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quinta-feira, 19 de maio de 2016

A rainha dos bolinhos

Esses, de arroz vermelho e cenouras assadas com ervilha. 
Quando o tablete de manteiga bate os sete reais e o quilo das nozes vai para os cento e setenta, chega a hora de repensar sua despensa. Decreto a fase natureba-Bela-Gil-farinha-de-espelta-tâmaras-Medjool-lentilha-vermelha-importada morta e enterrada.

Não dá mais.

Dinheiro não nasce em árvore e a cada semana eu tomo mais um susto no supermercado.

Foi preciso, com dor no coração, repensar as prioridades e voltar ao bom e velho arroz e feijão convencional, comprado em grandes sacas a preços mais em conta, para poder continuar alimentando meus pimpolhos com verduras e ovos orgânicos e carnes de qualidade.

Se já tinha simplificado meu guarda-roupa, meu escritório e minha biblioteca – não digo "a vida" porque esse é um processo looooooooooooongo se não eterno – agora é hora de simplificar a despensa. Como quase todos os meus livros têm a mesma influência mediterrânea, realmente não faz mais sentido ter à mão aquela miríade de farinhas especiais e grãos exóticos.

Confesso, também, que comi tanta quinoa no ano passado que enjoei.

Olhei com ansiedade para as prateleiras, fantasiando com a possibilidade de ter menos ingredientes ali. Arroz agulhinha, arroz arbóreo, algum feijão ou lentilha (um só, pra que mais, se sempre tenho variedades das outras levas congeladas?), spaghetti, fusilli (que há já muito tempo me dei conta de que são os dois formatos mais versáteis para se ter, porque tagliatelli faz-se em casa), e quem sabe uma polenta. As farinhas, de trigo branca e integral, centeio e sarraceno que eu amo e essas sim uso muito. Açúcares, cacau, amido. E parece que com isso faço tudo.

O restante, ali, ocupando espaço e me irritando toda vez que me lembro das datas de vencimento e do iminente aparecimento dos carunchos, precisava ser utilizado. E já brincou meu marido: Ana Elisa adora uma missão. Eu sou aquela pessoa que está tranquila procurando o lugar para pagar o estacionamento, e então, ao encontrar o guichê, sai em desabalada carreira como se o chão estivesse pegando fogo. Estou em uma missão, dá licença, faz favor.

E a missão é: usar todos os ingredientes exóticos da despensa o quanto antes para não deixar estragar e não cair na tentação de estocar mais daquilo outra vez.

Mas tem sido difícil, admito, pois sinto que meu paladar se revoltou contra mim e anda rejeitando pães de teff e panquecas de amaranto. Quero spezzatino, e pasta e fagioli, e filé de peixe com escarola e azeitonas. Quero um bom bolo de iogurte que meus filhos possam fazer comigo, quero biscoitos de chocolate que eles rolem em bolinhas nas mãos antes de colocar na assadeira e um bom pão com manteiga para acompanhar meu café.

Todos esses anos foram um delicioso aprendizado, mas agora anseio por aquela minha despensa do primeiro ano do blog. Precisei passar todo esse tempo complicando para valorizar aquela simplicidade. Achava besta, naquela época, cozinhar vagens e temperá-las com azeite e parmesão. Que chatice. Hoje as crianças e eu devoramos um prato de vagens com azeite e parmesão e vejo quanto tempo demorei para aprender a escolher as vagens certas, jovens e macias, e a cozinhá-las pelo tempo certo, sem que ficassem duras demais ou moles demais, e, enfim, aprendi a temperar corretamente, sem economizar no azeite e sem exagerar no parmesão.

Claro, o fato de as crianças hoje comerem as vagens assim inteiras, sem que eu precise camuflá-las em pedaços menores dentro de uma frittata, ajuda e muito.

Vejo quantos livros precisei ler e quantas receitas diferentes precisei cozinhar até olhar para minha geladeira aparentemente desconexa e enxergar ali um prato completo, sem mais precisar apanhar livro nenhum. Como transformar uma travessa de arroz e uma panela de feijão em quinze diferentes opções para o jantar. Num dia, arroz e feijão comum, no dia seguinte, stir-fried rice com legumes, depois, pasta e fagioli. E quando sobra uma colherada de arroz, nem uma conchinha de feijão e meia dúzia de talos de brócolis, transforma-se tudo em bolinho.

Eu virei a rainha dos bolinhos. Principalmente agora, com as quantidades pouco precisas dos ingredientes exóticos na despensa. Não tem painço o bastante para fazer uma travessa para quatro pessoas, mas se eu misturar a outros três ingredientes sem par, há bolinhos o bastante para alimentar quatro bocas, acompanhados de uma salada. (Mas se você tiver painço o bastante e mais um punhado de ingredientes exóticos, recomendo muito ISSO AQUI, que não parece grande coisa mas é delicioso e perfeito para esse friozinho.)

Lembro-me de rir comigo mesma da quantidade de bolinhos e panquequinhas que Bill Granger tinha em seus livros. Hoje entendo e aprecio sua versatilidade. Mas já não preciso mais dos livros para prepará-los. Principalmente porque a graça dos bolinhos não é cozinhar coisas do zero, já que você ainda terá de fritá-los ou assá-los, mas justamente usar algo que já está ali abandonado na geladeira, e a produção dos mesmos alimenta e evita o desperdício. Além das crianças comerem bem alguma coisa que eles possam não ter gostado na refeição anterior. ;)

Amo bolinhos. ^_^

E amo o modo como você finalmente os entende. Você bate tudo no processador. Nunca até virar uma pasta. Sempre deixando alguma textura interessante. Se faltou liga, pode colocar ovo, linhaça, chia, ou qualquer raiz ou tubérculo cozido, seja batata, batata-doce, mandioca, mandioquinha, inhame, cará, o que for. Se está muito mole, farinha, farinha de rosca, pão amanhecido, mais grãos, mesmo que misturados a outros (já fiz bolinho de arroz e feijão, que fica uma delícia)... Faltou sabor, é só bater junto mais ervas, mais alho e cebola, um pouco de queijo, curry, pimenta... Dá para mudar completamente o perfil de sabor de um prato ao transformá-lo num bolinho.

Um tempo na geladeira é sempre bom para a massa firmar mais e o sabor se acentuar. Dá pra fazer a massa numa hora, tempos depois porcionar e empanar, e só no fim do dia ou no dia seguinte de fato cozinhá-los. Já falei que amo bolinhos? ;)

Se a massa ficou bem úmida e molinha, frita-se às colheradas num fio de azeite, e nesse caso costumo acrescentar um pouquinho de fermento para que fiquem mais fofinhos. Se ficou firme o bastante para fazer bolinhas, pode-se empanar em farinha de rosca, fubá, ou farinha de mandioca, e fritar em imersão ou mesmo assar. Ou apenas fazer as bolinhas e assá-las como são. Pode-se fazer em formato de quibe, em formato de croquette, e assim ir variando a apresentação para a pimpolhada.

O importante de verdade, seja fritando num fio de azeite, num fundo de óleo ou em imersão mesmo, é que o óleo esteja na temperatura certa (o truque de colocar o fósforo no óleo e esperar ele acender sozinho funciona sempre). Se o óleo estiver frio, os bolinhos podem se desmanchar e você vai estragar a comida que não queria jogar no lixo e o óleo, tudo ao mesmo tempo. :P

Aqui em casa parece que nunca consigo repetir um bolinho, e pelo menos uma vez por semana, as crianças almoçam bolinhos e salada. Num dia sirvo com vinagrete de tomate, no outro, salsa verde ou pesto; no ápice da preguiça, simplesmente ketchup e maionese, mas meu favorito de todos é o molhinho de tahini e iogurte. Só misturar iogurte com uma colherinha de tahini, azeite, limão, sal e pimenta-do-reino. Fica especialmente bom com bolinhos que são empanados e fritos, como os da foto.

Esses, foram feitos com o que sobrara do almoço do dia anterior: arroz vermelho cozido, e cenouras assadas com ervilhas e hortelã. Bastou misturar um ovo para dar liga, acertar o tempero e pronto. Empanei na farinha de rosca e foram fritos em uns 2cm de óleo.

Maravilha das maravilhas, esse salvadores de tempo, comida e dinheiro que são os bolinhos. Mas e se os sobram justamente os bolinhos???? Aí eu faço o que sempre gostei de fazer desde criancinha, quando minha mãe fazia bolinhos de arroz e espinafre... Surrupio e como sozinha os bolinhos direto da geladeira num momento de paz para curtir o espólio delicioso de tanta economia doméstica. ^_^


....

Hoje não tem receita, mas tão somente esse post "sugestão" do que fazer com aqueles seus três potes de comida desconexa que estão prestes a ir pro lixo. ;)

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Estrogonofe vegetariano 2.0


Já falei aqui, há muito tempo atrás, como estrogonofe (strogonoff? strogonofe? stroganoff?) era um de meus pratos favoritos de infância. Que quando minha mãe o preparava, eu simplesmente desligava meu sensor de "barriga cheia" e comia até ver o fundo da panela. De novo, sabe-se já o por quê de eu ter sido uma criança rotunda. ¬_¬

Nos meus anos vegetariana, senti muita falta daquele estrogonofe de frango. Até descobrir os cogumelos. Estrogonofe de cogumelos, apenas cogumelos, foi uma revelação. Culpa da Nigella, que tinha uma receita pra lá de sofisticada, com vinho, páprica, creme azedo... nada a ver com o molho de ketchup, mostarda e molho inglês que comi a vida toda. E por mais que aquele estrogonofe sofisticado fosse uma delícia, ele não aplacava minha saudade da infância. Daí que comecei a fazer estrogonofe de cogumelos exatamente como minha mãe fazia o de frango: ketchup, mostarda, molho inglês. Isso era felicidade pura.

E fiquei muito tempo sem prepará-lo de novo.

Até ver um programa da Bela Gil com o Claude Troisgros e a fome de estrogonofe aparecer de repente. Achei a receita dela ok até ver que ela não colocava mostarda nenhuma. Cadê a acidez? Cadê a picância?  Não considero mera coincidência Claude resolver meter o bedelho e botar limão e pimenta no prato.

Mas foi só o que pensei sobre isso naquele momento.

Até dar de cara com as duas bandejas de shiitake que eu comprara na feira uma semana antes, com o intuito de preparar um pão de cogumelos e maçã do Green Kitchen Stories, mas que, por algum motivo, não me apeteceu àqueles dias. Lembrei do arroz integral que eu descongelara e resolvi que o almoço seria estrogonofe. \o/

Comecei a preparar como sempre faço: alho e cebola refogados em azeite e manteiga, cogumelos em fatias grossas dourando... Estava já apanhando o ketchup, quando olhei os tomates orgânicos na bancada. Pô... pensei. Por que não uso tomate no lugar do ketchup? E estava já começando a picar o tomate quando parei e me dei conta de algo muito importante:

Tomate não é nativo da Rússia. Por que eu colocaria tomate num prato russo???

Corri pra pesquisar enquanto os cogumelos douravam: aparentemente estrogonofe surgiu na Rússia em meados do século 19, e era só um salteado de bife com mostarda e creme azedo. A adição do tomate veio só no século 20, com a tal da batata palha.

Hmmm...

Fucei receitas. Eu queria uma receita sem tomate. Uma que levasse de repente ingredientes que me parecessem mais russos de fato. Difícil encontrar uma receita "tradicional", porque todo mundo anuncia sua receita como tradicional. Surpreendentemente, comecei a encontrar muitas receitas de estrogonofe de carne que levavam... beterrabas e cenouras. Taí: beterraba e cenoura são infinitamente mais russas que tomate. ;)

Ri alto. Eu duvide-o-dó que a Bela Gil tenha substituído os tomates pela beterraba e pela cenoura por causa disso. Mas achei engraçado ela, sem querer, ter "acertado". :p

No entanto, nas versões que encontrei por aí, esses vegetais iam igualmente salteados, como a carne, dando textura, sabor e cor, e não apenas transformados em purê.

Com os cogumelos já bem dourados, rapidamente ralei fino uma cenoura sobre frigideira e juntei cubinhos de beterraba assada que eu tinha congelada. E fui vendo aqueles cogumelos serem envolvidos por uma doçura avermelhada. Prossegui com a receita, morrendo de curiosidade pelo resultado. Acertei a acidez no final com um pouco de vinagre de maçã.

No prato, o molho era um pouco mais rosado, mas o sabor estava perfeito. Era um sabor de infância, o doce, o salgado, o picante, a acidez. O molho espesso misturado ao arroz, o crocante da batata-palha feita em casa. Mas era natural e leve. Servi-me de um prato bem maior do que o que costumo comer; o olho muito, muito maior que a barriga, e devorei tudo, feliz e contente. Tão, tão bom.

Ouso dizer também que esse foi meu debut na batata-palha. Tantos, tantos anos de cozinha, e eu NUNCA fizera batata-palha em casa. Fiquei me sentindo uma trouxa por isso. Ralei duas batatas orgânicas com casca e tudo, nos furos grossos do ralador, sequei bem com papel-toalha e fritei em bateladas, em óleo bem quente, até dourar. As batatas eram tão saborosas, que não precisaram de sal NENHUM. Estava bom assim. E, guardadas em pote hermético, na geladeira, depois de esfriar, continuaram crocantes mesmo no dia seguinte.

Fiquei tão contente com o resultado dessa refeição, que essa agora é minha receita oficial de estrogonofe. Se tiver algum descendente de russos lendo isso, no entanto, adoraria saber como você faz o seu.

ESTROGONOFE VEGETARIANO 2.0
Rendimento: 4 porções, acompanhado de arroz

Ingredientes:
  • 1 cebola em fatias
  • 1 dente de alho picado
  • 2 bandejas de shiitake fatiado grosso (uns 300g)
  • 1 colh. (sopa) manteiga
  • azeite
  • 1 cenoura pequena ralada fino
  • 1 beterraba bem pequena em cubinhos, se estiver já cozida, ou ralada grosso se estiver crua
  • 1/2 colh chá paprica, sal e pimenta
  • 1 colh sopa farinha de trigo
  • 1 xic de sour cream ou creme de leite fresco
  • 1 colh sopa mostarda de Dijon ou caseira
  • 1/2 colh sopa vinagre de maçã
  • Salsinha picada
Preparo: 

  1. Numa frigideira bem ampla, coloque uma colher de manteiga e um fio de azeite e junte a cebola e o alho, com uma pitada de sal, em fogo baixo. Cozinhe até amaciar. Aumente o fogo para médio e junte os cogumelos fatiados, espalhando bem. Tempere com um pouco de sal e deixe dourar, sem mexer muito. 
  2. Quando estiverem dourados, junte a cenoura e a beterraba e misture bem. A beterraba vai soltar um pouco de água. Se isso não acontecer e a frigideira parecer seca demais, junte mais uma colherinha pequena de manteiga ou uma colherinha de água. Misture muito bem, em fogo baixo, deixando que a cenoura e a beterraba amaciem, por um ou dois minutos.
  3. Polvilhe com a farinha e misture bem. Com o fogo no mínimo, junte o creme de leite e a mostarda. Se estiver usando creme de leite fresco, não deixe ferver, para que não talhe. Você quer apenas que ele aqueça e engrosse um pouco. 
  4. Prove. Tempere com pimenta-do-reino, acerte o sal e acrescente o vinagre de maçã. Prove de novo. Dependendo da sua mostarda e do seu vinagre, talvez queira acrescentar mais de um ou do outro. 
  5. Desligue o fogo e polvilhe com a salsinha picada. 
  6. Sirva com arroz integral e batata palha: 2 batatas orgânicas raladas grosso com casca e apertadas entre duas folhas de papel toalha para tirar o excesso de água. Frite em óleo bem quente, em bateladas.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Chamemos as coisas pelos nomes delas: pavê de banana


Minha mãe, dia desses, deu-me de presente um pacote de "biscoitos champagne" de uma marca italiana que ela encontrara, e cujos ingredientes eram ingredientes de verdade, sem nenhuma traquitana nojentinha. Imediatamente olhei para aquilo e pensei TI-RA-MI-SÙ. Porque meus filhos nunca comeram tiramisù e está mais do que na hora.

Fui feliz e contente ao supermercado procurando mascarpone, apenas para cair sentada com o fato de 200g de mascarpone brasileiro custarem 40 reais. Uma sobremesa de 40 reais. Acho que não. Pensei em tentar fazer o mascarpone em casa, mas confesso que me deu uma preguiça de gastar também bons 20 reais em creme de leite fresco, sem saber se daria certo ou não.

Suspirei, decepcionada, e voltei para casa.

E lá, os biscoitos me esperavam. E também bananas. Muitas delas, olhando para mim e dizendo que não aguentariam o calorão por muitos dias mais.

Lembrei do banana pudding da Magnolia Bakery, que eu sempre quisera preparar. Porém... e esse é um porém que sempre me incomodou... a receita original usa, além de biscoitos, banana, creme de leite e leite condensado... pudim de baunilha instantâneo.

OK.

Claro, eu já estava usando biscoito comprado, por que não usar pudim comprado de uma vez? Bom... porque eu caí sentada de novo quando li a quantidade de ingredientes impronunciáveis e asquerosos que vão nos pudins instantâneos (edulcorante xyz, acessulfato do quê diabos??). O pudim de baunilha que eu faço em casa (desses de comer de colher) leva 5 ingredientes: leite integral, creme de leite fresco, amido de milho, açúcar orgânico e fava de baunilha (ou açúcar baunilhado e extrato natural, tudo caseiro, quando não tenho a fava).

Daí que fiquei morrendo de vontade de banana pudding, mas com a certeza de que jamais prepararia a receita original.

Antes de ficar deprimida, no entanto, resolvi que faria minha própria versão. Melhor, não sei. Nunca comi o tal banana pudding da Magnolia. Com melhores ingredientes? Sem sombra de dúvida. Delicioso? Opa! Muuuuito! :D

Mas banana pudding o caramba. Chamemos as coisas pelos seus nomes: pavê de banana, que é o que é de fato, com gosto de comida de vó, para aquele dia em que você quer um docinho bem docinho pra comer na sua tigelinha favorita, enroscada no sofá, vendo um filme gostoso. Digno de virar clássico aqui em casa. Estou pensando agora em como posso criar variações, com um nadinha de rum no pudim, ou um limãozinho nas bananas, para um toque ácido... Canela? Chocolate? Cardamomo, de repente? Hmmm... Vamos ver.

Nem consigo imaginar quão doce é a sobremesa original, pois leva leite condensado além de todo o açúcar contido na mistura em pó instantânea. Deve ser de cair os dentes. Minha versão, com apenas 3/4 de lata de leite condensado, já ficou bastante doce. Como disse, doce tipo sobremesa de vó brasileira. ;) Para quem quer algo mais suave, sugiro usar apenas meia lata. Para quem quer bem doce, lata inteira.

Lembre-se de deixar o pavê na geladeira por no mínimo 4 horas. Melhor ainda se for de um dia para o outro, pois não apenas o pavê firma, como o creme absorve maravilhosamente o sabor da banana.

Nonna em treinamento, doce de vó.

PAVÊ DE BANANA
Rendimento: 8-10 porções

Ingredientes:

  • 1 pacote de biscoitos tipo champagne caseiros ou de sua marca favorita
  • 4-5 bananas maduras mas ainda firmes (usei bananas prata)
  • 1 1/2 xic. leite integral
  • 1 1/2 xic. creme de leite fresco
  • 1/4 xic. amido de milho
  • 1/4 colh. (chá) sal
  • 1/2 fava de baunilha (ou 1/2 colh. sopa de extrato natural de baunilha)
  • 3/4 lata de leite condensado (ou a gosto)


Preparo:

  1. Dissolva o amido em 1/2 xic. do leite dentro de uma panela. Junte o restante do leite e do creme de leite e o sal.
  2. Abra a meia fava com a ponta da faca e raspe as sementes para dentro da mistura de leite. Junte a fava aberta. 
  3. Leve ao fogo médio e cozinhe, mexendo sempre, até que ferva. Abaixe o fogo, misture bem por 1 minuto, deixando engrossar, e desligue o fogo. Junte o leite condensado, mexendo bem para que fique bem incorporado. (Se estiver usando extrato de baunilha, junte agora.)
  4. Escolha uma travessa refratária, de vidro ou cerâmica, que comporte pelo menos 2 camadas do pavê. Reserve 3 biscoitos para a farofa de decoração.
  5. Disponha uma parte do restante dos biscoitos, em camada única, dentro da travessa. Fatie as bananas em rodelas de não mais que 0,5cm, e disponha uma parte delas sobre os biscoitos, em camada única. Despeje uma parte do creme quente sobre as bananas, cobrindo bem. Repita as camadas, até terminar com creme, cobrindo bem todas as bananas, para que não escureçam. Pique na faca os biscoitos restantes, até obter um farofa grosseira, e polvilhe por cima. Leve à geladeira por no mínimo 4 horas. 




quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Um bolo de rapadura, tapioca e castanhas para meu pai e minha amiga


No que meu filho passou o fim de semana com o que acreditávamos ser uma forte reação alérgica a corantes alimentícios (segundo o médico), com pereba até a orelha, fiquei pensando nessa mentira que repetimos para nós mesmos de que infância não é infância sem uma porcaria de vez em quando. Pensei em de onde veio essa ideia de que criança = doce. De que se você não comer um pacote de salgadinho sabor artificial de qualquer coisa, você não teve infância.

Lembrei-me de um episódio do Two Greedy Italians, em que eles discutem a obesidade infantil na Itália, e comentam sobre sua infância brincando na rua e roubando frutas do vizinho. FRU-TAS. E falando de figos e tangerinas como ouço crianças falando de bolacha recheada.

Pensei em como Thomas e Laura, apesar de já terem experimentado fora de casa toda a sorte de porcarias, adoram frutas e mel, e roubam tomates do quintal, e saem correndo por aí roendo cenouras inteiras, com a mesma empolgação de quando lhes dou uma colherada de sorvete ou um pedaço de bolo. Eles não passam o dia inteiro me pedindo biscoito recheado. Passam o dia inteiro me pedindo colheradas de mel. E bananas. E maçãs. E melancia. E iogurte. Sem açúcar. Não porque eles sejam alienados da sociedade, não porque não saibam o que é um danoninho, não porque sejam crianças esquisitas. Mas porque o que há disponível na despensa é banana, não biscoito. O que tem na geladeira é iogurte natural, não danoninho. Porque criança tem potencial para comer direito, se você der comida boa. E porque, pra mim, criança não é doce. Criança é brincadeira. E criança distraída não pede comida o tempo todo. Criança distraída fica com fome de verdade. E criança com fome come o que tem. Come maçã.

E aprende a gostar de maçã. Aprende que maçã é lanche, é sobremesa. Que maçã é doce. Que é gostosa. Que fica melhor ainda com uma pitadinha de canela em pó por cima. Assada, então, nem se fala. Mas maçã assim, fresquinha, de comer de dentada, é campeã.

Thomas quase nunca come o lanche dele na escola. Mesmo os bolos, mesmo os queijos, mesmo suas frutas favoritas. A curiosidade daquilo que não tem em casa é maior, e ele surrupia o que pode do lanche dos outros. Não dá uma hora depois do almoço, no entanto, já o encontro abrindo a lancheira e procurando o lanche outrora ignorado. E come tudo. A fruta, o queijo, o chá, o bolo, o pão, o que for. Não me preocupo. Sei que, apesar da ocasional porcaria fora de casa, ele está sim aprendendo a comer direito. E espero que logo a curiosidade passe e ele faça boas escolhas sozinho.

Ainda assim, fiquei matutando em como nossa geração foi martelada com esse conceito de que criança que não come porcaria está sendo privada de sua infância. Quando penso numa criança feliz, a última imagem que me vem à cabeça é uma criança cheia de brinquedos e comendo Trakinas. Penso numa criança com espaço pra correr, amigos, família que a ame e, se é para falar de comida, comida boa, aquele frescor de frutas da estação num dia quente com pés na grama. Uma fatia gorda de melancia suculenta no verão.

Mas não há propaganda de melancia na televisão.

Crianças com imaginação tomam toddynho. No meu mundo, crianças que tomam toddynho correm risco de terem seus estômagos queimados por substâncias tóxicas, que é o que vem acontecendo (me pergunto se ninguém mais lê jornal, pois para mim não há recall e pedido de desculpas que me convença a comprar um Toddynho). E crianças que tomam toddynho estão jogando o dinheiro de seus pais no lixo, porque o que custa aquele soro de leite com chocolate de terceira, eu poderia derreter chocolate belga num copo de leite integral.

De todas as lembranças de infância que eu tenho, as mais positivas são desvinculadas de produtos alimentícios e ligadas diretamente a comida de verdade. Emporcalhar o uniforme da escola na amoreira do estacionamento. Tomar sorvete de limão caseiro da minha avó, na chácara. Roubar massa fresca crua de sua mesa na cozinha. Sovar panettone numa bacia com meu pai, e o dia em que o panettone dele virou um poste, porque ele colocou massa de três em uma só forma. O bolo de cenoura da minha mãe, o mesmo a vida toda. Minha mãe e sua amiga enrolando brigadeiro na cozinha um dia antes do meu aniversário. A primeira vez em que comi palmito, quando serviram potinhos de salada na pré-escola. A torta fina de goiabada que as freiras da escola serviam em dias comemorativos (uma fatia para cada aluno). O arroz doce que a avó de uma amiga sempre preparava para mim quando eu ia à sua casa. A primeira vez que comi gorgonzola, na casa dessa mesma amiga.

Os danoninhos, os yakults, as bolachas de chocolate... todos se perderam, pois estavam lá e eram só combustível. Não me lembro de momentos especiais ligados a eles, porque não havia pessoas envolvidas. Eram só coisas comestíveis. Eram apenas para preencher espaço e tempo.

Lembro-me das propagandas, no entanto. Cada uma delas. Isso deve querer dizer alguma coisa.

Então, no tempo entre escrever esse post e publicá-lo, a alergia do pequeno não melhorou, e o levamos ao hospital. Lá, descobrimos que mesmo crianças vacinadas pegam catapora, mas uma versão mais leve, que é frequentemente confundida com alergias alimentares.

Menos mal, pois seria um martírio controlar o que esse menino rouba das lancheiras dos amigos.

Agora ele está em casa, e é férias tudo de novo, só que sem poder sair no quintal pra brincar. Todo mundo trancado do lado de dentro correndo e enlouquecendo um pouco a mamãe. E no meio dos "Mamã! Iocúte cum mel por quima!" do Thomas, tem uns "Mamã! Bolo!" da Laura. O gene das sobremesas cremosas passou de pai pra filho, e o gene dos bolos passou de mãe pra filha. Vai entender.

Esse bolo foi uma estranha surpresa. Gostei da receita, pois foi daqueles momentos em que, apesar dos ingredientes diferentes, eu tinha absolutamente tudo em casa. Inclusive a rapadura e as castanhas de caju torradas, trazidas por meu pai de Fortaleza. A surpresa foi que, com tanta coisa que vai nesse bolo, eu esperava um gosto assertivo como acontece com um gingerbread. No entanto, o resultado é tão suave, inclusive em doçura, que até dá vontade de fazer uma calda. A erva-doce e a canela ficam bastante suaves, e parece que tudo se encaixa.

É também uma boa opção para quem não quer fazer bolo com açúcar branco, ou quem quer diminuir um pouco a farinha de trigo, pois quase metade é farinha de tapioca. Tapioca, aliás, que eu também tinha em casa por conta de uma amiga querida, Marina, que sempre me prepara tapioca e café quando vou à sua casa.

Daí que quando servi o bolo às crianças no meio da tarde, me peguei pensando neles: meu pai e minha amiga, e quis mandar um pedaço para que eles experimentassem, mas o bolo não coincidiu com meu pai em São Paulo, e toda a maratona da alergia-catapora impediu que eu fizesse uma visita a qualquer amiga.

Pode vir a propaganda de chocolate e salgadinho que quiser falando de compartilhar comida. Não há biscoito industrializado que se compare a dividir um bolo feito em casa com alguém.

BOLO DE RAPADURA, TAPIOCA E CASTANHAS 
(do livro Cozinhando Para Amigos 2, de Heloisa Bacellar)

Ingredientes:

  • 500g rapadura cortada em cubos, ou 3 xic. açúcar mascavo
  • 1 3/4 xic. leite de coco
  • 100g manteiga em cubinhos
  • 2 colh. (chá) canela em pó
  • 1/4 colh. (chá) cravo em pó
  • 1 colh. (chá) semente de erva-doce
  • 1 1/2 xic. coco fresco ralado
  • 1 1/2 xic. castanha de caju torrada, grosseiramente moída
  • 1 1/4 xic. farinha de tapioca
  • 2 xic. farinha de trigo
  • 1 colh. (sopa) fermento em pó
  • 4 ovos, separados
  • Açúcar e canela para polvilhar por cima


Ingredientes:

  1. Pré-aqueça o forno a 200ºC. Unte com manteiga uma forma grande para pudim. 
  2. Numa panela média, aqueça a rapadura e o leite de coco, até dissolver. 
  3. Retire do fogo, junte a manteiga, canela, cravo, erva-doce e misture bem. 
  4. Junte o coco ralado, castanha, farinha de trigo e de tapioca, o fermento e as gemas e misture até que fique homogêneo.
  5. Bata as claras em neve e incorpore rápido mas delicadamente à massa. (Misture sempre uma colherada cheia das claras à massa, batendo bem, para tornar mais leve a massa, de modo que o restante das claras seja incorporado mais facilmente. Sempre funciona.)
  6. Despeje na forma, alise a superfície, e asse por 40-45 minutos, até que fique bem dourado e um palito inserido no meio saia limpo. (Fique atento, o meu, aos 40 minutos, já estava chamuscado em cima.)
  7. Retire do forno e deixe que esfrie na forma antes de passar uma faquinha nas laterais e desenformar. Polvilhe açúcar e canela por cima. 





domingo, 22 de junho de 2014

Sanando vontade de pudim de cumaru


Minha sogra veio em casa outro dia e eu estava fora. Quando cheguei, já tarde da noite, abri a geladeira, procurando pudim. Porque ela sempre traz pudim de leite. Porque sempre que ele pergunta com o que ela pode colaborar, a gente sempre pede pra ela fazer pudim. Porque é uma delícia.

Mas não tinha pudim. Tinha bolo de fubá cremoso, e as crianças comeram, e eu comi os pedacinhos restantes, muito bons. Mas fiquei com o pudim na cabeça. Seca, seca por pudim.

Acordei no dia seguinte com o pudim em mente. Tomei café da manhã pensando em pudim. Fuçando numa Menu velha, achei um pudim de cumaru. E achei que seria o bastante para sanar minha vontade de pudim de leite, mas ao mesmo tempo com algo diferente que mantivesse o pudim de leite da sogra como O pudim de leite da família. Porque eu gosto dessa ideia de que cada um tem aquela contribuição especial onde ninguém mete o dedo.

Chamei o Matador-de-Dragões para me ajudar com o pudim. Ele assistiu meio que de longe a feitura do caramelo, eu explicando porque precisava ficar longe, mostrando as etapas, o açúcar derretendo, as borbulhas, o vapor extremamente quente. E ele ajudou a medir o leite, a quebrar o ovos, a lamber o resto do leite condensado de dentro da lata. Mamãe ralou o cumaru, porque criança de dedo ralado não é legal e cumaru é ótimo pra ralar dedo, que nem finalzinho de noz moscada.

Aí vem a paciência. De assar em banho-maria, de deixar esfriar, de deixar firmar na geladeira.

E a vontade de pudim ali, fervilhando. É bom, isso, ensinar ao pimpolho paciência.

"Qué cudim!"
"Não tá pronto, pimpolho."

Dia seguinte, pudim. Desenformou bem. Soltou floquinhos de pudim na calda. Ficou metade lisinho, metade com furinhos. Aromático de dominar a geladeira com cheiro de cumaru, essa coisa amêndoa e baunilha que eu acho o máximo.

Ficou uma delícia. Todo mundo repetiu. Difícil de não comer inteiro.

Vontade de pudim sanada.

PUDIM DE CUMARU
(de Ângela Sicilia, da Famiglia Sicilia, publicado na revista Menu)

Ingredientes:

  • 1 lata de leite condensado (395g)
  • 790ml leite integral
  • 3 ovos
  • 1 semente de cumaru ralada, ou a gosto, misturada ao leite
(calda)
  • 1 xic. açúcar
  • 1/2 xic. água quente

Preparo:

  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Coloque uma panela com água para esquentar, para o banho-maria.
  2. Em uma panela de fundo largo, derreta o açúcar até ficar dourado (não demais, porque ainda tem um tempo de cozimento depois, e a calda pode queimar).
  3. Junte a água quente, com cuidado com o vapor que vai subir, e mexa com uma colher de cabo longo. Deixe ferver até dissolver os torrões de açúcar e a calda engrossar. Despeje numa forma de furo no meio, com 19cm de diâmetro (daquelas altas). Reserve.
  4. No liquidificador, bata todos os ingredientes e despeje na forma com a calda.
  5. Cubra com papel-alumínio e coloque no centro de uma assadeira de bordas altas. Preencha a assadeira com água quente e leve ao forno por 1h30. 
  6. Retire do forno, deixe esfriar e leve à geladeira por seis horas ou durante a noite. Desenforme e sirva. 

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Medo da sopinha de inhame e agrião


Noutro dia estava assistindo a um programa em que uma família chamava uma nutricionista em casa para resolver o problema do filho criança que se recusava a comer carne. Achei engraçada a cara dos pais quando a profissional lhes disse que não havia problema nenhum em ser vegetariano – era óbvio que eles esperavam que a nutri forçasse o moleque a comer o estrogonofe que o resto da família comia. Olhando para o pratinho de legumes sem graça do menino, sempre exatamente os mesmos, acompanhado sempre do mesmo ovo cozido, fiquei pensando em como é difícil para quem não curte cozinhar como hobby criar pratos vegetarianos minimamente interessantes. Também pensei em como a família andava perdendo a oportunidade de aproveitar o vegetarianismo do filho para diversificar a alimentação de todos.

Mas é aquilo: tenho sempre de lembrar que existe gente que não gosta de cozinhar e, o que mais me surpreende, gente que não gosta de comer. (Como isso é possível??)

De qualquer forma, pensa nessa dificuldade no preparo dos legumes me lembrou de toda uma época em que eu ainda tinha medo da cozinha. Mais precisamente, na verdade, medo dos ingredientes. Medo de testar uma receita e errar. Medo de não gostar do resultado.

Apesar de minha mãe sempre preparar muitos legumes, eram sempre os mesmos, durante minha infância, e meio que preparados sempre do mesmo jeito. Então muitos legumes e verduras fui experimentar apenas quando adulta. Então quando vi uma receita de sopa de inhame com agrião, a foto me apeteceu o bastante para recortar a receita e colar no caderno, mas o medo do ingrediente desconhecido era tanto, que o prato ficou só no papel durante anos e anos e anos, apenas esperando esse momento mágico em que eu me suficientemente sentisse confortável na cozinha para prepará-lo.

Uma bobagem sem tamanho.

Mas fazer o quê?

Olho para uma dezena de receitas recortadas há 15 anos e ali, coladas no caderno, sem nunca terem sido preparadas, por medo de ingrediente que nem comprar eu sabia. Agora saio correndo atrás do prejuízo, e me perguntando por que diabos deixei passar tantos invernos sem sopa de inhame.

E toda vez que encontro na feira algo que nunca comi na vida, faço questão de levar pra casa para experimentar. Tanta verdura, fruta e legume bom no mundo, que é um crime comer todo dia a mesma coisa!

PS: uma semana cheia de posts, outra não. Culpa da maldição da mão do cozinheiro louco, que fez com que os almoços saíssem meio mequetrefes. Ainda bem que a maldição vem rápido e passa rápido. ;)

SOPA DE INHAME E AGRIÃO
(De uma antiga revista Gula)
Rendimento: 6 porções

Ingredientes:

  • 1kg inhame
  • 1 dente de alho picado
  • 1/2 cebola média picada
  • 50g manteiga
  • 2 litros caldo de legumes
  • 1 xic. folhas agrião
  • 1 colh. (sopa) manteiga para refogar o agrião
  • sal e pimenta a gosto


Preparo:

  1. Descasque e pique o inhame. 
  2. Refogue o alho e a cebola nos 50g manteiga até que murchem. 
  3. Junte o inhame e refogue por 3 minutos.
  4. Junte o caldo e cozinhe em fogo baixo até que o inhame esteja macio. 
  5. Deixe esfriar um pouco e bata no liquidificador. Volte à panela, tempere com sal  e pimenta e reserve. 
  6. Em uma frigideira, derreta a manteiga restante e junte o agrião. Refogue até que murche. Volte para a tábua de corte e pique muito bem, voltando para a sopa reservada. 
  7. Volte ao fogo e cozinhe por mais 5 minutos. Sirva quente.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Salada de feijão-manteiguinha, pesto de folha de rabanete e mais um monte de coisa


Era para ser um almocinho vegan. Mas abri a geladeira e dei de cara com aquele maço de folhas de rabanete. Achei uma receita de pesto e, já que Madame Bochechas resolvera não dormir no meu horário de trabalho, resolvi preparar o danado para congelar e usar depois. [Pois há ainda muita verdura na geladeira para ser usada A.S.A.P., já que eu tive um impulso consumista na feira da semana passada e comprei uma variedade e quantidade maior do que consigo consumir de fato.]

Na hora de preparar o pesto, fiz poucas modificações: aferventei as folhas antes para tirar aquela sensação piniquenta, e usei castanhas do pará. O bicho ficou tão gostoso (Laura queria comer de colher), que resolvi usar o pesto na salada de feijão-manteiguinha que planejara para hoje, já que o dia estava bonito e não estava tão frio.

Feijão-manteiguinha: com um nome desse, não dá vontade de levar pra casa quando você vê na gôndola? Eu levei. E achei uma delícia. E fui pesquisar e descobri que ele é famosinho em várias partes do Brasil, mas que eu que era boba e nunca tinha ouvido falar. E é saboroso, e pequenininho, e bom em saladas. Como vi que era parente do feijão-fradinho, achei por bem descartar a água da primeira fervura, lavar e aí sim cozinhar com alguns temperos, para evitar qualquer possível amargor. Quem conhece o moço que me diga se era preciso fazer isso ou se é bobagem minha.

Sabia que queria usar na salada, abacate, que o Matador de Dragões (agora) adora. E tomate, e pepino japonês, e rabanete. Bati o olho numa salada de quinua que levava ingredientes semelhantes, e que levava também amêndoas e tâmaras. Resolvi arriscar, substituindo as amêndoas por castanha-do-pará de novo. Fui comedida e botei só quatro tâmaras, mas da próxima vez, uso mais, muito mais, porque o docinho da tâmara enriqueceu muito o prato.

Madame Bochechas provara do feijão na panela e do pesto no processador. Mas quando lhe apresentei o prato montado, ela torceu o nariz. Expliquei que era a mesma coisa. Mostrei pra ela. Passei o dedo no processador ainda sujo e deixei que lambesse. Fiz o mesmo no molho da salada. Ela apanhou a colher e foi valente, experimentando de tudo, gostando de alguns itens, cuspindo outros, mas, em geral, mandando ver.

Matador de Dragões viu o almoço e não quis sentar à mesa. Disse-lhe, como sempre, que se não queria comer, que não comesse; mas que precisava sentar-se conosco e esperar que todos terminarem. Ele veio, a contragosto. Ficou olhando, bem uns cinco minutos, enquanto Laura e eu comíamos, "hmmms", "aaahs", "boooons". Então apanhou a colher e experimentou. "Gostou, Thomas?" "Hm-rum", disse, continuando a comer. "Quéo mais." "Mais fejão?" "Dãaaao. Esse." Apontou para o rabanete.

Fico contente que ele tenha entendido o esquema e simplesmente experimente metendo o colherão na boca e mastigando. Laura entrou já cedo na fase do Não Gosto, Não Quero, e às vezes, recusa-se a comer, tornando-se minha mais nova Catadora de Salsinha. Hoje foi uma exceção conseguir convencê-la pelos meios da razão. Também não há promessa de chocolate que a faça experimentar algo, já que ela ainda não entende completamente condicionais. [Só promessa de chocolate fez com que Thomas experimentasse a berinjela recheada de painço, que ficou feia como o demônio, mas uma delícia. Experimentou, raspou o prato. Já Laura, não esboçou problemas com a gororoba marrom-acinzentada em seu prato e mandou ver sem manha.]

Vejo que a pequena Catadora de Salsinha ainda tem a dificuldade da mastigação, por não ter todos os dentes, já que o modo como mastigamos muda completamente o gosto que sentimos do alimento. Dependendo de como ela põe a comida na boca, o tamanho do pedaço, ela come ou rejeita. Pensei nisso outro dia, quando Thomas apanhou um legume qualquer para experimentar e apenas tocou-o na ponta da língua e o rejeitou. Tento explicar que desse jeito ele não está sentindo o gosto de nada e que isso é roubar no jogo: experimentar é botar na boca, mastigar e engolir. Imagina apanhar um pepino e encostar a ponta da língua na casca? Nem maçã tem gosto bom assim. o_O

Fiquei contente de ver os dois comendo com gosto, pedindo mais. Também, pudera: saladinha que ficou uma delícia, e eu mesma raspei o prato, repeti e comi o pouco que eles deixaram nas suas tigelinhas. Achei que sobraria pro jantar, mas já vi que vou pra cozinha de novo hoje. ¬_¬

SALADA DE  FEIJÃO-MANTEIGUINHA, PESTO DE FOLHAS DE RABANETE E UM MONTE DE COISA
Rendimento: 2-4 porções, dependendo se prato principal ou acompanhamento

Ingredientes:
(feijão)

  • 1 xic. feijão-manteiguinha seco, deixado de molho na noite anterior e escorrido
  • 1 colh. (sopa) azeite
  • 1 ramo de salsinha
  • 1 folha de louro
  • 1 pitada de pimenta-calabresa seca
  • sal e pimenta a gosto

(pesto)

  • 1 maço de folhas de rabanete bem verdinhas, com os talos
  • 1 dente de alho, descascado
  • 5-6 castanhas-do-pará
  • 1/2 xic. queijo parmesão ralado na hora
  • suco de 1/2 limão
  • azeite de oliva (1/4 xic. ou mais, dependendo da consistência desejada)
  • sal e pimenta a gosto

(salada)

  • 2-3 colh. (sopa) água do cozimento do feijão
  • 1 tomate maduro mas firme, cortado em cubinhos pequenos
  • 1/4 cebola picada
  • 1/2 abacate maduro, cortado em cubos e regado com suco de limão, para não escurecer
  • 2 rabanetes cortados ao meio no sentido do comprimento e fatiados bem fininho
  • 1 pepino japonês fatiado bem fininho
  • 4 castanhas-do-pará picadas
  • 4 (ou mais) tâmaras, sem caroço, picadas
  • sal e pimenta a gosto


Preparo:

  1. Coloque o feijão para cozinhar em água. Quando ferver, escorra, lave, volte à panela com água limpa bastante para cobrir, o azeite, o louro, a salsinha e a pimenta-calabresa. Leve à fervura, abaixe o fogo, e deixe cozinhando com meia-tampa até que o feijão esteja macio (o tempo vai depender da idade do feijão e se você usar panela de pressão ou não).
  2. Retire as ervas, tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto e escorra, reservando o caldo. 
  3. Enquanto isso, faça o pesto: coloque água com sal para ferver em uma panela grande. Coloque as folhas de rabanete e deixe cozinhar por 1 minuto. Retire e deixe que esfriem. Quando estiverem frias, esprema nas mãos até tirar todo o líquido e coloque as folhas no processador com as castanhas, o alho, o limão e o azeite. Pulse até transformar em purê. Acrescente o azeite, o queijo, sal e pimenta e bata novamente até que fique homogêneo. Você terá mais pesto do que precisa. O restante pode ser congelado. 
  4. Numa tigela grande, misture o feijão ainda quente a 1/3 xic. do pesto diluído em 2-3 colh. (sopa) da água do cozimento do feijão. (O restante do caldo do feijão pode ser usado no caldo de legumes, assim como a água do cozimento das folhas de rabanete.)
  5. Quando o feijão estiver bem temperado, junte o restante dos ingredientes da salada, misturando muito bem. Prove e acrescente mais suco de limão, azeite, sal e pimenta a gosto, se precisar. Deixe a salada descansar em temperatura ambiente por 15-30 minutos, para que os sabores se desenvolvam e sirva. 


segunda-feira, 2 de junho de 2014

Meu primeiro bacalhau, o segundo, o terceiro e o quarto também

Polenta, bacalhau à moda de Vicenza, e radicchio grelhado. NHAM.

Meu primeiro bacalhau à Gomes de Sá.

Noutro dia me dei conta de que nunca fizera bacalhau. NUNCA. E fiquei em choque. Porque bacalhau sempre foi comida da minha mãe. Primeiro, apenas na Páscoa, pois era muito caro. E por isso, era especial. Comida de festa. Pra muita gente, ainda é. Conforme as coisas melhoraram em casa, e minha mãe começou a preparar bacalhau com mais frequência, continuei gostando, mas confesso que perdeu um pouco a graça. Como se desse alcachofra o ano todo. Como comer panettone em junho. Ou tomar quentão em janeiro. Eu curto a sazonalidade das coisas, e para mim, bacalhau era aquela coisa de uma vez por ano, duas se déssemos sorte.

Daí, como minha mãe ainda fizesse bacalhau sempre e eu tivesse onde comê-lo, não me interessei muito em cozinhá-lo eu mesma.

Só que recentemente me deu um tilt, um incômodo, um comichão, de preparar bacalhau. Da mesma forma que anda me dando comichão de fazer pernil. E boeuf borguignon. E eu fico pensando na infinidade de coisas que eu nunca cozinhei na vida, e parece que não há vida bastante para cozinhar tudo.

Fui lá no mercadão, comprei um belo pedaço de bacalhau, voltei pra casa e me vi naquele impasse: o que é que eu preparo com isso agora? Era tanta receita diferente, que minha cabeça girou um pouquinho.

Fechei todos os livros, catei meu caderno e apanhei uma receitinha véia recortada de uma revista Gula antiga, e colada ali numa página qualquer havia milênios: bacalhau à Gomes de Sá. Afinal, sempre digo que é bom fazer o básico antes de sair atrás das invencionices.

E meu deus, como ficou gostoso. Eu lá, morrendo de medo de fazer alguma coisa errada com o bicho, e como é fácil esse prato. No entanto... descobri a duras penas que meu marido não gosta de bacalhau. Bacalhau pronto e ele: "mas eu não gosto de bacalhau". Nem as crianças, que só comeram as batatas.

Eu lá com aquele panelão-delícia para comer sozinha.

Dia seguinte, desfiei melhor o bacalhau, e virou frittata. Tão boa, tão boa, que cogito a possibilidade de fazer bacalhau de novo só pra botar ovo junto. E na frittata, todo mundo comeu o bacalhau. Até o marido, ainda que meio a contragosto.

Agora, sabendo do desafio de fazer algo que só eu gostava, tinha que dar fim logo ao pedação de bacalhau que ainda restava na geladeira.

O que escolhi fazer foi baccalà alla vicentina, uma receita italiana com a qual eu tinha uma história. Na primeira viagem à Itália, em Bologna, ainda meio que vegetariana (só comia peixe quando realmente não havia opção), finalmente encontrei um restaurante que servisse o que viria a se tornar minha massa recheada favorita: tortelli di zucca (tortelli de abóbora, com mostarda di cremona, amaretti e sálvia). Acontece que o restaurante era mais chique do que eu havia previsto, e quando pedi o prato, vieram 5 tortellezinhos do tamanho de uma noz. Que para a fome que eu estava, não dava para nada. Resolvi pedir um segundo prato. No meio de tanta carne, só havia ali bacalhau alla vicentina. Vai tu mesmo. E o que veio foi uma porção de polenta cremosa e o que parecia um purê de bacalhau por cima, com muito mais leite do que peixe, meio farinhento. Não sei dizer o que exatamente havia de errado no prato (além do fato de estar comendo em Bologna um prato de Vicenza); mas na primeira garfada, quase cuspi tudo. Era horrível. E eu lá, morrendo de fome, e gastando mais dinheiro naquele jantar do que eu gostaria. Dá-lhe vinho pra fazer descer aquele grude.

Não é a apresentação mais bonita que eu poderia fazer do prato. Mas tendo uma profusão de receitas do tal bacalhau com polenta, e sendo um prato clássico de uma cidade, eu estava era curiosa para ver se o negócio era mesmo terrível ou se o restaurante errara muito a mão, fazendo algo que não era da sua região.

Com certeza a segunda opção.

Pois bacalhau à moda de Vicenza é uma delícia. Ao menos esse. E completamente diferente daquele purê bizarro. O processo é mais fácil até do que o bacalhau à Gomes de Sá, ainda que parecido. E o peixe fica molhadinho, em lascas macias. Como disse a Tessa Kiros no livro, o bacalhau salgado combina maravilhosamente com a polenta doce e o amargo do radicchio grelhado. O radicchio, na minha opinião, levanta o prato como ninguém, e é crucial.

Desta vez, Thomas comeu o bacalhau. E a polenta. E, veja só, até o radicchio. Laura ficou mais na polenta mesmo. Allex comeu porque era o que tinha. Eu me deliciei. Repeti duas vezes, a gordinha.

E no dia seguinte, o que sobrou do bacalhau foi batido no processador com mais ou menos a mesma quantidade de batata cozida, com casca e tudo, e mais um punhado de salsinha, até virar um purê firme. Passei na farinha de rosca, fritei e servi os bolinhos de bacalhau (de chorar de bom) no almoço, junto com a sopinha de couve-flor e alho-poró da Bela Gil. Molecada devorou os bolinhos. Inclusive a Laura, que até então recusara o peixe.

Frittata de bacalhau e batata. Vale o esforço de preparar o bacalhau.

Um montão de receita aí, ó:

BACALHAU A GOMES DE SÁ:
(de Milu Palmela, publicada numa revista Gula)
Rendimento: 6 porções

Ingredientes:
  • 1kg bacalhau deixado de molho por 2 dias na geladeira, trocando a água com frequência
  • 200ml azeite de oliva
  • 2 dentes de alho esmagados
  • 4 cebolas médias em rodelas
  • 1kg batatas lavadas e cozidas com a casca
  • 4 ovos cozidos duros
  • Leite quanto baste para cobrir o bacalhau
  • Azeitonas pretas a gosto
  • Salsinha picada para polvilhar
  • sal e pimenta-do-reino

Preparo:
  1. Escorra o bacalhau, passe para uma panela grande e cubra com água fervente, fora do fogo. Tampe a panela, embrulhe num pano grosso e mantenha assim por 20 minutos.
  2. Escorra novamente, retire a pele e as espinhas, e desfaça em lascas. Passe para um recipiente fundo, cubra com leite quente e deixe em infusão de 1h30-2 horas. 
  3. Retire as cascas das batatas e corte em rodelas.
  4. Numa travessa que possa ir ao fogo e ao forno, coloque o óleo de oliva, alho e cebola. Leve ao fogo, e assim que as cebolas começarem a dourar, junte as batatas
  5. Distribua as lascas de bacalhau já escorridas, tempere com pimenta e sal.
  6. Leve ao forno quente por 15 minutos. Retire do forno, polvilhe com salsinha, distribua os ovos e as azeitonas e sirva bem quente. 

......

FRITTATA DE FORNO DE BACALHAU COM BATATAS
Rendimento: 4-6 pessoas
  • O que sobrou do bacalhau a gomes de sá (cerca de 3 xic.) (se sobrou pouco, pode completar com mais batatas cozidas e fatiadas)
  • 1 1/4 xic. creme de leite fresco
  • 7 ovos
  • sal e pimenta
  • azeite para untar a forma
  • um punhado de salsinha picada

Preparo:
  1. Misture tudo em uma tigela, coloque em uma assadeira untada de cerca de 20-30cm e leve ao forno a 200ºC por cerca de 40 minutos, até dourar.


......

BACCALÀ ALLA VICENTINA
(do lindo livro Venezia, de Tessa Kiros)
Rendimento: 4 porções

Ingredientes:
  • 700g bacalhau, deixado de molho por 2 dias na geladeira, água trocada com frequencia
  • farinha de trigo, para polvilhar
  • 5 colh. (sopa) azeite de oliva
  • 1 cebola grande, cortada em meias-luas finas
  • 2 dentes de alho picados
  • cerca de 6 filés de anchova conservados em óleo (alice) grandes, quebrados em pedaços
  • 2 colh. (sopa) salsinha picada
  • 750ml leite


Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Escorra o bacalhau, e corte em pedaços de cerca de 4x5cm, descartando pele e espinhas. Disponha numa assadeira e polvilhe com farinha dos dois lados, chacoalhando para retirar o excesso. 
  2. Aqueça o azeite em uma travessa que possa ir ao fogo e ao forno (uso sempre o panelão baixo e verde da foto, que tem tampa), e refogue a cebola até que fique macia. Junte o alho. Quando perfumar, junte metade da anchova, amassando com uma colher de pau para dissolver. 
  3. Misture bem, junte a salsinha, e arranje os pedaços de bacalhau por cima, misturando com uma colher de pau, para que os temperos recubram o peixe. Adicione umas 2 ou 3 viradinhas do moedor de pimenta.
  4. Junte o leite, movendo os pedaços de peixe para que o leite escorra por baixo deles. Junte o resto da anchova. Cubra a travessa com papel alumínio (ou tampa, se houver) e leve ao forno. 
  5. Asse por 1 hora, então descubra a travessa e asse por mais 30 minutos, ou até que o bacalhau e a cebola tenham absorvido quase todo o líquido e haja uma crosta dourada por cima. (Se o leite talhar, como no meu caso, a aparência não vai ser das mais bonitas, mas o gosto é excelente.)
  6. Remova a panela do forno e deixe descansar alguns minutos, para que o peixe absorva mais líquido. Se ainda estiver muito cheio de líquido, volte para o forno desligado mais um pouco. 
  7. Sirva quente, acompanhado de polenta (mole ou grelhada) e radicchio grelhado (corte o radicchio em quartos no sentido do comprimento, tempere com sal, azeite e pimenta e disponha numa travessa refratária. Leve ao forno e asse até que esteja macio e quase chamuscadinho nas pontas.)





terça-feira, 8 de abril de 2014

Quitutes de aniversário corrido

O caderninho de onde vieram os quitutes.
O dia seguinte.
Semana passada foi aniversário do Matador de Dragões. Festa infantil definitivamente não é meu forte. Confesso que me sinto imensamente intimidada por todos os relatos de festas infantis que vejo por aí. Principalmente do povo empenhado, que de fato produz todos os enfeites manualmente e afins. Já disse isso uma vez: apesar de trabalhar com arte, trabalhos manuais não são meu maior talento.

Daí que decidi que, ainda tendo mais adultos que crianças na festa (há poucos amigos e familiares com filhos, e achei melhor não chamar ainda os colegas da escola, pois a festa ficaria grande demais para o tamanho da minha conta bancária), manteria as coisas simples. Brinquei com meu marido: é bom nivelar por baixo – no dia em que a festa tiver cupcakes e a gente ligar o video-game, Thomas e Laura vão achar que é festa de milionário. ;)

Resolvi que prepararia um bolinho simples de chocolate para que Thomas levasse na escola, para cantar parabéns com os amigos. Um fácil, de preparar numa tigela só e levar na assadeira, pra cortar em quadradinhos na hora. O bolo do livro Sticky Choowey Messy Gooey, da Jill O'Connor, que já fiz em vários momentos de desespero por chocolate e preguiça monumental de fazer bolo. Receita AQUI.  A cobertura, fudge, do livro de baking que mais tenho usado desde que tive filhos: Sinfully Easy Delicious Desserts, da Alice Medrich. Porque a cobertura original do bolo é doce DEMAIS. E essa, da Alice, é perfeita. E fácil. De novo, receita AQUI. Porque como o bolo e a cobertura usam unsweetened chocolate (chocolate a 99%), acho bobagem colocar aqui traduzido algo que muito pouca gente vai encontrar e as autoras não sugerem substituição.

Daí, que para o cardápio da festinha, decidi preparar tudo com antecedência, um quitute por dia, e congelar, para reaquecer no forno no dia da festa. Tudo simples: pão de queijo (receita que já faço de olhos fechados), pastelzinho de palmito, bolinho de mandioca (que acabou saindo de mandioquinha, pois confundi e comprei errado), sanduichinho de presunto cru, cream cheese e alface, e uns patezinhos comprados prontos, com torradinhas compradas prontas.

Faria o pão de queijo num dia, na batedeira, super rápido, e congelaria. A receita que costuma render uns 50 tamanho normal, rendeu o dobro em tamanho coquetel. No mesmo dia, cozinhei as mandioquinhas e fiz os bolinhos, que também foram para o freezer. Enquanto fazia tudo isso, a massa do pão de forma do bertinet crescia, massa sovada por dez minutos e facílima de moldar, e foi ao forno logo antes das crianças dormirem. Do forno para o freezer. Nesse dia, ter mãe aqui em casa pra olhar a pimpolhada ajudou, ainda que boa parte do processo tenha sido feito na hora da soneca.

Os pasteizinhos fiz num fim de semana, num dia em que o pimpolho queria atenção, então o coloquei para ajudar. Ele puxou a cadeira para perto da mesa, colocou os ingredientes na tigela e preparou a massa com minha supervisão. O recheio idem. Na frente do fogão, juntando tudo, mexendo com colher de pau. Agora, com três anos, ele recebe e respeita instruções melhor, e se orgulha do resultado e de ter feito sozinho. Também entende o perigo que é o fogo ou uma faca. Na hora de abrir a massa e rechear, ele ficava com algumas rebarbas e um cortador de biscoito, brincando de massinha enquanto mamãe preparava os pasteis de verdade. Isso foi muito, muito gostoso, e desde então ele tem estado louco de vontade de ajudar na cozinha. ^_^

Para a mãe, pedi que trouxesse seus bolinhos de arroz e os patês comprados.
Para a sogra, pedi que trouxesse brigadeiros e bicho-de-pé.
Minha irmã trouxe balas de coco. E bolinhas de sabão.

O bolo, fiz em ainda outro dia, zás-trás, no processador. Bolo de baunilha pau pra toda obra da Alice Medrich, daquele mesmo livro citado antes. Embalei e botei no freezer, e apenas na noite anterior à festa que abri, reguei com um xarope de açúcar a baunilha, recheei com doce-de-leite comprado e cobri com cobertura de chocolate feita com cacau em pó, também da dona Alice, mas do livro Bittersweet. Não foi o bolo mais bonito que já fiz, mas ficou bem gostoso. Tipo um alfajor gigante. ;)

O entretenimento foi a piscininha de montar que as crianças ganharam da Oma no Natal, cheia de bolinhas de plástico coloridas compradas pela internet. E as bolinhas de sabão da minha irmã. E as poucas bexigas que enchi e joguei dentro do chiqueirinho da Laura. E o excesso de energia de crianças com espaço para correr.

A decoração? Festa aqui em casa não costuma ter disso. Decoração, pra mim, é casa limpa. A mesma toalha xadrez vermelha e branca de sempre, que acho festiva. Algumas louças coloridas que tenho. Mas num momento de calmaria, lembrei-me do bloco de papel colorido que há 8 anos habitava minha gaveta. Empilhei tudo, cortei com estilete em triângulos e grampeei numa linha qualquer. Bingo: bandeirinhas coloridas. Um trabalho de meia hora para um visual festivo. Senti-me super orgulhosa do feito e meus filhos adoraram.

De bebida, cerveja, suco de laranja e água de coco.

Parece muita coisa quando escrevo, mas considerando as festas a que eu tenho ido, ficava com a sensação de que era muito... pouco. Mas se eu tinha intenção de passar por esse processo com sossego ou mesmo fazer mais (juro que eu quis planejar lembrancinhas. Ou comprar guardanapos coloridos. No fim, quem comprou copinhos foi minha mãe), o universo foi muito sacana comigo. Primeiro, me deu um bom trabalho, mas com um prazo metade do prazo mínimo que costumo dar para esse tipo de projeto. Com ele, vieram as reuniões em São Paulo e até em Belém, ainda que o avião tenha pousado primeiro em São Luís por causa da chuva e por lá ficado por cinco horas, além da uma hora e meia de atraso que tivera para sair de Guarulhos.

E eventos na escola e reunião de pais, que me tomaram tempo de trabalho, que tive de compensar em horários em que pretendia cuidar da festa.

Daí que no meio da semana anterior à festa, Thomas pegou um febrão inexplicável, que só deu sossego no dia de seu aniversário, ainda que eu o tenha mandado à escola meio borocoxô, para cortar o bolo de chocolate que fiz com o coração na mão. Queria muito que ele se divertisse um pouco. E ele parou de comer. E de beber água. E eu comecei a ficar louca de preocupação. E depois de muita atenção e tentativa de traduzir o pouco que ele andava falando, pensamos: são os molares terminando de nascer. Aí vieram as aftas. E quando falei com o pediatra, ele explicou que era estomatite. Comum, aparentemente, principalmente quando nascem os dentes, pois a resistência baixa.

E quando vem a festinha, ele se diverte, mas não come. Passa o dia todo com o mesmo pão de queijo na mão, e mamãe de coração partido, vê quando ele distribui brigadeiros para a festa inteira mas não come nenhum. Mas me delicio com sua felicidade ao receber os presentes. Eu, tentando me distrair do fato de que todo aquele trabalho que eu tivera não estava beneficiando meu filhote, que estava doente e amuado, esqueci-me até mesmo de tirar fotos.

A festa é boa, a comida dá certo, povo parece se divertir. Eu, de coração partido por Thomas não ter comido dos pasteizinhos que ele mesmo fez, passei uma noite insone. E na noite insone, fiquei pensando nas conversas que tivera sobre festas feitas em casa, e decoração, e lembrancinhas, e toda a sorte de coisas que eu não fizera. E senti-me completamente inadequada. E me incomodou o fato de estar incomodada. Quando minha irmã me perguntou qual era o tema da festa, respondi: colorido. E qual o esquema de cores? Pra comprar os papeizinhos da bala de coco? Ahn... colorido. Cores. Sei lá. Festa de criança da nossa infância. E pensei que se meus pais alguma vez fizeram uma festa para mim com tema de qualquer coisa, eu não me lembro. A única lembrança forte de aniversários de infância que tenho é de uma amiga de minha mãe passar a tarde toda na cozinha batendo papo e ajudando a enrolar brigadeiros. E essa é uma lembrança muito querida, pois para mim queria dizer dia de festa. Como as frutas espalhadas pela casa no Natal.

E pensei que poderia ter feito muito mais pela festa do meu filho. Mas teria sido uma droga, pois ele estava dodói.

No dia seguinte, Thomas, Laura, papai e mamãe fazendo guerrinha de bolinhas na piscininha. O pequeno, enlouquecido com seus dragões novos. A pequena, no entanto, é quem se anima com o patinete, empurrada pelo papai. A futura skatista da família, minha Laura. Brinca-se horrores. Tiro todas as fotos que me esqueci de tirar na festa. Thomas de bom humor. Tasca remédio. Ele consegue comer alguma coisa. Prova um pastelzinho. "Delish!", diz, sem conseguir pronunciar "delícia". Passa patê nas torradinhas e distribui para papai e mamãe. Janta iogurte caseiro. Está radiante com o dia de brincadeiras.

Melhora mais um pouco no dia que se segue. Quer almoçar brigadeiro? Manda bala. Felicidade é vê-lo comer, graças a deus. Alívio.

As bandeirinhas continuam lá. Ainda não tive tempo de tirá-las. A piscininha de bolinhas ficou montada por três dias. Desde a festinha ele não quer ver desenhos, apenas brincar com os brinquedos novos. Fico orgulhosa de vê-lo emprestar alguns para a irmã.

Para sempre vou me lembrar desse aniversário corrido, feito às pressas, com aniversariante doentinho que me deu uma dor imensa no coração. Mais do que isso, no entanto, vou me lembrar das interjeições de alegria ao vê-lo abrindo os presentinhos e seu olhar de incredulidade ao perceber que aquilo era dele. Ou de sua alegria nas brincadeiras do dia seguinte, família toda junta.

Pergunto-me do quê ele vai se lembrar, se é que se lembrará de alguma coisa. Se vai ver o video do parabéns e se perguntar do por quê de estar chorando. Ou se vai lembrar do dia em que fez pasteizinhos. Ou da bandeirinha tosca da mamãe.

PASTEIZINHOS DE PALMITO
(de uma edição antiga da Cláudia Cozinha)
Rendimento: cerca de 30 unidades

Ingredientes:
(massa)

  • 2 xic. farinha de trigo
  • 1 colh. (chá) sal
  • 1/2 xic. manteiga sem sal, gelada
  • 1/2 xic. água gelada

1 gema
(recheio)

  • 1 cebola picada
  • 2 colh. (sopa) azeite
  • 150g palmito em conserva escorrido e picado
  • 3 colh. (sopa) farinha de trigo
  • 3/4 xic. leite
  • sal a gosto
  • 3 colh. (sopa) salsinha picada
  • 2 gemas para pincelar


Preparo:
(massa)

  1. Misture a farinha, o sal e a manteiga em cubinhos e esfregue com a ponta dos dedos até obter uma farofa. Junte a água e a gema e misture com um garfo, até obter uma massa homogênea. Cubra com filme plástico e deixe descansar na geladeira enquanto faz o recheio.

(recheio)

  1. Numa panela, refogue a cebola no azeite por dois minutos. Acrescente o palmito e mexa bem. 
  2. Misture a farinha com o leite e junte à panela. Cozinhe, mexendo sempre, até engrossar ligeiramente. Tempere com sal e junte a salsa. Deixe esfriar.

(montagem)

  1. Aqueça o forno em temperatura média (180ºC). Abra a massa com um rolo até obter uma espessura de meio centímetro. Corte a massa com um cortador redondo de 9cm de diâmetro (você pode juntar as rebarbas e abrir de novo, para obter mais pastéis).
  2. Recheie cada roda de massa com 1 colh. (chá) da mistura de palmito. Pincele as bordas da massa com um pouquinho de água, e feche em formato de meia-lua. Pressione as bordas com um garfo e coloque o pastel na assadeira. 
  3. Pincele os pastéis com as gemas batidas e leve ao forno por 25 minutos, ou até que estejam levemente dourados. Sirva-os quentes ou deixe que esfriem completamente, guarde em um saco plástico e leve ao freezer por até 3 meses. Basta reaquecê-los em forno médio por alguns minutos.


BOLINHO DE MANDIOCA (ou mandioquinha)
(de uma edição antiga da revista Cláudia Cozinha)
Rendimento: cerca de 60 unidades

Ingredientes:

  • 1kg de mandioca limpa (ou mandioquinha)
  • 1 ovo
  • sal a gosto
  • 2 colh. (sopa) salsinha picada
  • 1 xic. farinha de trigo
  • 1 xic. queijo mussarela cortado em cubinhos
  • 2 ovos batidos ligeiramente, em uma tigela
  • 1 xic. farinha de rosca, em uma tigela
  • óleo para fritar


Preparo:

  1. Corte a mandioca em pedaços, descasque e cozinhe em água suficiente para cobri-la, até ficar macia. 
  2. Escorra e amasse ou esprema no espremedor de batata (ou passa-verdura) para obter um purê. 
  3. Misture ao purê o ovo, a salsinha, sal a gosto e a farinha de trigo. 
  4. Com mãos untadas, ou duas colherinhas de chá, faça bolinhas de meia colh. (sopa) da massa, coloque dentro um cubinho de queijo e feche bem. 
  5. Passe as bolinhas nos ovos batidos e em seguida na farinha de rosca. Reserve em uma assadeira as bolinhas prontas. (Se quiser congelar, leve a assadeira ao freezer por cerca de 2 horas, então retire e coloque as bolinhas congeladas num saco plástico fechado, no freezer, por até 3 meses. Frite-os ainda congelados.)
  6. Frite em óleo quente poucas unidades por vez, até que as bolinhas dourem por igual. Escorra em papel absorvente e sirva quente. 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Bolo de limão de vó e de chuva

Pedacim pequeninim, num pires.

E prossegue esse calor infernal, esse calor que faz com que a manteiga recém-tirada da geladeira fique perfeita pra passar no pão em dois minutos, e absolutamente derretida em quinze. Esse calor que faz com que o pão de fermento natural dobre de tamanho em duas horas, e não em dezoito (o que impede também que ele crie aquela cor dourado-escura ao ser assado ou cresça decentemente no forno). Esse calor que é quente demais até para usar shorts. Só saia salva.

E enquanto todos nós derretemos por aqui, queimando os pés no azulejo do quintal e maldizendo cada pincelada de aquarela, cuja tinta seca antes que se possa manipulá-la no papel, ouço súplicas por chuva por todos os lados. Para refrescar, para encher os reservatórios.

Aí me pego pensando, que se fizermos um esforço coletivo, podemos, juntos, fazer chover. Basta seguir os passos simples a seguir, e é garantia de chuva refrescante no fim do dia:
  1. Saia de casa o dia todo e deixe as janelas abertas. De preferência, com algum objeto logo abaixo delas que não possa ser molhado, como seu livro favorito, um trabalho de faculdade ou seu laptop aberto. 
  2. Se não puder deixar seu livro favorito, seu trabalho de faculdade ou seu laptop em casa, saia com ele para dar uma volta bem longa à pé, em direção a algum lugar longe para um compromisso para o qual você já está atrasado, e lembre-se de não levar nenhuma espécie de proteção contra chuva para esse objeto que não pode molhar. Afinal, está um dia bonito e não vai chover. 
  3. Lave o carro.
  4. Regue as plantas. 
  5. Vá para o trabalho de moto, porque está um dia bonito e não vai chover. Melhor ainda se tiver uma reunião assim que chegar ou um evento importante depois do trabalho para o qual você vai direto, de moto.
  6. Faça escova no cabelo.
  7. Jogue fora aquela sua capa de chuva que você nunca usa mesmo, porque não chove faz tempo.
  8. Programe um piquenique a céu aberto. Programe, na verdade, qualquer evento a céu aberto. Melhor ainda se for importante, como um aniversário ou um casamento. Se puder ignorar os conselhos de amigos dizendo que é melhor ter uma tenda no evento, ótimo.
  9. Saia de casa com um sapato de camurça. [Funciona como ir de blusa branca em restaurante japonês: garantia de o sushi escapar do hashi e explodir shoyu na sua roupa. Ou dar sorvete de uva pra criança. Criança nunca derruba na blusa sorvete de limão. É sempre de uva.]
  10. Programe uma viagem para a praia, de preferência numa pousada cara, num lugar que não tenha mais nada para fazer a não ser virar croquete na areia, onde a TV só pegue rede Globo (e só às vezes), e onde não tenha wi-fi.
  11. Lave o quintal.
  12. E, mais importante de tudo, garantia de chuva na certa: peça à sua mãe para que diga a você que leve o guarda-chuva porque vai chover, e então deliberadamente a ignore, deixando o guarda-chuva em casa. Se isso não funcionar, nada mais vai.
Acredito que se todos resolvermos ajudar, conseguiremos fazer chover. Juntos chegaremos lá [tem aquele gesto de mãos acompanhando a frase com entusiasmo]. Vamos todos lavar os carros e combinar um piquenique de aniversário numa praia sem wi-fi, para o qual iremos de moto e sapatos de camurça, enquanto deixamos nossos guarda-chuvas em casa, dizendo que nossas mães não sabem de nada mesmo.

Combinado?

Enquanto isso, que tal abraçar o calor de vez e dar uma de louca desvairada e... acender o forno? Fazer um bolo enquanto espera a mandinga aí de cima dar certo? Daí, quando chover, podemos fazer bolinhos de chuva (que também é coisa de vó) e reclamar que o verão está uma droga porque não pára de chover. ;)

Esse bolo de limão é tão brasileiro que me surpreendeu estar em um livro americano. Ele é muito fácil de fazer, desde que você não invente de substituir o açúcar, como tentei na primeira vez. Usei açúcar comum ao invés do de confeiteiro e o que aconteceu foi que tive de bater a manteiga por três vezes o tempo até que o açúcar estivesse dissolvido, o que incorporou muito ar à massa e fez com que o bolo transbordasse da forma, não assasse direito e fosse direto para o lixo. Fiz novamente, desta vez com o açúcar de confeiteiro, e foi um sucesso absoluto. Tão simples que acho que dá pra fazer até com uma colher de pau ou um batedor de arame. E tão gostoso, azedinho de limão, além de derreter na boca de macio.

BOLO DE LIMÃO
(Do ótimo Bon Appétit Desserts)
Rendimento: 9 porções (16 se você cortar em quadradinhos comedidos como os da foto)

Ingredientes:

  • 3/4 xic. manteiga sem sal em temperatura ambiente (cerca de 150g)
  • 2 1/2 xic. açúcar de confeiteiro, dividido em 1 xic. e 1 1/2 xic.
  • 2 ovos grandes, em temperatura ambiente
  • 1/4 xic. leite
  • 1 1/3 xic. farinha de trigo
  • 1 3/4 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 4 limões tahiti grandes
  • 6 colh. (sopa) açúcar cristal


Preparo:

  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte com manteiga e enfarinhe uma forma quadrada de 20cm de lado e pelo menos 5cm de altura (traumatizada com minha forma de metal, na qual o bolo vazara, usei com sucesso uma de vidro, um tantinho mais alta e milímetros mais larga).
  2. Com uma batedeira elétrica (ou, suspeito, uma colher de pau), bata a manteiga e 1 1/2 xic. do açúcar de confeiteiro até que o açúcar esteja dissolvido (menos de 1 minuto). 
  3. Junte os ovos, um a um, misturando bem a cada adição. Junte o leite. Não tem problema se talhar. 
  4. Misture e junte a farinha, o fermento e o sal, misturando com cuidado apenas até que não se veja mais farinha. 
  5. Espalhe na forma de modo uniforme, alisando com a espátula, e leve ao forno por 30-35 minutos, até que esteja dourado e um palito inserido no centro saia limpo.
  6. Enquanto isso, rale as cascas dos limões até obter 1 colh. (sopa) de raspas. Esprema os limões até obter 6 colh. (sopa) de suco. 
  7. Numa tigelinha, junte as raspas, o suco e 6 colh. (sopa) de açúcar comum e mexa bem até que o açúcar dissolva. 
  8. Quando o bolo estiver pronto, retire do forno e coloque a forma sobre uma grade. Fure o bolo por toda a superfície com um palito. Reserve 2 1/2 colh. (sopa) do xarope de limão para uso posterior e derrame o restante sobre o bolo ainda quente, deixando que escorra para dentro dos furos. Deixe esfriar completamente na forma.
  9. Quando estiver frio, junte ao xarope de limão a 1 xícara restante de açúcar de confeiteiro e misture bem até obter um glacê. Espalhe sobre o bolo uniformemente. Deixe secar por 1 hora antes de cortar o bolo em quadradinhos e servir. Você também pode desenformar o bolo primeiro e passar o glacê depois, mas ele vai escorrer para os lados em alguns pontos. O bolo se mantém bem em pote fechado por alguns dias. 



Cozinhe isso também!

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