segunda-feira, 26 de maio de 2014

Vai passar. Enquanto não passa, quibe de batata-doce.


Todo mundo já se entupiu de bolo de Guinness? Lambeu a cobertura do prato? Óoooootimo. Vamos voltar às naturebices, então, que tem toda uma fila de posts de coisinhas saudáveis que precisam pipocar por aqui.

De fato, o timming para voltar a variar o cardápio foi perfeito. Talvez tenha sido o aniversário de 3 anos (o fim dos terríveis 2?), talvez tenha sido resultado da insistência materna... não importa: o Matador de Dragões voltou a comer direitinho. Assim, de um dia para o outro, eis que ele senta à mesa e come algo verde sem fazer careta, birra, manha, coisa nenhuma. Achei que tivesse sido sorte, mas na refeição seguinte, largou o desenho, sentou e comeu. Ok, o ciuminho da irmã faz com que eu tenha de ajudá-lo com o garfo mais do que ele de fato precisa, mas ainda assim. Não preciso pedir muito para que ele experimente algo novo. Não precisa gostar, nem precisa comer tudo. Só experimentar. E aí ele vai lá e experimenta. E quase sempre come 80% do que há no prato. (Continuo recomendando o método blasé do Bringing Up Bébé.)

Quando resolvi preparar esse quibe, da revista Casa & Comida, achei que, como muitos outros quibes, ficaria bem sequinho. Como não tinha coalhada para o molho sugerido, montei rapidamente uma saladinha de abacate, tomate, alface e coentro, porção pequena, certa de que eu acabaria comendo tudo sozinha. Sempre coloco no prato das crianças um pouquinho de tudo o que há na mesa, mesmo que eu saiba que eles não gostam, não querem ou não conseguem comer (como alface, no caso da Laura, que ainda não tem todos os dentes de trás). Abacate vinha sendo uma tristeza minha, pois eu adoro de paixão, e Thomas costumava comer até papinha de abacate (guacamole?) – aí um dia decidiu que não queria mais nada a ver com a fruta. Buáaaa. :(

Daí que coloco a comida no prato dos dois, Laura-Ogra começa a devorar tudo, e Thomas observa. Cata o garfo. Pede ajuda. Já suspiro, esperando a recusa, mas ainda assim espeto um tomatinho e um abacate. Ele faz uma careta, olha nos meus olhos, desiste antes de começar a reclamar, e come. "Hmmmmmm.... Tá booom!" Pede mais. E mais. E come o quibe, quase tudo, mas principalmente, come o abacate com tomate do seu prato, do meu, do da Laura e o resto que estava na tigela da mesa. Adora "acacate", como diz.

Aí me surpreendo em outro dia, quando faço pizza, e o vejo roubando azeitonas pretas do prato dos outros.

"Mas você gosta de azeitona?"
"Hum-rum!", responde, com boca cheia e um movimento assertivo de cabeça.
"Mas você odiava azeitona! Como pode?"

Para mim, esse é o conto do "vai passar". Porque sempre que eu tinha um perrengue-de-pimpolho, alguém me dizia "é fase, vai passar". E eu nunca acreditava. E agora acredito. Não come? Vai passar. Não dorme? Vai passar. Não faz xixi no lugar certo? Não conheço um adulto que não tenha eventualmente aprendido a usar o banheiro. Vai passar. E passa. Passou. A gente continua lidando com os perrengues e tentando resolver. Mas o mantra do "vai passar" com certeza dá um alívio imenso. Principalmente quando seu pimpolho está na fase-monstra dos dois anos. Impressionante como passa.

O que me deixa menos tensa ao pensar que dona Laura-Voluntariosa AINDA vai passar por isso. o_O

Afe.

Ao quibe: muito macio e saboroso, fácil, principalmente se você já tiver um resto de quinua de ontem dando sopa, como era o meu caso. A receita original era com mandioquinha, mas recomendava substituir por inhame, batata-doce, cará... Escolhi a batata-doce, que era o que eu tinha sobrando. O recheio de queijo... esse achei desnecessário, e omitiria na próxima vez. Não acho que tenha agregado nada ao prato a não ser torná-lo mais caro. [O preço do queijo está pela hora da morte! O que acontece??]. De qualquer forma, morri de vontade de transformar a mistura em hambúrgueres vegetarianos, pois o que sobrou de quibe num dia, virou recheio de sanduíche em outro, quando costumo ficar o dia todo fora e acabo almoçando no carro, entre um curso e outro.

A receita usava "colheres de sobremesa" e "colheres de café", como medida, o que sempre acho estranhíssimo, e a revista não dava conversão para o clássico "de sopa" e "de chá". Fui lá, Google nisso, achei e converti. Agora e a xícara de café de medida? Qual xícara? A minha de espresso ou a do tiozinho da padaria? Eu tinha 3/4 xic. de quinua cozida na geladeira, e foi isso que usei. Se não tivesse quinua cozida, usaria 1/4 xic. como medida, apesar do volume padrão para espresso (segundo me consta) ser 30ml. Volume da de café com uso culinário, realmente não achei. Confuso, confuso. O bom é que pratos como esse são adaptáveis e, no fim, você tempera a seu gosto, e algumas colheradas a mais ou a menos de quinua não vão fazer diferença.

Se você não tiver sumagre, acho que pode ser substituído por um pouco de suco de limão, sem exagerar, pois o sumagre tem justo esse azedinho cítrico. No lugar de pimenta síria, usei caiena, em quantidades menores, pois tudo o que Laura adora pimenta, Thomas recusa. Mas acho que isso também passa. ;)


QUIBE DE BATATA-DOCE
(Receita de Priscilla Herrera, do Banana Verde, publicada na revista Casa e Comida)
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 5 porções fartas

Ingredientes:

  • 700g de batata-doce (ou mandioquinha, inhame, cará, batata inglesa, abóbora kabocha)
  • 1 xic. trigo para quibe
  • 6 colh. (sopa) cebola roxa picada
  • 2 colh. (sopa) hortelã fresca picada
  • 2 colh. (chá) sal
  • 2 colh. (chá)sumagre
  • 2 colh. (chá)zaatar
  • 1/2 colh. (chá) pimenta síria
  • 1 pitada de orégano
  • 1 xic. (café) quinua 
  • 2 colh. (sopa) cebolinha picada
  • 2 colh. (sopa) salsinha picada
  • 1 xic. (café) azeite de oliva
  • 1 xic. (café) nozes picadas
  • 1 talo de alho poró picado bem fininho
  • 80g queijo mussarela cortado em cubinhos
  • 80g ricotta


Preparo:

  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte uma assadeira retangular pequena ou um refratário quadrado (o da foto tem cerca de 21-22cm de lado)
  2. Cozinhe a batata-doce na água até ficar macia (esfreguei bem para limpar antes, e cozinhei com casca e tudo). Escorra e amasse até virar um purê. Reserve.
  3. Enquanto a batata cozinha, hidrate o trigo em pouca água, deixando-o bem al dente. Escorra e junte ao purê de batata. 
  4. Enquanto isso, cozinhe a quinua em água fervente, até que solte os rabinhos. Escorra em uma peneira, passando sob água fria, para parar o cozimento. Junte ao purê com trigo.
  5. Misture o restante dos ingredientes, menos os queijos, e amassa bem com as mãos, para que tudo fique bem distribuído e consistente. Prove o tempero e corrija.
  6. Espalhe metade da massa na assadeira. Cubra com os queijos e cubra com o restante da massa de quibe. Passe um garfo na superfície, criando um desenho de ranhuras, e leve ao forno até dourar ligeiramente. (A receita não especifica um tempo, e acredito que dependa do tamanho da forma que você usou e do material – vidro, metal, cerâmica. Coloque o timmer para 15 minutos vá ficando de olho.) Sirva quente.

Em tempo, pesquisa feita: 
1 colh. (café) = 1/2 colh. (chá)
1 colh (sobremesa) = 2 colh. (chá)






Cozinhe isso também!

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