domingo, 4 de novembro de 2007

Nada como um jantar chique de graça

Sempre que abria meu gigantesco livro de culinária italiana, ficava babando sobre lindas fotos de frutos do mar fresquíssimos preparados dos modos mais simples e deliciosos. Vez ou outra entro no que eu chamo de "surto de frutos do mar", o que geralmente acontece em sábados de muito sol, quando tenho uma inexplicável vontade de sentar a céu aberto, bebericar vinho branco gelado e saborear qualquer prato de qualquer fruto do mar disponível, com a condição de ser fresco. Morando em São Paulo, essa minha vontade quase sempre permanece assim: uma vontade.

Esta semana, voltando de Fortaleza para passar o feriado, meu pai me telefonou, dizendo que me trazia um presente inusitado. O quê? O quê? "Estou levando lagostas, pois elas são muito baratas aqui", disse-me. Antes que pudesse perguntar como pretendia realizar o feito, explicou-me que as comprara vivas (o peixeiro matou-as prontamente por choque térmico em água gelada) e congelara-as. Traria os bichinhos numa geladeirinha muito bem fechada. "Lagostas voadoras", brincou.

Ok, ok... Papai enlouqueceu. Mas tudo bem, apanhei as duas danadas no mesmo dia em que ele chegou a São Paulo e comecei a fuçar em livros que me ensinassem a limpá-las e cozinhá-las. Allex imediatamente torceu o nariz ao olhar para aqueles monstrinhos coloridos de olhos negros e aspecto assustadoramente "vivo". Confesso que eu mesma fiquei apreensiva ao olhar a primeira lagosta descongelando (decidira fazer uma de cada vez, com receitas diferentes). Perguntei-me mesmo se teria coragem de comê-la, pois estava ligeiramente trêmula ao remover suas entranhas, coisa que jamais fizera na vida... Como, entretanto, elas já estavam em minha cozinha, era mais do que certo que eu fizesse algo com elas...

Escolhi esta receita do livro gigantesco, típica do sul da Sardenha, e aproveitei para fazer uso da minha panelona vermelha. Fora a limpeza nervosa da lagosta, o cozimento não poderia ser mais simples, e o resultado, mais delicioso! Tinha medo de que a lagosta congelada ficasse com uma textura ruim, o que de modo nenhum aconteceu. Ao descongelar, ela exalava um perfume fresquíssimo de mar (o que me acalmou ao pensar nas horas de vôo em que ela ficou... ahn... voando). A carne cozida desmanchava-se na boca, amanteigada, doce, pontuada pelo alecrim perfumado e pela salsinha fresca. Ficou fantástico, e fiquei triste por ter tão pouco para se comer num bichinho tão grande!

LAGOSTA AO FORNO À MODA DA SARDENHA
(do livro Culinária Itália)
Rendimento: 2 porções
Tempo de preparo: 20 minutos


Ingredientes:
  • 1 lagosta de 1kg
  • 50g de farinha
  • 100g de manteiga sem sal
  • 1 colh. (sopa) de azeite
  • 1 ramo de alecrim
  • 1 copo de vinho branco seco
  • sal e pimenta-do-reino

Preparo:
  1. Corte a lagosta ao meio e retire o estômago. Lave bem sob água corrente, seque com papel toalha e polvilhe a farinha. Tempere com sal e pimenta.
  2. Aqueça a manteiga e o azeite numa caçarola grande, coloque a lagosta e doure ligeiramente dos dois lados, até começar a avermelhar.
  3. Junte o vinho e o alecrim, tampe e leve ao forno pré-aquecido a 180ºC por 10 minutos. Sirva imediatamente.

Obs: como não tinha o vinho na hora, usei água. Acrescentei a salsinha picada e o limão espremido na hora de servir. Perfeição absoluta. Se quiser mais praticidade, peça ao peixeiro que mate, corte e limpe a lagosta para você.

Cozinhe isso também!

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