quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Bolo de aniversário lambança

Só porque eu não chamei ninguém em casa, não quer dizer que eu não possa ter um bolo de aniversário. Lá fui eu, feliz e saltitante, fazer um bolo só com o que tinha na despensa.

Peguei uma receita que eu já fizera antes, de um bolo de brigadeiro da revista Gula. Ih, não tem granulado. Sem problemas, substituo por raspas. Ih, não tem creme de leite para diluir o brigadeiro. Não tem problema, uso leite e fico de olho na consistência, afinal já fiz cobertura assim sem maiores apuros.

Começou que eu devo ter me apressado na hora de misturar a farinha aos ovos batidos, e a massa acabou perdendo muito volume, o que é um grande problema num bolo que não leva fermento. Resultado: o bolo não cresceu por igual, ficando abaulado demais no centro. Dou um jeito nisso depois, pensei. Desenformei o danado depois de muito esforço, pois, apesar de ter ficado o tempo certo, na temperatura certa, na forma certa não untada, segundo instruções, o bolo grudou no fundo. Lá vou eu com uma faquinha, bem devagar, tirando o maledetto da base da forma.

Aí eu tinha a opção de cortar o bolo em dois, rechear e desencanar do fato de ele parecer um cogumelo, ou fazer o que muito confeiteiro faz e cortar fora o topo abaulado e aí dividir ao meio o bolo, tornando-o reto e liso como deveria. Por algum motivo que me foge à mente agora, eu resolvi (pasme!) inverter a parte de cima do bolo, afundando o lado arredondado no recheio e deixando a parte reta para cima. Lá fui eu: fiz o xarope de açúcar e derramei sobre a base, que estava muito bem posicionada e presa por um aro de metal, para que o bolo montado ficasse no lugar. Derramei uma parte do brigadeiro (que ficou, é claro, muito mole) e resolvi colocar um pouco de morangos fatiados (que não constavam na receita) por cima, para cortar o doce (apesar de esses serem os morangos mais doces, perfumados e melíferos que provei desde minha infância). Peguei a parte de cima do bolo, inverti e "tchuff" no recheio, apertando bem. Mais xarope por cima, e chegou a hora da cobertura. Outra idéia estúpida: ao invés de deixar a cobertura bonitinha em cima do bolo, gelá-la e depois aplicar as laterais com o brigadeiro mais firme, resolvi tirar o aro de metal e derramar o brigadeiro, que — óbvio — escorreu feito lava pelas laterais do bolo, desequilibrando-o e entortando-o totalmente, pois — mais uma vez, óbvio — a parte de cima não ficara bem assentada.

Ai, ai... Pego a espátula comprida e começo a puxar a cobertura para cima, tentando espalhá-la nas laterais do bolo de modo (ha-ha-ha) uniforme. Tudo bem, tudo bem. A gente coloca raspas de chocolate por cima e tudo fica lindo. Até parece. Aquelas raspas lindas e compridas, que o Jamie Oliver consegue no programa dele em que fez o Tiramisù de chocolate, não consegui imitar nem de longe. Viraram serragem em cima da lambança.

Daqui a pouco minha irmã e minha mãe vêm em casa comer o tal bolo e tomar um café. Prevejo muitas risadas ao ver esse que deve ser meu bolo mais tranqueira desde que comecei a cozinhar, parecendo que foi montado por uma criança de 3 anos. Dá até vergonha de tirar foto, daí a macro. Está, no entanto, com cara daqueles bolos muito muito caseiros, bem doces, que nossas mães (aquelas que não tinham mão de confeiteira) faziam para nós. E pelo saudosismo vale, sem contar que, apesar de feinho, deve ter ficado gostoso... É preciso rir, às vezes, da própria idiotice...

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