pedaços de cerca de 2cm e reserve.

Corte uma cebola ao meio e fatie fino. Refogue em um pouco de azeite de oliva e uma pitada generosa de sal, até que comece a dourar. Junte 2 dentes de alho picados e cozinhe até ficar aromático. Junte as folhas bem lavadas e escorridas de um maço de espinafre, e mexa até murchar. Acrescente um punhado de azeitonas pretas picadas grosseiramente, meia pimenta dedo-de-moça sem sementes picadinha e o pimentão vermelho reservado. Misture, acerte o tempero, e retire do fogo.

Numa tigela grande, misture 400g de farinha de trigo, 100g de semolina e 1/2 colh. (sopa) de sal. Faça um buraco no meio e coloque ali 7g de fermento ativo seco instantâneo, 1/2 colh. (sopa) açúcar e 325ml de água. Misture esse centro um pouquinho com um garfo e deixe descansar uns 5 minutos. Em seguida volte a misturar com o garfo, trazendo a farinha em torno para dentro do buraco aos poucos, até que a massa fique mais resistente ao movimento. Entorne tudo na bancada e sove por uns 10 minutos, até que a massa fique macia e elástica. Polvilhe de farinha, embrulhe em filme plástico e deixe descansar por 15 minutos em temperatura ambiente.

Passado esse tempo, divida a massa em 4 porções iguais e, na bancada enfarinhada, abra cada uma das porções em discos de cerca de 20cm. Distribua o recheio sobre uma metade dos discos, deixando uma borda de uns 2cm. Corte 250g de mozzarella defumada, cacio cavalo ou provolone em 16 pedaços iguais e distribua sobre o recheio, 4 pedaços em cada calzone. Dobre uma metade sobre a outra, como um pastel, e, a partir de uma das pontas da meia-lua, vá dobrando e apertando a borda, para selá-la completamente. Com uma faquinha, faça 3 cortezinhos sobre cada um deles, para o vapor sair. Passe um fio de azeite sobre eles e, se estiver usando uma pedra no forno, coloque-os diretamente sobre a pedra quente em forno pré-aquecido no máximo. Se não, coloque sobre uma assadeira polvilhada com farinha de milho e leve ao forno pré-aquecido no máximo. Asse até que estejam dourados, uns 15 minutos (depende do forno). Deixe descansar por 5 minutos antes de servi-los.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Uma Sexta-Feira Frugal 4: faça seu próprio requeijão

Não sei se requeijão entra aqui como algo que é mais barato fazer em casa, uma vez que tudo dependerá do preço dos ingredientes no seu supermercado versus o preço de um pote de requeijão industrializado. Mas merece um lugarzinho nessa sexta-feira por conta de seu caráter simples, delicioso e saudável. Isso com certeza.

Há anos quero preparar esse requeijão, que eu via sempre em um livro antigo de meu pai, daquela coleção que ensina auto-suficiência que já mencionei aqui antes. Mas enrola dali, enrola daqui, esqueci de comprar os ingredientes... Ok. Chega disso. Hoje é dia de fazer requeijão.

Foi uma bobagem demorar tanto, uma vez que é quase mais fácil fazê-lo em casa do que sair para comprá-lo. Ricotta, manteiga e leite batidos juntos. Só. E ficou perfeito. Um requeijão muito saboroso e cremoso, que pretendo fazer muitas vezes mais. Não ficou mais barato que o requeijão comprado. Confesso, comprei minha ricotta favorita, e não a mais barata (ainda que ela também não seja a mais cara). Mas compensou. Entrei em alguns sites de supermercado para ver os averiguar seus ingredientes de diferentes marcas de requeijão. E, em alguns casos, são 3 contra 11. "Ah, mas eles não usam 'ricotta', e sim os ingredientes da mesma", alguém diz. Ok... Grosso modo, temos o seguinte:
  • ricotta = soro de leite + coalho + sal
  • manteiga = creme de leite
Mesmo que o requeijão caseiro seja leite, creme de leite, soro de leite, coalho e sal, ainda tem menos ingredientes do que os requeijões industriais, com estabilizantes, conservantes e espessantes. Concluo que prefiro gastar uns reais para comer algo natural e economizar outros muitos reais em médico no futuro. ;)

REQUEIJÃO
(adaptado do livro Vida, Um Guia da Auto-suficiência)
Tempo de preparo: 5 minutos
Rendimento: 3 xícaras (uns 3 potinhos de requeijão industrializado)


Ingredientes:
  • 500g ricotta fresca
  • 200g manteiga com ou sem sal em temperatura ambiente
  • 1/2 - 3/4 xic. leite fervendo
Preparo:
  1. Coloque a ricotta e a manteiga em um liquidificador ou processador e pulse algumas vezes para misturar os ingredientes mais ou menos.
  2. Despeje um pouco do leite (1/4 xíc., mais ou menos) e bata bem, até ficar homogêneo. Vá acrescentando o restante do leite, até atingir a consistência desejada. Use todo o leite se quiser um requeijão mais molinho, e menos se quiser que ele fique mais firme.
  3. Acerte o sal, se necessário ou acrescente os temperos que quiser, ainda batendo.
  4. Guarde em potinhos bem fechados na geladeira.
Obs.1: a receita original não diz quanto tempo dura o requeijão na geladeira. Aconselho ficar de olho e sentir o cheiro. Como ricotta não costuma durar muito, acredito que com o requeijão caseiro seja o mesmo caso.
Obs.2: o livro indica que se pode substituir a manteiga pelo mesmo peso em óleo de milho (200g).

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Frico

Frico é uma das coisas mais fáceis e mais gostosas para se fazer com batatas e queijo. É um prato típico de Venezia-Giulia, no nordeste da Itália. O prato original usa queijo Montasio. Por aqui, na falta do Montasio, que nunca encontrei, uso queijo prato mesmo, ou qualquer outro queijo em fatias muito finas que esteja dando sopa na geladeira.

Para uma pessoa solitária, derreta 1 colh. (chá) de manteiga em uma frigideira pequena e refogue 1/2 cebola pequena cortada em meias-luas fininhas até que amacie e comece a dourar. Junte 1 batata média fatiada bem fino, com casca, sal, pimenta, e mexa um pouco para recobrir a batata de manteiga e cebola. Junte caldo de legumes suficiente para cobrir as batatas (cerca de 1/2 xícara), e deixe ferver. Cozinhe em fogo baixo até que as batatas estejam macias e o líquido tenha engrossado. Então cubra com umas quatro fatias de queijo prato ou outro de sua preferência e deixe o queijo derreter e dourar nas bordas. Sirva imediatamente.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Uma Sexta-Feira Frugal 3: cream cheese com gomas e conservantes, nunca mais!


Há algumas coisas boas de se fazer em casa porque são mais saudáveis e outras porque são mais baratas. Nem sempre os dois motivos andam juntos, mas quando andam, não consigo resistir.

Eu adoro cream cheese. Mas detesto a K****. Então há muito tempo parei de comprar cream cheese Phil********, pois ele já não tem nada a ver com o cream cheese antigo, hoje cheio de espessantes, estabilizantes e conservantes. Fui salva pelo fato de meu supermercado ter uma seção de queijos de fabricação própria, mais frescos, sem porcarias, e que por isso duram menos e custam mais, e aí está incluído o cream cheese. Para satisfazer meu desejo por bagels no café da manhã, comprava parcimoniosamente minúsculas porções cream cheese, mais caro mas muito mais cremoso e saboroso que o industrializado. Mas não conseguia me imaginar gastando o que precisaria gastar caso quisesse preparar uma de minhas sobremesas favoritas: cheesecake.

Fuçando por aí, nessa minha nova neurose de fazer queijo e economizar uns trocados, encontrei diversos sites americanos ensinando a fazer cream cheese em casa, simplesmente filtrando iogurte integral num pano por um dia inteiro. Li muitos comentários e dúvidas a respeito, sobre aquilo ser apenas um queijo de iogurte (labneh) ou de fato cream cheese. Um dos sites dizia que sua avó costumava preparar o queijo dessa forma, e outro ainda dizia que esse era o modo Amish de se fazer cream cheese. Muitos atestavam que queijos cremosos são praticamente iguais em várias partes do mundo, mudando-se apenas o nome, daí a confusão entre queijo de iogurte e tantos outros tipos de queijo. Difícil mesmo é encontrar uma receita que seja "a original", uma vez que a tal marca famosa adulterou seu produto ao longo do tempo e mesmo os tópicos da Wikipedia parecem ter sido escritos por sua equipe de marketing.

Muito falatório e pouca prática.

Preparei cerca de 2 litros de iogurte [e, pesquisando, descobri que, de fato, você obtem uma consistência melhor ao usar apenas 1 colh. (sopa) de iogurte para 1 litro de leite, ao invés de quantidades maiores; algo a ver com "saturar" o leite com as bactérias], despejei no pano sobre o escorredor de macarrão, cobri com um pratinho (para não atrair insetos) e deixei pingando, em temperatura ambiente, até que todo o soro estivesse na tigela e apenas um queijo cremoso e saboroso restasse no pano.

Preciso ser sincera e dizer que fui apressadinha. Queria comer o cream cheese na manhã seguinte, mas tendo começado o processo cedo, fiquei com medo que, ao deixar o queijo em temperatura ambiente durante toda a noite, ele ficasse ácido demais. Então guardei meu cream cheese na geladeira quando sua consistência era ainda de um requeijão firme. Mas da próxima vez com certeza deixarei por 24 horas, para deixá-lo mais sequinho.

Se é de fato cream cheese, não sei. Até aí, aquele da marca famosa, com comercial na TV e tudo, já não é cream cheese de verdade há muito tempo. O gosto ficou igual. Uma boa acidez, uma doçura aveludada da gordura do leite, cremoso... e ganhou alguma complexidade depois de ter acrescentado um nadinha de sal para realçar o sabor, mas não o suficiente para deixá-lo salgado. Ficou perfeito no meu bagel de canela e passas. Agora resta testá-lo numa receita de cheesecake.

O preço? Usando leite premium [pois seu queijo só será tão bom quanto o leite que usar para prepará-lo], custou exatamente metade do preço do cream cheese industrializado, calculando o valor por quilo. Dois litros de leite integral premium, com maior teor de gordura, produziram 625g de cream cheese bem cremoso, mas suspeito que produziriam cerca de 500g de um cream cheese mais sequinho.

O benefício extra é ter mais de 1 litro de soro assim, de lambuja. O soro do leite que resta da fabricação do cream cheese pode ser utilizado como o buttermilk nas receitas americanas. Também pode substituir parte do caldo em sopas ou parte da água na hora de deixar os grãos secos de molho, pois ele é abarrotado de nutrientes. E, para quem adora tomar shakes de proteínas, saiba que os tais aminoácidos em pó que você toma são retirados [tchanans!] do soro do leite [traduza o nome da marca mais famosa de shake de proteína do mercado... A-há! ;)]. Você pode congelar o soro em cubinhos e batê-los no liqüidificador com frutas , produzindo seu próprio shake de proteína e parando de gastar o que não tem com aqueles imensos potes de pó bizarro. [Hoje de manhã já preparei buttermilk pancakes com o soro, e ficaram ótimas!]

Ou seja, mesmo que não seja, no fim das contas, de fato cream cheese no sentido tradicional da coisa, é sempre bom saber que há um susbtituto mais natural e mais barato.

CREAM CHEESE
Tempo de preparo: 24h, se o iogurte estiver pronto, e 32h se você fizer o iogurte*
Rendimento: cerca de 250-300g de cream cheese por litro de leite/iogurte


Ingredientes:
  • iogurte integral de qualidade (apenas leite e fermento lácteo, sem espessantes de qualquer tipo, e nunca iogurte desnatado)
Preparo:
  1. Forre um escorredor de macarrão com um pano para queijo ou um guardanapo de pano e posicione o escorredor sobre uma tigela funda, de modo que ele não toque o líquido que ficará depositado no fundo.
  2. Despeje o iogurte no pano, tampe com um prato, puxando as bordas para cima do prato (isso impedirá que o pano, saturado, pingue na sua bancada) e deixe em temperatura ambiente por 24 horas.
  3. Retire o queijo do pano e guarde-o na geladeira, em um pote fechado, durante 1 mês. Guarde o soro numa garrafa na geladeira e use no lugar de buttermilk nas receitas.
*Para fazer seu iogurte, aqueça 1 litro de leite integral (com o maior teor de gordura que você encontrar, pois isso fará o iogurte mais saboroso) até 45-46ºC. Numa tigela de vidro ou cerâmica, junte 1 colh. (sopa) de iogurte integral de qualidade ao leite morno e misture bem. Cubra com filme plástico, coloque dentro de uma bolsa térmica ou enrole num cobertor e deixe descansar por 8 horas. Leve à geladeira se for consumir depois, ou coloque direto no pano para fazer o cream cheese.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Uma Sexta-Feira Frugal 2: meu primeiro queijo fresco de verdade

Quando criança, tínhamos uma chácara onde plantávamos de tudo e criávamos galinhas pelos ovos [o único fdp que se atreveu a matar nossas galinhas para comer foi o desgraçado do caseiro, e até o galo, eventualmente, ele comeu]. A chácara era cercada por sítios e fazendas com gado leiteiro, e costumávamos comprar queijo fresquinho de uma delas. Lembro-me bem da sede da fazenda, do cheiro do leite, e, principalmente, do cão de guarda da minha altura, acorrentado, coitado, de quem eu morria de medo.

Fazer queijo sempre foi um daqueles comichões em meu cérebro, coceirinha na mão, aquele tique que não passa até você dar a cara para bater. Mas morria de medo de mexer com o coalho, essa coisa esquisita tirada de estômago de bezerro. [Existe coalho vegetal, mas é pouco usado industrialmente e eu não encontrei para comprar. Não vou ser hipócrita aqui: todo queijo que eu como, mesmo sendo pseudo-vegetariana, é feito com o coalho animal.] E também morria de medo de desperdiçar leite.

No entanto, com os preços a que estão chegando alguns queijos – e eu como queijo em quase todas as minhas refeições – de repente gastar, sei lá, 8 ou 10 reais em leite fresco para fazer quase 1kg de queijo fresquinho não parece assim tão caro. Na verdade, eu queria ir direto para a receita de mozzarella fior di latte (mozzarella feita com leite de vaca ao invés de búfala) da revista Gourmet. Mas encontrei um site fantástico sobre produção de queijo caseiro, que sugere uma ordem de tipos de queijo para os iniciantes, de acordo com o nível de dificuldade: iogurte, labneh, Neufchâtel, queijo prensado, mozzarella e então queijos azuis (como gorgonzola e roquefort). Deliberadamente pulei o labneh e fui direto ao Neufchâtel, porque eu queria muito mexer com o coalho que eu comprara [disponível em muitos supermercados, na geladeira dos laticínios].

No fim das contas, FAZER o queijo é fácil. Cinco minutos à noite, cinco minutos na manhã seguinte e cinco minutos quando o queijo tiver sorado todo. Os problemas acontecem nas sutilezas, como errar na quantidade de coalho ou acidulante, errar na temperatura ou não usar o leite apropriado. [UHT, que é o de caixinha, não funciona; tem que ser fresco, ou, no máximo, homogeneizado, daquele que fica na geladeira e dura uns 3 dias, o que matou minha intenção de fazer queijo de cabra, uma vez que ainda não encontrei leite fresco de cabra para comprar, só UHT, e o congelado não é mais vendido no meu supermercado por falta de procura.]

[Como minha geladeira não tem grades, foi assim que improvisei a amarração do pano para que o queijo ficasse suspenso.]

Chame isso de sorte de principiante, mas meu queijo deu certo de primeira. Quando acordei na manhã seguinte, abri a tampa da panela e vi aquele coalho firme, brilhante e lisinho lá dentro, dei pequenos gritinhos de alegria. Funcionou! Funcionou! Funcionou! MIM FAZ QUEIJO! UGA UGA! Mas tive de deixar sorando um pouco mais de tempo do que a receita indicava, uma vez que ao tempo requerido o queijo ainda tinha consistência de cottage (mas já estava muito bom!). No fim, agora que se passaram já uns dois dias de queijo pronto, vejo que poderia ter deixado sorando ainda mais, para que ele ficasse mais sequinho. Mas essa consistência mais cremosa está quebrando um belo galho para fazer as vezes de cottage no café da manhã e ricotta nos preparos para o jantar. O queijo ficou muito saboroso. Claro que não posso chamá-lo de Neufchâtel, pois não foi feito com leite de cabra. Logo, vira "queijo fresco" mesmo. Como ele ficou mais molinho, acabei não moldando o bendito, que ficou num potão tampado mesmo. Próximas paradas: mascarpone, cream cheese e mozzarella! Uhúuuuu! :D

QUEIJO FRESCO
(Daqui, onde também há fotos do passo-a-passo)
Tempo de preparo: 15 min. de trabalho + 12 horas (coalho) + 12-24 horas (sorando)
Rendimento: aproximadamente 750g de queijo fresco, dependendo do leite usado


Ingredientes:
  • 3,5l leite fresco ou homogeneizado (que tem que ficar na geladeira), de vaca ou cabra, tipo A integral
  • 1/4 xíc. buttermilk*
  • 1/2 colh. (chá) coalho líquido
  • 1/4 xíc. água fria 1/2-1 colh. (chá) sal
*Encha 1/4 xíc. leite faltando 1mm para a marca e preencha o 1mm restante com vinagre branco. Misture bem e deixe descansar por 10 minutos.

Preparo:
  1. Esterilize a panela colocando uns 5 dedos de água em um caldeirão grande, tampando e deixando ferver por 5 minutos. Descarte a água.
  2. Coloque o leite e o buttermilk no caldeirão ainda quente. O leite deve permanecer inalterado. Se talhar ou ficar espesso imediatamente, não vai dar certo. Isso acontece quando se acrescenta buttermilk demais ou se deixa a mistura em temperatura ambiente por muito tempo.
  3. Leve ao fogo e aqueça apenas até a temperatura ambiente (18-20ºC). Enquanto isso, dissolva o coalho líquido na água.
  4. Desligue o fogo, junte a água com coalho ao leite e misture bem com um batedor de arame. Tampe e deixe descansar em temperatura ambiente SEM MEXER EM HIPÓTESE ALGUMA por 12 horas, ou até que o coalho esteja visível e firme.
  5. Coloque um pano para queijo ou um guardanapo de pano bem limpo sobre um escorredor de macarrão, e posicione o escorredor sobre uma tigela funda, de modo que o queijo não fique imerso no soro que pingar (e vão pingar litros de soro!)
  6. Com uma faca na vertical, faça um quadriculado na mistura. Com uma concha, retire o coalho da panela (vai parecer iogurte industrial, muito firme, separado do soro amarelado), e coloque-o no pano. Se sua geladeira for das antigas, com prateleiras de grade, puxe as pontas do pano e amarre como uma trouxa firme, pendurando a trouxa na grade e deixando a tigela de soro embaixo. Senão, apenas cubra o coalho com as pontas do pano, pois ele ficará saturado e começará a pingar também. Tenha certeza de que o coalho não ficará imerso no soro quando a tigela encher. Leve à geladeira por 12 horas, ou até que o queijo pareça mais sequinho e "moldável".
  7. Retire o queijo do pano para uma tigela, acrescente o sal a gosto (ou use sem sal como sobremesa, como um petit suisse, mas sabendo que o sal ajuda a conservar o queijo por mais tempo), misture bem e molde em um aro de metal ou plástico ou simplesmente guarde em um tupperware bem vedado na geladeira. Use em pouco tempo, pois queijos frescos não agüentam mais de uma semana na geladeira.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Clafoutis de Roquefort


E eu pensava que após o Natal eu voltaria às saladas. Para quê? Tanto ingrediente gostoso ainda na geladeira para ser usado... O resto do arroz selvagem recheou pimentões, o que sobrou do recheio dos tortelli foi misturado a arroz integral e ovos e tornou-se um tian de abóbora, e o queijo Roquefort virou esse maravilhoso clafoutis.

A inspiração veio do novo livro de Heloísa Bacellar, mas resolvi usar minha já confiável receita de clafoutis salgado, pois já sabia quanto renderia e era exatamente o que precisava. Basta seguir esta receita da revista francesa Saveurs, omitindo a abobrinha, o alho, o manjericão e o parmesão. Use creme de leite fresco no lugar de leite. Refogue em azeite ou manteiga, em fogo baixo, meia cebola grande ou 1 inteira média, fatiada fino, com um pouco de sal e tomilho fresco, até que caramelize, acrescentando uma ou duas colheres de água caso comece a queimar. Misture ao creme de ovos e a uns 100g de queijo Roquefort esmigalhado. Coloque em uma travessinha refratária untada com azeite e leve ao forno a 200ºC por cerca de 40 minutos, até que esteja inflado, firme e ligeiramente dourado em cima e nas bordas. Serve 2 pessoas generosamente, acomanhado de uma saladinha.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Meu primeiro almoço de Natal!

Primeiro, gostaria de agradecer o carinho de todos e os votos de um bom Natal. Com certeza eles surtiram efeito! Espero que todos tenham tido uma magnífica ceia e deliciosos momentos!

Estou absolutamente feliz. O almoço do dia 25 não poderia ter dado mais certo. Mantendo ainda o espírito da simplicidade, e sabendo que todos estariam empapuçados ainda da ceia da noite anterior, preparei poucos pratos, complementados por outros trazidos por minha mãe. Aliás, perfeito isso de almoço colaborativo.

A verdade é que minha família nunca foi muito de se empanturrar com prato principal: somos petisqueiros natos, e não foram poucas as noites em que abdicamos de jantar em nome de alguns pedaços de queijos, frutas e um bom vinho. Pensando nisso, economizei na quantidade de pratos e tamanho de porções. Dispus na tábua, no centro da mesa, alguns queijos como Brie, Gorgonzola, Grana Padano e Pecorino Romano [praticamente cada queijo era o favorito de um dos presentes], para serem petiscados sobre torradinhas de pita integrais ou crostini ainda quentinhos do forno. Especificamente para ser combinada ao Pecorino, preparei uma espécie de geléia de figos secos e avelãs, de um livro de Giada di Laurentiis. A geléia é tão fácil e tão deliciosa, que sei que figurará em outras reuniõezinhas aqui em casa. Havia também um potinho com castanhas de caju, uma tigelinha de cerejas e algumas uvas Thompson para serem comidas puras ou com o queijo Brie.

Quando nos cansamos de petiscar, fui à cozinha reaquecer o arroz selvagem que eu fizera mais cedo. Cozinhara o arroz como informado na embalagem, juntando, depois de pronto, algumas castanhas de caju picadas, uma cebolinha e o que restara das cramberries secas. Enquanto o arroz reaquecia, apanhei as couves-de-bruxelas cortadas ao meio e, como sugerido no livro de Heidi, besuntei-as em azeite e grelhei-as na frigideira, tampando e deixando que cozinhassem apenas com sal, até que ficassem al dente. Quando prontas, rolei-as em um generoso punhado de parmesão. Por fim, cozinhei rapidamente os tortelli di zucca que preparara no dia anterior e congelara.

Já fiz tortelli di zucca várias vezes, e nunca sigo receita nenhuma, usando cada vez o que tenho na geladeira: às vezes com amaretti, às vezes com passas, às vezes com mostarda di Cremona. Dessa vez, assei meia abóbora japonesa fatiada grosso, temperada com azeite, sal e pimenta, até que ficasse macia. Transformei em purê e misturei a parmesão ralado na hora, amêndoas moídas, noz moscada, sal e pimenta, até ficar exatamente do jeito que eu queria. Usei o purê para rechear a massa que sempre faço. Depois de cozidos, despejei os tortelli na travessa e misturei-os a muita manteiga derretida, onde dourara folhas de sálvia frescas.

Minha mãe trouxera tender e farofa, e arrumei-os cada um em uma travessa, levando à mesa. Não tenho como descrever a satisfação que senti em ver a mesa posta e todos comendo. Uma pena não comer mais carne, ainda que o perfume do tender tenha sido suficiente para reavivar centenas de lembranças de infância e tornar ainda mais especial o primeiro almoço de Natal em minha casa.

Trocamos alguns presentes e servi a sobremesa. Coloquei sobre a mesa os panettoni e os sorvetes e fui à cozinha preparar rapidamente a calda de chocolate, muito fácil: aqueci meia xícara de creme de leite fresco e despejei sobre 100g de chocolate amargo picado, um pouquinho de baunilha e um naco de manteiga, misturando até que estivesse homogêneo. Para os de paladar mais adulto, a calda foi sobre uma fatia de panettone e uma bola de sorvete de nozes. Para os que não sabem o que estão perdendo [hihihi...], preparara um "chocottone", substituindo as frutas marinadas pelo mesmo peso em gotas de chocolate amargo e aromatizando a massa com raspas de 1 laranja bahia, noz moscada e 1/2 colh.(sopa) de baunilha. Junto do "chocottone", o sorvete de baunilha mais fácil e econômico do mundo (mas delicioso!), retirado do novo livro de Heidi Swanson. Ele é excelente para quem tem aflição de gastar 8 gemas cada vez que quiser um litro de sorvete de creme; sem contar as 8 claras que sobram. Para fazer o sorvete, basta 1 litro de leite, 1 xíc. açúcar (uso o cristal orgânico entuxado de favas de baunilha), 3 colh. (sopa) maizena e essência de baunilha. Você o prepara como faria a um pudinzinho cremoso, deixa esfriar e coloca na sorveteira, e ele fica sensacional.

O melhor de tudo foram meus dois presentes culinários: um ferro de waffles (que trouxe lembranças de infância a meu marido, que costumava comer waffles com manteiga na casa da Oma), e um enorme pedaço de granito que minha irmã (arquiteta) arranjou para mim; ele foi cortado para caber exatamente em meu forno, e agora minhas pizzas nunca mais sairão com textura de biscoito... espero!

Cozinhe isso também!

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