terça-feira, 4 de março de 2008

Chocolate Caramel Cookie Vanilla IceCream: um nome comprido para sorvete de sobras


Neste domingo participei da prova da Batavo, na USP. Como andara muito displicente nos últimos meses, achei melhor não me arriscar na prova de 12km, e ficar só com a de 5km. Sábia decisão, pois estava um calor dos infernos, e eu terminei meu dia toda desmilingüida no sofá, como se tivesse corrido a maratona.

Como o clube fornecera um ônibus à equipe, porém, achei que seria gostoso levar um quitute para o pessoal beliscar após a corrida, e passei cerca de 4 horas do meu sábado preparando esses biscoitos de chocolate recheados de caramelo. A receita é de uma revista Food & Wine, e a foto por si só já era motivo para que eu tentasse preparar os cookies. No entanto, como nada na vida é fácil, tive algumas pedras (verdadeiras avalanches) no meio do caminho.

Comecemos pelos ingredientes: estou eu sossegada a separar farinha, cacau e afins, quando me deparo com o item "1 stick of butter". Oooook. É muito tentador acreditar que há padrões industriais no mundo todo, mas a verdade é: qual era a chance de uma barra de manteiga americana ser exatamente 200g, ainda por cima com o sistema maluco de medidas que eles têm por lá?! Google nele. Pesquisa, pesquisa, e descobre que 1 barra de manteiga americana tem 125g, arredondados.

Resolvido o primeiro entrave, consegui navegar pro águas tranqüilas durante a confecção dos biscoitos. A massa é fácil de fazer, ainda mais na batedeira, e quando foi para a geladeira, senti uma imensa e confortável sensação de "tudo vai dar certo".

Tirei-a da geladeira para abri-la e cortá-la. Para minha surpresa, já que nada disso era dito na revista, a massa era muito mole, mesmo depois de 45 minutos de resfriamento, e retirar as rodelas cortadas do filme-plástico sem rasgá-las ou deformá-las era trabalho para um neurocirurgião. Um "biscoitero" de primeira viagem enlouqueceria e mataria a família toda com o rolo de macarrão. Mas eu sou zen, ou ao menos era o que continuava repetindo para mim mesma, como em um mantra, e consegui colocar na assadeira todos os biscoitos intactos.

No forno foi tudo muito bem, e 20 minutos depois, eles haviam inflado e se espalhado ligeiramente, ficando um pouco maiores ainda do que eu gostaria. A revista pedia um cortador de 4cm, mas o meu era de 5.

Hora do caramelo. Todas as vezes em que preparei caramelo, aquecia o açúcar e a água até que dourasse, e só então, fora do fogo, acrescentava creme de leite e manteiga. A receita, no entanto, dizia para colocar tudo na panela, leite e creme inclusos, e apenas a manteiga seria misturada no fim do processo. Alguém sabe me dizer o que acontece quando leite ferve? Alguém? Levante a mão! Você, no fundão. É, ele sobe. Ele sobe e se esparrama no fogão, razão pela qual você nunca deve desgrudar os olhos de uma panela com leite fervendo. Sabe o que acontece quando você faz caramelo com leite? A mesma coisa. Foi virar as costas para pegar a manteiga, e a panela explodiu como um vulcão açucarado, derramando caramelo pegajoso a 120ºC por todo o meu fogão.

Ninguém avisa isso na receita.

Respirei fundo, fiz uma força descomunal para ignorar a lambança, passei o caramelo para uma panela maior e continuei, controlando o fogo, até que ele atingisse a temperatura certa. Derramei-o na assadeira com filme plástico e deixei-o ali, por 40 minutos, como indicado. Ele desenformou maravilhosamente sobre minha tábua, e achei que tudo se resolveria uma vez que eu comesse meu primeiro biscoito recheado. Mas foi tentar cortar o caramelo para me dar conta de que o dia estava muito quente e o recheio não firmara o suficiente. Deixei mais uma hora na geladeira, até conseguir com que o caramelo cortado mantivesse sua forma, mas, cinco minutos após terminar de rechear o último biscoito, vi que os primeiros começavam a derreter, espalhando caramelo para todos os lados.

Levei-os à geladeira, mas não adiantou muita coisa. Foi tirar os benditos por 5 minutos para fotografá-los e pronto, tudo começou a escorrer novamente. Imaginei a meleca que seria levá-los num pote e deixá-los num ônibus debaixo de sol durante mais de 1 hora, e, infelizmente, tive de desistir de dá-los ao pessoal da corrida. O pior: achei-os enjoativos. Allex gostou, mas eu não conseguia comer mais da metade de um deles sem precisar de muita água. Esperava um caramelo um pouco mais sofisticado e menos promessa de diabetes.

Foi então que percebi que tinha cerca de 30 cookies do tamanho de minha mão e não sabia o que diabos fazer com eles. Não tive dúvidas: cortei os biscoitos em pedaços, preparei um sorvete de baunilha e misturei a ele os cookies, criando meu próprio Chocolate Caramel Cookie Vanilla IceCream, que, desculpem-me pela ausência de modéstia, ficou sensacional. Pelo bom tempo que fiz na corrida e pela trabalheira que esses cookies me deram, era o mínimo que eu merecia... Não pode haver melhor uso para sobras de biscoito do que esse, e eu recomendo. A receita dos cookies está AQUI.

Cozinhe isso também!

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